sábado, 31 de dezembro de 2016

A SÃ DOUTRINA - UNIDUNITÊ: QUAL "JESUS" É O SEU?


"Quisera eu que me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. 
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, que PREGA OUTRO JESUS que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou EVANGELHO DIFERENTE que não tendes abraçado, a esses de boa mente o tolerais" (2 Coríntios 11:1-4, grifos e ênfases meus). 
Então lhes perguntou: 'Mas vós, quem dizeis que eu sou?' Respondendo, Pedro lhe disse: 'Tu és o Cristo'"(Marcos 8:29).
Certa feita, quando levantava questionamentos sobre a farta efusão de heresias que tentam corromper a simplicidade do Evangelho, ouvi a seguinte resposta de uma pessoa:

"-Irmão, eu não estou interessado em qualquer conversa sobre doutrinas que nos dividam. A única coisa que me importa saber é se alguém ama a Jesus. Se ele me diz que ama a Jesus, não me interessa a qual igreja vai; eu o considero meu irmão em Cristo (grifo meu)."

Naquele momento, não me pareceu que fosse a hora e o lugar certo para argumentar com a pessoa que dizia isso. No entanto, eu me senti compelido a fazer uma pergunta para ela antes que a conversa se encerrasse: "Quando você fala com alguém que lhe diz amar a Jesus, você nunca lhe pergunta: 'Qual Jesus?'" Após um breve momento de reflexão, tal pessoa me respondeu que nunca faria tal pergunta, e completou: "Não seria simpático, afinal, é cada um com sua fé".

Discussão doutrinária é sectarismo?


Alguns enxergam este meu questionamento como algo não amoroso – como uma prova do sectarismo (visão estreita, intolerante ou intransigente extremamente pessoal que se impõe à outros). Eu o vejo como uma tentativa de clarear o caminho para que meu amigo tenha um relacionamento genuíno com o único Salvador verdadeiro, o nosso Senhor Jesus Cristo – não com alguém que ele ou outros homens, intencionalmente ou não, têm imaginado ou inventado.

A definição exata da palavra Doutrina, é simplesmente ensinamento. As doutrinas podem ser verdadeiras ou falsas. Uma doutrina verdadeira não pode ser divisiva de maneira prejudicial; esta característica se aplica somente a ensinos falsos. A síntese é:
"Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles".
Jesus, que é a Verdade, só pode ser conhecido em verdade e somente por aqueles que buscam a verdade" (João 14:6; 18:37; 2 Tessalonicenses 2:13; Deuteronômio 4:29). Mas, o próprio Cristo causou divisão (Mateus 10:35; Jo 7:35; 9:16; 10:19), divisão entre a verdade e o erro (Lucas 12:51). Santa, necessária e indispensável divisão é esta!

"Qual 'Jesus'?" é uma pergunta importantíssima para todo crente em Cristo. Nós deveríamos primeiro nos questionar, testar nossas próprias crenças sobre Jesus: 
"Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2 Coríntios 13:5).
E, 
"Examinai tudo. Retenham o que é bom" (1 Ts 5:21). 
Incompreensões sobre o Senhor inevitavelmente se tornam obstáculos em nosso relacionamento com Ele. A avaliação também pode ser vital com respeito à nossa comunhão com aqueles que se dizem cristãos. Recentemente, durante uma rápida conversa dentro do ônibus, ouvi um irmão, preocupado o suficiente, fazendo algumas perguntas cruciais à pessoa próxima a ele sobre o relacionamento dela com Jesus. 

Mesmo tendo confessado ser um cristão, participando há quatro anos de uma comunidade cristã, essa pessoa na verdade não conhecia a Jesus nem entendia o evangelho da Salvação. Esse irmão desconhecido, então o levou ao Senhor antes que o ônibus chegasse ao ponto seu ponto final. Fiquei maravilhado com a coragem e despretensão denominacional daquele irmão de fala simples e sem qualquer eloquência teológica, mas cheio da graça e do poder de Deus.

A "unidade cristã"


Com muita frequência, frases parecidas com "nós teremos comunhão com qualquer um que confessar o nome de Cristo", estão sensivelmente impregnadas de camuflagens ecumênicas (ecumenismo: hoje em dia significa a união entre todas as religiões). O medo de destruir a unidade domina os que levam a sério este tipo de propaganda antibíblica, até mesmo ao ponto de desencorajar qualquer menor interesse em lutar pela fé (Judas 1-3). Surpreendentemente, "a unidade cristã" agora inclui a colaboração para o bem moral da sociedade com qualquer seita "que confessa o nome de Jesus."

Conheça abaixo alguns "jesuses" que têm sido pregados pelas seitas. Tem "Jesus" de todo os tipos e para todos os gostos.

  • "Jesus", o irmão de "Lúcifer"


Os ensinamentos heréticos sobre Jesus incluem todo tipo inimaginável de idéias sem base bíblica. O "Jesus Cristo” dos mórmons, por exemplo, não poderia estar mais longe do Jesus da Bíblia. O Jesus inventado por Joseph Smith (1805-1844) fundador do movimento mórmon, que a seguir inspirou o nome de sua igreja, é o primeiro filho de Elohim, tal como todos os humanos, anjos e demônios são filhos espirituais de Elohim.

Este Jesus mórmon se tornou carne através de relações físicas entre Elohim (Deus, o Pai, o qual tinha um corpo físico) e a virgem Maria. O Jesus mórmon é meio-irmão de "Lúcifer". Ele veio à terra para se tornar um deus. Sua morte sacrificial dará imortalidade para qualquer criatura (incluindo animais) na ressurreição. No entanto, se uma certa criatura, individualmente, vai passar a sua eternidade no inferno ou em um dos três céus, isto fica por conta de seu comportamento (incluindo o comportamento dos animais).

  • "Jesus", uma ideia espiritual


O Jesus Cristo das seitas da ciência da mente (Ciência Cristã, Ciência Religiosa, Escola Unitária do Cristianismo, etc.) não é diferente de qualquer outro ser humano. "Cristo" é uma ideia espiritual de Deus e não uma pessoa. Jesus nem sofreu nem morreu pelos pecados da humanidade, porque o pecado não existe. Ao invés disto, ele ajudou a humanidade a desacreditar que o pecado e a morte são fatos. Esta é a "salvação" ensinada pela Ciência Cristã.

  • "Jesus", o arcanjo Miguel?


As Testemunhas de Jeová também amam a Jesus, mas não o Jesus da Bíblia. Antes de nascer nesta terra, Jesus era Miguel, o Arcanjo. Ele é um deus, mas não o Deus Jeová. Quando o Jesus deles se tornou um homem, parou então de ser um deus. Não houve ressurreição física do "Jesus" das Testemunhas de Jeová; Jeová suscitou o seu corpo espiritual, escondeu os seus restos mortais, e agora, novamente, Jesus existe como um anjo chamado Miguel. 

A Bíblia promete que, ao morrer um crente em nosso Senhor e Salvador, a pessoa imediatamente estará com Jesus (2 Co 5:8; Filipenses 1:21-23). Com o "Jesus" deles, no entanto, somente 144.000 Testemunhas de Jeová terão este privilégio – mas não depois da morte, porque eles são aniquilados quando morrem. Ou seja, eles gastam um período indefinido em um estado inativo e inconsciente; de fato deixam de existir.

  • "Jesus", ainda preso numa cruz


Os católicos romanos também amam a "Jesus". Eu também o amei da mesma forma durante vinte e poucos anos de minha vida, mas ele era muito diferente do Jesus que eu conheço e amo agora. Algumas vezes ele era apenas um bebê ou, no máximo, um garoto protegido pela sua mãe, ela sim, a grande heroína. Quando queria a sua ajuda eu me assegurava rezando primeiro para sua mãe.

O Jesus para quem eu oro hoje já deixou de ser um bebê há mais de 2000 anos. O Jesus que eu amava como católico morava corporalmente em uma pequena caixa, parecida com um tabernáculo que ficava no altar de nossa igreja, na forma de pequenas hóstias brancas, enquanto que, simultaneamente, morava em milhões de hóstias ao redor do mundo. 
O Jesus dos católicos romanos que eu conhecia era o Cristo do crucifixo, com seu corpo continuamente dependurado na cruz, simbolizando, de forma apropriada, o sacrifício repetido perpetuamente na missa e a Sua obra de salvação incompleta. 

Aproximadamente há dois milênios, o Jesus da Bíblia pagou totalmente a dívida dos meus pecados. Ele não necessita mais dos sete sacramentos, da liturgia, do sacerdócio, do papado, da intercessão de Sua mãe, das indulgências, das orações pelos mortos, do purgatório, etc. para ajudar a salvar alguém. Os católicos romanos dizem que amam a Jesus, mesmo quando se chamam de católicos carismáticos, católicos "evangélicos" , ou católicos renascidos, mas na verdade eles amam um "Jesus" que não é o Jesus bíblico. Ele é "um outro Jesus".

  • "Jesus", o bilionário


Até mesmo alguns que se dizem "evangélicos" promovem um "Jesus diferente". Os chamados pregadores do evangelho da prosperidade e da confissão positiva promovem um "Jesus" que foi materialmente próspero. De acordo com o evangelista John Avanzini, cujas roupas chiques refletem o seu ensino, Jesus vestia roupas de marca (uma referência à sua capa sem costura) semelhantes às vestidas por reis e mercadores ricos. 

Usando uma argumentação distorcida, os pregadores da auto-ajuda e do sucesso declaram que ser pobre é pecado, é maldição (teria o Jesus da Bíblia mentido quando afirmou ao avarento Judas Iscariotes: "Pois, quanto aos pobres, sempre os terei convosco..." - Mt 26:11a?)  e já que Jesus não tinha pecado, então, obviamente, ele devia ter sido extremamente rico.

O pregador da confissão positiva Fred Price explica que dirige um Rolls Royce simplesmente porque está seguindo os passos de Jesus. Oral Roberts, um dos mais famosos pregadores americanos, sustenta a ideia de que, pelo fato de terem tido um tesoureiro (Judas), Jesus e Seus discípulos deviam ter muito dinheiro. 

Além da pregação sobre um Cristo que era materialmente rico, muitos pregadores da prosperidade, tais como Kenneth Hagin e Kenneth Copeland, que fizeram discípulos no Brasil tais como, André Valadão, Valnice Milhomes, R.R. Soares entre outros, proclamam um Jesus que desceu ao inferno e foi torturado por Satanás a fim de completar a expiação pelos pecados dos homens. Este não é o Jesus dos discípulos.

  • O "Jesus" das igrejas psicologizadas


O "Jesus" de Tony Campolo habita em todas as pessoas. O famosíssimo pregador televangelista Robert Schuller apresenta um Jesus que morreu na cruz para nos assegurar uma auto-estima positiva. Para apoiar sua tese sobre Jesus, psicólogos cristãos e numerosos pregadores evangélicos dizem que Sua morte na cruz prova o nosso valor infinito para com Deus e que isto é a base para nosso valor pessoal. 

Não somente existe uma variedade enorme de "jesuses" que promovem o ego humano hoje em dia, como também estamos ouvindo em nossas "igrejas" psicologizadas que a verdade sobre Jesus pode não ser tão importante para o nosso bem psicológico do que nossa própria percepção sobre Ele. Esta é a base para o ensino atual do integracionista psicoespiritual Neil Anderson e outros que promovem técnicas não-bíblicas de cura interior. Eles dizem que nós devemos perdoar Jesus pelas situações passadas, nas quais nós sentimos que Ele nos desapontou ou nos feriu emocionalmente. Mas, qual "Jesus"?

A esta lista podemos juntar o Jesus pop, "pai do rock"👇🏿;


O Jesus tatuado ;


O Jesus salvador da política brasileira ;


…Temos também o Jesus da cultura pop: atleta, surfista… ;


O Jesus tecno ;


…rip rop… ;


…O pagodeiro do Brasil, o Jesus rastafári dos jamaicanos ;


…O Jesus mahatma da nova era…;


O Jesus sertanejo (de raiz, universitário, arrocha, cowntry...);


O Jesus LGBT:



E outros...:

Conclusão


A comunhão com Jesus é o coração do Cristianismo. Não é algo que meramente imaginamos, mas é uma realidade. Ele literalmente habita em todos que colocam nEle a sua fé como Senhor e Salvador (Colossenses 1:27; Jo 14:20; 15:4). O relacionamento que temos com Ele é ao mesmo tempo subjetivo e objetivo. Nossas experiências pessoais genuínas com Jesus estão sempre em harmonia com a Sua Palavra objetiva (Isaías 8:20). O Seu Espírito nos ministra a Sua Palavra, e este conhecimento é o fundamento para nossa comunhão com Ele (Jo 8:31; Fp 3:8).

Nosso amor por Ele é demonstrado e aumenta através de nossa obediência aos Seus mandamentos; nossa confiança nEle é fortalecida através do conhecimento do que Ele revela sobre Si mesmo (Jo 14:15; Fp 1:9) e isso, somente através de Sua Palavra (Jo 5:30-39). Jesus disse: 
"Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18:37). 
Na proporção em que nós cristãos aceitarmos falsas doutrinas sobre Jesus e Seus ensinamentos, também minaremos nosso relacionamento vital com Ele.

Nada pode ser melhor nesta terra do que a alegria da comunhão com Jesus e com aqueles que O conhecem e são conhecidos por Ele. Por outro lado, nada pode ser mais trágico do que alguém oferecer suas afeições para outro Jesus, inventado por homens e demônios. Nosso Senhor profetizou que muitos cairiam na armadilha daquela grande sedução que viria logo antes de Seu retorno (Mt 24:23-26). Haverá muitos que, por causa de sinais e maravilhas, como são chamados, feitos em Seu nome, se convencerão de que conhecem a Jesus e O estão servindo. Mesmo que sejamos considerados divisivos por perguntarmos "Qual Jesus?", entendam que a resposta desta pergunta traz consequências eternas.

Todas essas versões de Cristo acima apresentadas revelam o desejo do ser humano de moldar tudo que o cerca ao seu prazer, manipulando até o sagrado e subvertendo a ordem natural das coisas mesmo que isso signifique prejuízo eterno da sua alma. Fujamos disso tudo!

Que só a Bíblia e o Espírito que a inspirou nos influencie!
"Nem todo aquele que diz a mim: 'Senhor, Senhor!' entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.  
Muitos dirão a mim naquele dia: 'Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?'  
Então lhes declararei: 'Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal. O sábio e o insensato. ' 
Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha. 
Pois, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, e ela desabou. E grande foi a sua ruína"  (Mt 7:21-27, grifos meus).

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ANÁLISE BÍBLICA E EXEGÉTICA DO HIT GOSPEL "SABOR DE MEL"



"O agir de Deus é lindo / Na vida de quem é fiel / No começo tem provas amargas / Mas no fim tem o sabor do mel / Eu nunca vi um escolhido sem resposta / Porque em tudo Deus lhe mostra uma solução / Até nas cinzas ele clama e Deus atende, Lhe protege, Lhe defende com as suas fortes mãos
Você é um escolhido / E a tua história não acaba aqui / Você pode estar chorando agora / Mas amanhã você irá sorrir. 
Deus vai te levantar das cinzas e do pó / Deus vai cumprir tudo que tem te prometido / Você vai ver a mão de Deus te exaltar / Quem te vê há de falar / Ele é mesmo escolhido. / Vão dizer que você nasceu pra vencer / Que já sabiam porque você / Tinha mesmo cara de vencedor / E que se Deus quer agir ninguém pode impedir / Então você verá cumprir cada palavra / Que o Senhor falou,  
Quem te viu passar na prova / E não te ajudou/ Quando ver você na benção / Vão se arrepender Vai estar entre a plateia / E você no palco / Vai olhar e ver / Jesus brilhando em você / Quem sabe no teu pensamento / Você vai dizer / Meu Deus como vale a pena / A gente ser fiel / Na verdade a minha prova / Tinha um gosto amargo Mas minha vitória hoje / Tem sabor de mel. / Tem sabor de mel / Tem sabor de mel / A minha vitória hoje / Tem sabor de mel." 
Certamente você já teve a infeliz oportunidade de ouvir – quiçá de cantar! – essa pérola do gospel atual acima. Afinal, há tempos que essa música grotesca tem frequentado os primeiros lugares nas rádios evangélicas, desde seu lançamento. A música foi o primeiro single da cantora gospel pentecostal Damares e foi a faixa de trabalho do seu primeiro CD, chamado "Apocalipse". A autoria é do compositor Agailton Silva.

Logo que surgiu no infrutífero cenário da música gospel nacional com essa música, Damares explodiu. Participou de vários programas de auditório e teve "sua" música cantada por crentes e descrentes Brasil afora. A música também está presente em 11 de cada 10 coletâneas de músicas gospel. Também ainda é a música que não pode faltar nas apresentações que a musa da música pentecostal faz.

E lá se vão oito anos do lançamento dessa infâmia sonora. Mas a canção não agradou a todos. Na internet tem inúmeros artigos em sites e blogs rechaçando esse descalabro bíblico em forma de música. Graças a Deus por isso. É a prova de que nem tudo está perdido, que ainda existe cristãos sinceros que defendem a sã doutrina e não se curvam aos modismos do gospel. Como o assunto ainda é polêmico, sou mais um dos que cujos joelhos não se dobraram (e os meus jamais se dobrarão) a esses astros e estrelas do [sub]mundo gospel, por mais alto que voem e por mais forte que brilhem.

Análise Bíblica e Exegética


A igreja humanista (cujo deus é o próprio ego, o próprio "eu") gosta de cantar música. Muita música! Músicas que não são direcionadas ao Deus Santo Criador do universo, mas ao próprio povo que ouve a música – incluindo os próprios ouvidos. É o tipo de música que mexe apenas com a auto-estima da pessoa – e nada mais. É o culto humanista. Do homem, para o homem. Da terra, para a terra.

Eu fico chocado quando escuto uma música que doutrina erros, que doutrina outro evangelho, que doutrina a respeito de um outro deus, que não é o Deus da Bíblia! Por ser uma música, a doutrina entra rapidamente na mente das pessoas e aqueles sem discernimento acabam usando os trechos da música nas suas próprias vidas. 

As vezes a letra da música não está em contradição clara com a Palavra de Deus, mas ela dá um sentido errado, um contexto errado, um entendimento errado acerca do ensino da Palavra e do nosso modo de ver o mundo. É algo que certamente os apóstolos na Igreja primitiva combateriam até à morte se fosse preciso. 

Aprofundemos a análise 


  • "...No começo tem provas amargas, mas no fim tem o sabor do mel..." 

Esta é a principal máxima da música humanista: não importa o hoje, amanhã terá sabor de mel. No final da história, tudo acaba bem: você não morre, você não adoece, você não perde, você terá um bom emprego, você terá dinheiro, casa, carro, etc. Ter sabor de mel no fim não implica necessariamente contradizer a Palavra, mas há muitos casos de provas amargas no fim das vidas de muitos homens santos da Bíblia – por exemplo, os apóstolos, que foram decapitados. Agora, se a música está querendo dizer que o sabor de mel é o sabor após a nossa morte (ou após a nossa ressurreição para a vida eterna), concordo plenamente, mas saiba agora de uma máxima cristã: música humanista não fala de céu! 

  • "...Eu nunca vi um escolhido sem resposta..." 

Um escolhido que ouve esta música e ainda não teve resposta de Deus deve tremer de medo. Eu creio que o silêncio de Deus pode ser algo bom. Quero dizer, se há silêncio de Deus é porque isso certamente é bom! Afinal, "todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos 8:28), inclusive Deus não responder. Sendo Ele soberano e Senhor, só responderá quando e se quiser. 

  • "...Porque em tudo Deus lhe mostra uma solução..." 

Como já disse, isso não necessariamente contradiz a Bíblia, mas nem sempre Deus mostra uma solução. Tudo depende da Sua vontade. "Fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem" (Hebreus 11:1). "O justo viverá da fé e não por vista" (Romanos 1:17) e não das soluções que Deus apresenta. 

  • "...Você é um escolhido e a tua história não acaba aqui..." 

E se acabar, você está preparado para se encontrar com o Senhor Jesus? Será que o apóstolo Paulo estava delirando quando disse: "Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro! Caso continue vivendo no corpo, certamente apreciarei o fruto do meu labor. Mas já não sei o que escolher. Sinto-me conclamado pelos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é infinitamente melhor..." (Filipenses 1:21-23a, grifos meus)? Ou ainda, quando cantou: "Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8:38,39)? É, talvez Paulo não estava batendo bem da bola.

  • "...Você pode estar chorando agora, mas amanhã você irá sorrir..." 

Esta é novamente a principal máxima da música humanista, só que com outras palavras. E se esse amanhã não chegar? De novo, se a música está falando sobre o céu, concordo, mas pelo contexto de toda a letra, tenho certeza de que não está. 

  • "...Deus vai te levantar das cinzas e do pó, Deus vai cumprir tudo que tem te prometido, Você vai ver a mão de Deus te exaltar..." 

Com essa repetição toda da palavra "vai", a música quer passar a impressão que devemos pensar positivo. Mas será que Deus "vai" mesmo? Será da vontade de Deus? E, além disso, o que Deus te prometeu? Foi Deus mesmo quem te prometeu ou um homem? Deus ou você mesmo? Deus ou um pregador humanista que só está preocupado em te agradar? 

  • "...Vão dizer que você nasceu pra vencer que já sabiam porque você tinha mesmo cara de vencedor..." 

"...somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou..." (Romanos 8:37b) e não por causa da nossa 'cara'. Aliás, analisemos esse versículo na íntegra: 

"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas [ou seja: a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada, ser entregue à morte todo o dia, ser reputado como ovelha para o matadouro] somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Romanos 8:33-37, grifos e comentário meus). 

  • "...Quem te viu passar na prova e não te ajudou, quando ver você na benção vão se arrepender..." 
Esta frase para mim é a mais infeliz da música! A questão de receber algo bom de Deus não é mais uma bênção por pura misericórdia e graça de Deus! Quem canta isso não tem um doce sabor de mel, mas um amargo sabor de vingança: "Vocês vão se arrepender!!!" "Vocês me pagam!" 

Jesus Cristo não morreu só por você. Deus tenha misericórdia e quando Ele te der algo que você não merece (como podemos merecer alguma coisa de Deus depois de matarmos o Seu Filho?), você agradeça a Deus em primeiro lugar e compartilhe com os seus irmãos (aqueles que você diz que tanto ama) a sua bênção. Se eles não te ajudaram, perdoe-os como Cristo te perdoou, mostre a eles que sentiu falta deles na sua hora difícil e ore por eles.

Mas, e quanto aos inimigos? Com a palavra, Jesus: "Vocês ouviram o que foi dito: 'Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo'. Mas eu digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem..." (Mateus 5:43,44, grifo meu).

E o apóstolo Paulo aprendeu direitinho: "Amados, jamais procurai vingar-vos a vós mesmos, mas entregai a ira a Deus, pois está escrito: 'Minha é a vingança! Eu retribuirei', declarou o Senhor. Ao contrário: 'Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porquanto agindo assim amontoarás brasas vivas sobre a cabeça dele. Jamais te entregues ao mal como vencido, mas vence o mal com o bem!" (Rm 12:19-21, grifos meus)

O perigo sutil na letra dessa música 


O "crente gospel" de hoje tem sido doutrinado não com a Palavra de Deus, mas com os achismos do seu próprio coração maligno. Uma das consequências desse fato é que as músicas cantadas nas igrejas são filtradas: as músicas que exaltam a Deus são parte do passado e as que têm diálogos palco-plateia, como a deste artigo, ocupam quase todo o tempo de louvor de um "culto". Falo diálogos palco-plateia porque se prestarmos atenção, veremos que essas músicas nada mais são do que uma conversa entre o cantor e aqueles que ouvem (o cantor inclusive). Podemos até resumi-las assim: "ei, preste atenção, Deus vai te dar vitória".

Ora, se podemos resumir a música assim, então ela não foi para Deus, mas para você. Então, quando vamos a igreja humanista você não louva a Deus porque Ele é Grande, Poderoso e Santo, mas porque você tem interesse num Deus para resolver seus problemas e melhorar sua vida de vaidades. "Os que são da carne se inclinam para as coisas da carne" (Rm 8:5a). "Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração" (Atos 8:22). 

Não é por acaso que esta canção se tornou um mega hit gospel, pois ela trata exatamente do que boa parte da igreja evangélica busca hoje em dia. Não, não estou falando de Jesus, renúncia, entrega, compromisso, santidade ou cruz e sim de vitória e conquista. Eis o segredo para quem deseja o sucesso no meio gospel ultimamente. 

O motivo da crítica não é pela suposição de que as "vitórias" não estão nos planos de Deus para nossas vidas, mas que nem de longe este fato trata-se da ênfase do Evangelho de Cristo. O evangelho realça a cruz, a renúncia, a santidade e a necessidade de salvação para a vida de todo ser humano e isso sim é a vitória verdadeira. Todo e qualquer outro modelo de vitória trata-se de um assunto periférico. 

Continuando a análise 


A música inicia-se fazendo considerações baseadas, especialmente, em Salmos 30:5. 

"Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". 

A respeito disso nenhuma crítica poderia expressar, pois se trata de uma verdade bíblica que deve ser ensinada continuamente. 

Porém, considerando a letra da canção como um todo as verdades expressas em seu contexto geral é exatamente ai que se iniciam os problemas. 

O tema central, obviamente, é a vitória daquele que é fiel, isto fica bem claro durante toda a canção. Apesar de vitória não ser a ênfase do Evangelho, não posso questionar o fato de ela existir, entretanto é essencial entendermos que ela não pode invalidar outras verdades bíblicas, outros conceitos cristãos e é exatamente isto que acontece, senão vejamos: 
  • "'...Quem te vê há de falar Ele é mesmo escolhido...' 'Vão dizer que você nasceu pra vencer, que já sabiam porque você tinha mesmo cara de vencedor...' 'Vai estar entre a plateia e você no palco'..." 
A começar da segunda estrofe, inicia-se um processo de exaltação do ser humano, como se ele possuísse algum mérito em tudo que faz. Estas passagens são chaves para a introdução desta doutrina disfarçada de piedade, pois, em especial esta última frase, demonstra algo totalmente desfocada daquilo que o Evangelho espera dos filhos de Deus. 

A figuração entre plateia e palco não significa outra coisa que não seja exaltação ao homem. Além disso é possível perceber uma certa inclinação para a proposta que grosseiramente chamarei de "esfregar na cara", que acontece justamente no contexto imediatamente anterior da frase em questão: 
  • "...Quem te viu passar na prova e não te ajudou, quando ver você na benção vão se arrepender..." 
Em contraposição, a Bíblia ensina que: "Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas 1:10). 

Sinceramente não vejo propósito algum nesta afirmação, pois Deus não nos livra das provações para que outros vejam e sintam-se envergonhados, mas porque o propósito dEle já foi alcançado. Não existe a necessidade de provar ou de "esfregar na cara" dos irmãos as nossas vitórias. Quanto aos conceitos que me referi anteriormente, de exaltação do ser humano, a ponto de ser mencionado na letra desta música a relação plateia e palco, vejamos o que a Bíblia diz: "Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva" (Marcos 10:43, grifo meu). "É necessário que Ele [Jesus] cresça e que eu diminua" (João 3:30, grifo meu). 

Como podemos perceber, não é exatamente num palco, para ser aplaudido pelos irmãos, que Jesus espera nos colocar, antes é na posição de servos uns dos outros. A relação divina correta é: quanto mais humilde, maior no Reino de Deus, quanto mais exaltado pelos homens, menor no Reino de Deus. Ora, o próprio Jesus homem afirma ser necessário se humilhar, ser o menor de todos, para que nEle, Deus cresça. E o que dizer do ensinamento de Jesus no clássico, conhecido e famoso episódio do lava pés (Jo 13:1-17)? 

Conclusão 


Creio não ser necessário análises adicionais, pois o contexto desta canção está bem claro. Deus abençoe a todos e nos ensine a nos esvaziar de nós mesmos... Você, que por ventura goste dessa música, pode até discordar de mim (não estou nem um pouco preocupado com isso, diga-se), mas não tem como discordar da Bíblia. 

Por tudo isso, "Sabor de Mel" está não por mim, mas pela Bíblia Sagrada:
 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

FILMES QUE EU VI - "SPOTLIGHT: SEGREDOS REVELADOS"

Nessa edição da série especial de artigos [sobre os] Filmes Que Eu Vi, vou fazer algo ainda inédito. Falar sobre um filme recente. Trata-se do perturbador "Spotlight: Segredos Revelados" que conta a história real da equipe investigativa do jornal Boston Globe que revelou a verdade por trás dos escândalos sexuais envolvendo padres católicos. Ainda que aborde um tema tão denso e recheado de polêmica até os dias de hoje, "Spotlight..." tem como mérito maior conciliar isto com a própria abordagem jornalística - detalhe que me atraiu para assisti-lo - que envolveu todo o processo, além da própria visão pessoal dos jornalistas envolvidos. Achei o filme fantástico sobre todos os aspectos.

Minha impressão


Apesar de retratar fielmente uma história real, em nenhum momento nos sentimos diante de um documentário (não que isso seja ruim), pois vemos bastante da vida particular dos personagens centrais e suas reações a cada nova descoberta. Neste ponto em particular, mérito para o diretor Tom McCarthy e o elenco, principalmente Michael Keaton, Mark Ruffalo, Stanley Tucci e Rachel McAdams, que demonstram forte presença de cena que fizeram com que disputassem uma possível indicação ao Oscar desse ano.

Algo que vale ser dito é que quando estamos diante de um bom filme nós saímos do cinema e ficamos relembrando passagens do mesmo, contudo quando estamos diante de um filme ótimo nós não só relembramos passagens como também discutimos e refletimos sobre o que nos foi mostrado na tela. Isso é o que Spotlight faz, quebra a barreira do simples entretenimento permitindo ao espectador uma reflexão a respeito do exibido. Neste caso, isso não ocorre somente por estarmos diante de um tema polêmico, mas sim pela forma como o roteiro foi escrito e a história é narrada. Tudo é feito para envolver o espectador, mas sem ser piegas ou apelar para clichês.

Embora alguns possam achar o ritmo lento em alguns momentos, me parece totalmente pertinente que um longa trazendo tamanha carga investigativa e um assunto deveras difícil tome seu devido tempo entre as cenas de maior impacto ou em que a trama corra um pouco mais. Certamente vale a pena conferir este que foi o grande vencedor do Oscar em 2106.

Sobre o filme


"Spotlight..." (no Brasil, Spotlight: Segredos Revelados e em Portugal, O Caso Spotlight) é um filme estadunidense de drama biográfico de 2015 dirigido por Tom McCarthy e escrito por McCarthy e Josh Singer. O filme foi estrelado por Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, John Slattery, Stanley Tucci, Brian d'Arcy James, Liev Schreiber e Billy Crudup. Trata da investigação, por uma equipe do jornal The Boston Globe, dos casos de abuso sexual e pedofilia por membros da arquidiocese católica de Boston. Esta investigação recebeu o Prémio Pulitzer de Serviço Público em 2003. No Brasil, o Observatório da Imprensa publicou uma série de debates sobre o filme, questionando os valores e o comportamento do jornalismo na atualidade.

A obra de McCarthy foi apresentada inicialmente no Festival de Veneza, na Itália, e, em seguida, distribuído mundialmente pela Open Road Films em 6 de novembro de 2015. Conquistou inúmeros prêmios e foi recebido positivamente pela crítica. Um defensor da Igreja Católica criticou o filme no The New York Times afirmando que "Spotlight é uma deturpação de como a Igreja tratou os casos de abuso sexual". O filme foi indicado a seis Óscars na premiação de 2016, vencendo em dois: Melhor Roteiro Original e Melhor Filme.

Baseado em uma história real, o filme do tipo drama com toques investigativos relata o dia a dia da equipe formada por Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d'Arcy James), chefiados pelo editor que também vai a campo Walter Robinson (Michael Keaton), do jornal Boston Globe, na busca pela matéria que ficou conhecida com o nome da equipe: Spotlight.

Tudo começou em 2001, quando o editor Marty Baron decidiu aprofundar o tema abordado em uma coluna do jornal, com a ajuda do grupo de investigação, a qual reuniram documentos capazes de provar diversos denúncias de casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. O caso do Padre John Geoghan, que o Globe já havia publicado meses antes, foi a primeira denúncia que ocorreu em 1996, quando uma mulher o acusou de abusar de seus três filhos. Mas apenas a partir de 2001, vários relatos vieram à tona, e o Padre Geoghan recebeu cerca de 70 acusações diferentes na época.

Dentre as várias surpresas o filme traz casos nunca antes conhecidos, as quantidades alarmantes - cerca de 90 padres apenas em Boston - os líderes religiosos que ocultaram os casos, as práticas de transferências dos padres predadores, ao invés de puni-los ou trata-los, a forma de identifica-los, o perfil das famílias das crianças abusadas, mas uma coisa que me chamou muita atenção foi o fato da auto responsabilização dos jornalistas em não ter dado atenção na primeira denúncia em 1996 e, apesar de já ser muitas coisas, no filme ainda tem mais.

"Virou" livro


Ainda que o filme tenha dado origem ao livro e escrito pelo mesmo time que participou da apuração do caso, nada tem a ver um com o outro, no livro existem informações mais detalhadas e até mesmo materiais aos quais a equipe teve acesso o que pede muito estômago do leitor para completar a leitura, eu até já fiz a resenha aqui, já no filme o espectador acompanha a apuração e descobrindo os fatos ao lado dos jornalistas, o filme relata apenas a maneira como o jornalismo investigativo é feito - ou deveria ser - da motivação que justifica a denúncia, da burocracia imposta pelos poderosos e, principalmente, do abuso decorrente da fragilidade socioeconômica dos mais desfavorecidos.

O contexto do filme que se dá no ano de 2001, fica bem demonstrada como é a estrutura de Spotlight. Apesar de limitar-se à cidade de Boston, o que poderia resultar em uma produção limitada, segue exatamente a frase de Leon Tolstoi: "Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia", e assim se faz após a publicação da matéria vários outros casos sugiram, não só nos EUA como também em diversos outros países.

Pedofilia de padres brasileiros


O caso na cidade de Arapiraca, no Agreste alagoano tornou-se público após a exibição de uma reportagem no programa Conexão Repórter, do SBT, elaborada pelo jornalista Roberto Cabrini. Ele teve acesso a um vídeo, que ainda pode ser encontrado na internet, em que o então ex-monsenhor Luiz Marques Barbosa mantinha relações sexuais com um de seus coroinhas. No momento da gravação, quem faz sexo oral com o religioso é Fabiano da Silva, cuja idade na época do vídeo, em 2009, era 19 anos. Contudo, ele afirma que sofria abusos desde os 12 anos.

Outros dois coroinhas se juntaram a Fabiano para realizar as denúncias, Cícero Flávio Barbosa – que realizou a filmagem de sexo entre o então monsenhor Luiz Marques Barbosa e Fabiano – e Anderson Farias Silva. Os três afirmam que mais dois sacerdotes, o monsenhor Raimundo Gomes e o padre Edilson Duarte, também praticavam atos de pedofilia contra eles, desde que tinham 12 anos de idade.

Por esse motivo, todo o processo segue seu rito em segredo de justiça no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), cujo relator é o desembargador Otávio Praxedes, e sem prazo para ser concluído. Porém, como é público, os três padres foram condenados em primeira instância em dezembro de 2011, após meses de julgamento – iniciado em julho – e a vinda da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Congresso Nacional presidida pelo senador Magno Malta.

Os dois então monsenhores foram condenados a 21 anos de prisão e o, também à época, padre Edilson a 16 anos e quatro meses de prisão, mas respondem o processo em liberdade. Raimundo Gomes faleceu em 2014, vítima de complicações por causa de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e todo o processo contra ele foi extinto devido a sua morte.

Durante a sessão da CPI da Pedofilia, e em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini em abril de 2010 – um mês após a exibição da primeira reportagem que revelou os atos dos padres arapiraquenses, padre Edilson confessou que ele e seus colegas praticavam atos de pedofilia contra seus coroinhas.

Para os advogados de defesa dos ex-sacerdotes, não houve a comprovação de crime cometido pelos ex-sacerdotes e todo o processo é fruto de uma rechaça moral pelo fato de eles serem homossexuais. 
"O erro cometido foi do ponto vista das leis da Igreja Católica, mas do ponto de vista cível, dos homens, não. Sexo entre duas pessoas adultas não é crime, mesmo que seja sexo homossexual. Aliás, sexo consentido com uma pessoa de 14 anos não é crime no Brasil. E a exploração sexual não foi provada".
Preso na sexta-feira, 5 de agosto, em Santa Catarina por suspeita de pedofilia, o padre Bonifácio Buzzi, de 57 anos, foi encontrado morto na manhã do domingo, 7, em uma cela do presídio de Três Corações, aqui em Minas Gerais, para onde tinha sido transferido. Segundo o governo de Minas, o religioso estava sozinho e se matou na cadeia.

O padre já havia sido condenado a 20 anos de prisão por abusar de um garoto de 10 anos em Mariana, também em Minas. Ele ficou preso entre 2007 e 2015, quando passou a cumprir a sentença em liberdade.

Buzzi é o único padre brasileiro relacionado entre os que aparecem no filme "Spotlight...", mas o caso de Arapiraca é relacionado nos créditos finais do longa. Segundo investigação da Polícia Civil, o religioso teria se envolvido em novo caso de pedofilia neste ano, de acordo com nova denúncia recebida. O padre teria abusado de duas crianças, de 9 e 13 anos, em Três Corações, onde vivia. Quando soube que estava sendo procurado pela polícia, fugiu para Santa Catarina, onde acabou preso.

Conclusão


Mais do que a polêmica do seu enredo, "Spotlight: Segredos Revelados" é um filme que merece ser visto e revisto, principalmente para os que como eu, são amantes do Jornalismo.
  • Ficha Técnica:
Título: Spotlight (Original)
Ano produção: 2015
Dirigido por: Tom McCarthy (IV)
Estreia: 7 de Janeiro de 2016 (Brasil) Duração: 128 minutos
Classificação:  - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero: Biografia, drama, história
País de Origem: Estados Unidos da América

CÁSSIA ELLER: 15 ANOS SEM A ETERNA "GAROTINHA"

Há quinze anos atrás a música brasileira ficava mais pobre, perdia Cássia Eller. Eu não acompanhei a trajetória dela, nunca sequer ouvi um disco, mas sei que Cássia foi sem dúvidas uma das maiores intérpretes brasileiras de sua época.

Nascida Cássia Rejane Eller, em 10 de dezembro de 1962, no Rio de Janeiro, a cantora e compositora morreu aos 39 anos de idade, vítima de um infarto do miocárdio, no Rio de Janeiro (à época, especulava-se que teria sido resultado de uma overdose de cocaína).

Talentosa e irreverente, Cássia eternizou inúmeras canções com sua voz rouca, presença marcante e logo tornou "suas" canções como 'Malandragem', de Cazuza (✰1958/✞︎1990), e 'O Segundo Sol', de Nando Reis. Aliás, a cantora e compositora eternizou composições do ex-Titã Nando Reis, de quem era amiga pessoal.

Breve história


A carreira interrompida bruscamente começara com acordes do Beatles, quando a tímida garota de 14 anos ganhou um violão. Mas foi em Brasília, aos 18 anos, que Cássia Eller começou a fazer testes para musicais. Ela cantou em corais e foi corista em duas óperas, com uma participação em um show de Oswaldo Montenegro.

Aos 19 anos, Cássia foi para Belo Horizonte em busca de emprego. Aqui trabalhou como servente e pedreiro e alugou um quartinho para morar. Começou a fazer shows em diversos turnos e não conseguiu concluir o ensino médio. Mas foi em meados de 1989 que Cássia despontou com a gravação da música 'Por Enquanto', de Renato Russo (✰1960/✞︎1996), o que rendeu sua primeira participação em 1990, no LP de Wagner Tiso, intitulado "Baobab".

O seu timbre grave acompanhado da forte presença de palco fez com que ela se tornasse uma figura constante em participações especiais e interpretações singulares. Cássia compôs apenas três canções: 'Lullaby' (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas); 'Eles' (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho [(✰1960/✞︎1993) que foi o pai do seu único filho, o Chicão]); e 'O Marginal' (dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, também intitulado "O Marginal" (1992).

Versatilidade e talento


Cássia Eller interpretou músicas de Chico Buarque, Cazuza, Renato Russo e tantos outros ícones da música brasileira. O ano de 2001 foi um dos mais intensos na carreira da artista. Em janeiro ela se apresentou no Rock in Rio III para 190 mil pessoas. Fez 95 shows de maio a dezembro e gravou o DVD "Acústico MTV". Sempre com a parceira que integra sua biografia: Nando Reis. Há exatos 15 anos o Brasil perdia uma das vozes mais fortes de sua história musical.

Apesar de ter morrido como um dos maiores nomes da música no Brasil, Cássia não teve início de carreira fácil — as gravadoras não sabiam exatamente como vendê-la, uma roqueira perdida num mar de MPB. 

O autointitulado disco de estreia veio apenas em 1990 — ao todo, foram cinco álbuns de estúdio. Junta-se a eles alguns registros ao vivo e o "Acústico MTV" (2001), que a colocou definitivamente como uma das maiores intérpretes da música brasileira — ela registrou apenas três canções de sua autoria.

"Acústico MTV", o disco


Dirigido por Nando Reis e Luiz Brasil, o registro foi feito durante dois shows nos dias 7 e 8 de março de 2001 e lançado nesse mesmo ano, trazendo um grupo de instrumentistas muito forte e ainda participações especiais de Nação Zumbi, do rapper Xis e do próprio Nando.

No repertório músicas como 'Malandragem', composição de Cazuza e Frejat, '1º de Julho', de Renato Russo, 'Relicário' (com a participação especial do amigo Nando Reis), entre outras, além de um cover de 'Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band', dos Beatles.

O lançamento desse trabalho elevou a carreira da cantora, aumentando consideravelmente seu número de shows e se tornando o melhor momento de sua trajetória musical.

No mesmo ano de 2001, ela se apresentaria no Video Music Brasil, da MTV, ao lado de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nando Reis com 'Top Top' d'Os Mutantes, presente no seu "Acústico MTV".

Eterna "garotinha"


Homossexual assumida, a mesma autenticidade que imprimia às canções que interpretava, Cássia levava para a conturbada vida pessoal e para os palcos. Na intimidade, a eterna parceira Maria Eugênia e o filho Chicão lidavam com os excessos e excentricidades artísticas da roqueira mais MPB que já existiu.

Provocadora e polêmica, nos palcos, levou para o Rock In Rio III (2001) uma apresentação antológica em que mostrou os seios ao som de 'Come Together', dos Beatles (em dueto com a banda Nação Zumbi), e arrancou elogios de Dave Grohl (ex-baterista do Nirvana, Queens of the Stone Age, Them Crooked Vultures, líder, vocalista, guitarrista e fundador do fenômeno Foo Fighters) ao interpretar uma versão do clássico 'Smells Like Teen Spirit', do Nirvana – o ex-baterista da banda liderada por Kurt Cobain (✰1967/✞︎1994) se apresentou na mesma noite com o Foo Fighters e ficou boquiaberto com a interpretação de Cássia.

A morte


O ano de 2001, o mesmo que começou com o showzaço no Rock in Rio, terminou triste, com a morte de Cássia no auge da carreira. Os excessos logo foram considerados os culpados, mas os laudos médicos descartaram uma overdose – o que não foi muito veiculado pela mídia na ocasião.

Foi justamente por esse tratamento midiático que Eugênia, a companheira e Chicão, o filho sempre tiveram receio de liberar filmes ou documentários sobre Cássia. Isso só mudou quando o jovem assistiu a "Loki", em que Paulo Henrique Fontenelle documenta a vida do Mutante Arnaldo Batista, e liberou que o diretor realizasse "Cássia", belíssimo documentário lançado no ano passado (de onde, aliás, retirei as informações contidas no texto deste artigo).

Como o lugar de Cássia sempre foi os palcos, o espetáculo "Cássia Eller – O Musical" a levou de volta para eles. A montagem protagonizada pela atriz e cantora Tacy de Campos — que divide com a cantora a timidez e o vozeirão — rodou o Brasil e fez lembrar o legado da maior roqueira do Brasil.

Parceiro fiel


No último domingo (25), no programa "Fantástico" (Rede Globo), Nando Reis, autor de alguns dos maiores sucessos de Cássia e seu amigo íntimo, contou como era a relação entre os dois.
"A única música que fiz de fato pra ela foi 'Com Você Meu Mundo Ficaria Completo (Com Você)'. 'All-Star' era sobre a nossa amizade",
lembrou.
"Eu tinha um caderninho com todas as músicas novas e ela ficava folheando",
disse o ruivo ex-Titã.
"Foi nesse caderninho que Cássia descobriu 'O Segundo Sol'. Ela falou 'vou gravar essa música'. Falei 'não, por favor, preciso dessa música para o meu segundo disco solo'. Ela falou: 'vou roubar de você'. E roubou! Foi o melhor assalto que eu já sofri",
lembrou Nando. A música de fato é linda e a interpretação de Cássia, incomparável.

A morte prematura levou Cássia a um lugar especial de músicos brasileiros que dialogaram com toda uma geração. Estavam lá Elis (Regina), Renato (Russo), Cazuza... e até mesmo o Chorão que chegou depois.
"Uma amiga que não conheci... Que não vi, mas que me acompanha na vida. Rainha soberana do termo 'cantar bem'",
escreveu a cantora Maria Gadú na data de aniversário de Cássia.

Ao fim de tudo, foi Maria Eugênia, lógico, quem melhor resumiu a falta que Cássia faz na música.
"Onde está a pegada? A atitude? Os peitos de fora?! O mundo ficou mais careta depois que Cássia morreu".

Conclusão


Cássia Rejane Eller percorreu pela música brasileira deixando nas entranhas sua voz rouca na história. Há 15 anos, o País perdia a irreverência da carioca. Um infarto do miocárdio cessou a vida de Cássia aos 39 anos, em 29 de dezembro de 2001.

Nunca fui fã dela, mas em tempos onde a música brasileira anda tão descartável, com criaturas como Anitta sendo consideradas cantoras, ganhando prêmios e sendo chamadas de famosas, fazer menção honrosa à memória de uma cantora do quilate de Cássia Eller e todo o seu legado para a MPB é uma questão de justiça.

Discografia:




Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.

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E nem 1% religioso.

PERSONALIDADE RELIGIOSA - MARTIN LUTHER KING

Martin Luther King, Jr.
As palavras de Martin Luther King, Jr. (1929-1968) foram ouvidas pela América e pelo mundo. Seu famoso discurso, "Eu Tenho um Sonho..." ("I Have a Dream") simboliza a visão de um mundo mais justo pelo qual King lutou de forma pacífica. Martin Luther King, Jr. é considerado o maior líder negro na história dos Estados Unidos. Ele foi um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial em seu país.
 

Sua vida


Martin Luther King, Jr., filho primogênito de Martin Luther King e Alberta Williams, nasceu em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos. Seu pai e avô materno foram pastores batistas.

King frequentou escolas públicas onde havia segregação racial. Foi um aluno brilhante: ele se formou do colegial aos 15 anos de idade e concluiu a faculdade aos 19. Em 1951, formou-se em um Seminário Teológico. Quatro anos depois, obteve seu doutorado em Teologia pela Universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de Música com quem ele se casou em 1953. O casal teve quatro filhos.

Em 1954, King aceitou um emprego como pastor na Igreja Batista da Dexter Avenue em Montgomery, no estado do Alabama. Essa igreja era uma poderosa instituição negra de vertente pentecostal e possuía um público politicamente consciente que já se manifestava contra a discriminação.

Contexto Histórico


A situação dos negros no sul dos Estados Unidos era deplorável. Sofriam constante discriminação racial e eram proibidos de entrar em certos restaurantes e lugares públicos. Na região sul dos Estados Unidos, filhos de pais negros não podiam frequentar as mesmas escolas e faculdades que crianças e jovens brancos. Um homem negro corria o risco de ser assassinado caso olhasse ou conversasse com uma mulher branca. Mesmo um homem negro que havia cursado uma faculdade não tinha o direito de votar.

As leis de segregação racial obrigavam os passageiros negros a ocupar apenas os assentos no fundo dos ônibus e a conceder seus lugares a passageiros brancos, no caso do ônibus estar lotado. Eles eram frequentemente humilhados e agredidos por racistas brancos.

No dia 1 de dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, no estado do Alabama, Rosa Parks, uma líder da Associação Nacional de Avanço do Povo Negro (NAACP), recebeu ordem de um motorista de ônibus para ceder seu assento a um passageiro branco. Por se recusar a seguir a ordem do motorista, Rosa Parks foi detida e levada à prisão. Esse incidente levou a população negra a organizar um boicote: durante um ano, os negros de Montgomery se recusaram a utilizar os ônibus da cidade.

Rosa Parks
Martin Luther King Jr. foi eleito presidente da Associação para o Avanço de Montgomery (MIA) para coordenar o boicote à lei de segregação no transporte público. Foi assim que se iniciou a luta de King pelos direitos civis nos Estados Unidos. King baseou sua luta nos ideais de resistência pacífica, chegando até a visitar a Índia em 1959, para estudar as formas de protesto pacífico de Gandhi (Mais sobre ele aqui ➦http://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2016/09/personalidade-religiosa-mahatma-gandhi.html). King continuou a liderar protestos sem empregar violência. Apesar de sempre lutar pacificamente contra a discriminação racial, King foi preso, sua família foi ameaçada de morte e sua casa foi destruída.

Em fevereiro de 1956, dois meses após o incidente Rosa Parks, um advogado da MIA entrou com um processo no tribunal federal contra a lei de segregação dos ônibus da cidade de Montgomery. O tribunal decretou que a lei era inconstitucional; o governo de Montgomery apelou contra a decisão, mas sem sucesso. A primeira batalha pelos direitos civis havia sido vencida.

Contexto religioso e político


Em 1957, King ajudou a fundar a Conferência da Liderança Cristã no Sul (SCLC), uma organização de igrejas e sacerdotes negros. King tornou-se o líder da organização, que tinha como objetivo acabar com as leis de segregação por meio de manifestações e boicotes pacíficos. Muitos brancos que viviam na região norte do país apoiavam, inclusive financeiramente, o trabalho de King.

Em 1960, King deixou a igreja de Montgomery e se mudou para Atlanta, onde trabalhou como pastor juntamente com seu pai.

No início da década de 1960, King liderou uma série de protestos em diversas cidades norte-americanas. Ele organizou manifestações para protestar contra a segregação racial em hotéis, restaurantes e outros lugares públicos. Durante uma manifestação, King foi preso, tendo sido acusado de causar desordem pública. Na prisão, King escreveu uma famosa carta na qual afirmava que as pessoas tinham a responsabilidade moral de desobedecer e lutar contra leis injustas. Após ser libertado, King continuou a liderar manifestações que tinham como objetivo pôr um fim às leis de segregação racial nos Estados Unidos.

Em 1963, King e outros líderes negros organizaram a "Marcha para Washington", que foi um protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas que se manifestaram em prol dos direitos civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. Nesta marcha, King fez seu mais famoso discurso "Eu Tenho Um Sonho...". O discurso expressou seu sonho – e o sonho de todos os negros e de outras minorias nos Estados Unidos – de viver numa sociedade igualitária e justa.

Luther King no seu mais famoso e clássico discurso "Eu Tenho Um Sonho..."
"I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal.'… 
I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. (...)" 
["Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: 'Nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais.'... 
Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter. (...)" 
Martin Luther King, Jr.

A marcha serviu como um último passo em direção à promulgação da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proibiu a segregação racial em locais públicos, empresas e escolas. Em 1964, Martin Luther King, Jr. recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

Os protestos organizados por King continuaram. Em 1965, ele liderou uma nova marcha. Uma das consequências dessa marcha foi a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que abolia o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar.Nessa época, King também passou a trabalhar para melhorar a situação econômica da população negra dos Estados Unidos

Seu falecimento, sua eternidade...


Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King, Jr. foi assassinado em Memphis, Tennessee, por um franco atirador chamado James Earl Ray. Earl era um fugitivo branco que admitiu a autoria do crime. O assassino de King foi condenado a 99 anos de prisão.

Martin Luther King Jr. foi morto, mas suas palavras, seu trabalho e sacrifício moldaram os Estados Unidos e influenciaram o mundo. King evitou que os Estados Unidos continuasse a ser um país onde as pessoas não viviam em igualdade. Tendo sido um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial nos Estados Unidos, Martin Luther King Jr. é um modelo de fé, liderança e coragem.

Conclusão


Um dos maiores nomes da história da batalha por direitos civis e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1964, Martin Luther King Jr. foi assassinado há 45 anos em Memphis, EUA. 

Filho de um pastor batista, nascido em Atlanta, no estado sulista - e racista - da Geórgia, ele seguiu os passos do pai como pastor, mas se destacou como grande lutador por causas sociais. "O trabalho dele inspirou movimentos pela paz, igualdade de gênero, imigração e direitos gays, sempre adotando a política da não-violência", afirma Taylor Branch, historiador e autor de The King Years (ainda sem versão em português), que aborda momentos críticos da jornada do militante. 

O grande legado de King foi a busca pelo sonho de maior igualdade e harmonia, misturando elementos constitucionais e espirituais em sua oratória. "Sua eloquência engajada, que sobreviveu à perseguição, faz de King uma fonte duradoura deinspiração para todo o mundo", ressalta Branch.

O maioral das minorias 


Causas e efeitos da militância de Luther King. 
  • Inspiradores
A filosofia de não-violência foi baseada no pacifista indiano Mahatma Ghandi e no texto On Civil Disobedience, de Henry David Thoreau. Abolicionistas como Theodore Parker e Abraham Lincoln, além de Rosa Parks - negra que se recusou a levantar de um assento de ônibus reservado para brancos -, motivaram a cruzada de King. 
  • Inspirados por ele 
As passeatas e os discursos de King moveram o presidente Lyndon Johnson a assinar, em 1964, a Lei dos Direitos Civis, que pôs fim à segregação racial nos EUA. A filosofia de não-violência também chegou ao movimento Solidariedade, pela democratização da Polônia, e ao trabalho de Nelson Mandela, na África do Sul. 
  • Igualdade social 
Em discursos como "Where Do We Go From Here" ("Para Onde Vamos Daqui"), King questionava o modelo econômico dos EUA, que mantinha milhões de pessoas na pobreza. Em 1968, criou a Campanha dos Pobres, para brigar por salários justos, seguro-desemprego e educação para todas as etnias e classes. 
  • Direitos Civis 
Ajudou a criar a Conferência de Liderança Cristã do Sul, que organizou o ativismo de diversas comunidades. Também realizou marchas pacíficas, fez vários discursos públicos e realizou protestos não violentos, como o boicote aos ônibus de Montgomery, em Alabama, inspirado pela desobediência de Rosa Sparks. 
  • Os discursos de King
Assista aos pronunciamentos públicos mais importantes do ativista:
- "Eu Tenho um Sonho" (Washignton D.C., 1963) 
- Nobel da Paz (Oslo, 1964) 
- "Sermão do Topo da Montanha" (Memphis, 1968, na véspera de seu assassinato). 

[Fonte: Arquivos do The New York Times; livros "Eu Tenho um Sonho", de Martin Luther King Jr., e "As Palavras de Martin Luther King". Consultoria: Taylor Branch, autor de The King Years: Historic Moments in the Civil Rights Movement]