"O homem que bajula seu próximo está apenas construindo uma armadilha para si mesmo" (Provérbios 29:5).
- Significados de bajular:
Puxar saco do(a), ser capacho de, tratar bem por interesse; agradar pra conseguir algum favor ou algo em troca (de forma discreta ou não, direta ou não).
- Significados de bajulador:
É a pessoa subserviente, sem caráter, que faz de seu comportamento submisso, lisonjeador a maneira mais fácil de se aproveitar de alguém que lhe pode oferecer vantagens.
"Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos, desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens, falam com falsidade uns aos outros. Falam com lábios bajuladores e coração fingido. Corte o Senhor todos os lábios bajuladores, a língua que fala soberbamente" (Salmo 12:1-3).
Bajulação é aquilo que louva e exagera os méritos de alguém com fins interesseiros. Aquele que bajula é adulador e lisonjeador, conhecido também como puxa-saco. No Brasil Império por exemplo o ato de beijar a mão de autoridades reais e eclesiásticas era uma prática. Nicolau Maquiavel diz que o fim justifica os meios e são muitos que acreditam nessa teoria.
Mas no caso da bajulação é algo que Deus não se agrada. O Senhor se agrada de um coração sincero , pois ao homem sincero , Ele mostrará sinceridade e o futuro desse será de paz (Sl 18:25; 37:37).
É proibido pregar?
Estou falando sobre um assunto pouco tratado nos púlpitos, mas que é mais comum do que se possa imaginar. O problema é que muitas vezes não aparece por ficar "escondido" atrás de espessas máscaras de falsa humildade: a bajulação.
Cuidado, bajulação é uma verdadeira massagista do ego. Um ego massageado cega o entendimento quanto às armadilhas espiritualmente mortais da bajulação. Um bom bajulador está sempre no rastro de um egocêntrico. Vamos à crônica.
"Ela era uma mulher bem vestida de meia-idade. Chegou um pouco mais cedo em um dos meus primeiros cultos como pastor sênior de uma pequena igreja. Imediatamente meu radar de 'pessoa nova' apitou. Todos os pastores têm esse 'sexto sentido', mas para os pastores jovens de pequenas igrejas em primeira viagem os níveis de alerta estão sempre no máximo.
Andei até ela e conversei brevemente antes do culto começar. Descobri que ela dirigiu uma grande distância e ouviu alguns de meus sermões online antes de decidir nos visitar.
Depois do culto, propositadamente escolhi a nova mulher (vamos chamá-la de Nazaré). Nazaré estava transbordando de elogios: '-Uau! Eu não ouvia uma pregação como essa há muito tempo. Você é um sopro de ar fresco nessa comunidade.' Respondi com uma fala de pregador, '-Não, tudo foi Deus. Toda honra e glória a Ele!'
Mas, dentro de mim, meu coração estava dançando. A bajulação de Nazaré parecia um tranquilizante para minha alma inquieta. Pastorear era algo novo pra mim, e eu estava bem inseguro quanto à minha pregação. Ainda tinha que encontrar a minha voz. Aqui estava uma crente experiente cuja opinião importava para mim. Ela provavelmente frequentava a igreja mais tempo do que eu estava vivo.A bajulação continuou. '- Vocês são a única igreja dessa área que pregam a verdadeira mensagem do evangelho. Realmente esta é uma igreja de Deus'. Eu tinha certeza de que isso não era tudo verdade, mas deixei passar. Por que estragar uma coisa boa? Talvez todos os outros pastores evangélicos na cidade adotaram totalmente a heterodoxia [oposição aos padrões, normas ou dogmas estabelecidos (por um grupo)]. Eu ainda tinha que desenvolver relacionamentos com outros pastores locais, então sua avaliação parecia tão boa quanto outras.
Ingenuamente, minha esposa e eu recebemos Nazaré e sua família. Rapidamente os colocamos em posições-chave do voluntariado. Eu fui para essa igreja em um momento de declínio, então a energia de pessoas como Nazaré poderia dar início a um renascimento.
Ou assim eu pensava.
Rachaduras à mostra
Num primeiro momento, Nazaré parecia ser alguém que iria se comprometer com a nossa igreja em longo prazo. Ela reuniu um estudo bíblico de apologética nas noites de quarta-feira e recrutou pessoas da comunidade para juntarem-se a nós. Nazaré ofereceu tempo em alguns projetos importantes e até alistou o seu marido, um descrente, para um projeto de remodelação.
Minha esposa e eu aprendemos a amar a Nazaré e sua família. Nós frequentemente os recebemos em nossa casa ou saíamos para almoçar. Parecia que estávamos crescendo juntos.
Mas logo as rachaduras na amizade começaram a aparecer e aquelas palavras de bajulação que tanto extasiaram a minha alma quando Nazaré entrou pela primeira vez na igreja iriam voltar para me perseguir.
E eu aprendi uma poderosa lição no ministério pastoral. Bajulação, especialmente a variedade pastoral, é um assassino de ministério (Provérbios 26:28).
Armando a rede
Eu sempre entendi a bajulação como um pecado pequeno. Claro, eu tinha lido os alertas bíblicos contra a bajulação, mas parecia bastante inofensivo, talvez nada mais sinistro do que alguns elogios exagerados.
Porém, minha experiência com Nazaré e outros confirmou que a bajulação, quando direcionada a um líder, pode ser uma armadilha. Provérbios 29:5 diz que uma pessoa que lisonjeia seu vizinho 'arma-lhe uma rede em seus passos'. Enquanto uma afirmação merecida é sempre direcionada para outra pessoa, bajulação é em última análise direcionada para si mesmo. As Escrituras atribuem a isso motivos egoístas (1 Tessalonicenses 2:5)."
Moral da História
Bajulação é uma armadilha escondida para pastores, especialmente homens novos na liderança. Pressionados a crescer e cercados pelas nossas próprias inseguranças, permitimos que a bajulação molde a forma como fazemos o ministério. Por um lado, a bajulação pode alimentar um desejo natural e humano de competir com os outros ministérios na cidade.
Fazemos isso de forma sutil. Algumas pessoas lançam certas palavras hiperbólicas e de repente começamos a pensar que talvez preguemos mais biblicamente ou com mais relevância do que outras congregações cristãs na cidade. Esquecemos que nosso corpo de crentes é apenas uma expressão do corpo de Cristo em nossa comunidade.
Por um momento podemos construir seguidores leais com base em nosso estilo e na nossa abordagem aparentemente única às Escrituras. Mas, mais tarde, a mesma bajulação que leva as pessoas a nós começa a afastá-las.
Isso aconteceu, depois de um tempo, com a Nazaré, nossa personagem nada longe da vida real. Sua avaliação hipercrítica de todas as outras igrejas foi, no fim, aplicada a nós. Se o pastor da minha crônica tivesse prestado mais atenção em sua história instável de frequência em igrejas, teria percebido que Nazaré teve problemas para se estabelecer em uma congregação por um longo período de tempo. E, com certeza, quando Nazaré saiu da igreja do pastor bajulado, as razões para ela sair lembravam as críticas que expressou sobre as outras congregações cristãs da cidade. E seria só o tempo de ela encontrar uma próxima vítima...
Nazaré e o pastor até continuaram amigos, como um bom cristão, ele deseja-lhe bem. Ela é uma mulher realizada que sabe muita coisa das Escrituras. Ele odiou perdê-la, especialmente quando os seus dons eram tão benéficos para a sua congregação. Mas até ela mudar a sua abordagem para a igreja, nunca seria o tipo de compromisso, o membro de longo prazo que poderia servir como um líder em seu ministério.
Combatendo a bajulação
Então, o que um pastor deve fazer com a bajulação?
Primeiro, temos de isolar a bajulação. Assim como Nazaré, outros visitam as igrejas com histórias similares. Eles frequentaram várias congregações diferentes, mas nenhuma delas boas o bastante quanto a nossa. Porque somos um pouco mais bíblicos que outros, geralmente ouvimos algo semelhante a isso: Nenhuma igreja prega mais o evangelho. Todo sermão está enfraquecido. Vocês são um oásis em um deserto árido evangélico.
Sou novo no ministério, mas aprendi a medir minha resposta e fazer algumas perguntas. Tento discernir onde eles frequentaram antes. Se o nome de uma igreja evangélica vizinha surge, sempre elogio o pastor e o ministério. A existência de "crentes Nazaré", nos dá a oportunidade de nos mantermos mais alertas. É seguro dizer que nem todos concordam sobre a metodologia ou eclesiologia, mas se as igrejas irmãs estão pregando Cristo, sinto a responsabilidade de apoiá-los publicamente.
Segundo, devemos ser cautelosos sobre construir a nossa igreja com descontentes. Recentemente, conversei com um homem que se gabava dos seus envolvimentos em várias igrejas dizendo. "Sim, eu sei onde todos os corpos são enterrados nessa região." Eu sorri, depois falei da minha admiração pelos pastores que ele estava prestes a criticar. Também fiz uma nota mental e sussurrei uma oração silenciosa ao Senhor. Não me deixe ser o próximo corpo dele.
Agora alguns importantes avisos. Existem muitas vezes boas razões para deixar uma igreja para outra. Alguns sentem Deus os chamando para ajudar a liderar um trabalho menor e mais necessitado. Outros deixam por divergências teológicas legítimas. E existem casos que, muitas vezes, difíceis situações pessoais que exigem uma mudança de cenário. Entretanto, em todo caso, sempre os encorajo a deixar qualquer descontentamento com as suas outras igrejas para trás. E tipicamente permito que a nossa relação se desenvolva antes de considerá-los para qualquer posição de liderança.
Terceiro, devemos pregar muitas vezes sobre a abordagem adequada à igreja. A abordagem consumidora aflige cristãos de todas as persuasões, do conservador ao progressista, do Reformado ao evangélico de um modo geral. É nossa incumbência diariamente relembrar nossas pessoas que até mesmo as melhores igrejas vão nos desapontar. Nenhuma igreja vai satisfazer todas as nossas preferências. Nosso propósito em unir-se é glorificar Cristo e servir os outros.
Bajulação sempre vai ser uma parte da condição humana, mas com o discernimento das Escrituras, podemos sobriamente evitar sua rede traiçoeira.
Conclusão
Na bajulação não há verdade, seu objetivo é interesseiro, não é algo autêntico e propaga a falsidade (Sl 12:2). A bajulação ocorre em todos as áreas da nossa vida como no nosso trabalho, na faculdade e até mesmo na igreja. Na sociedade vemos muitos usando da bajulação para crescer profissionalmente. E na igreja para dar e receber a glória humana.
O apóstolo Paulo disse que não usava de bajulação:
"Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha" (1 Ts 2:5).
Também disse que quem se utilizava disso era os falsos cristãos:
"Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples" (Romanos 16:18).
O justo Jó também disse a mesma coisa:
"Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de palavras lisonjeiras com o homem! Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu Criador (Jó 32:21,22).
A bajulação é algo nocivo em qualquer lugar, pois desde os tempos se antigos muitos se utilizam dessa prática. E hoje, isso não é diferente, pois, como dizia certa marchinha carnavalesca.
"O cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais..."
A Deus toda glória.
- Nota: escrevi este texto em 2012, quando ainda não tinha o blog, não pensava e nem queria (na verdade, jamais quis) ser um pastor, mas já observava os "crentes Nazaré" ao redor da minha saudosa e amada pastora Lucinha. Hoje vejo que é impressionante como este texto, infelizmente, se mantem mais atual do que nunca.
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https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos, sempre com um viés cristão, porém sem religiosidade.
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Graça e paz meu amado.maravilhosa matéria sobre a bajulação.Nós obreiros da seara do mestre devemos ficar atentos à esses fatos que podem nos destruir ao ponto de nos afastarmos da graça de Deus.valeu!!!Pr.Valter.
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