sábado, 7 de maio de 2016

O DIREITO DE NASCER

No Brasil, como em muitos outros países, a palavra "aborto" provoca fortes reações e gera discussão acalorada. Legisladores e juízes convocam testemunhas "peritas" (médicos, psicólogos, teólogos, etc.) para influenciar a política pública. Casos extremos, tais como a gravidez de jovens vítimas de estupro, são usados para injetar um alto nível de simpatia emocional nas discussões.


Não existe em todo o mundo, assunto mais controvertido do que a prática do aborto. Ao considerarmos essa questão, é preciso questionar o que leva uma jovem a se arrepender de sua gravidez ao ponto de provocar o aborto.

O aborto, que é a interrupção espontânea ou provocada da gravidez, antes do tempo normal, na maioria das vezes, torna-se traumático para a mulher e a família, que nem sempre estão preparados para enfrentar "essa barra". Porque, independente de quaisquer posições científicas, filosóficas, morais, religiosas, econômicas, etc., envolve riscos físicos e psicológicos inegáveis.


Mas esta não é uma mera questão emocional ou legal. Não podemos confiar nas autoridades do governo para decidir o que é certo e o que é errado em questões que envolvem a vontade de Deus. Governos humanos estão longe de serem perfeitos, e frequentemente permitem coisas que Deus proíbe. Eis um caso específico em que precisamos seguir o exemplo de Pedro e dos outros apóstolos: "Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29).

Como deve ver o aborto uma pessoa que respeita a Deus e quer obedecê-lO? Será o aborto uma opção aceitável para resolver os problemas de gravidez indesejada? Será que os princípios bíblicos defendem o direito de uma mulher escolher o aborto?

O aborto na sociedade


Todas as vezes que passa pela cabeça de uma gestante a prática do aborto é porque alguma coisa de anormal ocorreu em sua vida: gravidez indesejada, estupro, dificuldades financeiras para cuidar do futuro filho e tantos outros problemas. Aqui se faz uma ressalva aos abortos espontâneos que acontecem por causas patológicas como sífilis, diabetes, intoxicações e outros tipos de moléstias que a mulher pode sofrer durante a gestação. Os abortos provocados são aqueles que ocorrem com pancadas, massagens, duchas, chás e medicamentos abortivos, etc.

Hoje, os meios de comunicação mostram a liberação sexual como algo moderno. O objetivo é atingir a camada mais jovem da população, porque ela representa os consumidores em potencial. Em contrapartida, os jovens mais volúveis acabam seguindo caminhos não recomendados, aumentando as estatísticas da promiscuidade sexual.

Exatamente por estes atos de falso liberalismo da vida moderna que muitas jovens se engravidam e se desesperam. Geralmente a primeira coisa que vem à mente é a prática do aborto. O problema começa a se agravar quando o pai da criança não assume a paternidade.

No Brasil, o aborto é considerado crime, a não ser aqueles códigos previstos no código penal, quando é aplicado para fins terapêuticos e em casos de estupro. O aborto pode ser praticado por médico quando é o único recurso para evitar a morte da gestante.

Relatórios de pesquisa feita pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos e pelo Instituto Alan Guttmacher, publicados no The Standard, 1992, sugerem que tanto quanto 91% das mulheres sofrem problemas psicológicos sérios depois de fazerem abortos. Outro estudo de 70 mulheres em Milwaukee, Wisconsin, EUA mostrou que 82% sofreram problemas psicológicos por causa de abortos (Liebman & Zimmer, The Psychological Aspects of Abortion).


Deus faz uma distinção



Desde a Criação, Deus fez uma distinção entre as diferentes formas de vida. Ele criou as plantas e os animais, e depois criou o homem (É até interessante como algumas pessoas querem equiparar e até colocar essas formas de vida no mesmo patamar, principalmente os animais...). Este era claramente distinto das outras formas de vida pelo menos de duas maneiras: 
  1. O homem foi feito à imagem de Deus (Gênesis 1:26-27), e; 
  2. O homem foi colocado acima de todas as outras formas de vida que Deus tinha criado na terra (Gênesis 1:28-30).
Isso incluiu o direito do homem matar e comer plantas e animais (Gênesis 1:29-30; 9:2-3). Observe que o homem mata com permissão. Podemos matar uma bananeira, um frango ou uma vaca porque Deus nos deu permissão para matá-los (quer queiram os vegetarianos ou não).

Deus não nos deu permissão para matar seres humanos. Enquanto ele usa governos humanos para punir os malfeitores, especialmente os assassinos (Romanos 13:1-7; Gênesis 9:6), ele nunca deu para nós o direito de matar seres humanos inocentes.

Para defender biblicamente o ato de uma mulher e seu médico de tirar a vida de uma criança ainda não nascida, a pessoa teria que provar que ela é uma planta ou um animal, e não uma vida humana. Todas as espécies criadas se reproduzem segundo sua espécie (Gênesis 1:11-12,21,25,28). Sementes de maçã produzem macieiras. Cães produzem cães. Humanos produzem humanos. É impossível colocar um humano não nascido em alguma das categorias de vida que Deus nos permitiu matar. É nos permitido matar porcos inocentes, porém não humanos inocentes.

O imbróglio sobre o início da vida


Debates sobre o aborto frequentemente agitam esta questão, e as águas estão turvas pelos argumentos filosóficos e médicos. Alguns sugerem que a vida começa quando o feto é "viável" ou capaz de sobreviver fora do útero. Mas uma tal definição é artificial e está constantemente se alterando. Mesmo depois do nascimento, um recém-nascido é totalmente dependente da proteção e do cuidado de outros. 

Outras pessoas sugerem que a vida começa com a primeira respiração. É verdade que a vida de Adão começou deste modo (Gênesis 2:7) e que os corpos ressuscitados foram considerados vivos quando o espírito respirou sobre eles e eles se levantaram (Ezequiel 37:8-10; Apocalipse 11:11). Mas esses fatos não provam que uma criança ainda não nascida (Adão nunca foi um feto) não esteja viva, ou que Deus não reconhece o seu valor. Não podemos usar o caso excepcional da criação de Adão para justificar a matança de seus inocentes descendentes!

Aqueles que buscam indicações bíblicas para o começo da vida deverão considerar também o princípio em Gênesis 9:4 de que a vida está no sangue. Ao tempo em que a maioria das mulheres conseguem confirmar que estão grávidas, o sangue já está circulando no corpo do filho ainda não nascido. Deus não autoriza a mãe nem a ninguém a derramar o sangue dessa criança inocente.

É interessante observar o modo como são descritas na Bíblia as crianças em gestação. Dois fatos notáveis se tornam evidentes: 
  1. A linguagem usada para descrever a criança não nascida é a mesma usada para descrever a criança humana já nascida (veja Gênesis 25:21-22; Jó 3:3; Lucas 1:36,41,44,57; 2:7,12; Atos 7:29; etc.). Tentativas modernas de desumanizar as crianças em gestação referindo-se a elas como meras massas de tecidos ou fetos impessoais não são baseadas em princípios bíblicos. 
  2. Deus reconheceu a importância das crianças desde antes de nascer. Ele frequentemente falou sobre pessoas que foram escolhidas, mesmo antes do nascimento, para papéis especiais no serviços dele (Salmo 139:13-16; Isaías 49:1, 5; Jeremias 1:5; Gálatas 1:15).
  3. Êxodo 21:22-23 é algumas vezes citado como "prova" bíblica de que o nascituro não é vida. A palavra algumas vezes traduzida aqui como "aborte" significa literalmente "sair" e poderá incluir um aborto acidental (fracasso) ou nascimento prematuro. Mesmo que pudesse ser provado que o versículo se refere a aborto acidental, isto provaria apenas uma diferença em valor "econômico" de pessoas diferentes. O Velho Testamento reconheceu uma diferença em valor monetário de vários seres humanos (por exemplo, pessoas livres valiam mais do que os servos), mas isto não nega seu valor intrínseco como seres humanos (veja Êxodo 21:28-32).
Não há apoio bíblico para a ideia de que a vida de uma criança no útero possa ser destruída como se fosse nada mais do que um animal ou planta.

O aborto e o feminismo


A vasta maioria dos abortos é feita por motivos inegavelmente egoístas. O grito de guerra dos que são favoráveis ao aborto reflete claramente uma devoção idólatra ao suposto direito da mulher de "livre escolha". É o corpo dela, eles insistem, assim ela teria direito de decidir abortar ou não. Este não é o lema de preocupação amorosa e desprendida pelos outros (a criança não tem escolha!). 

É a divisa das pessoas egoístas que colocam sua liberdade sexual, progresso na carreira, segurança financeira ou sua própria saúde acima do bem-estar da criança que está no útero. Uma vez que ela concebeu, seus interesses egoístas devem dar lugar ao amor materno. Ela deve buscar o que é melhor para seu filho, e não para si. A mulher que mata seu filho demonstra egoísmo e uma falta de afeição natural, sinais claros de inimizade com Deus (2 Timóteo 3:2-5). A mulher que ama a Deus também amará seus filhos (Tito 2:4).

Durante décadas, os defensores do aborto têm usado casos emocionais para abrir as comportas e permitir o aborto ilimitado. O caso jurídico mais famoso até hoje foi baseado no testemunho de uma mulher que mais tarde admitiu que tinha mentido sob juramento, dizendo que tinha concebido como resultado de estupro. Conhecido como Caso jurídico Roe X Wade, no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1973, esse caso efetivamente legalizou abortos nos E.U.A. De 1973 a 1998, houve mais de 35 milhões de abortos "legais" nos E.U.A. O fato foi que ela havia cometido fornicação e então queria matar o filho que tinha concebido.

Mas, ocasionalmente, há um caso real de uma vítima de estupro ou incesto que procura abortar. A pesquisa tem documentado que todos esses casos extremos (estupro, incesto, risco à vida da mãe, defeitos natos sérios) respondem por uma pequena porcentagem (provavelmente menos de 2%) de todos os abortos. Estupro e incesto são errados e os criminosos deverão ser punidos. Mas antes de nos atirarmos a uma conclusão emocional que justifique a matança de crianças antes do nascimento, considere como tais justificações são ilógicas e contra a ética. 

Suponhamos que alguém que você nem conhece invada sua casa e roube seu aparelho de televisão. Você teria, então, o direito de invadir a propriedade de seu vizinho e roubar o carro dele? Claro que não! A pessoa que roubou seu televisor cometeu crime contra você. Isto não lhe dá o direito de prejudicar seu vizinho inocente. Estupradores cometem um crime terrível contra mulheres e meninas inocentes. Isto, contudo, não justifica a matança de crianças inocentes.

O aborto e suas vítimas


Crianças mortas não são as únicas vítimas de aborto. Aqueles que tomam e executam a decisão de tirar vida inocente (mães, amigos e membros da família, namorados, médicos, etc.) sofrem muito tempo depois que o ato é praticado. Primeiro, têm que enfrentar o sofrimento espiritual de saber, apesar de todas as racionalizações e justificações, que o que fizeram era errado. 

Somente o arrependimento genuíno e submissão a Deus pode curar o dano espiritual feito em um aborto. Segundo, o aborto quase sempre causa problemas emocionais duradouros na vida daqueles que se envolveram, especialmente a mãe que nunca esquece da criança que ela resolveu matar. A pesquisa tem mostrado que os abortos freqüentemente causam problemas psicológicos severos, tanto imediatos como duradouros.

Conclusão

O perdão é possível?


O trauma após o aborto é frequentemente tão severo que a mulher ou seus cúmplices sentem-se imperdoáveis. É óbvio que não podemos desfazer os erros do passado. Mas o remorso que sentimos pelos pecados passados não precisa destruir o futuro. 

O Apóstolo Paulo, em sua Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 3, versículo 16 e 17, escreveu: "Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus que sois vós é sagrado." Assim, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento encontramos referências que desaprovam a prática do aborto e de outras atividades que interferem na verdadeira felicidade do ser humano.

Não podemos ignorar o que fizemos ou simplesmente esquecê-lo. Precisamos voltar-nos para Deus e resolver o problema com seu auxílio: "Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte" (2 Coríntios 7:10). Deus quer perdoar. Precisamos querer voltar humildemente para ele para receber perdão de acordo com os termos que ele determinou. Nosso alívio pode ser encontrado no mesmo lugar em que Paulo encontrou perdão depois de levar inocentes cristãos à morte: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor" (Romanos 7:24-25).

Nota: No link que segue abaixo há imagens de como ficam os fetos após a prática de um aborto. As imagens são fortíssimas e chocantes, portanto, abrir ou não o link será uma decisão sua.

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