segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A BÍBLIA COMO ELA É — ENTENDENDO ECLESIASTES 4:12 (O QUE SIGNIFICA O "CORDÃO DE TRÊS DOBRAS"?)

"Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade" (Eclesiastes 4:12).
O uso dessas figuras de linguagem enriquecem muito os textos bíblicos e trazem lições grandiosas para os leitores. As figuras de linguagem são um recurso muito usado pelos escritores bíblicos e entender o uso dessas figuras aprofunda em muito nosso conhecimento. Antes de discorrermos sobre o versículo acima, vamos, primeiro entender como é enriquecedor para nossa interpretação textual, o uso das figuras de linguagem.

Conceito de Figura de Linguagem


Figuras de linguagem são recursos usados para dar mais expressividade às mensagens e textos. Existem muitas figuras de linguagens que são usadas na Língua Portuguesa, porém, não tínhamos a noção de que a Bíblia que existem diversos tipos de figuras de linguagem.

Talvez algumas que você mesmo, que tenha estudado Português na escola, nos cursinhos, na faculdade, nunca tenha visto. No geral, nos fazemos uso da figura de linguagem, quando queremos nos desviar dos padrões da norma para dar mais impacto a nossa expressão. As figuras de linguagem no texto bíblico são chamadas de Tropologia.

Tropo... o que?


Tropologia é como é chamado o emprego da linguagem figurada para atrair a atenção, tornar o abstrato mais concreto, para se tornar de fácil armazenamento na mente, é um estímulo a reflexão e também resume uma ideia. Essa foi uma estratégia linguística muito usada por Jesus, principalmente nas parábolas.

As figuras de linguagem são classificadas em 4 grupos principais:
  1. Figuras de som — também chamadas de figuras de harmonias, que são figuras relacionadas à sonoridade. Deixa o texto mais expressivo por causa da repetição do som.
  2. Figura de palavra — também usada para produzir maior expressividade à comunicação.
  3. Figura de construção — também chamada de figura de sintaxe. É usada para demonstrar maior expressividade ao texto, como também interfere na instrução gramatical da frase.
  4. Figura de pensamento — usada para dar maior expressividade à comunicação, também trabalha com combinação de ideias e pensamentos.
Todas essas figuras de linguagem com seus respectivos integrantes (nos faltaria tempo aqui para listar todos eles e também não é esse o objetivo do artigo) são fartamente usados tanto nos textos do Antigo, quanto do Novo Testamento. No versículo que estamos estudando, é usado a Metáfora, uma integrante da Figura do pensamento, e nos dá a ideia de resistência. Entendido isso, vamos à explicação do versículo de Eclesiastes 4:12. 

Vamos ao aprendizado sobre o cordão de três dobras? 


Esse tipo de cordão era algo já bastante comum na época de Salomão. Se alguém desejasse resistência e força, deveria usar um cordão desse tipo ao invés de um único fio, que era simples e bem mais fraco.

O ser humano não demorou muito tempo na história humana para começar a usar fios (geralmente pegos na própria natureza, como os cipós, por exemplo) para fazer amarrações, fixação de objetos, etc. Mas algo era bastante óbvio: esse fio precisava ser forte para aguentar amarrações e fixações que exigiam muita tensão sobre o fio.

Logo se percebeu que os fios usados individualmente não eram tão fortes e resistentes quanto se precisava. Arrebentavam com certa facilidade. Não se sabe quando e nem como, mas alguém começou a trançar mais de um fio, o que resultava em um cordão que tinha uma resistência extremamente maior do que o uso de um fio único.

Desde Eclesiastes 4:9 Salomão está construindo a ideia do companheirismo nas relações humanas. Ele diz: 
"Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante" (Eclesiastes 4:10). 
Ter um único companheiro, alguém com quem contar já é uma grande vantagem se comparado a pessoa estar sozinha nas lutas da vida. Estar solitário no enfrentamento das adversidades não é bom.

Ter companheiros é algo extremamente bom para o ser humano, algo extremamente positivo nas lutas diárias de cada um. A solidão não é algo positivo no que se refere ao enfrentamento das lutas da vida. É sábio quem se associa a bons companheiros. Esse é o tema central tratado por Salomão aqui.

Porém, Salomão parece ir além quando fala do cordão de três dobras. Se uma parceria de duas pessoas já é algo muito positivo, trazendo força à dupla e capacidades que sozinhos não teriam, imagine uma parceria com três pessoas? Será ainda maior! 

A ideia contida nesse texto é que amplas parcerias nos torna ainda mais fortes, mais capazes. Essa é uma ideia realmente grandiosa e vinda de Deus! Podemos perceber a força que as parcerias têm, as grandes coisas que as parcerias fizeram o homem construir. 

A forma como nos tornamos fortes quando nos juntamos nos mesmos objetivos é real e grandiosa! Nos tornamos um cordão de três dobras, forte, resistente, quando, ao invés de perder tempo nas picuinhas da vida, nos dedicamos a ajudar uns aos outros em parcerias positivas e abençoadas!

A aplicação do versículo no contexto do relacionamento conjugal

Deus, você e seu cônjuge!


É impressionante ver o encantamento de um casal quando começa a namorar. Ambos dormem e acordam pensando um no outro. Mandam mensagens o dia inteiro e quando vão dormir, primeiro passam horas a fio ao telefone. Que fascínio é esse?

Enquanto namoram, o casamento é visto como o ápice da relação. É tudo o que se quer!
"Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. Como cerva amorosa, e gazela graciosa, os seus seios te saciem todo o tempo; e pelo seu amor sejas atraído perpetuamente" (Provérbios 5:18,19).
Uma relação firmada em Deus é uma relação madura, estável, harmônica, prazerosa; onde ambos se respeitam mutuamente e se amam; sim, se amam muito!
"O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem" (Cânticos 2:10).
É perfeitamente possível conviver com seu cônjuge e amá-lo a cada dia como se ainda fossem aquele casal jovem que acabara de se conhecer. A grande diferença é que agora são uma só carne! E isso é fantástico!
"E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne" (Marcos 10:8).
A proximidade com Deus fortalece o amor entre o casal. Pense na sua relação como um triângulo, onde você e seu cônjuge são as cabeças inferiores e juntos são fortalecidos pelo cabeça superior, representado aqui por Deus. Então, quanto mais buscarem a Deus, mais estarão próximos um do outro (Ec 4:12).

Portanto, namore seu cônjuge e se enamore dele todos os dias.
"Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (Ct 1:2).
E verá que quanto mais estreitar os laços de amor com seu amado, mais desejo de estar perto sentirá.
"O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele" (5:4).
Um bom casamento não é um contrato entre duas pessoas, mas uma aliança sagrada entre três!
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine" (1 Coríntios 13:1).
Ou seja, em entendimento espiritual, compreendemos que a terceira dobra do cordão é:
  • 1. A presença de Deus — A Bíblia nos ensina que o inimigo pode querer prevalecer conta um, mas, se estiverem dois em unidade, oferecerão maior resistência. Se, por desventura, um vier a cair, o outro poderá levantá-lo, mas, se estiver um só, quem o levantará? Quando estamos sós, nos tornamos mais vulneráveis aos ataques do inimigo.
Por vezes, discorremos sobre o texto acima como sendo direcionado exclusivamente para o matrimônio, mas, em verdade, ele fala do relacionamento de um modo geral, entre pessoas. Como cristãos, entendemos que a terceira dobra representa a presença de Deus, tanto no relacionamento conjugal, como no relacionamento entre irmãos.
  • 2. O Espírito Santo — A presença do Espírito Santo deve representar a terceira dobra a ser cultivada nos relacionamentos entre líder e liderado, esposo e esposa, pais e filhos, e, como falamos acima, entre irmãos, aqueles que professam a mesma fé. Deus deve ser sempre o referencial para podermos andar em unidade.
"Sede, pois imitadores de Deus, como filhos amados" (Efésios 5:1).
Ele não nos criou para vivermos isolados um dos outros. Todos nós precisamos do apoio e ajuda dos nossos irmãos na fé. Isto aprendemos quando também 
"...chegamos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (4:13). 
  • 3. A união fraternal — O Senhor nos mostra a vida em unidade, entre irmãos, como algo muito agradável aos Seus olhos. Somos diferentes um dos outros, mas foi assim que Deus nos fez. Por isso, como seres humanos, temos dificuldade de vivermos relacionamentos verdadeiros uns com os outros. Contudo, isto não nos dá legalidade para andarmos em desunião. 
Nisto está o nosso grande desafio: não anularmos as nossas diferenças, pois é nessa diversidade que o amor atuará, nos ajudando a viver em união. Pelo Sangue de Jesus fomos resgatados das trevas para sua maravilhosa luz para, em unidade, compormos a igreja, a qual representa o Corpo de Cristo, onde devemos viver unidos para Sua honra e glória.

Conclusão


Atentemos para a oração que Jesus fez ao Pai pelos seus discípulos, e pelos que haveriam de n’Ele crer, entre os quais estamos nós hoje: 
"E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17:20,21). 
Concluindo, sem Deus (presente, intervindo e como nosso referencial) nos relacionamentos humanos será impossível viver a plenitude do propósito divino da unidade. Mesmo um casal que nunca se divorcie, viverá toda sua vida conjugal aquém do plano de Deus; por melhor que pareça sua relação matrimonial aos olhos humanos, ainda estará distante do que poderia e deveria viver.

Mesmo que as pessoas colecionem milhares de "amigos" e seguidores em perfis de redes sociais; ou "troquem cálices" nas celebrações dos cultos da Ceia do Senhor, se não houver sinceridade e essência, isso não irá em absoluto refletir a realidade do princípio divino da unidade. É algo para refletirmos e muito.

[Fonte: Esboçando Ideias, por Presbítero André Sanchez; Metamorfose Cristã; Ferramentas da Teologia]

A Deus, toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
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Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações.

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