sábado, 20 de junho de 2020

ACONTECIMENTOS — ESPECIAL: OS 50 ANOS DO TRICAMPEONATO BRASILEIRO

A formação da seleção brasileira foi esta: Félix (✩1937/✟2012), Carlos Alberto Torres (✩1944/✟2016), Brito, Wilson Piazza e Everaldo (✩1944/✟1974); Clodoaldo, Gerson, Jairzinho e Tostão; Pelé e Rivellino. 
O técnico era Mário Jorge Lobo Zagallo.

Tenho de começar este texto deixando bem claro que não sou apreciador de futebol. Nem sequer torcedor eu sou. Nunca vivi a experiência de dar um chute numa "gorduchinha". Consequente e obviamente, nunca fui a um estádio assistir a uma partida de futebol. Ao contrário da maioria esmagadora, não vejo pela televisão nem mesmo os jogos da seleção brasileira na disputa da Copa do Mundo.

Portanto, para escrever este texto, tive que pesquisar. Tudo o que coloco aqui não tem nenhum aspecto técnico, mas sim, científico, ou seja, é fruto de outros textos que li e de um documentário que assisti (ele será postado na íntegra ao final deste artigo). 

Então você pode se perguntar: ora, mas porque um cara que não curte futebol vai escrever sobre futebol? A resposta é simples: essa partida de futebol, faz parte de uma brilhante história do esporte brasileiro, que neste ano completa seu cinquentenário.

Escrever sobre este evento, transcende a simplesmente escrever sobre futebol, mas é escrever sobre um acontecimento de muita importância para nossa história recente e, principalmente nesses tempos tão difíceis pelos quais estamos passando, nos trás um alívio em meio à tantas notícias ruins.

Do Brasil, para o mundo


Sim, o futebol brasileiro viveu seus tempos áureos, nos quais seus representantes se tornaram conhecidos pelo brilhantismo nas quatro linhas, registrando seus nomes na hall da fama esportiva pelo talento que era demonstrado por eles no exercício da profissão. 

Foram tempos em que os jogadores eram conhecidos não pela quantidade de tatuagens que marcavam seus corpos, nem pela "criatividade" dos cortes de cabelo e nem pelas polêmicas e escândalos de suas vidas pessoais. E aqui não estou nem dizendo que eles não as tivessem — o incomparável Mané Garrincha (1933/1983) que o diga , entretanto, elas eram secundárias, periféricas e não conseguiam ofuscar ou assumir o protagonismo de suas histórias que eram escritas nos estádios do Brasil e do mundo.

Uma história de sucesso escrita nos gramados


Em 21 de junho de 1970 o Brasil derrotou Itália por 4 a 1, na disputa da final da Copa do Mundo do México, sagrando-se tri-campeão mundial de futebol. Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto marcaram os gols do título.

A história da Copa do Mundo de Futebol


De quatro em quatro anos, seleções de futebol de diversos países do mundo se reúnem para disputar a Copa do Mundo de Futebol. 
Resultado de imagem para Quem foi Jules Rimet
A competição foi criada pelo francês Jules Rimet (1873/1956), em 1928, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a FIFA (Federation International Football Association).

A primeira edição da Copa do Mundo foi realizada no Uruguai em 1930. Contou com a participação de apenas 16 seleções, que foram convidadas pela FIFA, sem disputa de eliminatórias, como acontece atualmente. A seleção uruguaia sagrou-se campeã e pôde ficar, por quatro anos, com a taça Jules Rimet.

Nas duas copas seguintes (1934 e 1938) a Itália ficou com o título. Porém, entre os anos de 1942 e 1946, a competição foi suspensa em função da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

O Brasil na Copa


Em 1950, o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo. Os brasileiros ficaram entusiasmados e confiantes no título. Com uma ótima equipe, o Brasil chegou à final contra o Uruguai. A final, realizada no recém-construído Maracanã (Rio de Janeiro - RJ) teve a presença de aproximadamente 200 mil espectadores. 

Um simples empate daria o título ao Brasil, porém a celeste olímpica uruguaia conseguiu o que parecia impossível: venceu o Brasil por 2 a 1 e tornou-se campeã. O Maracanã se calou e o choro tomou conta do país do futebol.

O Brasil sentiria o gosto de erguer a taça pela primeira vez em 1958, na copa disputada na Suécia. Neste ano, apareceu para o mundo, jogando pela seleção brasileira, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.

Quatro anos após a conquista na Suécia, o Brasil voltou a provar o gostinho do título. Em 1962, no Chile, a seleção brasileira conquistou pela segunda vez a taça.

Pra Frente Brasil


1970, época na qual o país vivia sob o AI-5, instituído dois anos antes pelo presidente e general Artur da Costa e Silva (1899/1969). Em 1970, já então no posto de presidente, Emilio Garrastazu Médici (1905/1985) percebeu que a vitória da seleção — assim como os versos ufanistas da canção "Pra Frente Brasil" (aqui numa versão da banda mineira J. Quest), a famosa marchinha composta por Raul de Souza e Miguel Gustavo para embalar a conquista do tricampeonato naquele ano, mas que acabou virando também uma trilha da ditadura, ao aludir o "Brasil do milagre", mote do regime de exceção — poderiam ser usados para conquistar os corações e mentes dos brasileiros, que já viviam em um país sob censura e que torturava e matava presos políticos.

Antes dos jogos, o presidente gostava de surgir na TV como um torcedor comum e até tentou escalar a seleção, sugerindo colocar o centroavante Dario (o nosso conterrâneo Dadá Maravilha) como titular, o que era rejeitado pelo técnico João Saldanha (1917/1990). 
"Eu não escalo ministros, por que ele vai escalar jogadores?"
teria dito o treinador. Ligado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro), Saldanha foi substituído por Zagalo. Dario acabou convocado, mas não jogou.

Em meio a esse cenário de efervescência política, nos idos de 1970, no México, com uma equipe formada por excelentes jogadores (Pelé, Tostão, Rivellino, Carlos Alberto Torres entre outros), o Brasil tornou-se pela terceira vez campeão do mundo ao vencer a Itália por 4 a 1. Ao tornar-se tricampeão, o Brasil ganhou o direito de ficar em definitivo com a posse da taça Jules Rimet.

Na emocionante partida disputada no estádio Azteca, na cidade do México, Pelé abriu o placar aos 18 minutos de cabeça; Boninsegna empatou para a Itália. No segundo tempo, Gérson colocou o Brasil na frente novamente; Jairzinho fez mais um e o capitão Carlos Alberto fechou o placar. 107 mil torcedores assistiram ao capitão Carlos Alberto levantar a taça Jules Rimet.

Para chegar à final, na fase inicial o Brasil derrotou a Tchecoslováquia na estreia por 4 a 1; a Inglaterra por 1 a 0; a Romênia por 3 a 2. Nas quartas de final, a Seleção venceu o Peru por 4 a 2; na semifinal, derrotou o Uruguai por 3 a 1. Os Gols da memorável vitória ocorreram nos seguintes tempos: Pelé (cabeça), aos 18; Boninsegna, aos 37; Gérson, aos 66; Jairzinho, aos 71; Carlos Alberto, aos 87.

Conclusão

De lá para cá...


Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira de Futebol, com o presidente Médici, erguendo a Taça Jules Rimet após a conquista do Tricampeonato na Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México
Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira de Futebol, com o presidente Médici, erguendo a Taça Jules Rimet após a conquista do Tricampeonato na Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México //Reprodução

Após o título de 1970, o Brasil entrou num jejum de 24 anos sem título. A conquista voltou a ocorrer em 1994, na Copa do Mundo dos Estados Unidos. Liderada pelo artilheiro Romário, nossa seleção venceu a Itália numa emocionante disputa por pênaltis. Quatro anos depois, o Brasil chegaria novamente a final, porém perderia o título para o pais anfitrião: a França.

Em 2002, na Copa do Mundo do Japão / Coreia do Sul, liderada pelo goleador Ronaldo, o Brasil sagrou-se pentacampeão ao derrotar a seleção da Alemanha por 2 a 0.

Em 2006, foi realizada a Copa do Mundo da Alemanha. A competição retornou para os gramados da Europa. O evento foi muito disputado e repleto de emoções, como sempre foi. A Itália sagrou-se campeã ao derrotar, na final, a França pelo placar de 5 a 3 nos pênaltis. No tempo normal, o jogo terminou empatado em 1 a 1.

Em 2010, pela primeira vez na história, a Copa do Mundo foi realizada no continente africano, tendo como sede a África do Sul. Em 2014, a Copa do Mundo foi realizada no Brasil, que pela segunda vez recebeu o torneio — e foi neste mundial que ficou registrada a fatídica derrota de 7 a 1 para Alemanha, aqui mesmo, no Mineirão, uma derrota que a torcida brasileira ainda não digeriu. Por último, a Copa de 2018 foi na Rússia. A próxima Copa será no Catar, em 2022 (isso, se o coronavírus permitir, claro).

Uma coisa é certa, independente — talvez até mesmo por causa — do cenário delineado pelos chamados anos de chumbo do regime militar, essa clássica vitória da seleção brasileira ficou registrada como uma das maiores conquistas do nosso futebol em todos os tempos.
"Copa do Mundo FIFA México 1970" (filme oficial) — Este foi o documentário que eu assisti como parte da pesquisa para composição do texto deste artigo. Vale muito a pena ver.


A Deus toda glória.
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