domingo, 28 de maio de 2017

ANÁLISE BÍBLICA DO CLÁSSICO HIT GOSPEL "RESTITUI"


"Restitui"

  • Compositor: Davi Sacer
  • Intérprete: Ministério Apascentar de Nova Iguaçu (Toque no Altar / Trazendo a Arca)
  • Ano de Lançamento: 2003
  • Álbum: "Restitui" 
Os planos que foram embora
O sonho que se perdeu
O que era festa e agora
É luto do que já morreu
Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão!
Erga um clamor!

Restitui!
Eu quero de volta o que é meu
Sara-me!
E põe teu azeite em minha dor
Restitui!
E leva-me às águas tranqüilas
Lava-me!
E refrigera minha alma
Restitui!..

E o tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor
Tem preparado ao que clamar
Creia porque o poder de um clamor
Pode ressuscitar!...
Esta música é um verdadeiro clássico do gospel contemporâneo. Foi sucesso absoluto há alguns anos atrás e catapultou às alturas o grupo musical Toque no Altar, que depois, devido a uma guerra de egos entre seus principais integrantes, Davi Sacer e Luiz Arcanjo, se fragmentou e virou Trazendo a Arca e que após uma reconciliação voltou novamente a ser Toque no Altar (aliás, nesse conflito de identidade, eu nem sei mais qual nome prevaleceu, ou se ficou sendo dois grupos...). 

A música também foi a mola motriz que projetou esses dois citados cantores ao estrelato gospel. Certamente, todos conhecem a tal música, todos a cantam e/ou já cantaram, muitos já choraram ordenando a Deus que restitua "o que lhes pertence". Mas, afinal, o que nos pertence? O que Deus "tem" de nos restituir?

Vamos à análise


Antes de partir para a análise, eu quero deixar bem claro, que meu intuito não é apenas "descer o pau" na música, apesar de eu pessoalmente a considerar um verdadeiro lixo dentro do que se propõe, ou seja, ser uma suposta música de adoração a Deus. Se você gosta da música, se "Deus fala com você" quando a ouve... tudo isso não está sob avaliação. Minha análise é uma exposição bíblica e contra a Bíblia, não há argumentos. Respeito as experiências pessoais de todos, mas não estou submisso e nem compromissado com nenhuma delas. 

Estou submisso à autoridade máxima, absoluta e inviolável da Palavra. Nenhuma experiência e/ou preferência pessoal tem o poder de sobrepujar à autoridade das Escrituras. Meu compromisso é com a Palavra, não com a música seja ela lá de que cantor for. Outra coisa, você está livre e liberado para discordar de mim, mas se você é um cristão autêntico, não está livre e nem liberado para discordar da Palavra, pois ela não é minha, mas de Deus.

Esclarecido isto, vamos à análise. 

Eis mais uma música dentro da Filosofia Humanista, fermento que tem levedado toda teologia do evangelho triunfalista, este que prega que crente não adoece, não pode passar por problemas, não morre... É mais surreal do que os contos de fadas das mil e uma noites.  "Restitui", pelo nome já se percebe que o centro da mensagem é o próprio homem, que busca a Deus para satisfazer sua própria vontade. 

Aqui é mais que uma busca ou um pedido: é uma ordem. E você vai perceber o quanto esta filosofia maligna está encharcando esta música. Vamos analisá-la. Em primeiro lugar, é uma melodia lenta, que pode ser confundida com melodia de "adoração". Mas perceba que em nenhum momento a música adora a Deus. Esta é uma das características da música com filosofia humanista: ela é disfarçada de adoração, mas na verdade, é antropocêntrica, isto é, o ser humano é o centro das atenções, e Deus é um mero coadjuvante para realizar suas vantagens. 

Vamos à letra


"Os planos que foram embora,
O sonho que se perdeu... 

Em primeiro lugar, começamos logo com essa frase. Uma frase que mexe emocionalmente com quem a ouve. Uma pessoa que perdeu coisas materiais, que teve problemas financeiros, que tem problemas familiares, enfim. Essa pessoa automaticamente fica mais susceptível à emoções quando ouve esta frase. Outro problema: a música está falando dos sonhos de quem? Dos planos de quem? De Deus para o homem ou do próprio coração do homem? Quando um crente quer realmente ser servo de Deus, ele pode até fazer planos, mas espera a resposta certa do Senhor (Provérbios 16:1). Ele espera no Senhor sem desistir (Salmo 37:1-7), na certeza que Ele não falha, pois 
"O justo viverá pela fé" (Gálatas 3:11). 
A certeza do crente é que, mesmo que seus planos deem errados, os planos do Senhor nunca podem ser frustrados. Conforme o contexto do Salmo 37, Deus está compromissado em realizar os sonhos dEle, que são superiores e não os do homens (a não ser que os planos desse homem estejam em linha com a vontade dEle - Romanos 12:2). 

Então, se a música já começa falando sobre os planos que foram embora e o sonho que se perdeu, estes planos e sonhos não são os planos de Deus para o homem, e sim, do homem para sua própria vida. Continuemos. 
O que era festa e agora É luto do que já morreu 
Uma forma de criar emocionalismo em cultos é usar a queda ou depressão de alguém numa música, e colocar que foi "o diabo que levou embora" quando não há respaldo bíblico que o diabo faça tal coisa. Mesmo na história de Jó, quando tudo foi levado dele, foi com o consentimento de Deus, porque Ele tinha planos maiores para Jó. Mas, em nenhum momento, Jó pediu "restituição" do que havia perdido. Ao contrário.  Jó disse: 
"O Senhor o deu, o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor" (21,22).
Por ter honrado a Deus e não ter se colocado no centro de Sua própria vontade, Deus restituiu a tudo quanto Jó tinha, dando-lhe muito mais. Aquilo tudo foi uma experiência para Jó, ele conheceu a Deus de perto, tendo intimidade com Ele. A história desta música é bem diferente da história de Jó. É uma versão humanista e antropocentrista. 
Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão
E erga um clamor (...)
O tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor Tem preparado ao que clamar Creia porque o poder de um clamor pode ressuscitar 
Aqui corrobora-se a Filosofia Humanista em músicas gospel. A disseminação da filosofia satânica disfarçada de "vontade de Deus" é explicitada aqui. O que o homem sonhou e desejou, mas que não era do coração de Deus (porque se frustrou, e o que Deus planeja não é frustrado jamais) se transforma em "vontade de Deus". Satanás, então, leva a culpa pelas perdas do homem, retirando dele a culpa por ter planejado sem consultar a Deus e sem pedir orientação dEle. 

E ainda ensina ao homem a reclamar, determinar, exigir... seu "direito"(?!). A música, em vez de incitar a um clamor de misericórdia a Deus, uma oração para que Deus o perdoe e ensine a caminhar segundo Sua benevolência e santa , boa, perfeita e agradável vontade, incita ao cristão que está nesta situação a fazer o seguinte "clamor": 
Restitui! Eu quero de volta o que é meu 
A culminância da Filosofia Humanista. Deus passa a ser SERVO e o homem passa a ser SENHOR, que diz ao "servo" o que Ele deve fazer para garantir ao "senhor" seu BEM ESTAR. O exemplo de humildade de Jó e a forma como ele aprendeu com sua situação são deixados de lado numa comparação satânica e anti-bíblica. Uma heresia. 

Resumo


A música se divide claramente em duas partes: a primeira contempla as duas estrofes e, semelhantemente ao que ocorre com Jó, algum amigo busca confortar, com conselhos e soluções, um determinado irmão que aparentemente passou por perdas.

A segunda parte trata-se do refrão, onde o irmão aconselhado ergue um clamor, segundo o que seu amigo aconselhou. É ai que reside a confusão maior.

No refrão encontramos palavras absolutamente anátemas. O primeiro verso diz: "Restitui! Eu quero de volta o que é meu". Que absurdo! Como um servo pode se dirigir a Deus dessa forma? Não é bem isso que a Palavra nos ensina:
"Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: 'Tu és meu Filho, hoje te gerei'; como também em outro lugar diz: 'Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque'. O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e SÚPLICAS ao que podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua REVERÊNCIA, ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu" (Hebreus 5:5-7, grifos meus).
Percebem o que de fato é um clamor? Bem diferente do "clamor erguido" desta música delirante. Que tipo de reverência possui alguém que exige de Deus a restituição do que, por conta própria, acha que tem direito? E, mesmo que tivéssemos algum direito, seria com exigências a Deus que os conquistaríamos?
"Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão" (Romanos 9:15).

Conclusão


Não vejo necessidade de análises adicionais para uma canção absolutamente apócrifa como esta, um clássico do movimento gospel brasileiro e que reflete muito bem a situação de desapego à Palavra de Deus que esta geração tem sofrido.

Esta é uma das músicas mais humanistas já compostas para se "adorar" a Deus. Incita ao cristão a exigir de Deus que seus próprios planos e sonhos sejam realizados, fantasiando-os de "vontade de Deus". Incita ao cristão a não ouvir a voz de Deus e fazer seus próprios sonhos e planos sem Sua divina orientação. Incita ao cristão a ser exigente ao invés de humilde. E em nenhum momento o cristão neste momento se ajoelha e ora a Deus, adorando-o. Uma música satânica, herética, humanista, antropocentrista. Não gostou? Faça greve de fome!



A Deus toda glória.


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3 comentários:

  1. Olha Pr. Leonardo eu particularmente nunca gostei dessa música, sempre achei a letra estranha e anti-bíblica, por isso nunca à curti, na verdade é um grave erro teológico.

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  2. Essa música é apenas o reflexo do coração do bode disfarçado de crente moderno, ou seja, é um lixo.
    Tá na hora desse povo acordar.
    Muito bom o texto.

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  3. Uma música totalmente antibiblica, e sem nexo nenhum, fico de bobeira como tem gente que canta isso aí na igreja.

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