sábado, 28 de maio de 2016

ESTUPRO: VAMOS ENCARAR ESSE PROBLEMA DE FRENTE, IGREJA?!

Muitas vezes temos o hábito de simplificar, minimizar as coisas resumindo tudo no âmbito espiritual. Dessa forma, frases como "Só Deus na causa!", tendem a nos levar a um posicionamento omisso quanto às mazelas que nos cercam. Convenhamos, é muito fácil dizer que tudo é "culpa do diabo", ou que tudo é um problema criado por Deus e/ou que só Ele pode resolver.

Tudo bem que a falta de uma fé genuína e do temor a Deus potencializa ainda mais a maldade humana, mas há situações cujas consequências independem de fatores ligados à esta ou aquela prática religiosa. O estupro é uma delas. Há estupradores que se valem da desculpa de "estarem possuídos por espíritos malignos" quando praticaram seus atos ou que foram influenciados por tais espíritos para cometê-los, tendo o desplante de dizer que "não se lembravam" o que fizeram.

De um lado...


Será que a Igreja está pronta para lidar com fatos horripilantes como o do estupro. Não, não está porque para isso terá de estar disposta a rever sua organização. Terá de ser honesta e assumir que durante muito tempo se acovardou ao se omitir frente à real posição da mulher na sociedade, devido a resistência de alguns setores contra a liderança feminina. Terá de ser confessado o pecado do machismo, da usurpação de identidade e da ignorância da participação da mulher como um agente ativo nos propósitos de Deus.

A Igreja não está pronta porque terá que pedir perdão à muitas mulheres que foram humilhadas ao serem sujeitas aos caprichos machistas com o uso fora do contexto do princípio da submissão. Uma submissão mal ensinada e interpretada ao bel prazer por pastores e líderes que apresentavam um deus carrasco, iracundo e machista, moldado na mente de homens arrogantes e opressores, que não têm absolutamente nada a ver com o Deus da Bíblia.

A Igreja não está pronta, porque o que chama de tradicional , na verdade não concebe à mulher uma jornada que é dela como companheira de uma jornada que também é dela, com sua história particular, sua existência como parte da Criação, partilhada na vida a dois. Tantas e tantas ministrações absurdas e irresponsáveis sobre abandonar o lar, edificar o lar, numa perspectiva de submissão cega ao homem sempre coerente e sacerdote a Deus, ainda que tal homem não atenda a tal sacerdócio.

... A outro


Ateístas militantes do século 21 gostam de acusar Deus de apoiar as imoralidades mais hediondas. Eles insistem que o Deus da Bíblia, especialmente do Antigo Testamento, era um vilão assassino culpado das piores coisas que seus seres humanos fizeram. Richard Dawkins [Clinton Richard Dawkins FRS é um etólogo, biólogo evolutivo e escritor britânico. É fellow emérito do New College, da Universidade de Oxford e também foi Professor para a Compreensão Pública da Ciência, na mesma instituição, entre 1995 e 2008.], um dos ícones do ateísmo contemporâneo, acusou Deus de ser um "misógino, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, caprichosamente malévolo valentão".

Uma tentativa que tem sido feita para reforçar essas acusações infundadas é sugerir que no Antigo Testamento Deus tolera o estupro. Dan Barker [Barker é um proeminente ativista ateu estadunidense que foi pastor, compositor e músico protestante durante 19 anos, até deixar o cristianismo, em 1984.] - outro ícone ateísta - comentou em um de seus discursos: "Se Deus te disser para estuprar alguém, você faria isso? Alguns cristãos, ignorantes das injunções bíblicas ao estupro, podem responder: 'Deus nunca me pediria para fazer isso'". Se o candidato a pura verdade pedisse para ver as tais "injunções bíblicas de estupro", ficaria impressionado com o fato de que nenhuma dessas liminares existe.

A passagem que é mais frequentemente usada para "provar" que Deus coaduna com o estupro é Números 31,25-40. Nesta passagem, as jovens que foram levadas cativas depois de Moisés ter destruído os midianitas foram divididas entre os israelitas e os sacerdotes. Os sacerdotes receberam a responsabilidade por 32 das mulheres. Os céticos muitas vezes sugerem que essas mulheres foram fornecidas para que os sacerdotes pudessem abusar delas sexualmente e estuprá-las. Mas nada poderia estar mais longe da verdade. O cético erra muito a este respeito, quer devido à sua ignorância sobre as instruções de Deus ou desonestidade deliberada.

Em Deuteronômio 21:10-14, Moisés declarou especificamente que era para ser feito com mulheres cativas:
 "Caso saias à batalha contra os teus inimigos e o Senhor, teu Deus, os tenha entregado na tua mão e tu os tenhas levado cativos, e tenhas visto entre os cativos uma mulher de figura bela, e te tenhas afeiçoado a ela e a tenhas tomado por tua esposa, então tens de trazê-la para o meio da tua casa. Ela tem de rapar então sua cabeça e cuidar das suas unhas, e tem de remover de si o manto do seu cativeiro e morar na tua casa, e tem de chorar seu pai e sua mãe por todo um mês lunar; e depois deves ter relações com ela, e tens de tomar posse dela como tua noiva, e ela tem de tornar-se tua esposa. E tem de suceder que, se não te agradares dela, então tens de mandá-la embora, conforme agradar à própria alma dela; porém, de modo algum a deves vender por dinheiro. Não a deves tratar com tirania depois de a teres humilhado (grifos meus)."

Bendito seja o contexto...


É importante entender que Deus nunca tolerou qualquer tipo de atividade sexual fora do casamento legal. A única maneira que um israelita seria moralmente justificado em ter relações sexuais com um prisioneiro do sexo feminino era que ele tivesse feito dela sua esposa, concedendo os direitos e privilégios devidos a uma esposa. Observe que o homem israelita não poderia "tomá-la" (um eufemismo para relações sexuais) até que ela tivesse observado um período de luto e de limpeza, e ele só poderia "tomá-la", com a intenção de ser seu marido.

Quando as alegações dos céticos a respeito de Deus assentir o estupro são demolidas pelas instruções muito claras em Deuteronômio 21, o ataque é geralmente deslocado, e Deus é acusado de ser injusto por permitir os prisioneiros de guerra ou a escravidão de qualquer espécie, independentemente de haver ou não do estupro ter sido permitido. Embora estas alegações sobre a escravidão sejam tratadas de forma decisiva em estudos teológicos é importante não perder de vista o fato de que a alteração do argumento para a escravidão é um despistamento usado pelo ateísta para chamar a atenção para longe da acusação original de que Deus tolerou o estupro.

Para o cético implicar que Deus tolerava o estupro, usando números 31, sem mencionar as instruções de Moisés, em Deuteronômio 21, é inconcebível. É simplesmente outro exemplo da propaganda desonesta destinada a desacreditar Deus e da Bíblia. A ironia da posição dos céticos é que, se o ateísmo é verdadeiro, o cético não tem fundamento sobre o qual afirmar que o estupro é moralmente errado. 

Na realidade, as formas e as ações de Deus sempre foram justas e equitativas. Mas o pensamento errante e contraditório da visão de mundo cética continua a mostrar-se injusta em suas críticas de Deus, e imoral em sua aplicação prática.

Conclusão


O estupro é um crime hediondo. Nenhuma mulher - seja de que idade, raça, credo, nível social for, use ela a maquiagem, cabelo ou o tipo de roupa que usar - merece ser estuprada. O estupro é a invasão de algo que a mulher tem de mais precioso: sua intimidade e nada, absolutamente nada o justifica. Ele provoca sequelas que vão além da violência física e atingem as profundezas da alma. 

Aos estupradores cabe serem usados todos os esforços legais para os tirarem de circulação, pois já foi comprovado por especialistas que eles sempre voltam à prática do crime. São criminosos seriais, contumazes, criaturas vis que devem ser retiradas para sempre do meio da sociedade. Não cabe aqui espiritualizações, jogar a culpa pra cima de Deus e nem mesmo do diabo. 

Sou contra a pena de morte, mas mil vezes favorável a prisão perpétua e à castração química dos estupradores. Que nós enquanto Igreja não desçamos no nível de nossa fé e que cada um de nós enquanto cidadãos cumpramos com nossos deveres independente de posicionamentos religiosos e que todos os nossos legisladores oficiais criem leis realmente punitivas que dissipem de uma vez por todas essa pesada e sufocante nuvem de impunidade que paira sobre nós.

A César o que é de César, a Deus o que é de Deus!

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