sábado, 4 de maio de 2019

CRENTE ARROGANTE É PIOR DO QUE "CAPETA ENDEMONIADO"

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A arrogância causa muitos males ao ser humano, mas essa nem sempre é percebida, isso porque o orgulhoso não atenta para a sua condição. Por outro lado, a humildade, uma das principais virtudes cristãs, precisa ser cultivada, contrapondo a altivez de espírito. No texto desse artigo, com base no livro de Provérbios, bem como em outros textos bíblicos, faremos um estudo comparativo entre esses dois comportamentos. Ao final ressaltaremos os aspectos cristãos da humildade, personificados no próprio Cristo, o maior exemplo de serviço.

A arrogância é tão pecado quanto a prostituição mas nem de longe tão combatido como ela


"Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos". 
A frase é de Mahatma Gandhi e vale reflexão. Se considerarmos que Gandi morreu sem Jesus e crendo que ratos e outros animais são deuses dignos de adoração [como a maioria da população da Índia crê], temos de admitir que os cristãos têm uma parcela de responsabilidade nisso. É duro aceitar, mas a nossa arrogância e nosso mau testemunho vêm sendo um entrave no alcance de muitas pessoas pela verdade de Jesus.

Somos arrogantes sim. Sob a prerrogativa de que detemos a única chave possível de acesso a Deus, subimos em nosso pedestal, altivos em nossa crença. Lembro-me da passagem em que os discípulos tentavam impedir que crianças se aproximassem de Jesus, repreendendo aqueles que as levavam (Marcos 10:13). Ou quando os seguidores do Senhor repreenderam um cego que clamava por cura (10:46-48). Muitos de nós, ao invés de levar as pessoas a Cristo, as repelimos com nossa arrogância, nosso preconceito e testemunho reprovável.

1. Arrogância e humildade: definições


A arrogância (hebreu gabahh) é caracterizada pela falta de humildade e geralmente está associada ao fato de a pessoa se mostrar indisposta para ouvir os outros. A pessoa arrogante não quer aprender com o próximo, pois pensa ser dona da verdade. Ela se coloca acima dos outros, e se orgulha das percepções que tem de si mesmo. 

Esse é um pecado perigoso, pois não tem limites, o arrogante pode chegar a pensar que é o próprio Deus (Ezequiel 28:2). Esse foi o pecado que conduziu satanás à queda, o inimigo não quis ficar na sua posição, tentou tomar o trono do Altíssimo (Isaías 14:13,14). Como fez satanás, o arrogante não se submete às normas, na verdade ele estabelece suas próprias regras, que geralmente favorecem apenas a ele mesmo (2 Tessalonicenses 2:4). 

Aqueles que são altivos de coração também são orgulhosos, e por não se coadunarem aos princípios divinos, se voltam em rebelião contra Ele (Provérbios 24:1; Tiago 3:16). A Torre de Babel, de Gênesis 11, é uma demonstração do que o homem arrogante pode fazer, revela também as consequências dessa vaidade. Esse é também um pecado de cegueira espiritual, pois a pessoa que assim procede nega-se a ver o engano no qual se encontra (Mateus 15:14; 23:16-22; Romanos 2:19; Is 3:12; 9:16; 42:19; 56:10; Oséias 4:12). 

Por esse motivo os arrogantes não se dobram diante da Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16), não se submetem em humildade ao que Deus diz (Pv 11:2). Os falsos mestres tendem à arrogância, presunção e orgulho (1 Coríntios 8:1; Colossenses 2:18), e não são facilmente libertos do pecado porque rejeitam o ensinamento bíblico (Hebreus 10:25; 2 Tm 4:3; 2 Jo 10,11).

A oposição à arrogância é a humildade, uma virtude extremamente necessária àqueles que professam a fé em Cristo. Ser humilde (grego ani) é uma disposição de dependência do outro, o verbo grego tapainoô tem a ver com a condição de fazer-se pequeno, mais que isso, a de ser obediente. Jesus, em Lucas 18:14, diz que aqueles que se exaltam serão humilhados, e os humilhados serão exaltados. Ele deu o maior exemplo de humildade, esvaziando a si mesmo, assumindo a posição de servo (Filipenses 2:8).

2. Arrogância e humildade em Provérbios


No livro de Provérbios, a contraposição entre arrogância e humildade é um dos principais temas desse texto sapiencial. O autor de Provérbios aconselha as pessoas a não se considerarem sábias aos seus próprios olhos, antes devem confiar no Senhor (3:5-8), considerando que Ele exalta o soberbo, e dá graça aos humildes (3:34). 

A arrogância, em várias passagens, traz consequências nefastas, pois com ela vem a desonra, a humildade, por sua vez, é uma demonstração de sabedoria (11:2). O arrogante é comparado a um tolo, já que esse não aprende, não extrai lições da vida, não recebe conselhos (13:10). A humildade, em Provérbios, é sinônima de sabedoria, que desvia o homem do mal, a arrogância, por sua vez, faz com que as pessoas tomem decisões precipitadas (14:16). 

A arrogância é um pecado grave, pois faz com que as pessoas se afastem de Deus, conduzindo-as ao julgamento (16:5). Ao se comparar a arrogância com a humildade, vale muito mais a pena viver entre os humildes do que entre os arrogantes (16:16-18). Os arrogantes são comumente levados à ruína, enquanto que os humildes alcançam posição de honra (18:12; 22:4; 25:6,7). 

Os arrogantes fazem muita propaganda enganosa, eles falam muito bem a respeito de si mesmos, mas passam vergonha quando são testados (25:14,27). É melhor se aproximar de um tolo do que de uma pessoa arrogante, elas são altamente tóxicas, estragam tudo e todos que se encontra por perto (26:12). 

A associação da arrogância com as riquezas


Em virtude do muito dinheiro que conseguem acumular, os ricos são propensos à arrogância, os pobres, por serem dependentes, se aproximam de Deus, e encontram a verdadeira prosperidade (28:11,25). Os pobres, especialmente os de espírito, se voltam para Deus, reconhecem que dEle vem a purificação (30:13). O arrogante, por sua altivez de espírito, não pode ser salvo, peca contra Deus, diz blasfêmias, caminha para a perdição (30:12), seria melhor que ele se calasse, ou então colocasse a mão na sua boca (30:32).

3. Humildade versus arrogância


Deus se opõe aos arrogantes, mas dá graça aos humildes, pois são estes que percebem sua condição, sua necessidade de salvação, que vem de cima, não deles mesmos (Tg 4:6). Jesus deixou claro que não podemos fazer coisa alguma sem Ele, somos como um galho que precisa da raiz e do tronco para se desenvolver (Jo 15:5). A humildade começa diante do próprio Deus, pois o ser humano é pequeno, somente o Senhor é grande, digno de honra, glória e louvor. 

Ao ouvir a Palavra de Deus, o humilde, diferentemente do arrogante, treme, e se arrepende dos seus pecados (Is 6:5; 66:2). Ao invés de se gloriar da sua força, o humilde tem consciência da sua fraqueza, sabe que nisso consiste sua fortaleza, fundamentada na graça de Deus em Cristo (2 Co 12:9,10). Paulo precisou experimentar o sofrimento para aprender a não se gloriar nas revelações que recebeu de Deus. O espinho na carne pode ser um tratamento divino para modificar o comportamento dos arrogantes (1 Co 12:7).

Mas a conversão da arrogância para a humildade não acontece apenas com palavras, é preciso que essa seja demonstrada em ações, assim procedeu Israel, ao se dobrar perante o Senhor, depois de ter seu orgulho abatido (Juízes 10:15,16). A pessoa quebrantada por Deus, e que vive em humildade, não coloca a si mesmo em primeiro lugar, antes tem consideração por aquilo que é dos outros (Fp 2:3,4). 

Na visão cristã, o humilde é justamente aquele que se coloca na condição de servo, assim como fez Cristo, ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo 13). O próprio Senhor lembrou que aqueles que querem ser maiores, devem buscar servir aos seus irmãos, no reino de Deus é maior quem mais serve (Marcos 9:35), Jesus mesmo vem para servir, não para ser servido (10:45). Ao invés de agirem como os arrogantes, os cristãos devem se humilhar debaixo da potente mão de Deus, a fim de serem exaltados em tempo oportuno (1 Pe 5:6).

Conclusão


O ser humano, em sua natureza pecaminosa, tem tendência à arrogância. Essa prática é naturalizada entre as pessoas, que acham normal o comportamento egoísta. Mas a Palavra de Deus, e mais especificamente o livro de Provérbios, se contrapõe àqueles que têm coração altivo, que são orgulhosos. A virtude cristã, exemplificada na própria pessoa de Cristo, é a humildade, característica que se fundamenta no interesse pelos outros. 

Jesus chamou a vir a Ele todos os humildes, para dEle aprenderem (Mt 11:28). Assim procedem todos aqueles que estão na escola da humildade, não da arrogância, são pessoas que estão sempre predispostas a aprenderem, por isso alcançarão maturidade espiritual.

Um dos grandes desafios dos cristãos, hoje, é passar a verdade de Cristo sem parecer orgulhoso e dono de si. Se a verdade não for sustentada pelo amor, torna o detentor da mensagem odioso e a verdade repulsiva.

Nietzsche disse certa vez: 
"Passarei a acreditar no Redentor quando o cristão parecer um pouco mais redimido". 
Penso que muitos intelectuais até admitem sentir admiração por Jesus, mas quando olham para nós, cristãos, acabam considerando não valer a pena seguir a um Cristo que arrebanha pessoas de caráter tão duvidoso.

É por isso que não me canso de pregar ao meus discípulos 
  • "Parem de olhar [inclusive, para mim próprio] para homens, olhem para Jesus".
Se Gandhi e Nietzsche o tivessem feito, talvez houvesse experimentado a 
"paz que excede todo o entendimento" (Fp 4:7), 
a paz que desconcerta todo intelectualismo solitário.

Quanto a nós, cuidemos de descartar a arrogância nossa de cada dia, para que o mundo possa ver em nós o reflexo do amor simples de Jesus, exemplificado na prática de seu invencível, genuíno e simples Evangelho.
A Deus toda glória.
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  E nem 1% religioso.

Um comentário:

  1. Muito bom!obrigado pela explicação,foi uma aula esclarecedora sobre esse tema! Parabéns!bom dia

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