"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem..." (Jeremias 17:5a).
Com base nesse versículo acima muitos cristãos afirmam que não podemos ter confiança em outras pessoas. Eis mais uma equivocada interpretação feita por causa do isolamento e fragmentação de um versículo de seu contexto.
Vejamos o texto inserido dentro de todo o seu contexto:
"Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.
Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações. Como a perdiz, que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no seu fim será um insensato. Um trono de glória, posto bem alto desde o princípio, é o lugar do nosso santuário. Ó Senhor, esperança de Israel, todos aqueles que te deixam serão envergonhados; os que se apartam de mim serão escritos sobre a terra; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas" (Jeremias 17:5-13, ACF, grifos meus).
Agora o que seria este "confiar" que a Bíblia se refere? A continuação do verso nos explica, mas vamos por partes. Se não existir da nossa parte "certa" confiança com as pessoas nenhuma relação subsistiria, por exemplo: Se não houver nenhuma confiança do marido para com a esposa ou vice-versa, você acha que essa relação vai muito longe? Não!
Se não houver "certa" confiança entre o patrão e o empregado você acha que essa parceria vai dar certo? Não! Você que se não houver confiança entre os irmãos, pode haver algum tipo de relacionamento cristão? Não!
O que Deus nos adverte nesse verso em linha com todo o contexto da passagem é a respeito de fazer da carne mortal o nosso braço, a nossa força, a nossa fonte de recursos, por que quando isto acontece automaticamente a pessoa aparta o seu coração do Senhor.
A dura tarefa do auto-exame
E hoje eu te convido a ver este verso por outra ótica pois sempre que lemos tendemos a interpreta-lo somente com relação aos outros seres humanos (homens) e parece que nos esquecemos que o somos e quem somos. Para isso, eu busco outros versos que muito falam conosco e têm tudo a ver com a reflexão proposta neste artigo:
"Examine-se pois o homem a si mesmo" (1 Corintios 11:28 ). "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos" (2 Corintios 13:5).
A palavra não precisa nos exortar a examinarmos os outros, porque a natureza humana possui uma inclinação natural para fazer isso. É fácil para nós encontrarmos erros nos outros. O difícil é encontrarmos em nós mesmos.
Os navios usam os faróis costais como referências para definirem seus trajetos e para se orientarem em meio à tempestades. O melhor momento de verificar essas referências e essas bússolas é em tempos de bonança, tempos de tranquilidade.
Por que como o outro está sujeito ao erro eu também estou, como o outro pode pecar eu também posso, e neste aspecto podemos dizer que estamos todos no mesmo nível, quer dizer, todos na condição de seres humanos.
Por isso Paulo nos exorta a revermos a nossa fé. Por isso somos incentivados a avaliarmos o caminho que temos percorrido, para que não tenha sido em vão.
Paulo escreve a Filemon (1:24) e aos Colossenses (4:14) descrevendo Demas como seu cooperador e colaborador na obra. Já na carta a Timóteo (2 Timóteo 4:10) Paulo lamenta a vida de Demas afirmando que ele "amou o presente século". O que pode ter levado um homem envolvido com a obra a amar o presente século e abandonar a fé?
Paulo exorta Timóteo a "conservar a fé e a boa consciência"(1 Tm 1:19). Existem algumas traduções na linguagem de hoje que dizem: "proteja a fé e escute o que a sua consciência diz". O apóstolo afirma nos versos seguintes que alguns, rejeitando a boa consciência, rejeitando uma consciência limpa, naufragaram na fé, abandonando o que criam. Entre esses, Paulo menciona Himeneu e Alexandre que foram entregues a satanás depois de terem caído da fé; depois de perderem o rumo da vida.
E o que dizer de Judas Iscariotes que andou com o Mestre durante três anos e meio de sua vida e depois de ter presenciado todas as obras, os milagres, as repreensões, as palavras de carinho, mesmo assim, traiu o Senhor por causa de lucros mundanos?
A segurança não é essencial à fé. Qualquer um, por mais seguro que esteja, pode ser um crente nominal e não um discípulo verdadeiro. Apenas o auto-exame nos revelará a necessidade de revermos a nossa bússola.
Então poderíamos dizer: Maldito o homem que confia em si mesmo, e faz da carne mortal o seu braço...
A realidade é que devemos ter um "pé atrás" com nós mesmos, afinal veja o que diz Jeremias 17:9:
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?"
Este coração não é o órgão que bombeia o sangue para o nosso corpo, mas sim o nosso pensamento, a vontade humana, os sentimentos... Então como confiar plenamente em si mesmo? Não dá!
Não sou eu que devo guiar, direcionar por mim mesmo a minha vida, mas permitir que Deus o faça!
Quantos pensam ser auto-suficientes e no seu orgulho estão se afundando cada vez mais, quantos pensam que Deus é opcional e não essencial. Perdem completamente a noção da indispensável e vital dependência de Deus. São os que eu chamo de "super crentes".
"Assim, por ti mesmo te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para sempre" (Jm 17:4).
"Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável" (17:6).
O homem destrói a si mesmo pelo seu comportamento, suas escolhas. A semente por si só não chega a lugar nenhum, mas se plantada na terra, e regada adequadamente, brota, nasce, cresce, e dá seu devido fruto. Ou seja, ela precisa disso, e o ser humano precisa de Deus!
Conclusão
"Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto." (17:7-8).
Todos os recursos que precisamos vem de Deus e não de nós mesmos. Reconheçamos que não podemos fazer da carne mortal nosso braço, nem em relação a nós e nem em relação aos outros! Nunca aparte seu coração de Deus pois só Ele é digno de toda confiança. Aquele que é onipresente, onipotente e onisciente!
A Bíblia é recheada de relatos de homens que foram enganados pela segurança carnal e iludidos por acharem que estavam à caminho do alvo enquanto já o tinham perdido há muito tempo. Eleja esse dia como uma oportunidade de rever a sua fé. Sente para avaliar a sua vida. Reveja o caminho que você tem percorrido. Veja de longe o alvo para o qual você está caminhando e defina o percurso. Veja se existem faróis costeiros lhe auxiliando na caminhada. Procure suas referências e veja as encontra. Pondere seus pensamentos, suas atitudes, suas motivações. Sobrevirão tempos difíceis (2 Tm 3:1) e você terá que estar pronto para não naufragar.
"Examina-me, Senhor, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos" (Salmos 26:2). "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos" (139:23). "Esquadrinhemos os nossos caminhos" (Lamentações 3:40).
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