O chamado Transtorno Obsessivo-Compulsivo ("TOC" [na literatura em inglês Obsessive-Compulsive Disorder – "OCD"]) é uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, ou seja, sofre de ideias e/ou comportamentos que podem parecer absurdas ou ridículas para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes.
Características
A pessoa é dominada por pensamentos desagradáveis que podem possuir conteúdo sexual, trágico – e até espirituais –, entre outros que são difíceis de afastar de sua mente, parecem sem sentido e são aliviados temporariamente por determinados comportamentos. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente na população.
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o Transtorno Obsessivo-Compulsivo estará entre as dez causas mais importantes de comprometimento por doença. Além da interferência nas atividades, os Sintomas Obsessivo-Compulsivos (SOC) causam incômodo e angústia aos pacientes e seus familiares.
Compulsão é um comportamento consciente e repetitivo, como contar, verificar ou evitar um pensamento que serve para anular uma obsessão. Outros exemplos de compulsão são o ato de lavar as mãos ou tomar banho repetidamente, conferir reiteradamente se esqueceu algo como uma torneira aberta ou a porta de casa sem trancar. Deve-se deixar claro porém que para que esses comportamentos sejam considerados compulsivos, devem ocorrer em uma frequência bem acima do necessário diante de qualquer padrão de avaliação.
Acomete 2 a 3% da população geral. A idade média de início costuma ser por volta dos 20 anos e acomete tanto homens como mulheres. Depressão Maior e Fobia Social podem acometer os pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo ao longo da vida.
Sintomas
Frequentemente as pessoas acometidas por este transtorno escondem de amigos e familiares essas ideias e comportamentos, tanto por vergonha quanto por terem noção do absurdo das exigências auto-impostas.
Muitas vezes desconhecem que esses problemas fazem parte de um quadro psicológico tratável e cada vez mais responsivo à medicamentos específicos e à psicoterapia. As obsessões tendem a aumentar a ansiedade da pessoa ao passo que a execução de compulsões a reduz. Porém, se uma pessoa resiste a realizacão de uma compulsão ou é impedida de fazê-la surge intensa ansiedade.
A pessoa pode perceber que a obsessão é irracional e reconhecê-la como um produto de sua mente, experimentando tanto a obsessão quanto a compulsão como algo fora de seu controle e desejo, o que causa muito sofrimento. Pode ser um problema incapacitante porque as obsessões podem consumir tempo (muitas horas do dia) e interferirem significativamente na rotina normal do indivíduo, no seu trabalho, em atividades sociais ou relacionamentos com amigos e familiares.
Tratamento
O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta. Em linhas gerais, contudo, utiliza-se a psicoterapia de orientação dinâmica ou cognitivo-comportamental associada com tratamento farmacológico às vezes, em doses bem mais elevadas que as utilizadas no tratamento da depressão. Segundo especialistas, entre os fármacos preconizados, destacam-se os Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRS), tanto os seletivos como os não seletivos. A Clomipramina é a droga padrão-ouro, e muitos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS), como fluoxetina, sertralina e paroxetina, são utilizados com boa eficácia.
TOC com idade de início precoce dos sintomas
Como já descrito acima, o perfil bimodal de prevalência do transtorno obsessivo-compulsivo de acordo com o sexo e idade de início dos sintomas reforçou a ideia de que o transtorno obsessivo-compulsivo de início precoce poderia representar um subgrupo distinto de pacientes.
É importante ressaltar que não existe consenso na literatura acerca de qual a idade que poderia ser considerada "início precoce" dos sintomas. Alguns autores propõem diferentes limiares para estudos clínicos, genéticos, neurobiológicos e de resposta ao tratamento. Alguns consideram precoce a idade inferior a sete anos; dez anos outros anterior a 15 anos e ainda anterior a 18 anos. Conforme descrito abaixo:
- Aumento na frequência de tiques e/ou ST entre os pacientes de início precoce (48%) em relação ao grupo de início tardio;
- Idade média do início das compulsões menor que a idade média do início das obsessões (7,8± 1,6 comparado com 9,3± 3,6). No grupo de início tardio não houve esta diferença, com idades médias para obsessões e compulsões praticamente iguais (23,9 e 24,0);
- Média de pontos na Y-BOCS mais alta no início precoce (30,3) do que no grupo de início tardio (26,6);
- Aumento de frequência de fenômenos sensoriais precedendo ou acompanhando as compulsões no início precoce;
- Aumento na média de comorbidades no início precoce (3,0) do que no grupo de início tardio (1,8);
- Diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos para obsessões e compulsões de colecionismo (p=0,05), compulsões de repetição (p=0,05) e compulsões do tipo tic-like;
- Resposta significativamente pior no início precoce ao tratamento de curto prazo com clomipramina em relação ao grupo de início tardio.
Incidência
No Brasil, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma doença que atinge atualmente entre 3 e 4 milhões de pessoas. Muitas destas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas e tampouco tratadas. Talvez a maioria desconheça que seus pensamentos e comportamentos fazem parte de uma doença.
E se engana quem pense que no meio do círculo cristão evangélico não exista quem sofra desse mal. Nesse público, especificamente, o problema tende a ser ainda maior, pois ou o indivíduo não identifica a doença e/ou, quando a identifica, se recusa a procurar uma intervenção médica, tratando-a apenas no âmbito espiritual.
As obsessões e compulsões mais conhecidas são:
- Obsessões com sujeira, contaminação, limpeza e doenças – preocupação exagerada com limpeza, medo de ser contaminado ou contrair alguma doença. Estas compulsões impulsionam a pessoa a lavar as mãos, escovar os dentes, lavar móveis e objetos inúmeras vezes sem parar, trocar excessivamente de roupa mesmo que estejam limpas, usar sabão, detergente e desinfetante de forma descomunal, tomar banhos demorados, eventualmente usando álcool, exigir que familiares ao virem da rua tirem os sapatos ou tomem banho, passar o guardanapo nas louças ou talheres do restaurante antes de servir-se etc. Evitações por limpeza e contaminação: a pessoa evita tocar objetos, usar utensílios, frequentar lugares sujos ou contaminados como hospital e salas de espera de clínicas, evita apertos de mão, não senta em bancos de praça ou coletivos, não usa banheiros coletivos, não usa toalhas ou lençóis de hotéis, não usa telefones públicos, não frequenta a piscina, não toca em trincos de portas, corrimão ou tampas de vasos de banheiro etc.
- Obsessão com perfeccionismo – preocupação exagerada em falhar ou de ter dúvida.
- Obsessões de armazenagem/poupança – acumular, colecionar ou guardar objetos inúteis (jornais velhos, documentos, caixas de sapato, garrafas de plástico, roupas sem uso etc.).
- Compulsões de verificação ou controle – verifica repetidamente fechaduras, fogão, gás, janelas, torneiras, portas, bolsa, portas de carro etc.
- Compulsão por ordem – alinha quadros, objetos e roupas simetricamente, coloca numa certa sequência pessoal os objetos (pastas, cadeira, luminárias e computador), etc.
- Compulsão por contagem – contar janelas de prédios, pessoas na fila, contar ou repetir inúmeras vezes uma sequência de números mentalmente etc.
- Repetições – relê ou reescreve/digita parágrafos ou páginas, passa a limpo bilhetes, cartas ou listas de supermercado, relê documentos e não entrega para os colegas de trabalho, mesmo depois de não ter encontrado qualquer erro, entra e sai pela porta, por exemplo, 4 ou 5 vezes, senta e levanta da cadeira, por exemplo, 2 ou 3 vezes, etc.
Essas obsessões são acompanhadas de emoções intensas (ansiedade, medo, culpa, acusação etc) e levam a pessoa a fazer algo (compulsões ou rituais) ou a evitar a fazer como tentativa de diminuir o sofrimento provocado pelas emoções e pensamentos. Entretanto, essas atitudes só proporcionam um alívio momentâneo e não melhoram o seu quadro clínico. E ainda podemos listar outras usadas pelos pensamentos obsessivos. Os mais comuns são:
- Contaminação – Medo desmedido de se contagiar por vírus, bactérias ou substância tóxicas. Esse tipo de obsessão está associado a rituais de limpeza e lavagem.
- Sexual – A mente pode ser dominada por pensamentos obscenos e impulsos incestuosos, indesejados ou impróprios, que causam enorme sofrimento à vítima do TOC.
- Simetria – Cuidado extremo com exatidão ou alinhamento de objetos. Às vezes, ao tocar algum objeto ou alguém sem querer com um dos braços, a pessoa sente que tem de fazer o mesmo com o outro braço.
- Religioso – Pensamentos invadem a mente, com pensamentos de blasfêmia contra Deus. Outras pessoas têm a mania de fazer todo tipo de promessa, pacto, voto e às vezes até esquece o que prometeu a aí sofre com isso.
Existem outras obsessões e compulsões. Acima foram expostas apenas as mais conhecidas em geral. Nas três últimas décadas houve avanço notável no tratamento do TOC. Conforme as pesquisas científicas, a psicoterapia tem se revelado de grande ajuda para a maioria dos portadores da doença, mesmo para aqueles que não obtêm melhora utilizando medicamentos. Há inclusive o registro de casos de suicídios (tentados e consumados) por pessoas que sofriam de TOC. Portanto, informe àqueles que estão sofrendo que há alternativas para a doença. No meio científico não se fala em cura, mas em controle que torna a vida da pessoa mais equilibrada.
Conclusão
Obsessão e compulsão "santas"?
O salmista tem "compulsão" por Deus (Salmo 42:1,2) e Paulo tem "obsessão" pela pregação do evangelho (1 Coríntios 9:16). O próprio Jesus expressava compulsão e obsessão em fazer a vontade de Deus (João 4:34, 6:38) Pode-se falar em compulsão/obsessão positiva e obsessão/compulsão negativa? Elas podem coexistir?
Não considero adequado o uso da expressão para caracterizar tais exemplos. Ansiar por Deus e pela propagação da fé a todos que dela podem se beneficiar são expressões de elevada sensibilidade e desprendimento. Não se trata de experiências patológicas. Antes, são disposições de sublime valor psicológico e espiritual.
Não creio ser adequado falar-se em "compulsão/obsessão positiva". O notável psiquiatra vienense Viktor Frankl, criador da Logoterapia, dizia que somos empurrados por nossos instintos ou pulsões, mas atraídos por nossos valores ou por aquilo que nos dá sentido à vida. Essa diferença entre ser empurrado e ser atraído pode transferir-se para a questão das compulsões: elas nos empurram, não são o resultado de escolhas conscientes que possamos fazer; podem nos escravizar.
Por outro lado, aquilo a que damos prioridade e que procede do mais profundo de nosso ser espiritual, pode-se dizer que nos atrai. Ir em busca disso implica estar livre para cumprir os ditames de nossa própria natureza espiritual, em consonância com a missão que Deus confia a cada um de nós.
Quanto ao que Paulo diz em 1 Coríntios 9:16, de fato tem sido interpretado por alguns comentaristas como referente a uma compulsão. Seria, então, uma compulsão positiva. O que distinguiria umas de outras? Apenas os objetivos envolvidos? Mas, então, o indivíduo – no caso, Paulo – estaria privado de sua liberdade de escolha? Creio que podemos ver as coisas de outro modo, ou seja, se somos cristãos maduros, temos liberdade de aceitar ou rejeitar uma missão que nos é confiada por Deus, e que nos atrai.
Quando a rejeitamos, a graça nos garante que Deus não nos rejeitará por isso, mas a consequência é de perda para nós mesmos quanto ao nosso pleno desenvolvimento espiritual e psicológico. Contudo, quando a aceitamos, passamos a ter de obedecer a um imperativo que nos domina a consciência – que é a instância pela qual Deus nos fala – e que passa a ser o sentido último de nossa vida. A característica compulsiva existiria, então, só neste segundo momento, como resultado de uma escolha inicialmente livre, não compulsiva.
Enfim, o ideal para quem sofra de TOC é a procura de ajuda médica sem, contudo, menosprezar uma necessária e indispensável intervenção espiritual. Com a palavra, a Bíblia:
"Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista; trarão vida a você e serão um enfeite para o seu pescoço. Então você seguirá o seu caminho em segurança e não tropeçará; quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo" (Provérbios 3:21-24, grifos meus).
[Fonte de pesquisas: SciELO e Lagoinha.com]
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Tenho pensamentos sempre contrários a Deus e agora me confudem e me convencem q faço parte do mal e assim n sou salva em Jesus e vou ser condenada. Fico corrigindo toda hora.,e a raiva corroi, a angustia e o medo por q n sei mais o q e real ou nao, sei q Jesus me ama e eu o quero e ainda n sou salva? Eu n aguento mais isso. Parece q nada detem isso ou realmente mudei de lado e sou má? Orem por milhares de pessoas e claro..gostaria de ter um conforto nas palavras . Bjs
ResponderExcluirOi Williane, também tenho esses pensamentos obsessivos contra Deus e sobre outras questões. Mas devemos confiar no perdão de Deus sei como é difícil conviver com esses pensamentos que me trazem angústia e muito desânimo porém devemos perdir perdão ao Senhor por esses pensamentos sujos e confiar no perdão dEle pois Ele disse que é fiel e justo para perdoar. Devemos nos lançar na graça de Jesus que derramou seu sangue inocente para salvar pecadores como nós. Se olhar essa resposta a você responda de volta . Que DEUS a abençoe e que lhe conceda mais fé em Cristo Jesus a cada dia .
ExcluirOlá, graça e paz gente!! Tbem tenho esse problema tá sendo muito difícil superar, que o Senhor nos ajude 🙏🏽🙏🏽
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