A Aids, apesar de ser uma doença sem cura, não é mais considerada uma sentença de morte imediata. O Dia Mundial de Combate à Aids é comemorado em 1º de dezembro e tem por função primordial alertar toda a sociedade sobre essa doença. A data foi escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e é celebrada anualmente desde 1988 no Brasil, um ano após a Assembleia Mundial de Saúde que fixou a data de comemoração.
➫ Mas, afinal, o que é Aids?
A Aids é uma doença causada pelo vírus HIV, geralmente por contato sexual desprotegido com pessoa contaminada, mas pode ser também transmitida por transfusão sanguínea e compartilhamento de objetos perfurocortantes. Diferentemente do que muitos pensam, ser HIV positivo não é o mesmo que ter Aids. A Aids é o estágio mais avançado da doença, quando o sistema imunológico encontra-se bem debilitado.
A Aids é uma doença que não mata por si só. Por causar um grande impacto no sistema imunológico, o paciente fica sujeito a doenças oportunistas, como a pneumonia, que surgem no organismo nesse momento de fraqueza. Assim sendo, não se morre de Aids, morre-se das complicações geradas pelas doenças oportunistas.
➫ Breve Histórico da Aids
Os primeiros casos de Aids foram descobertos nos Estados Unidos, Haiti e África Central em 1977 e 1978, mas só foram classificados como a síndrome em 1982, quando se compreendeu melhor a doença. No Brasil, o primeiro caso foi diagnosticado em São Paulo, em 1980.
As formas de transmissão da doença começaram a ser entendidas em 1982. Nessa época, o preconceito ainda era muito grande. A falta de conhecimento sobre a doença levou à adoção do nome Doença dos 5H: homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (que usam heroína) e hookers (termo em inglês que se refere a prostitutas). Somente em 1985 começou-se a falar em comportamentos de risco em substituição ao termo grupos de risco.
Em 1991, iniciou-se a compra de medicamentos antirretrovirais para distribuição gratuita e, em 1993, o Brasil começou a produção do coquetel que trata a Aids (AZT). Somente em 1996 foi criada uma lei sobre o direito do doente de receber o medicamento gratuitamente, o que impulsionou a melhora da qualidade de vida dos milhares de infectados. O Brasil avançou na luta contra a doença e, em 1999, já disponibilizava 15 diferentes medicamentos para tratar a Aids.
Desde o primeiro ciclo de expansão da Aids, na década de 1980, todo tipo de desinformação e mitos alimentou o preconceito e o estigma sobre como é ser contaminado e viver com o HIV. Estar infectado com o vírus é a única maneira de ser diagnosticado com a doença.
➫ 8 Fakes sobre a Aids
No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, é de fundamental importância e prestação de serviço público a desmistificação de algumas dessas afirmações equivocadas.
Direito de imagem GOOGLE Image caption - O HIV não é transmitido por meio do contato pele a pele, da saliva ou de picadas de mosquito
1º Mito: É possível contrair o vírus estando perto de pessoas HIV positivo
Essa informação falsa tem fomentado a discriminação contra pessoas soropositivas há muito tempo, o que faz com que a maioria deles se mantenha no anonimato e tenham, inclusive, este anonimato garantido por lei.
E, apesar de todas as campanhas de conscientização, em 2016 cerca de 20% das pessoas no Reino Unido ainda acreditavam que o HIV podia ser transmitido por contato pele a pele ou por meio da saliva.
Mas ele não se espalha pelo toque e nem por meio de lágrimas, suor, saliva ou urina.
Perto de alguém que seja HIV positivo, não é possível que você seja contaminado ao:
- Respirar em um mesmo ambiente;
- Abraçar, beijar ou apertar as mãos;
- Dividir itens de alimentação;
- Compartilhar uma fonte de água potável;
- Usar equipamentos comuns na academia;
- Tocar em um assento de vaso sanitário ou uma maçaneta.
O HIV é transmitido apenas por meio da troca de fluidos corporais com indivíduos infectados, como sangue, sêmen (esperma), fluido vaginal e leite materno.
2º Mito: Remédios alternativos podem curar a Aids
Nada verdadeiro. Terapias alternativas, tomar banho depois do sexo ou transar com uma virgem - elementos que aparecem no universo da desinformação a respeito do tema - não surtirão efeito contra o HIV.
O mito da "limpeza virgem", que se espalhou na África subsaariana, em partes da Índia e da Tailândia, é particularmente perigoso.
Direito de imagem GETTY IMAGES Image caption - Uma em cada quatro pessoas que tem o vírus HIV não sabe disso
Ele levou ao estupro de meninas muito jovens e, em alguns relatos, até mesmo de bebês - também colocando-os sob risco de contrair o HIV.
Acredita-se que o mito tenha raízes na Europa do século 16, quando as pessoas começaram a contrair sífilis e gonorreia. A falsa terapia também não funciona para estas doenças.
Quanto a orações e rituais religiosos, embora possam ajudar as pessoas a lidar com situações difíceis, eles não têm efeito medicinal sobre o vírus.
3º Mito: Mosquitos podem espalhar o HIV
Embora o vírus do HIV seja transmitido por meio do sangue, diversos estudos mostram que você não pode contraí-lo ao ser picado por insetos que se alimentam do sangue humano.
Isso por dois motivos:
- Quando os insetos mordem, eles não injetam na próxima vítima o sangue da pessoa ou animal que morderam antes;
- O HIV vive apenas por um curto período de tempo dentro deles.
Então, mesmo que você more em uma área com muitos mosquitos e com alta prevalência de HIV, as duas coisas não estão relacionadas.
4º Mito: Não se contrai o HIV via sexo oral
É verdade que os riscos de infecção por meio do sexo oral são menores do que em outras modalidades. A taxa de transmissão é inferior a quatro casos em 10 mil atos sexuais.
Mas você pode contrair o vírus fazendo sexo oral com um homem ou uma mulher que seja HIV positivo - e é por isso que os profissionais de saúde sempre recomendam o uso de preservativos.
5º Mito: Não serei contaminado se usar preservativo
Os preservativos podem falhar em evitar a exposição ao HIV se eles rasgarem, escorregarem ou vazarem durante o ato sexual.
É por isso que campanhas preventivas bem-sucedidas não são aquelas que simplesmente levam as pessoas a usarem camisinhas, mas que as estimulam a fazerem o teste de HIV.
Segundo a OMS, 1 em cada 4 pessoas infectadas não sabe que tem essa condição – algo em torno de 9,4 milhões de pessoas –, representando um grande risco de transmissão.
Direito de imagem GETTY IMAGES Image caption - Os preservativos ajudam a prevenir a transmissão do HIV e protegem contra outras doenças sexualmente transmissíveis
6º Mito: Sem sintomas, sem HIV
Um indivíduo pode viver 10 ou 15 anos com o HIV e não apresentar sintomas. Após a infecção inicial, soropositivos podem também experimentar situações semelhantes a gripes, com febre, dor de cabeça ou garganta, não identificando o motivo real para estas manifestações fisiológicas.
Outros sintomas podem surgir ainda à medida que a infecção ataca progressivamente o sistema imunológico: inchaço nos gânglios linfáticos, perda de peso, febre, diarreia e tosse.
Sem tratamento, o quadro pode avançar ainda para doenças graves, como pneumonias, tuberculose, meningite criptocócica, infecções bacterianas e cânceres, como linfomas e sarcoma de Kaposi, entre outros.
7º Mito: Pessoas com HIV morrerão jovens
Pessoas que sabem ser soropositivas e que aderem ao tratamento vivem cada vez mais de forma saudável.
Direito de imagem GETTY IMAGES Image caption - A presença do vírus HIV pode ser detectada por exame de sangue
A Unaids (programa das Nações Unidas de combate à doença) diz que 47% de todos os soropositivos têm uma carga suprimida do vírus - ou seja, com a chamada terapia antirretroviral, reduzem a quantidade de HIV a um nível que torna o vírus indetectável em exames de sangue.
➫ Pessoas com supressão da carga viral não transmitem a doença, mesmo fazendo sexo com pessoas HIV negativas. No entanto, se interromperem o tratamento, os níveis de HIV podem se tornar detectáveis novamente.
Segundo a OMS, 21,7 milhões de pessoas vivendo com o HIV estavam em tratamento antirretroviral em 2017 - contra 8 milhões em 2010 -, o que representa cerca de 78% das pessoas soropositivas que sabem de seu diagnóstico.
8º Mito: Mães com HIV sempre infectarão os filhos
Não necessariamente. Mães com vírus suprimido podem ter bebês sem transmiti-lo.
Conclusão
➫ Por que é importante ter um Dia Mundial de Luta contra a Aids?
A Aids, até o momento, é uma doença que não possui cura, portanto, é necessária uma proteção eficiente contra ela. Ao criar um Dia Mundial de Combate à Aids, o objetivo era chamar a atenção sobre esse problema, desde sua prevenção até seu tratamento, e acabar com o preconceito.
É importante mostrar para a população que não se contrai Aids com um simples aperto de mão ou abraço em um paciente. É importante mostrar também que uma pessoa com o vírus pode relacionar-se e trabalhar normalmente. Além disso, deve-se mostrar que, hoje, a Aids não é uma sentença de morte e que é possível, sim, viver bem com a doença. Porém, também devemos nos preocupar com sua transmissão, uma vez que é uma doença sem cura e que pode afetar a qualidade de vida de uma pessoa.
O dia 1º de dezembro serve, portanto, como um alerta sobre a Aids e como uma forma de repensarmos nossas atitudes com os portadores da doença. Não se trata de um dia exclusivo para informações de saúde, é um dia que também nos remete à compaixão e solidariedade.
[Fonte: Mundo Educação, BBC Brasil]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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