As palavras de Martin Luther King, Jr. (✰1929-✟1968) foram ouvidas pela América e pelo mundo. Seu famoso discurso, "Eu Tenho um Sonho..." ("I Have a Dream") simboliza a visão de um mundo mais justo pelo qual King lutou de forma pacífica. Martin Luther King, Jr. é considerado o maior líder negro na história dos Estados Unidos. Ele foi um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial em seu país.
Sua vida
Martin Luther King, Jr., filho primogênito de Martin Luther King e Alberta Williams, nasceu em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos. Seu pai e avô materno foram pastores batistas.
King frequentou escolas públicas onde havia segregação racial. Foi um aluno brilhante: ele se formou do colegial aos 15 anos de idade e concluiu a faculdade aos 19. Em 1951, formou-se em um Seminário Teológico. Quatro anos depois, obteve seu doutorado em Teologia pela Universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de Música com quem ele se casou em 1953. O casal teve quatro filhos.
Em 1954, King aceitou um emprego como pastor na Igreja Batista da Dexter Avenue em Montgomery, no estado do Alabama. Essa igreja era uma poderosa instituição negra de vertente pentecostal e possuía um público politicamente consciente que já se manifestava contra a discriminação.
Contexto Histórico
A situação dos negros no sul dos Estados Unidos era deplorável. Sofriam constante discriminação racial e eram proibidos de entrar em certos restaurantes e lugares públicos. Na região sul dos Estados Unidos, filhos de pais negros não podiam frequentar as mesmas escolas e faculdades que crianças e jovens brancos. Um homem negro corria o risco de ser assassinado caso olhasse ou conversasse com uma mulher branca. Mesmo um homem negro que havia cursado uma faculdade não tinha o direito de votar.
As leis de segregação racial obrigavam os passageiros negros a ocupar apenas os assentos no fundo dos ônibus e a conceder seus lugares a passageiros brancos, no caso do ônibus estar lotado. Eles eram frequentemente humilhados e agredidos por racistas brancos.
No dia 1 de dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, no estado do Alabama, Rosa Parks, uma líder da Associação Nacional de Avanço do Povo Negro (NAACP), recebeu ordem de um motorista de ônibus para ceder seu assento a um passageiro branco. Por se recusar a seguir a ordem do motorista, Rosa Parks foi detida e levada à prisão. Esse incidente levou a população negra a organizar um boicote: durante um ano, os negros de Montgomery se recusaram a utilizar os ônibus da cidade.
Rosa Parks |
Martin Luther King Jr. foi eleito presidente da Associação para o Avanço de Montgomery (MIA) para coordenar o boicote à lei de segregação no transporte público. Foi assim que se iniciou a luta de King pelos direitos civis nos Estados Unidos. King baseou sua luta nos ideais de resistência pacífica, chegando até a visitar a Índia em 1959, para estudar as formas de protesto pacífico de Gandhi (Mais sobre ele aqui ➦http://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2016/09/personalidade-religiosa-mahatma-gandhi.html). King continuou a liderar protestos sem empregar violência. Apesar de sempre lutar pacificamente contra a discriminação racial, King foi preso, sua família foi ameaçada de morte e sua casa foi destruída.
Em fevereiro de 1956, dois meses após o incidente Rosa Parks, um advogado da MIA entrou com um processo no tribunal federal contra a lei de segregação dos ônibus da cidade de Montgomery. O tribunal decretou que a lei era inconstitucional; o governo de Montgomery apelou contra a decisão, mas sem sucesso. A primeira batalha pelos direitos civis havia sido vencida.
Contexto religioso e político
Em 1957, King ajudou a fundar a Conferência da Liderança Cristã no Sul (SCLC), uma organização de igrejas e sacerdotes negros. King tornou-se o líder da organização, que tinha como objetivo acabar com as leis de segregação por meio de manifestações e boicotes pacíficos. Muitos brancos que viviam na região norte do país apoiavam, inclusive financeiramente, o trabalho de King.
Em 1960, King deixou a igreja de Montgomery e se mudou para Atlanta, onde trabalhou como pastor juntamente com seu pai.
No início da década de 1960, King liderou uma série de protestos em diversas cidades norte-americanas. Ele organizou manifestações para protestar contra a segregação racial em hotéis, restaurantes e outros lugares públicos. Durante uma manifestação, King foi preso, tendo sido acusado de causar desordem pública. Na prisão, King escreveu uma famosa carta na qual afirmava que as pessoas tinham a responsabilidade moral de desobedecer e lutar contra leis injustas. Após ser libertado, King continuou a liderar manifestações que tinham como objetivo pôr um fim às leis de segregação racial nos Estados Unidos.
Em 1963, King e outros líderes negros organizaram a "Marcha para Washington", que foi um protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas que se manifestaram em prol dos direitos civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. Nesta marcha, King fez seu mais famoso discurso "Eu Tenho Um Sonho...". O discurso expressou seu sonho – e o sonho de todos os negros e de outras minorias nos Estados Unidos – de viver numa sociedade igualitária e justa.
Luther King no seu mais famoso e clássico discurso "Eu Tenho Um Sonho..." |
"I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal.'…
I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. (...)"
["Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: 'Nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais.'...
Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter. (...)"
Martin Luther King, Jr.
A marcha serviu como um último passo em direção à promulgação da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proibiu a segregação racial em locais públicos, empresas e escolas. Em 1964, Martin Luther King, Jr. recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Os protestos organizados por King continuaram. Em 1965, ele liderou uma nova marcha. Uma das consequências dessa marcha foi a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que abolia o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar.Nessa época, King também passou a trabalhar para melhorar a situação econômica da população negra dos Estados Unidos
Seu falecimento, sua eternidade...
Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King, Jr. foi assassinado em Memphis, Tennessee, por um franco atirador chamado James Earl Ray. Earl era um fugitivo branco que admitiu a autoria do crime. O assassino de King foi condenado a 99 anos de prisão.
Martin Luther King Jr. foi morto, mas suas palavras, seu trabalho e sacrifício moldaram os Estados Unidos e influenciaram o mundo. King evitou que os Estados Unidos continuasse a ser um país onde as pessoas não viviam em igualdade. Tendo sido um dos principais responsáveis pelo fim da segregação racial nos Estados Unidos, Martin Luther King Jr. é um modelo de fé, liderança e coragem.
Conclusão
Um dos maiores nomes da história da batalha por direitos civis e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1964, Martin Luther King Jr. foi assassinado há 45 anos em Memphis, EUA.
Filho de um pastor batista, nascido em Atlanta, no estado sulista - e racista - da Geórgia, ele seguiu os passos do pai como pastor, mas se destacou como grande lutador por causas sociais. "O trabalho dele inspirou movimentos pela paz, igualdade de gênero, imigração e direitos gays, sempre adotando a política da não-violência", afirma Taylor Branch, historiador e autor de The King Years (ainda sem versão em português), que aborda momentos críticos da jornada do militante.
O grande legado de King foi a busca pelo sonho de maior igualdade e harmonia, misturando elementos constitucionais e espirituais em sua oratória. "Sua eloquência engajada, que sobreviveu à perseguição, faz de King uma fonte duradoura deinspiração para todo o mundo", ressalta Branch.
O maioral das minorias
Causas e efeitos da militância de Luther King.
- Inspiradores
A filosofia de não-violência foi baseada no pacifista indiano Mahatma Ghandi e no texto On Civil Disobedience, de Henry David Thoreau. Abolicionistas como Theodore Parker e Abraham Lincoln, além de Rosa Parks - negra que se recusou a levantar de um assento de ônibus reservado para brancos -, motivaram a cruzada de King.
- Inspirados por ele
As passeatas e os discursos de King moveram o presidente Lyndon Johnson a assinar, em 1964, a Lei dos Direitos Civis, que pôs fim à segregação racial nos EUA. A filosofia de não-violência também chegou ao movimento Solidariedade, pela democratização da Polônia, e ao trabalho de Nelson Mandela, na África do Sul.
- Igualdade social
Em discursos como "Where Do We Go From Here" ("Para Onde Vamos Daqui"), King questionava o modelo econômico dos EUA, que mantinha milhões de pessoas na pobreza. Em 1968, criou a Campanha dos Pobres, para brigar por salários justos, seguro-desemprego e educação para todas as etnias e classes.
- Direitos Civis
Ajudou a criar a Conferência de Liderança Cristã do Sul, que organizou o ativismo de diversas comunidades. Também realizou marchas pacíficas, fez vários discursos públicos e realizou protestos não violentos, como o boicote aos ônibus de Montgomery, em Alabama, inspirado pela desobediência de Rosa Sparks.
- Os discursos de King
Assista aos pronunciamentos públicos mais importantes do ativista:
- "Eu Tenho um Sonho" (Washignton D.C., 1963)
- Discurso contra a Guerra do Vietnã (Nova York, 1967)
- Nobel da Paz (Oslo, 1964)
- "Sermão do Topo da Montanha" (Memphis, 1968, na véspera de seu assassinato).
[Fonte: Arquivos do The New York Times; livros "Eu Tenho um Sonho", de Martin Luther King Jr., e "As Palavras de Martin Luther King". Consultoria: Taylor Branch, autor de The King Years: Historic Moments in the Civil Rights Movement]
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