quarta-feira, 24 de julho de 2019

DISCOS QUE EU OUVI - 54: "SHE'S SO UNUSUAL", CYNDI LAUPER


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Quem, como eu, foi adolescente na década de 1980, certamente não conseguiu passar imune ao fenômeno que foi a cantora pop Cyndi Lauper. Numa época em que as paradas internacionais de sucesso, eram majoritariamente ocupadas por homens - Michael Jackson, Paul MacCartney, David Bowie, Prince, Elton John... Isto sem contar as bandas -, eis que surge uma garota feia, ruiva, de cabelos alaranjados, visual espalhafatoso e voz estridentemente fina, porém, marcante e inconfundível. E ninguém pode segurar aquela garota que só queria se divertir.

O disco


Depois de uma tentativa fracassada de alcançar o sucesso com uma banda estilo rockabilly (batizada de Blue Angel) - com um único disco lançado em 1980, que, devido ao fracasso de público e de vendas, não é nem lembrada - a banda logo se desfez, mesmo assim Cyndi não desanimou e continuou a cantar pelos barzinhos de Nova York, até que David Wolff, empresário e seu namorado na época, lhe consegue um contrato na Portrait no final de 1982 gerando uma das obras mais elogiadas da década de 80.

Cyndi Lauper lançou seu primeiro disco solo, o clássico "She's So Unusual" ("Ela é tão diferente", título, aliás, do qual ela fazia jus). O disco é uma mistura de auto-confidência, pop-rock, sentimentalismo e humor inteligente, comprovando que Cyndi, além de intérprete, é uma excelente compositora. Muitas das letras do álbum foram co-escritas por ela, algumas belas, outras contagiantes, mas todas fazendo um pop básico, sem pretensões de ser a maior cantora ou a mais popular. 

Vendeu 300 mil cópias somente no Brasil e 16 milhões pelo resto do mundo, o que lhe rendeu vários prêmios: Cantora do Ano, Melhor Vídeo ('Girls Just Want To Have Fun'), 
Revelação, etc; além de inúmeras indicações ao Grammy, ao MTV Awards e ao American Music Awards e foi eleita a Mulher do Ano.

Neste álbum antológico da música pop internacional, estão os clássicos 'Girls Just Want To Have Fun, 'Time After Time', 'She Bop', 'All Through The Night" e 'Money Changes Everything'. O álbum vendeu 16 milhões de cópias e ela se tornou a primeira mulher a ter quatro músicas consecutivas do top 5 das paradas americanas e inglesas. 

Faixa a Faixa


(1) 'Money Changes Everything' abre o álbum mas foi o último single, chegando à 27ª posição das paradas americanas, com bastante exibição na MTV de seu videoclipe ao vivo extraído da turnê de Cyndi Lauper pelos Estados Unidos em 1984, que utiliza bastante guitarra e a letra é bastante realista ao nos dizer que realmente conhecemos uma pessoa quando há dinheiro envolvido.

O primeiro single do álbum, (2) 'Girls Just Want To Have Fun', demorou um pouquinho para alcançar sucesso, mas com seu videoclipe extremamente engraçado, colorido e que conta a história de sua adolescência reprimida e seu desejo por liberdade, fez de Cyndi Lauper uma popstar.

No vídeo, a mãe de Cyndi interpreta a si mesma e tem a participação de parentes e amigos, Lou Albano (o gordo), que interpreta o pai, sempre participa dos vídeos e as participações dessas pessoas em seus futuros vídeos se tornou uma "marca registrada". O single alcançou o #2 nos EUA e Inglaterra, e ficou em 1.º lugar na Austrália e Japão, país onde Cyndi Lauper é idolatrada até os dias de hoje. E em toda coletânea ou festa temática dos anos 80 que se preza, o hit é faixa obrigatória.

(3) 'When You Were Mine', (4) 'Time After Time' é uma 
das lentas de maior sucesso da carreira de Cyndi, que co-escreveu a letra. Esse single chegou a ser número 1 nos Estados Unidos e o videoclipe é auto-biográfico, relembrando o momento em que Cyndi fugiu de casa. Claro que mamãe também aparece nesse vídeo e seu então namorado e empresário David Wolff.

Com (5) 'She Bop' (última faixa do Lado A da edição em vinil), Cyndi Lauper conseguiu escandlizar os mais 
conservadores com a polêmica letra sobre masturbação feminina... nada demais cantar sobre algo que "todo mundo faz" (ou, pelo menos, fez)... ato ousado mesmo para a década de 80, onde as mulheres já exerciam seu "girl power", mas vai explicar isso para uma sociedade hipócrita (principalmente a americana). 

Mesmo com toda a polêmica, o single foi um sucesso de vendas e rádio, atingindo a 3ª posição das paradas americanas. Conta com um videoclipe muito engraçado e irônico, mostrando Cyndi sendo perseguida por membros da sociedade por ter cometido ato tão obsceno (de novo lá estão sua mamãe, o namorado e o gordinho).

Em (6) 'All Throught The Night' (que abre o Lado B da edição em vinil), Cyndi abusa de sua voz utilizando 12 
segundos de nota nessa belíssima lenta, uma das melhores, que emociona até quem não é fã do gênero. 
  • Para quem não sabe, Cyndi Lauper possui extensão de 4 oitavas e é considerada Soprano Leggero.
O single, muito bem sucedido e executado nas rádios, emplacou o 5º do Hot 100 da Billboard americana.


Conclusão


O álbum de estreia de Cyndi Lauper, fez 30 anos de lançamento em outubro de 2013. Na época, a gravadora Sony resolveu comemorar o álbum trintão, com um re-lançamento que chegou às lojas em abril de 2014. A edição comemorativa se chamou "She's So Unusual: A 30th Anniversary Celebration" e foi lançado no dia 1º de Abril, como disco duplo contendo os hits clássicos pop, como 'Girls Just Want To Have Fun', 'Time After Time', 'She Bop' e 'All Through The Night'.

Ainda em 2014 Cindy Lauper recebeu o prêmio de Melhor Álbum de Musical de Teatro no Grammy deste ano, por sua peça "Kinky Boots". Surpreendentemente, a cantora já foi indicada ao prêmio mais importante da música 15 vezes, mas só ganhou uma vez, em 1985, na categoria Artista Revelação. Em 2008 ela se apresentou aqui no Brasil e até participou do programa Altas Horas, do Serginho Groismann (Rede Globo)
Em 2004, o disco foi eleito pela "Rolling Stone" americana como um dos 500 melhores de todos os tempos. De autoria de Cyndi, 'Time After Time' se transformou em uma das músicas mais tocadas e regravadas da música americana até hoje. Até Miles Davis fez sua versão para ela. Uma coisa é certa, mesmo na contramão do estilo "material girl", lançado posteriormente por sua "rival"(?), Madonna, com "She's So Unusual", Cyndi Lauper conseguiu escrever seu nome no hall da fama da música pop internacional. É claro que vou carimbar

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso

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