sábado, 1 de dezembro de 2018

PAPO RETO - 1: CRISTÃO PODE NAMORAR "NÃO CRISTÃO"?

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Para abrir essa nova série especial de artigos, vou tocar num assunto que há tempos, recorrentemente é pauta nos mais diversos círculos evangélicos. A pergunta é a seguinte: "Crente pode namorar com 'mundano'"? De início eu já teria uma resposta enfática: por mim, crente pode fazer o que bem entender de sua vida, até pular na frente de um caminhão em alta velocidade. A questão a se analisar é: quais seriam as consequências?

Certo é que essa pergunta é muito comum, principalmente no meio dos jovens, que, com seus hormônios sexuais em frenética ebulição, não veem a hora de abrasar-se. E, as respostas sobre essa pergunta também varia de acordo com as conveniências. Há os que dizem que sim, "pois há 'mundanos(as)' que são mais crentes dos que os próprios crentes". Há também aqueles que vem contar aquela história que ouviu sobre alguém crente que se casou com um não crente e que "viveram felizes para sempre". No outro extremo, há também os que são taxativamente contra o namoro de um(a) cristão(ã) com um(a) não cristão(ã).  "É jugo desigual", dizem. Mas, será que tem alguém preocupado em saber o que a Bíblia tem a dizer sobre esse assunto?

Tudo me é lícito... até que a Bíblia diga o contrário


Realmente não é uma atitude sábia iniciar um namoro e muito menos um casamento com alguém que não compartilha a mesma fé. Motivos? Ok, vamos a três deles que servem como sustentáculos a quaisquer outros:  

1. Cristo, o marido. Igreja, a esposa


A Bíblia deixa claro que, tratando-se de relações conjugais, o marido é uma metáfora de Cristo, e a esposa, uma metáfora da Igreja. Como seu marido será o seu "Cristo" se ele nem mesmo crê em Jesus? À luz desta metáfora, faz sentido casar-se com alguém fora desse padrão? Inverta a ordem: Como homens que amam a Jesus podem pensar numa futura esposa à semelhança da Igreja, sem que, no mínimo, ela seja parte da Igreja?

Não estou dizendo que casar com um cristão assegura que você estará protegido(a) contra todo tipo de dificuldade e blindado de divórcio. Não! Namorar alguém "da igreja" nem sempre é a mesma coisa que namorar ou casar com um discípulo de Jesus. O que precisamos entender é que a lógica desta metáfora é que Deus quer que discípulos casem-se com discípulos.

2. Morte espiritual


Uma pessoa, por mais que seja legal, eticamente correta, gentil e cheia de bons adjetivos, sem Cristo, ainda é escrava de si mesma e dos seus pecados; é alguém totalmente distante do propósito original de Deus, que é glorificá-lO, amá-lO e alegrar-se nEle por toda a eternidade. De acordo com o apóstolo Paulo, quem casa com um incrédulo, casa com uma pessoa espiritualmente morta (Efésios 2:1-11). Sem Cristo, o homem ainda é o seu único Deus.

Estar debaixo da escravidão do pecado não é algo pequeno. Jamais podemos pensar que "só falta ele(a) ser crente para ser perfeito(a)". Sem dúvidas, essa maneira de pensar é inocente e superficial. Por trás de todo aquele que ainda não ama a Cristo, existe cheiro de morte. E num namoro, noivado ou casamento misto, a incompatibilidade pode não se demonstrar em meses de convivência, mas ficará evidente em décadas juntos —  e, em alguns casos, apenas uma semana já é mais do que necessário.

3. Jugo desigual


Alguns argumentam da seguinte forma: "Conheço muitas pessoas crentes que se casaram com não crentes e, depois, a outra parte se converteu, e viveram felizes!". Eu também conheço pessoas assim, não podemos negar que isso acontece. Porém, por que isso acontece? Pela graça de Deus. Isso significa que se a outra pessoa se converteu a Cristo, você não teve nenhum mérito nisso, foi pura bondade e misericórdia de Deus. No entanto, Deus não tem a obrigação de salvar ninguém, apesar de, sim, ser seu propósito (propósito é proporcionalmente diferente de obrigação) salvar a todos, Ele salva quem Ele quiser e/ou ao quem quiser ser por Ele salvo. E vamos mais longe: Na maioria dos casos em que crentes casam com incrédulos, os incrédulos não se convertem. Isso é fato e contra fatos, não há argumentos.

Como já disse antes, para cada exemplo de sucesso, existem 10 de fracasso nessa área. Deus não tem a obrigação de fazer a sua vontade, nós é que temos a responsabilidade de obedecermos ao que Ele nos diz. E, neste caso, Ele nos pede para namorarmos, noivarmos e nos casarmos com alguém que é dEle. Paulo explica que o relacionamento conjugal entre crentes e perdidos é como um "jugo desigual", ou como tentar encaixar engrenagens incompatíveis e irreconciliáveis (2 Coríntios 6:14).

  • O que é jugo desigual? 

Jugo é uma peça de madeira colocada sobre a cabeça dos bois para puxar uma carroça. Ele servia para juntar dois animais da mesma espécie para trabalharem juntos, dividirem o peso da carga e dividirem a resistência do arado no solo. Desta forma, dois animais, devidamente aparelhados no jugo, produziam o dobro de força e o dobro de trabalho. Aquilo que era quase impossível para um boi fazer sozinho, tornava-se fácil para dois, graças ao jugo.

Todos naquela época sabiam que não se coloca animais de espécies diferentes no mesmo jugo para trabalharem juntos (Levítico 19:19). O texto de Deuteronômio 22:10 esclarece ainda: 
"Não lavrarás com junta de boi e jumento". 
Da mesma forma que juntar um boi com o jumento no mesmo jugo era certeza de fracasso no trabalho, a união conjugal entre crentes e não crentes também. E é exatamente essa a figura de linguagem usada pelo apóstolo para falar sobre a questão da união entre as pessoas em relacionamentos (não só sentimental ou conjugal, diga-se).

Não há harmonia entre justiça e pecado, luz e as trevas, Cristo e o maligno, muito menos no casamento de crentes e incrédulos. Não tente se juntar com alguém incompatível com a sua fé em Cristo. Mas você ainda me diz: "Ele é um 'quase cristão'!" Veja bem, um relacionamento com um quase cristão é um quase namoro, um quase noivado, um quase casamento, uma quase felicidade, ou seja, um enorme risco de fracasso. Essa é a regra geral.

Não afirmo isso porque acho que é assim, a Bíblia nos revela algumas pessoas que embarcaram nesse caminho e se deram muito mal. Há um longo testemunho negativo que o Antigo Testamento oferece sobre essa relação: a história pessoal de Salomão (1 Reis 11:1-4), de Esdras (10), e o consenso geral de que o povo de Deus deveria se unir com o povo da Aliança.

Na real


Contudo, sei que alguns dos que leem esse texto vivem essa realidade, por isso, sinto-me na obrigação de ajudá-los de alguma forma. Portanto, tenho três conselhos para você que está em um namoro ou caminha para se casar nesse estado.

  • Primeiro, inclua o seu (sua) namorado(a) na vivência da sua igreja local

Na maioria das vezes os não crentes têm uma visão distorcida sobre o que é a igreja. Pensam que os pastores são ladrões e que os membros são alienados – às vezes estão até corretos. Mostre para ele(a) que a igreja é um ambiente favorável a relacionamentos verdadeiros e transformadores. Envolva-o num ambiente de amor e de conversas saudáveis. Conheço várias pessoas que, por meio da convivência cristã com a pregação do Evangelho, se entregaram para ele. Esse é o primeiro passo. Deus pode mudar a direção do coração e fazer ele(a) se converter a Cristo.

  • Segundo, saiba bem quais são as convicções dessa pessoa sobre Deus e sobre os princípios que você adota.

Creio firmemente que o relacionamento amoroso entre crentes e não crentes não é uma atitude sábia, porém, quando os não crentes são pessoas tementes a Deus ou têm alguma noção bíblica sobre ética, princípios e valores, a aproximação é menos problemática e espiritualmente menos traumática.

Já quando a relação se dá entre crentes e ateus, agnósticos, orientalistas, ou pessoas que têm uma moral oposta à da fé cristã, eu incentivaria a desistir de vez. Rute era uma moabita, não era do povo de Israel e, ainda assim, se casou com Boaz, um israelita, pois tinha valores sólidos sobre família e sobre Deus. Não posso negar que exceções realmente acontecem, todavia, ninguém deve viver pautado nelas.

Faça esse teste: A pessoa dá alguma importância a Deus? Ela respeita minhas opiniões espirituais sobre santidade, família e criação de filhos, moralidade, sexo e sexualidade etc?

  • Terceiro, teste se a pessoa está disposta a se casar.

Todo namoro para o cristão deve ter um único objetivo: o casamento! A vontade de Deus para namorados é o casamento. Esse negócio de ficar namorando com um com outro para "adquirir experiências"(?) é uma excelente desculpa e uma enorme oportunidade para pecar. Se essa pessoa com quem você namora não é crente e ainda não pensa em se casar, certamente não é uma pessoa ideal para desenvolver um noivado e, pior, um casamento.

Geralmente, quando um(a) namorado(a) não pensa em casamento, ele(a) pensa em outras coisas e, na maioria das vezes, o que se pensa desrespeita radicalmente os seus valores morais cristãos.

Pergunte-se: 
  1. Namorar, noivar ou casar com essa pessoa vai me aproximar mais de Deus? 
  2. Vai me tornar mais santo? 
  3. Vai me dar mais segurança para o futuro?
Então vamos colocar os pesos na balança. Suponhamos que essa pessoa gostou de frequentar sua igreja local, fez amizades com os seus amigos e mudou sua concepção sobre o que é igreja. Parabéns! Um passo enorme já foi dado. E mais, se ele(a) teme a Deus de alguma forma e respeita os limites da sua santidade, parabéns, pela segunda vez. Terceiro: Se o seu(sua) namorado(a) também pensa em casamento, ótimo, ele está agindo como se fosse um cristão, seria bom você perguntar a ele(a) se deseja seguir a Jesus em definitivo. Vi isso acontecer algumas vezes em na minha caminhada cristã de quase três décadas e, no fim das contas, houve verdadeira salvação.

Entretanto, se você incluiu a pessoa na vivência da igreja local, ela ouviu o Evangelho de forma clara, analisou profundamente as crenças que ela tem sobre Deus e fez o teste do respeito, santidade e casamento, mas tudo deu errado, cuidado! Se algum dos três testes falhar, eles provavelmente irão ruir juntos.

Conclusão


Aqueles que exigem evidências do Novo Testamento para a proibição de casamentos mistos com incrédulos encontrarão esses textos. Simultaneamente, eles não encontrarão um único versículo com sequer uma sugestão de que a proibição do Antigo Testamento quanto a tais casamentos mistos seja revogada para o crente do Novo Testamento.

Uma visão positiva mais clara para o casamento revelada no Novo Testamento


O Novo Testamento oferece uma revelação mais clara do casamento: trata-se de uma parceria que representa o amor redentor de Cristo por sua igreja. O aspecto principal do casamento é retratar o evangelho (Ef 5:21-33; Apocalipse 21:9-27). Além disso, ele retrata a própria relação entre o Pai e o Filho (1 Co 11:3).

Casar com um(a) não-crente é como dois artistas tentando pintar duas imagens diferentes na mesma tela. Você está tentando pintar uma imagem de Jesus e da Igreja, mas o seu cônjuge está tentando pintar algo completamente diferente.

Ou, para fazer uma analogia musical, seria uma dupla onde uma pessoa está tentando cantar uma música e a outra está tentando cantar algo completamente diferente. Você canta: "Desejo que essa música seja sobre Jesus", enquanto seu cônjuge canta: "É só você e eu". Não pode haver harmonia verdadeira.

Quando um crente é casado com um não-cristão — seja por desobediência passada, por sua própria conversão ou pela apostasia de seu cônjuge após o casamento — essa é a música dolorosa, discordante, porém finalmente glorificadora de Deus que deve ser cantada. Porém, não é a canção para a qual o casamento foi concebido, e nenhum cristão deveria deliberadamente buscar compô-la.

Qual é o propósito da vida de um crente? Jesus nos diz em João 17: 
"E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste".
O crente vive para conhecer — e ao conhecer, amar, honrar, adorar e seguir Deus por meio de seu Filho Jesus Cristo.

É muito melhor viver sem um cônjuge e na companhia da igreja, do que com alguém que vive por uma vida que não é eterna.

Quem não quer fazer parte da sua igreja local, respeitar seu Deus, seus princípios e não quer saber de casamento, na verdade, não quer saber de você. Do fundo do meu coração, te aconselho a abrir mão da sua vontade e buscar a vontade de Deus. Alimentar algo que nitidamente está fora de direção do Pai produzirá muitas frustrações desnecessárias. Não vale a pena trilhar este caminho. Entretanto, se a pessoa reagiu bem a estes três quesitos, tem se interessado pelo Senhor e busca uma nova vida, graças a Deus, você faz parte das exceções.

Como dito anteriormente, Deus não é obrigado (e não é mesmo!) a salvar ninguém, Ele salva pela Sua livre graça. Por isso, seja grato a Ele e não seja mais teimoso(a), fazendo o seu próprio querer, mas que sempre a vontade dEle — a única que é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2) — seja feita na sua vida.

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.

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