quarta-feira, 22 de abril de 2020

ADVOGANDO PARA O DIABO: ELE É INOCENTE DA ACUSAÇÃO DE ROUBO, MORTE E DESTRUIÇÃO! — 3


"Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: 'Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.  
Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância'" (João 10:7-10 — grifos meus). 
O título deste artigo pode ter causado estranheza a alguns, mas fiz isso de propósito mesmo. E se você ler o texto com atenção até o final, irá ver que ele é bem relevante com o seu contexto. Devido a extensão do assunto, vou dividi-lo em três capítulos. Vamos ao terceiro e último.

Os verdadeiros ladrões

O diabo não é o culpado


Os líderes de Israel eram ladrões, salteadores por subtraírem a palavra de Deus que concede vida aos homens. Sob o pretexto de sacrifícios (orações prolongadas, jejuns, festas, dias, luas...) extorquiam a casa dos necessitados (viúvas, órfãos Mateus 23:14). 
  • (Qualquer semelhança com muito do que se vê hoje em dia NÃO É mera coincidência.)
"Prolongadas orações" é figura de sacrifícios, e viúvas e órfãos são figuras utilizadas para ilustrar os necessitados, os pobres de espíritos.

Quando os fariseus ensinavam que não era necessário aos filhos de Israel dar aos seus pais o que pediam sob o pretexto de que fora oferecido como oferta ao Senhor, criaram um subterfúgio para não observarem a lei que tanto idolatravam (Mt 15:5). 

Além de roubar, as palavras que proferiam eram palavras de morte, pois todos os que ingeriam os seus "ovos", tornavam-se serpentes (Isaías 59:5). Todos que se tornavam prosélitos, tornavam-se duas vezes mais filhos do inferno (Mt 23:15).

As ovelhas pertencem ao Pastor e o Pastor tem cuidado delas. Já o mercenário, por não ser o Pastor, a Quem as ovelhas pertencem, vê o perigo e o risco, mas não se interpõe de modo a proteger o rebanho. Diante do perigo, deixa as ovelhas e foge (Jo 10:12).

Os líderes de Israel — assim como muitos de hoje — foram os responsáveis pela dispersão (diáspora) dos filhos de Israel por não acatarem o contido nas Escrituras e a maldição predita por Moisés sobreveio ao povo (Deuteronômio 29:27, 28). Mesmo após terem percorrido o deserto sobre a liderança de Moisés, Deus já protestava contra eles que não lhes foi dado olhos para ver, ou seja, estavam cegos 
"Porém não vos tem dado o SENHOR um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje" (29:4).
O peso do Senhor contra os líderes de Israel que fazia o povo desviar-se de cumprir a sua palavra foi reiterado por diversas vezes pelos profetas
"Uivai, pastores, e clamai, e revolvei-vos na cinza, principais do rebanho, porque já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e dispersos, e vós então caireis como um vaso precioso" (Jr 25:34).
O povo tornou-se comparável às ovelhas perdidas, pois deixaram o Senhor (lugar de repouso) e passaram a confiar na proteção oferecida pelas nações (montes e outeiros) vizinhas através de alianças 
"Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso" (Salmo 50:16-18; Jr 50:6; Oséias 7:1,11).

Da mesma forma que os profetas falavam ao povo por enigmas e parábolas, Jesus retransmite a mesma mensagem demonstrando que haviam transformado a casa de Deus em uma "caverna de salteadores", um "covil de ladrões"
"Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás das recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva" (Is 1:23 ); 
"É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR" (Jr 7:11); 
"Como as hordas de salteadores que esperam alguns, assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho num mesmo consenso; sim, eles cometem abominações" (Os 6:9); 
"SARANDO eu a Israel, se descobriu a iniquidade de Efraim, como também as maldades de Samaria, porque praticaram a falsidade; e o ladrão entra, e a horda dos salteadores despoja por fora" (7:1); 
"E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões" (Mt 21:13).

À Bíblia como a Bíblia

Como os líderes de Israel prevaricaram em suas atribuições, estavam surrupiando o povo da Verdade que Deus lhes dissera. Em nenhuma das referências bíblicas do A.T. há Deus fazendo referência aos demônios como os ladrões, ou salteadores, porque Deus trata na sua palavra com os homens e não com os demônios ou com os animais.

O apóstolo Paulo é claro: Tudo o que a lei diz, diz aos que estão debaixo da lei (Rm 3:19), de modo que tanto os judeus quanto os gentios são escusáveis diante de Deus. Portanto, quando se lê os profetas, verifica-se que eles protestavam contra o povo de Israel declarando-os como ladrões e salteadores. 

Enquanto Deus requer o amor, os líderes de Israel impunha ao povo sacrifícios (Os 6:6), de modo que eram transgressores como Adão. Por serem transgressores, as suas mãos são descritas figurativamente como "manchadas de sangue", ou seja, eram homicidas (6:8).

Por terem as mãos manchadas de sangue, são descritos também como uma horda de salteadores, pois há violência em suas mãos (6:9). Isto não quer dizer que o povo de Israel e os seus sacerdotes eram reprováveis moralmente por cometerem homicídios, antes os profetas apresentam uma figura que representam o povo como transgressores mesmo quando aplicavam os seus corações nos sacrifícios e nas guarda de dias sagrados (Is 1:13-15).

Tudo que não for segundo a palavra de Deus (ou seja, "pelo Meu Espírito") é denominado "violência", "homicídio", "mãos manchadas de sangue" (Is 59:1-10Zacarias 4:6). Isaías, ao descrever este quadro demonstra que, por o povo de Israel "possuir" uma justiça própria, ou seja, não reconhecendo a Cristo como Senhor, são descritos profeticamente como cegos: 
"Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão. 
Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos" (59: 9,10).
Esperavam o juízo 
"Todos nós bramamos como ursos, e continuamente gememos como pombas; esperamos pelo juízo, e não o há; pela salvação, e está longe de nós" (11), 
e quando o Juíz disse: 
"...Eu vim a este mundo para juízo..." (Jo 9:39), 
estavam completamente cegos!

Como o Salmo 118 apresenta a porta, a pedra de esquina e a destra do Senhor que faz proezas, Jesus também Se apresenta como a vítima do altar. Quando Jesus identifica-Se como o Bom Pastor, apresentou-Se como o Senhor que mostrou a luz e, ao mesmo tempo o Cordeiro que foi morto, pois Ele deixa claro que o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas (v. 11) 
"Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até às pontas do altar"(Sl 118:27). 
O mesmo Senhor que veio mostrar a luz para os que jaziam em trevas, tornou-Se o sacrifício da festa.

Jesus complementa a parábola inicial ao destacar que os mercenários ou o que não é o pastor, se evadem e deixam as ovelhas à mercê da sanha dos lobos (v. 12). O motivo pelo qual o mercenário foge é porque é mercenário, ou seja, não é comprometido com as ovelhas (v. 13 ).

Novamente Jesus destaca que é o Bom Pastor, sendo que Ele "conhece" as Suas ovelhas e delas é "conhecido". A palavra conhecer neste verso não é o mesmo que "saber acerca de", antes diz de comunhão íntima. Jesus tornou-Se um só corpo com as suas ovelhas, de modo que passaram a ter comunhão íntima, porque as ovelhas são os membros do corpo de Cristo, que é a igreja (v. 14).

Do mesmo modo que o Pai conhece o Filho de modo que ambos são Um, a Igreja conhece o Pai e o Filho, pois em Cristo são um só corpo 
"E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um" (Jo 17:22). 
"Conhecer", neste contexto, portanto, é o mesmo que tornar-se um (v. 15).

Jesus foi enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel 
"E ele, respondendo, disse: 'Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel'" (Mt 15:24), 
mas não ouviram Àquele que se apresentou como descanso e refrigério ao cansado. Como não deram ouvido, o Bom Pastor lançou mão de ovelhas tiradas dentre os gentios.

As "ovelhas que não são deste aprisco" é uma referencia aos gentios que, após ouvirem a mensagem do evangelho, tornaram-se coerdeiros da mesma promessa (v. 16).

Quando Jesus declarou que "Deus o amava" em virtude de dispor da Sua vida e que Lhe foi dado autoridade para tornar a toma-la, os judeus nada compreenderam e houve dissensão entre eles por causa destas palavras (v. 19). 

Uns passaram a dizer que Jesus tinha demônio e estava louco, enquanto outros consideravam que tais palavras não podiam ser de um endemoninhado, pois tinha poder de dar vista aos cegos (v. 21).

Novamente outra profecia cumpriu-se neles: 
"O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão. 
Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca. 
Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa" (Miqueias 7:4-6).
O diabo não pode roubar, matar ou destruir o corpo de Cristo
  • Em primeiro lugar — Vale destacar que é impossível ao diabo roubar o cristão, pois o cristão está escondido com Cristo em Deus, e esta é a certeza do cristão: 
"Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8:38,39);  
"Mas fiel é o SENHOR, que vos confirmará, e guardará do maligno" (2 Tessalonicenses 3:3).
  • Em segundo lugar — É impossível o diabo roubar a paz, a esperança, o amor, etc., pois as "qualidades" enumeradas referem-se ao "fruto" do Espírito, e não do cristão, de modo que é impossível ao diabo roubar a Deus 
"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança" (Gálatas 5:22). 
É o Espirito que produz amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança naqueles que estão ligados à Videira verdadeira (Jo 15:5). Ou seja, sem Cristo é impossível ao homem produzir fruto, pois Deus diz: 
"…de mim é achado o teu fruto..." (Os 14:8).
  • Em terceiro lugar Quem veio matar, roubar e destruir não foi o diabo, como já demonstrei, com o cruzamento de dados bíblicos. Como o diabo roubaria àquele que está escondido com Cristo em Deus?
  • Em quarto lugar — mesmo que o cristão sofra algumas contingências em relação aos bens materiais ou em relação à sua existência neste mundo, não é o diabo que provoca, pois tais contingências às vezes decorrem dos desatinos dos homens entenebrecidos no entendimento, que andam segundo o curso deste mundo e estão separados de Deus pela ignorância que há neles ou, por decisões equivocadas que tomamos.

Conclusão


A parábola faz referência aos líderes de Israel quando fala do ladrão, portanto, é um erro aplicar a passagem de João 10, verso 10 como sendo o diabo o ladrão que consta na parábola. Os líderes de Israel — assim como muitos líderes da atualidade são — eram ladrões, salteadores por subtraírem a palavra de Deus que concede vida aos homens. 


A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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