segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

ACONTECIMENTOS – A TRAGÉDIA NO PRÉ-CARNAVAL EM BANDEIRA DO SUL (MG)

E chegou o carnaval. Milhões de pessoas já começam a lotar as cidades de todo Brasil, onde diversos blocos incendeiam os foliões de todas as idades e classes sociais, dando o tom característico do chamado "reinado de Momo". Mas, há exatos onze anos um trágico acontecimento marcou para sempre o Carnaval em uma pequena cidade do Sul de Minas Gerais. Você se lembra?

Acho difícil, já que nós temos por hábito nos esquecer rapidamente das coisas, até mesmo – ou seria principalmente? – daquelas que são ruins. Por exemplo, apesar de ser ainda bem recente, não duvido muito que daqui há alguns anos o crime do rompimento da barragem em Brumadinho cairá no esquecimento da maioria de nós, mesmo tendo sido um acontecimento sem precedentes e que deixou um trágico saldo de centenas de vítimas fatais e tendo 11 ainda desaparecidas. Nestes casos, só mesmo as pessoas diretamente envolvidas são as que não se esquecem desses acontecimentos trágicos.

A tragédia


Pois bem, o ano era 2011, há exatos onze anos. Uma tragédia acabou com o pré-carnaval da cidade de Bandeira do Sul, no Sul de Minas, município a 440 quilômetros da capital Belo Horizonte, que de acordo com o último censo do IBGE, realizado em 2010, conta com 5.340 habitantes. O acidente aconteceu no dia 26 de fevereiro daquele ano e, além das mortes, pelo menos 60 pessoas ficaram feridas. 

A festa era o tradicional "Carnaband", evento de pré-carnaval no município mineiro, que recebia turistas de diversas outras cidades e estados, mas que terminou em tragédia. Na ocasião, um cabo de alta tensão se partiu e atingiu um trio elétrico e foliões que estavam na rua, após o lançamento de serpentinas metálicas na rede elétrica culminando, assim, no rompimento de fios de alta tensão. O rompimento levou um fio energizado a cair no chão e atingir os foliões, durante o desfile de um trio elétrico do "Carnaband 2011", na tarde do domingo. 

As vítimas

Várias versões e uma verdade


No balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros até por volta das 22h daquele dia, pelo menos 16 pessoas tinham morrido e 60 outras ficaram feridas. Testemunhas contaram que a fiação estourou depois de o trio elétrico bater em um poste. Outra versão diz que a rede elétrica teria se rompido depois de ser atingida por um rojão. 

Dançarinos e foliões que estavam sobre o carro ficaram feridos e caíram em chamas de uma altura de pelo menos três metros. Os fios energizados ricochetearam no chão e atingiram quem brincava próximo ao carro de som, que circulava pela Praça Nossa Senhora Aparecida, no Centro da cidade.
"Vi muitas pessoas tendo convulsão, gente desmaiada e outras com o corpo em carne viva. Fui policial e tentei ajudar como pude, mas em alguns casos não havia mais o que fazer. 
A cena era de guerra: mortos espalhados pelo chão e um monte de feridos. Outros corriam em desespero, chorando muito, passando mal. Não vi se o trio bateu no poste, mas ouvi dizer que soltaram um rojão que atingiu a fiação"
contou uma testemunha, que estava com a família na festa de carnaval antecipado.

O acidente ocorreu por volta das 18h – naquela época, ainda sob a vigência do hoje extinto Horário de Verão , quando a banda Oba Oba se apresentava no alto do caminhão. Cerca de 5 mil pessoas seguiam o trio elétrico, que no terceiro dia de festa começou a tocar às 14h. No ano anterior, segundo a prefeitura, o evento reuniu mais de 8 mil pessoas. 

Ainda de acordo com os sobreviventes, o socorro chegou rápido, mas não foi suficiente para atender a grande quantidade de feridos. Bombeiros dos municípios de Poços de Caldas e Campestre, cidades limítrofes, seguiram para o local com ambulâncias. Policiais militares de outras unidades também reforçaram as equipes de socorro, que levaram feridos para diversos hospitais da região.
"Só quem viu de perto a tragédia entende o horror que foi. Os corpos das vítimas estavam amontoados uns sobre outros, ainda soltando fumaça e em 'carne viva'. 
Com o rompimento dos fios, a cidade ficou sem luz, sem sinal de celular e o hospital teve dificuldade em atender os feridos. Muitos precisaram ser levados para as cidades próximas. 
O acidente aconteceu por volta das 18h e a praça ficou cheia até mais de 20h, com pessoas perambulando em pânico, à procura de notícias. "
disseram as testemunhas e as autoridades.

Conclusão


Vídeo em homenagem às vítimas fatais da tragédia 

A tragédia, que cancelou o Carnaval da cidade nos dois anos posteriores, ainda levou à proibição das vendas de serpentina metálica, após o lançamento de uma lei. Em 2012, a empresa Cemig – Companhia Energética de Minas Gerais  havia sido condenada pela Justiça a indenizar as famílias de 27 vítimas em R$ 255 mil cada. Entretanto, em 2014, o recurso da Cemig foi julgado em segunda instância e a empresa foi isentada de responsabilidade pelo acidente.

O inquérito sobre o acidente que matou as 16 pessoas foi concluído e entregue à Justiça. A polícia concluiu que a ocorrência foi de fato um acidente e que não poderia ter sido prevista. Não houve, portanto, indiciados. A Cemig apontou como causa do acidente uma serpentina metalizada, que foi jogada em um cabo transmissor de energia. O ramal entrou em curto, caiu no chão e atingiu o trio elétrico e as pessoas que estavam no local. 

Segundo os peritos, o acidente não foi responsabilidade de ninguém e o inquérito foi arquivado no Fórum de Campestre, na Comarca de Bandeira do Sul. Até hoje o Ministério Público não decidiu se denunciará alguém pelo caso, mas dois outros laudos periciais de institutos paulistas confirmaram o que foi levantado pela polícia mineira. De acordo com os documentos, o sistema de proteção da rede elétrica, que desativa a energia dos fios, demorou cerca de dois segundos para desligar, tempo suficiente para a tragédia. 

Quanto o Carnaval em Bandeira do Sul, dois anos após a tragédia, aos poucos foi voltando ao normal e hoje já é comemorado normalmente, como se nada tivesse acontecido, afinal, para os que ficaram, é vida que segue, né?


A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.

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