sexta-feira, 26 de abril de 2019

PAPO RETO - INTOLERÂNCIA RELIGIOSA X FÉ GENUÍNA

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"Respondeu Jesus: 'Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento'. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'" (Mateus 22:37-39).
O Brasil abriga uma diversidade de religiões e crenças. Segundo o Censo mais recente, de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior predominância é a da religião católica, com 64,6% da população (123 milhões). Já os evangélicos aumentaram significativamente seu número de seguidores em 10 anos, passando de 15,4% em 2000 para 22,2% (42,3 milhões) da população brasileira em 2010.

O objetivo do texto deste artigo é analisar e instigar a reflexão sobre a intolerância religiosa. Do ponto de vista da religião, partimos da hipótese de que as raízes da intolerância religiosa remontam à transição do politeísmo para o monoteísmo e à consequente consolidação das religiões monoteístas. Dessa forma, começamos pela exposição e análise dos monoteísmos egípcio, judaico, cristão e islâmico. A intolerância religiosa, porém, não se reduz ao discurso e prática das instituições religiosas nem às manifestações da religiosidade no âmbito individual e/ou coletivo. Portanto, não pode ser compreendida plenamente se isolada dos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais em seus respectivos contextos históricos. 

Isto nos remete, em segundo lugar, à análise das interseções religião e secularismo, poder espiritual e poder secular, Igreja e Estado. Com efeito, na medida em que a religião hegemoniza a sociedade e a instituição religiosa se consolida enquanto poder, as formas de intolerância se imbricam. Quando a religião e a política se vinculam, as intolerâncias religiosa e laica atuam em simbiose: politiza-se a religião e sacraliza-se a política. Terceiro, mesmo nos períodos mais terríveis da história, há manifestações de resistência e tolerância. Nesta perspectiva, intolerância e tolerância formam um par indissociável. A reflexão sobre a intolerância instiga-nos pensar a tolerância – e vice-versa. 


Exclusividade e Intolerância na Igreja Primitiva


A tradição cristã é herdeira de padrões e paradigmas religiosos da tradição judaica. Não obstante ser "luz para as nações", a tradição judaica, fundamentada na Bíblia Hebraica, afirma sua identidade no conceito de eleição. A tradição cristã entende que somente Jesus é o caminho de acesso ao Pai. Tendo por base essa dupla compreensão, a da exclusividade e da unicidade, do único; a tradição cristã passou a constituir sua identidade a partir da negação das outras identidades. 

Toda a tradição apologética se inscreve nesta gramática. Porém, de modo especial, a igreja primitiva nos primeiros séculos da era cristã na Ásia Menor irá combater as diversas manifestações religiosas presentes no mundo greco-romano do primeiro século afirmando esta compreensão. O gnosticismo foi uma das práticas mais combatidas. Especialmente neste contexto, a tensão e o conflito religioso presente nesta relação era muito evidente e a Bíblia registra fatos que ilustram essa realidade de maneira inquestionável. Aqui, como exemplo, cito o acontecimento registrado em Atos 17:17-31 (é fundamental a leitura da narrativa bíblica). Sob essa análise contextual, entende-se que na base do conflito está o paradigma da exclusividade e da intolerância.

A tradição cristã é herdeira de um conjunto de elementos próprios da tradição judaica. Na medida em que o processo de formação das comunidades primitivas está em sintonia com a herança da tradição judaica praticamente não há espaço para o conflito. Enquanto o desenvolvimento da relação entre herança judaica e constituição da identidade cristã ocorre no contexto siro-palestinense, as tensões praticamente se concentram nas controvérsias em torno da identidade messiânica de Jesus. 

Somente a partir do momento em que as comunidades cristãs passam a ser constituídas fora desse contexto originário, as vozes dissonantes começam a soar mais alto. Embora o ponto de partida da atividade missionária na Ásia Menor tenha sido a população de origem judaica, no âmbito da sinagoga, desde muito cedo Paulo percebeu que com esse público-alvo o "sucesso" do empreendimento estaria comprometido. Quando a atividade missionária se voltou para pessoas não judaicas de nascimento e religião, a tradição cristã se colocou em contato com uma vasta diversidade de experiências religiosas presentes naquele contexto cultual e geográfico. 

Do ponto de vista religioso, as pessoas não eram uma tábula rasa; pelo contrário, a própria adesão à proposta missionária tem como pano de fundo Exclusividade e intolerância na Igreja Primitiva todo um repertório de signos compatível com o discurso cristão no qual estão as ideias e compreensões cristãs de vida, Deus e mundo. Ao aderir ao cristianismo, os gentios convertidos em cristãos trouxeram consigo um conjunto de experiências. Os convertidos oriundos do gnosticismo encontraram no Jesus anunciado pelos missionários um paralelo com concepções gnósticas que falam de um ser preexistente, que se encarna, vem ao mundo, enfrenta adversidades e ao final da jornada volta para o lugar de onde um dia partiu. 

Desse repertório de signos até Jesus foi um caminho bem mais curto. Gentios fizeram uma releitura de Jesus na perspectiva do evangelho gnóstico. Identificaram o príncipe preexistente enviado pelo pai como sendo o próprio Jesus. Da identificação de Jesus para a releitura de outros elementos próprios da tradição religiosa e especificamente gnóstica foi somente uma questão de tempo. O resultado foi que as comunidades cristãs da Ásia Menor passaram a expressar os elementos de sua fé em Jesus por meio dos elementos da tradição religiosa precedente, especialmente a matriz religiosa de cunho gnóstico. 

Intolerância religiosa: atitudes ofensivas ou falta de conhecimento?

O desafio do cristão em entender, respeitar e superar a diversidade entre religiões


A intolerância religiosa é considerada como um dos principais problemas e mais delicados na sociedade, no qual o fanatismo religioso faz com que as pessoas entrem em conflito diariamente, como se fosse possível estabelecer "quem estaria com a razão". Por isso é necessário expandir conhecimentos e saber respeitar, para que nós verdadeiros cristãos tenhamos a consciência de não julgar, ofender e trabalhar para o bem comum.

Nesse cenário tão controverso - onde a linguagem e a prática do amor é abafada por atitudes de desrespeito e ódio - o principal papel da igreja, ao longo do tempo, é trabalhar a conscientização de seus fiéis para a unidade cristã. É preciso que entendamos que todo aquele que crê em Cristo, encontra-se em algum tipo de comunhão com Ele. Não acredito na potencialidade do ecumenismo, mas sim na busca fraterna no sentido de superação das divisões entre católicos, ortodoxos e protestantes históricos.

É possível que preservemos o princípio da separação - que, no entendimento espiritual e bíblico não tem absolutamente nenhuma conotação de segregação - mantendo o respeito sobre a diversidade de denominações presentes na sociedade, chamado de diálogo inter-religioso. 

Em um de seus discursos o Papa Francisco cita a importância desse diálogo com as religiões, condição necessária para a paz no mundo e o valor da amizade e do respeito entre as pessoas de diversas tradições religiosas. Diz o pontífice:
"Aprendemos a aceitar os outros, na sua maneira diferente de ser, de pensar e de se exprimir. Com este método, poderemos assumir juntos o dever de servir a justiça e a paz, que deverá tornar-se um critério básico de todo o intercâmbio".
Concordo plenamente com ele. Por isso é essencial o diálogo entre nós cristãos e o inter-religioso, pois nossa igreja prega sobre tudo o amor, o respeito das diferenças e as formas de acolhimento dos nossos irmãos em Cristo. É triste e muito preocupante a constatação de que existe uma absurda e diabólica disputa até mesmo dentro do seguimento protestante. 

Uma guerra denominacional e dogmática em detrimento da comunhão e unidade que são dois dos principais pilares de sustentação do Reino de Deus. Respeitar e entender a diversidade, não é renunciar sua crença ou identidade, mas acolher o que o outro caminho religioso tem de positivo.

Conclusão


Não existe sustentação cristã para a prática de nenhum tipo de discriminação. E isto fica claro nas narrativas bíblicas como a do encontro de Jesus com a mulher samaritana (João 4) e a parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37). Dentro do universo protestante e evangélico há uma série de discursos que acabam servindo de base para algumas falas de intolerância religiosa. Porém, não existe nenhuma referência bíblica ou da vida de Jesus que dê base a esse discurso de ódio.

A Deus, o Pai, toda glória! 
E nem 1% religioso.

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