quinta-feira, 13 de junho de 2019

ENTENDENDO O LIVRO DE MALAQUIAS (ALGO ALÉM DE 3:10)

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"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2 Coríntios 13:8).
Eu já disse de púlpito e já ensinei, mas não custa nada repetir: 
  • Nós que estamos na graça NÃO SOMOS OBRIGADOS A DIZIMAR (assim como não somos obrigados a fazer nada para Deus, seja lá o que fizermos a Ele, tem de ser de forma voluntária, com entendimento e, principalmente, COM AMOR).

Distorcendo a Palavra 

Os fins justificam os meios?


O livro de Malaquias é citado com grande frequência e insistência nas pregações dos dias atuais. Os defensores da teologia da prosperidade frisam alguns versículos, especialmente a ordem de Deus sobre os dízimos em Malaquias 3:10, para ensinar que as pessoas que dão o dízimo com fidelidade serão abençoadas materialmente. 

O cristão cuidadoso perceberá o erro deste argumento, pois a ordem e a promessa de Malaquias fazem parte do sistema do Velho Testamento, uma aliança temporária entre Deus e o povo judeu. Nas passagens do Novo Testamento que falam sobre o dinheiro das igrejas, encontramos instruções de dar conforme a prosperidade de cada um, sem estipular uma porcentagem obrigatória (1 Co 16:2; 2 Co 9:7). 

Aqueles que citam Malaquias 3:10 para exigir o dízimo, e prometem prosperidade material, estão distorcendo a palavra de Deus. Eles estão enchendo os tesouros das igrejas (e, em muitos casos, os seus próprios) ao desviarem a atenção de seus seguidores das coisas espirituais para darem atenção às posses materiais. 

Pedro advertiu sobre tais mestres: 
"Também, movidos pela avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme" (2 Pedro 2:3).

Mirando a meta celestial 


Deus oferece uma coisa muito melhor aos seus seguidores: um prêmio eterno no céu. Paulo nos desafia a mirar essa meta: 
"Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, mas não nas que são da terra" (Colossenses 3:1-2 - grifo meu). 

Exegese de Malaquias 


Nas nossas Bíblias, Malaquias é o último livro do Antigo Testamento. O nome deste profeta quer dizer "meu mensageiro", significado que bem descreve sua missão de comunicar uma das últimas mensagens do Senhor ao seu povo antes da chegada de Jesus Cristo. Malaquias foi escrito aproximadamente 400 anos a.C., mais ou menos um século depois da volta dos judeus do cativeiro na Babilônia. 

Neste livro, o profeta trata de alguns dos mesmos problemas enfrentados pelos seus contemporâneos: Esdras e Neemias. Malaquias combateu a negligência e a hipocrisia, mesmo dos líderes religiosos. Confrontou o desprezo demonstrado pelo povo dos princípios divinos para o casamento. Criticou a mesquinharia de um povo que se preocupava com seu próprio bem-estar material enquanto negligenciava suas responsabilidades para com Deus. 

Malaquias inclui, porém, uma mensagem esperançosa que olha para a vinda do Messias. Este profeta, como Isaías havia feito 300 anos antes, falou da vinda de João Batista para preparar o caminho do Cristo. Ele comparou João a Elias, um profeta do Antigo Testamento com algumas características parecidas. 

Este pequeno livro trata dos seguintes assuntos: 


➫ Capítulo 1 — Chama atenção do povo judeu por não ter retribuído ao Senhor a honra e amor que ele merece. Especialmente, Deus condena as práticas dos sacerdotes que deveriam ter dado para Deus as primícias, mas ofereciam sacrifícios inferiores. 

➫ Capítulo 2 — Continua a crítica dos líderes religiosos, mostrando sua negligência em abandonar as obrigações dos descendentes de Levi e mostrar a santidade diante do Senhor e instruir o povo sobre a grandeza de Deus. No mesmo capítulo encontramos uma das mais fortes repreensões na Bíblia da prática do divórcio, comparando a quebra desta aliança à violência. Esta infidelidade é motivo do Senhor rejeitar a adoração das pessoas que não cumpriram seus votos matrimoniais. 

➫ Capítulo 3 — Prediz a vinda de um mensageiro para preparar o caminho do Senhor, uma profecia aplicada a João Batista e seu trabalho como precursor de Jesus. Neste capítulo, também, ele fala de um problema nas práticas religiosas da época, criticando os judeus que não davam os dízimos que a lei do Antigo Testamento exigia. Válido lembrar que os dízimos no AT tinham uma destinação específica: suprir as necessidades e garantir a herança dos levitas e, posteriormente, dos necessitados. 

Eu, roubando a Deus? Jogando uma pá de cal na teologia da prosperidade 


Nesse contexto, usurpar os direitos dos levitas, era considerado um roubo ao próprio Deus, já que foi Ele quem instituiu tal procedimento. Ou seja, quando entendemos que os dízimos sendo de Deus, mas que Ele os deu aos levitas como herança, então, passamos a compreender o primeiro motivo pelo qual Deus se sentiu roubado no tempo de Malaquias (Números 18: 26–28)

Vimos que a principio Deus destinou todos os dízimos aos levitas como herança por causa do serviço que executavam no santuário (18:21–26). Mas, quando os hebreus tomaram posse da terra prometida, Deus estendeu o benefício do dizimo aos necessitados como órfãos, viúvas e até estrangeiros (Deuteronômio 14:28,29). Ah, e tem outros dois detalhes: 
  • o dízimo do Antigo Testamento NÃO ERA em dinheiro e sim em mantimentos (Mt 23:23,24); 
  • a Casa do Tesouro descrita no texto NÃO SE REFERE à igreja no contexto atual e sim a um espaço reservado — também chamado de "câmaras" — ao redor, nas laterais do templo (1 Reis 6:5, Neemias 10:38) no átrio.

E quanto aos gentios? A resposta, obviamente, está na própria Bíblia. 


Quanto aos pobres, Jesus disse que eles estarão sempre conosco (João 12:8). A igreja primitiva não cobrava dízimos, sabendo que Jesus na cruz cumpriu toda a Lei e pagou toda a nossa dívida (Mt 5:17; Cl 2:14). Mas usava as contribuições dos que tinham para abençoar os que nada tinham (Atos 4:34). 

E muito embora esse princípio de ajuda aos necessitados tenha sido largamente difundido no novo testamento por Jesus e pelos apóstolos, sabemos que na atualidade estes não vislumbram desse direito. E pior, eles ainda são coagidos por ameaça de maldição e exclusão das instituições se não entregarem 10% de suas rendas aos líderes dessas instituições como se fossem dízimos a Deus. 

➫ Capítulo 4 — Encerra o livro como uma nota final de esperança para o povo do Senhor. Comenta de novo do mensageiro que ajudaria o povo a voltar e se converter ao Senhor para evitar a rejeição total. 

E o tão temido "devorador" 


Sobre isso eu acho absurdo ter de falar. Usar algo que dizia respeito a todo um contexto cerimonial, espiritual e sócio-cultural específico e exclusivo da nação de Israel, só para "forcar" as pessoas a abrirem suas carteiras, é algo que beira ao ridículo. Mas vou responder a esta questão usando a Bíblia:
 "A Lei não é fundamentada na fé; ao contrário, 'quem praticar esses mandamentos, por eles viverá'. Foi Cristo quem nos redimiu da maldição da Lei quando, a si próprio se tornou maldição em nosso lugar, pois como está escrito: 'Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro'. Isso aconteceu para que a bênção de Abraão chegasse também aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos a promessa do Espírito Santo pela fé" (Gálatas, 3:12-14 — grifos meus). 
Olha, amado irmão, se você precisa de ameaças e coações para cumprir seus compromissos — no caso em questão, os que tange à questão financeira (as provisões destinadas à manutenção da igreja, é um compromisso de todo o integrante da congregação, o que deve ser feito sob os princípios da liberalidade, da voluntariedade, com entendimento, com alegria, com amor e sem coação, medo ou constrangimento) — com Deus, reavalie todos os seus princípios de fé. 

Conclusão 


Se vamos aproveitar alguma lição de Malaquias para as igrejas de hoje, ajudaria refletir sobre o princípio ensinado no primeiro capítulo do livro. Quando Deus viu a falta de santidade e de dedicação por parte dos adoradores daquela época, ele falou que seria bom se alguém fechasse as portas do templo para não permitir a adoração insincera (1:10). Em outras palavras, ele pediu para parar de "brincar de religião". Ou faça o certo, ou feche as portas! 

Ao Deus da graça, toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 

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