FILMES QUE EU VI 59 — ESPECIAL: "TORTURADO POR CRISTO"

Eu já havia ouvido falar desse filme anteriormente. Ele foi oficialmente lançando no circuito cinematográfico em dia 05 de março de 2018. Até acompanhei, mas não cheguei a ver quando (e mesmo se) ele estreou nas salas de cinemas aqui no Brasil.

Algum tempo depois, eu voltei por acaso a vê-lo sendo anunciado durante o comercial do programa "Show da Fé", do missionário R. R. Soares. O comercial informava que o longa escrito por Steve Cleary, John Grooters e dirigido por Grooters, estava no catálogo de filmes distribuído pela Graça Filmes, plataforma de streaming ligada à Igreja Internacional da Graça de Deus.

Novamente me veio o interesse pelo filme e novamente, devido ao envolvimento em outras coisas, acabei adiando e me esquecendo de assisti-lo. Só que, neste último domingo (02) à noite, quando cheguei em casa após a reunião de culto, recebi uma mensagem pelo zap do meu grande amigo velho de guerra, o pastor Alexandre, me indicando justamente este filme para assistir, o que fiz hoje (03)pela manhã, aproveitando um tempinho livre.

Acredito piamente e sem meras espiritualizações, que Deus tem o controle total do e sobre o tempo, sendo, portanto, por isso que só agora consegui ver assistir a este filme impactante, já que seu roteiro vai ao encontro das revelações que Ele tem me dado através de Sua Palavra nos último dias.

Mais que um filme, um impactante testemunho

A história do pastor Richard Wurmbrand (✩1909✞2001) é retratada no filme "Torturado por Cristo ("Tortured for Christ)" é baseado em livro homônimo. O ator Emil Mandanac interpreta o pastor, que foi filmado na Romênia e utiliza a interposição de várias imagens da época, dando uma atmosfera de documentário.

Filmado na Romênia, inclusive na própria prisão onde Richard sofreu tortura e confinamento, este filme poderoso desafiará cada espectador a refletir sobre o que significa se sacrificar por Jesus Cristo.

Conhecendo o criador

Richard Wurmbrand foi um reverendo luterano que passou 14 anos como prisioneiro dos comunistas, torturado em sua própria terra, a Romênia. É um dos mais conhecidos líderes evangélicos, autor e educador. Poucos nomes são mais conhecidos em sua terra natal. 

Em 1945, quando os comunistas tomaram a Romênia e tentaram submeter às Igrejas aos seus propósitos, o Rev. Wurmbrand imediatamente iniciou um ministério eficiente e vigoroso, pelo processo chamado "subterrâneo", destinado à pregação do Evangelho ao seu povo escravizado pelos soldados russos invasores. 

Ele foi preso em 1948 com sua esposa Sabina Oster (✩1913✞2000). Durante três anos sua esposa trabalhou escravizada e Richard Wurmbrand passou esse tempo numa prisão solitária — sem ver qualquer pessoa, a não ser os seus torturadores comunistas. Depois de três anos foi transferido para uma cela coletiva, onde as torturas continuaram durante cinco anos. 

Por causa de sua liderança cristã internacional, diplomatas de embaixadas estrangeiras indagaram ao governo comunista sobre sua segurança. A resposta foi que ele havia fugido da Romênia. Elementos da polícia secreta, passando como ex companheiros de prisão, disseram à sua esposa que assistiram ao seu funeral no cemitério da prisão. 

Sua família na Romênia e seus amigos de outros países foram avisados que deveriam esquecê-lo em vista de já estar morto. Depois de oito anos foi solto e imediatamente reassumiu seu trabalho na Igreja Subterrânea. Dois anos depois, em 1959, foi outra vez preso e condenado a 25 anos de reclusão. 

O valor de uma Fé

Foi solto em 1964 por uma anistia geral e mais uma vez prosseguiu em seu ministério secreto. Levando em consideração o grande perigo de um terceiro período na prisão, crentes da Noruega negociam com as autoridades comunistas sua permissão para deixar a Romênia. O governo comunista havia iniciado a "venda" dos seus presos políticos. O preço da libertação de um prisioneiro era de 800 libras, mas o preço de Wurmbrand foi fixado em 2.500 libras!

Em maio de 1966 testemunhou ele em Washington perante a Subcomissão de Segurança Interna do Senado Americano, ocasião em que tirou a camisa para mostrar aos presentes dezoito profundas cicatrizes provocadas pelas torturas físicas recebidas. 

Sua história foi levada a todo o mundo pela imprensa livre dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. Em setembro de 1966 foi advertido que o regime comunista da Romênia decidira eliminá-lo. Apesar disso não silenciou e continua a dar seu testemunho. Assim, merecidamente, ele é chamado "a voz da Igreja Subterrânea". Líderes cristãos têm-no considerado-no um Grande Mártir e o "Paulo da Cortina de Ferro".

Fatos que inutilizam argumentos e aniquilam ideologias

No início da década de 1940, o Partido Comunista da Romênia possuía apenas 10 mil membros, mas conseguiram tomar conta do país. Quando um milhão de soldados russos invadiram território romeno o Rei Miguel I (✩1921/✞2017) entregou o poder a eles. Era 23 de agosto de 1944, o início de um pesadelo que duraria quase meio século.

O pastor Richard Wurmbrand foi um dos opositores à imposição do ateísmo por parte dos comunistas. A maior parte dos líderes da Igreja Católica e da ortodoxa, que eram maioria, abraçaram o regime e não ousavam contestar.

Em 1945, o pastor liderava um ministério "subterrâneo", que continuava pregando o Evangelho e denunciando as atrocidades comunistas. A postura de Wurmbrand fez com que ele passasse quatorze anos como prisioneiro dos comunistas, sendo constantemente torturado e forçado a negar sua fé. Mas ele não cedeu.

Seu livro de memórias, "Torturado pelo amor a Cristo", que deu origem ao filme, foi um campeão de vendas, revelando ao mundo o que acontecia com muitos cristãos por trás da "Cortina de Ferro". Fundou também a missão "A Voz dos Mártires" que acompanha a situação da Igreja Perseguida até hoje.

O que o filme ensina

Por seu viés de documentário, mesmo porque, trata-se de um testemunho, o filme, tenso, dramático, perturbador e com cenas explícitas de tortura e violência — uma das mais marcantes e impactantes, é a sequência em que um pai assiste à morte por espancamento do próprio filho, que morre confessando o senhorio de Cristo, dando uma legítima prova de fé —, o que nos remete à compreensão exata do que passou o pastor Richard Wurmbrand, nos leva a reavaliar nossa fé e nos perguntar: estamos mesmo prontos a fazer tudo por amor a Cristo? Estamos mesmo dispostos a não negociar os princípios essencialmente divinos que norteiam nossa fé?

Cristianismo e Comunismo, antagônicos em sua essência e seus propósitos

O ex presidente Hugo Chaves (✩1954/✞2013) da Venezuela, para justificar o seu governo socialista de linha marxista, e a implantação do totalitarismo no país, andou dizendo que: 

"O Cristo verdadeiro é o da propriedade comum, era comunista mais que socialista; era um comunista autêntico, um antiimperialista, inimigo da oligarquia, inimigo das elites e do poder". 

Cristo de fato foi um comunista e revolucionário? Não!

Onde está o antagonismo entre cristianismo e comunismo?

O comunismo prega o materialismo histórico (ou dialético), isto é, todos os acontecimentos da história são determinados pelo fator econômico; a ordem política, a cultural, a religiosa… reduzem-se a fenômenos econômicos. Isto é contrário aos princípios cristãos, que reconhecem no homem uma alma espiritual, aberta para os valores transcendentais; estes valores levaram os homens a desprezar muitas vezes o valor econômico em função dos bens espirituais. Lembre-se por exemplo dos grandes santos que abalaram o mundo; nenhum deles atuou tendo o fator econômico como determinante.

O comunismo é materialista e é adverso à fé e ao Cristianismo, sendo que a produtividade econômica é considerada o único valor reconhecido, de modo que a fé em Deus Criador e em Jesus Cristo Salvador são vistas como inútil e alienante. A religião é considerada "o ópio (droga) do povo", e se odiava a Igreja de Cristo; para ver isto basta ler a obra de Karl Marx (✩1921/✞2017), "O Capital", de 1867. 

A análise marxista é estruturada sobre a teoria violenta da "luta de classes", joga uma classe contra outra; é o motor da história. Considera que toda a história é movida pelo conflito entre patrões e operários, o que está errado e injusto, pois muitos outros fatores movem a história: as relações de amor, paz, aliança tanto entre indivíduos como entre sociedades. A mentalidade da luta de classes é anti-cristã porque incita ao ódio e joga irmãos contra irmãos.

O Cristianismo não aceita a luta como meio ordinário de transformar a sociedade; ao contrário, ensina a reconciliação, o diálogo entre as partes, o acordo, o perdão, etc. Para o "práxis" marxista, "os fins justificam os meios"; pode-se lançar mão da violência, da corrupção, do roubo, da falsidade e da morte para se implantar o comunismo; tudo é válido… é por isso que o comunismo matou cerca de 100 milhões de pessoas no século XX, e foi o maior fracasso do mesmo século (cf. "O Livro Negro do Comunismo – crimes, terror e repressão", Stéphane Courtois e outros, Ed. Bertrand Brasil, 3ª ed. 2001, 917 páginas).

O mais interessante de tudo isso, é se observar o hipócrita discurso do comunismo em seu braço brasileiro contra a prática da tortura, especificamente no período do Regime Militar, sendo que a tortura foi amplamente usada no bojo histórico do comunismo.

Como, então, seria Cristo um marxista, um revolucionário? Marxismo e Cristianismo são mutuamente incompatíveis; as tentativas de aliança entre ambos redundam em desvirtuação de um ou de outro. O comunismo nega o direito da propriedade particular, e defende que todos os meios de produção devem estar nas mãos do Estado; a Igreja não concorda com isto; embora a injusta distribuição acarreta graves males, e é preciso ser corrigida, mas nem por isso se deve negar o direito à propriedade particular.

Conclusão

A análise marxista atrai os intelectuais e as massas hoje em dia — inclusive muitos dos que se dizem "evangélicos" — porque propõe "acabar com a injustiça social". Mas de que modo? Com que meios? É preciso que a busca deste ideal desejado por todos não seja por meios imorais como são os meios marxistas, que desrespeitam a pessoa humana, usa a violência, a luta de classes e o incitamento ao ódio entre irmãos. Todos queremos justiça social, mas por meios puros, pela caridade, pelo respeito, pelo amor ao próximo (obviamente, sem a negociação dos princípios que norteiam a genuína fé cristã) e não pela violência.

Infelizmente este apelo não foi ouvido, e ditadores fantasiados de super heróis, caminham a passos largos na  tentativa de implantar o socialismo marxista e totalitário no Brasil, segundo o modelo de  Venezuela e Cuba. Para a análise marxista a felicidade está apenas neste mundo, e o que existe é apenas o "Reino do homem", e não o "Reino de Deus".

Mas Cristo, no momento crucial do seu julgamento diante de Pilatos, foi enfático: 

"O meu Reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse desse mundo, certamente os meus súditos terial lutado para que eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu reino não é deste mundo" (João 18:36).

O filme "Torturado por Cristo", passou sem a devida visibilidade midiática e, infelizmente, ficou restrito só ao circuito cristão (e, mesmo assim, foram poucos os crentes que o assistiram e há os que nem sabem nada sobre ele). Eu o recomendo mais do que como um filme de cunho cristão evangelístico, um filme que essencial não apenas a nós cristãos, principalmente, àqueles — evangélicos ou não — que ainda insistem em acreditar que pode haver alguma congruência, alguma ligação, algum flerte que seja entre a fé cristã e qualquer fragmento da ideologia marxista que é o núcleo central do Comunismo. Assista e inspire-se no amor e no perdão que conquistaram as prisões comunistas.

"Torturado por Cristo", filme completo

Ficha técnica

• Título no Brasil: "Torturado por Cristo" 
• Título Original: "Tortured for Christ" 
• Ano Lançamento: 2018 
• Gênero: Drama 
• País de Origem: EUA 
• Duração: 77 minutos 
• Direção: John Grooters 
• Estúdio/Distribruição: Graça Filmes

Mais do que: 

A Deus toda glória. 

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