sexta-feira, 5 de abril de 2019

O JESUS BÍBLICO OU O JESUS DO IMAGINÁRIO OCIDENTAL?

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"Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos" (Isaías 53:2). 
Durante as últimas décadas, surgiu vez ou outra a pergunta: qual era a aparência de Jesus? Tentar visualizar Jesus com precisão é uma forma de tentar compreendê-lO com mais precisão também.

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O ator Robert Power, aos 33 anos, no papel de Jesus no longa "Jesus de Nazaré", de Franco Zefirelli









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O ator Jim Caviziel, também aos 33 anos, no papel de Jesus em "Paixão de Cristo" (2004), do Mel Gibson

O Jesus que herdamos após séculos de arte cristã não é o correto, mas é uma marca poderosa. Sua aparência como um homem de cabelo longo, partido ao meio, com uma barba grande — em geral de pele clara, cabelos castanho-claros e olhos azuis — tornou-se a mais aceita.

Imaginamos Jesus usando mantos compridos de mangas largas, da forma como é representado na maioria das obras de arte ao longo dos séculos. Em filmes contemporâneos — de "Jesus de Nazaré" (1977), de Zeffirelli, em diante — esse estilo predomina, mesmo quando suas roupas são consideradas malfeitas.

A aparência de Jesus


Há muitas razões por trás dessa representação aceita como o padrão mundial, e nenhuma delas tem a ver com a preservação da precisão histórica. Para que cheguemos a esta conclusão, é imprescindível que procuremos por pistas do Jesus de verdade em textos antigos e na arqueologia.

Para mim, sua aparência não é só sua carne e osso. Afinal, nossos corpos não são apenas corpos. Como argumenta o sociólogo, professor e arqueólogo Chris Shilling, eles são 
"tanto recursos pessoais como símbolos sociais que 'emitem' mensagens sobre identidade". 
Podemos ser velhos, novos, altos, baixos, gordos, magros, ter pele clara, pele escura, cabelos crespos, cabelos lisos e assim por diante, mas nossa aparência não começa e termina em nosso corpo físico. Numa multidão, podemos encontrar um amigo por causa de seu cachecol em vez de seu cabelo ou nariz. O que cria uma aparência é o que fazemos com nosso corpo.

Então a aparência de Jesus teria tudo a ver com aquilo que Ele vestia. Assim que determinarmos sua paleta de cores correta, levando em conta que Ele era um homem judeu do Oriente Médio, como O vestiremos? Como Ele parecia para as pessoas de seu tempo?

A vestimenta de Jesus


Não existe uma descrição física nítida de Jesus nos Evangelhos ou na literatura cristã antiga. Existem, sim, detalhes incidentais. Por causa da Bíblia (por exemplo, Marcos 6:56), você consegue descobrir que ele usava um manto — um xale longo (em inglês, himation, palavra de origem grega) — que tinha borlas, descritas como "bordas"; é nitidamente uma versão mais antiga do talit judeu. Normalmente feito de lã, o manto poderia ser grande ou pequeno, grosso ou fino, colorido ou na cor natural, mas os homens preferiam o modelo não tingido.

Ele usava alpargatas, como sugerido por múltiplas passagens da Bíblia (ver Mateus 3:11; Marcos 1:7, 6:9; João 1:27), e sabemos agora como eram as sandálias antigas usadas na Judeia, pois foram preservadas, em cavernas secas, pelo Mar Morto.

Usava uma túnica, quíton, que para os homens ficava um pouco abaixo do joelho, e não no tornozelo. Apenas os mais ricos usavam as compridas. Inclusive, Jesus identifica que especificamente esses homens de túnicas longas (Mc 12:38) não merecem as honras que recebem de pessoas que se impressionam com seus trajes finos, pois, na verdade, eles devoram injustamente as casas das viúvas.

A túnica de Jesus também foi feita a partir de apenas um pedaço de tecido (Jo 19:23,24). Isso é estranho, porque a maioria delas era feita de dois tecidos costurados no ombro e nas laterais. Normalmente, mantos de apenas um pedaço, no primeiro século na Judeia, eram roupas de baixo finas ou roupa infantil. Não devemos pensar nas roupas íntimas contemporâneas, mas usar um artigo de peça única, e só ele, provavelmente não era bem-visto. Era extremamente básico.

É possível que não surpreenda, então, o fato de Jesus ser lembrado como alguém que parecia desleixado por um erudito chamado Celso, em seu tratado contra os cristãos escrito na metade do segundo século. Celso fez seu dever de casa. Entrevistou pessoas e — como nós — estava interessado na aparência de Jesus. De judeus e outros que questionou, ouviu dizer que Jesus
"circulava pelos lugares de forma vergonhosa à vista de todos". 
Ele 
"obteve seu sustento de maneira infame e inoportuna" — 
pedindo esmola ou recebendo doações. Este, aliás, é um dado histórico que lança por terra o "Jesus milionário" pregado pela famigerada Teologia da Prosperidade. 

Os facínoras pregadores dessa teologia diabólica, têm o desplante de afirmarem em suas bizarras ministrações, que os soldados romanos repartiram as vestes de Jesus — fazendo referência à passagem descrita nos evangelhos em Mt 27:35 e Jo 19:23-42 — por ela ser cara e feita de tecido especial. Ora, onde está Hermenêutica desses ilustres senhores? Essa descrição dos evangelistas nada mais era do que o cumprimento do salmo messiânico 22:18. Todo aquele cenário era o cumprimento exato das profecias messiânicas, ou seja, não tem absolutamente nada a ver com o valor da tal túnica, que era uma peça comum na vestimenta da época.

E este registro histórico continua linearmente ao encontro do registro do profeta Isaías
"Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum" (53:3).
E há também um outro fato que deixa evidente que Jesus era uma pessoa comum, como as demais de seu tempo:
"Enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos Doze. Com ele estava uma grande multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo. 
O traidor havia combinado um sinal com eles, dizendo-lhes: 'Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele; prendam-no'. Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: 'Salve, Mestre!', e o beijou" (Mateus 26:47-49).
Ora, se Jesus fosse "um homem especial", que se distinguisse dos demais pela aparência ou pela vestimenta, por qual motivo Judas, o traidor, precisaria de um sinal especial para indicá-lo aos seus algozes?

Da perspectiva de pessoas respeitáveis, podemos supor que Jesus aparentava ser relativamente bruto. Quando o escritor cristão Orígenes discutiu com Celso, ele rejeitou muitas de suas declarações, mas não questionou esse fato.

Então, embora Jesus usasse roupas similares, em vários aspectos, às de outros homens judeus, seu "visual" era surrado. Eu duvido que seu cabelo fosse especialmente longo, como era retratado na maioria das obras de arte, devido às normas masculinas da época, mas certamente não era bem cuidado. 

Usar uma túnica básica que outras pessoas usavam como roupa de baixo combina com a indiferença de Jesus quanto a coisas materiais (Mt 6:19-21,28,29; Lucas 6:34,35; 12:22-28) e com sua preocupação com os pobres (6:20-23).

Conclusão


De acordo com o contexto geográfico e cultural da época, essa seria a aparência mais aproximada de Jesus⇩
Ou seja, absolutamente nada a ver com a imagem do Jesus europeu que há tanto tempo povoa nosso imaginário coletivo.


Isso, para mim, é o começo de uma maneira diferente de ver Jesus — muito relevante para nossa época de enorme desigualdade entre ricos e pobres, assim como era no Império Romano. Ele ficou do lado dos pobres, e isso teria sido óbvio por seu aspecto.

A aparência de Jesus é importante porque reflete a essência de sua mensagem. Independentemente de como é retratado em filmes e obras de arte hoje em dia, Ele precisa ser mostrado como alguém que não tinha nada. Seus ensinamentos só podem ser verdadeiramente compreendidos a partir dessa perspectiva.

[Fonte: Época] 

A Deus, o Pai, toda glória! 
E nem 1% religioso. 

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