"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós" (Efésios 4:1-6).
Imersão, aspersão ou efusão? Certamente esta é a pergunta que vem à mente da maioria das pessoas quando o assunto é batismo. Isso, porque as questões relacionadas à prática do batismo, apesar de secundárias, periféricas - isso mesmo, o que importa não é a forma como o batismo é feito e sim seu significado -, causam uma baita confusão e tira o foco do verdadeiro cerne deste mandamento de Cristo.
Assim, as pessoas "se travam" sobre a forma e não se atentam para a essência. E oxalá este fosse o único tema com o qual a igreja perde tempo em polêmicas. São tantos os assuntos sem a devida importância que a religião dá ênfase, que o atraso em seu principal papel, a simples pregação do Evangelho, é muitas vezes negligenciada, adiada, jogada mesmo para escanteio.
Sabe quem se aproveita dessa enorme brecha? Satanás, com seus agentes através de suas seitas. No texto deste artigo, em atendimento ao pedido de um jovem irmão e discípulo, não irei "bater o martelo" sobre o assunto (Deus me livre desta pretensão! Você é livre para crer até em duende furta-cor alado.), mas expôr o que tenho crido e entendido pela fé.
É UMA ORDENANÇA DE JESUS
O que é o batismo nas águas? Por que o fazemos? Como deve ser ministrado, quando e para quem? Vou compartilhar meu entendimento acerca desta prática cristã.
O que exponho aqui, não é nenhuma "grande revelação" trazida por anjo algum, eu não fui "arrebatado ao quarto céu" e nem "Deus desceu à terra" para me falar nada, mas, foi sim fruto de meu exame consciente às Sagradas Escrituras. O batismo é uma ordenança clara de Jesus para todo aquele que n'Ele crê:
"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19).
SELO DA FÉ
O batismo deve ser visto como um selo da justiça que vem pela fé, e evidentemente deve seguir a fé, como determinam as palavras finais de Jesus que se encontram registradas no evangelho de Marcos (16:15,16).
Esta é a razão porque cristãos da vertente evangélica não batiza e nem tampouco valida o batismo de crianças; é necessário crer primeiro e então se batizar. Não se trata apenas de uma oposição aos dogmas da Igreja Católica, mas sim um cumprimento do princípio bíblico de apresentar os filhos ao Senhor, mas só os batizar depois que puderem crer e, conscientemente, professar sua fé.
É A CIRCUNCISÃO DO CORAÇÃO
No Velho Testamento, os judeus tinham como selo de sua fé a circuncisão; no Novo Testamento a circuncisão foi suprimida, sendo vista simbolicamente no batismo (Colossenses 2:11,12). Ou seja, hoje, esta circuncisão acontece no coração (Romanos 2:28,29), e Paulo a relaciona com o batismo.
O BATISMO NÃO SALVA, MAS ACOMPANHA A SALVAÇÃO
Repito enfaticamente: o batismo não salva ninguém. Jesus disse que quem crer (e, aí sim, for batizado por crer) será salvo e quem não crer será condenado; note que Ele não disse
"quem não for batizado será condenado",
mas sim
"quem não crer".
Ou seja, o batismo segue a fé que nos leva à salvação, mas ele em si não é um meio de salvação. Que o diga aquele "famoso" ladrão que foi crucificado com Cristo e a quem Jesus disse que estaria com Ele ainda aquele dia no paraíso (Lucas 23:39-43); ele somente creu e nem pôde ser batizado.
Podemos dizer que o batismo é parte do processo de salvação, mas não que ele em si salve; o apóstolo Pedro escreveu o seguinte acerca do batismo:
"...não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio de Jesus Cristo" (1 Pe 3:21 - grifo meu).
É UMA IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO
O batismo tem um significado profético; além de ser um testemunho público da nossa fé em Jesus, ele fala algo. Na verdade é o meio através do qual externamos que tipo de fé temos depositado em Jesus Cristo.
A mensagem profética do batismo
Quando falamos sobre a fé em Jesus, não nos referimos a crer que Ele EXISTE; é mais do que isto! A maioria das pessoas creem (ou, ao menos dizem crer) que Jesus existe mas não entendem o que Ele FEZ. São duas coisas completamente diferentes; o que nos salva da perdição eterna e da condenação dos pecados é a obra de Cristo na cruz em nosso lugar.
Ao morrer na cruz, o Senhor Jesus não morreu porque mereceu morrer; pelo contrário, como justo e inocente, Ele nos substituiu, sofrendo o que nós deveríamos sofrer a fim de que recebêssemos a salvação de Deus.
Há dois elementos básicos na fé que nos salva: identificação e apropriação. É importante entender cada um deles dentro do simbolismo do batismo:
- Identificação - é o aspecto da fé que nos faz ver que Jesus assumiu a nossa posição de pecado, para que assumíssemos a posição de justiça d’Ele (2 Co 5:21). A Bíblia declara o seguinte:
"Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl 3:3).
Quando Deus nos olha, ou Ele nos vê sozinhos em nossos pecados, ou nos vê através de Jesus Cristo, que já pagou por eles.
A fé nos coloca com Jesus na cruz, crucificados com Ele; nos coloca no túmulo, sepultados com Ele; nos coloca ainda nos céus, à direita de Deus, ressuscitados com Cristo! É quando nos vemos n’Ele, entendendo o sacrifício vicário do Filho de Deus, que passamos a ter direito ao que Cristo fez; esta é a hora do segundo passo: apropriação.
- Apropriação - é o aspecto da fé que torna meu aquilo que já vi realizado em Jesus. É quando entendemos que não somos salvos pelas obras, mas sim pela graça, mediante a fé e nos apropriamos disto. Paulo escreveu a Timóteo e lhe disse:
"...toma posse da vida eterna" (1 Tm 6:12).
O batismo, é o nosso testemunho da identificação com Cristo; ele revela não apenas que eu tenho fé, mas que tipo de fé eu tenho. Veja o que as Escrituras dizem:
"Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos para a glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida" (Rm 6:3,4).
Quando imergimos alguém na água, estamos simbolicamente declarando que esta pessoa foi sepultada com Jesus, e ao levantarmos esta pessoa das águas, estamos reconhecendo que ela já ressuscitou com Cristo para viver uma nova vida. Portanto, o batismo é onde reconhecemos que tipo de fé temos; uma fé que se identifica com Cristo e sua obra realizada na cruz.
QUEM E QUANDO PODE SE BATIZAR?
Quando a pessoa foi esclarecida sobre a obra (e não só a Pessoa) redentora de Jesus Cristo, e crê de todo o coração (sem dúvida acerca disto), ela está pronta para ser batizada. E aqui já aproveito para desmistificar o tal "curso de batismo".
Essa prática comum em muitas denominações não encontra nenhum respaldo na Bíblia, pois, não há como você ensinar ninguém o que fazer para se batizar, uma vez que, o próprio Jesus diz apenas que basta CRER. E, por acaso, alguém tem o poder de "ensinar" alguém a crer?
Não há data estabelecida, somente os critérios que o recém convertido deve apresentar. No caso de Filipe e o etíope, foi bem rápido, sem a necessidade de curso algum: ele leu as Escrituras, creu e foi batizado, simples assim, sem nenhum tipo de alegoria apoteótica!
COMO SE BATIZAR?
Agora sim, vamos entrar na principal dúvida de muitas pessoas quando o assunto é batismo. A palavra "baptismos" no grego significa: "imergir; mergulhar; colocar para dentro de". No curso da história, por várias razões - às quais não detalharei aqui -, apareceram outras formas de batismo, como aspersão e ablução (banho); entretanto, como o batismo é uma identificação com Cristo em sua morte e ressurreição, e é exatamente isto que a imersão significa, por este motivo não pratico outras formas de batismo.
Novamente o Felipe e o Eunuco
Quando Felipe batizou o etíope, eles pararam em um lugar onde havia água. A Bíblia diz que ambos entraram na água (pode conferir em Atos 8:38,39). Certamente aquele eunuco viajava abastecido com água potável; se fosse o caso de praticarem a aspersão havia água suficiente naquela carruagem para isto, mas batizar é imergir!
Não foi à toa que João Batista se utilizou do rio Jordão para batizar. Depois, mudou o local de batismo para Enom, perto de Salim, e a razão para isto é descrita pelo apóstolo João em seu evangelho:
"...porque havia ali muitas águas" (3:23).
ÁGUA CORRENTE OU PISCINA?
Não há lugar específico para o batismo. Há muitos templos que têm um batistério, mas há outras que optam por batizar em rios, piscinas, e onde houver água suficiente para a imersão… Já ouvi o descalabro de que o batismo só pode ser feito em água corrente, pois, de acordo com essa patacoada, a água parada de um tanque ou de uma piscina por exemplo, "absorve o pecado da pessoa e se torna impura". Pode um absurdo desses? Pois é, mas há quem ensine e quem creia nisso. Pois eu, se a pessoa quiser, e tiver até um tambor ou uma caixa d'água, se der para imergir, faço o batismo sem mais delongas.
E quem pode batizar?
Além da água, é necessário alguém que ministre o batismo ao novo-convertido, uma vez que não existe auto-batismo na Bíblia. Quem tem autoridade para isto? Só o pastor? Não! A ordenança de Jesus é clara:
"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28:19).
Jesus mandou fazer discípulos e depois batizá-los. A ordem já subentende que quem faz o discípulo tem autoridade para batizá-lo.
Felipe - olha ele aí de novo - era apenas um diácono, fazendo o trabalho de evangelista; não era o pastor de igreja nenhuma, e batizou!
Paulo disse aos coríntios que não havia batizado quase ninguém entre eles; entendemos que mesmo se tratando de seus filhos na fé, ele provavelmente tenha passado esta tarefa a outros cooperadores, que não eram pastores.
EM NOME DE QUEM?
Para muitas igrejas, as palavras de Mateus 28:19 ("...em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo") são a fórmula a ser seguida no batismo. Vejo nisto um princípio espiritual, mostrando a Trindade envolvida no batismo, e respeito quem assim o faça, mas a forma como os apóstolos obedeceram esta ordem nos dá a entender que eles não viram nas palavras de Jesus uma fórmula a ser repetida. Por quatro vezes, vemos referências claras ao nome usado no batismo cristão nas páginas de Atos dos Apóstolos, confira em: 2:38, 8:16, 10:48 e 19:5.
Quando Jesus citou o Pai, Filho, e Espírito Santo no batismo, o fez dizendo que em nome dEles se deveria praticar o batismo, e não repetindo sua frase. "Pai" não é nome, é um título que indica uma posição; "Filho" também não é nome, é um título que indica uma posição. Qual é o nome a qual Jesus estava se referindo e que representa a Trindade na terra? É o Seu próprio nome!
Alguns alegam que batizar só em nome de Jesus é negar a Trindade, mas para os apóstolos era sinônimo de obediência à comissão de Cristo. Veja bem, quando expulsamos demônios, fazemos isto em nome de Jesus (Mc 16:17), mas não quer dizer que o Pai e o Espírito Santo tenham ficado de fora, pois Jesus disse que expulsava demônios pelo dedo de Deus (Lc 11:20) e também pelo Espírito Santo (Mt 12:28).
Quando uma pessoa é salva, é salva pelo nome de Jesus (At 4:12), mas não quer dizer que o Pai e o Espírito Santo não estejam envolvidos nisto. Da mesma forma, quando impomos as mãos nos enfermos (Mc 16:18), fazemos isto em nome de Jesus. Quando oramos, fazemos isto em nome de Jesus (Jo 16:23,24).
O NOME DE JESUS representa a trindade na terra; por trás dele estão o Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, quando batizamos "em nome de Jesus", estamos batizando no nome que representa a Trindade.
Por causa da triunidade de Deus (um só Deus em três pessoas), sub-entende-se uma "implicitude" da Trindade no nome de Jesus. Daí, a ser "unicista" (Deus em uma só pessoa) há muita diferença!
CONCLUSÃO
Espero com este artigo ter dado minha contribuição no sentido de entender, em consonância com as Escrituras, as dúvidas existentes sobre este assunto. Apesar de tanto imbróglio teológico, que só serve para confundir e dividir, como tudo o que envolve as questões de fé, a prática do batismo é muito simples, nós somos quem a complicamos, pois, aquilo que é "mais complicado", atraí polêmica e a polêmica atraí holofotes. Ou seja, é o ego que faz com que nos atenhamos à tantas coisas que que por si sós não têm absolutamente nenhuma importância.
A Deus, toda glória.
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