quinta-feira, 26 de maio de 2016

DISCOS QUE EU OUVI - 9: U2 - "THE UNFORGETTABLE FIRE"

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Escolher um disco do clássico quarteto irlandês U2 não é tarefa fácil. É mais fácil escolher os discos ruins, pois são poucos na extensa discografia dele. Então eu escolhi um que me fez entender realmente quem era e o que queria a banda. Trata-se do quarto trabalho de estúdio do U2, "The Unforgettable Fire". Depois do sucesso da turnê do disco anterior, "War", os irlandeses manteriam o nível no álbum seguinte e seriam aclamados como uma das grandes bandas dos anos 1980.

História do disco 


Depois do impactante sucesso comercial de "War", o U2 conseguiu o sucesso que tanto almejava desde o final dos anos 1970 ao virar uma banda de arena – os shows estavam absurdamente concorridos ao final daquela turnê. Pela primeira vez em sua carreira, Bono (voz), The Edge (guitarra), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen, Jr. (bateria) tinham dinheiro suficiente para viver de música e financiar seus próximos passos na carreira. 

Mesmo com tudo que aconteceu em 1983, eles não queriam fazer apenas um tipo de música. Segundo contam os historiadores da banda, Bono, no final daquele mesmo ano, juntou os membros do U2 em uma reunião e avisou que gostaria de fazer algo mais artístico, deixando um pouco o pop, rock ou qualquer coisa do gênero, de lado. A intenção era expandir o som para alcançar o maior número possível de pessoas. 

Para isso, o produtor Steve Lillywhite, que havia trabalhado nos três primeiros discos do grupo, foi dispensado e os quatro saíram atrás de nomes que pudessem chegar mais próximo do que eles desejavam. Muitos nomes foram citados, mas nenhum foi unanimidade. Fã do Talking Heads - outra banda histórica de punk e new wave, que era liderada pelo "quase brasileiro" David Byrne (que já fez trabalhos com Caetano Veloso e Daniela Mercury) - , The Edge teve a ideia de chamar Brian Eno para ser o produtor. 

Bem recebida pelos outros, eles foram atrás dele, porém viram um Eno relutante em aceitar o cargo, já que nunca tinha tido contato com o U2 – pessoalmente ou musicalmente – antes. 

Uma audição de 'Under a Blood Red Sky' não foi suficiente para convencê-lo, mas a conversa com Bono acabou transformando Eno em mais um seguidor dos irlandeses, e ele aceitou ser o produtor do que seria "The Unforgettable Fire". A intenção era deixar o U2 mais maduro e com uma musicalidade mais europeia. Apesar de a gravadora Island não gostar da ideia, todos aprovaram e viram isso como a chance de mostrar todo talento em uma tentativa de sair da zona de conforto.

Xô, pop! 


Se "War" foi o trabalho que colocou o U2 na rota dos grandes shows, "The Unforgettable Fire" foi o disco que fez da banda o que ela é hoje: grandiosa e cheia de mensagens em canções bem trabalhadas - 'Pride (In the Name of Love)' é o melhor exemplo. Lançado em 1º de outubro de 1984, o álbum, tem o nome inspirado em uma exposição de sobreviventes da bomba atômica no Japão. Os críticos se dividiram na hora de avaliar, mas, olhando mais de quatro décadas depois, o U2 pode até não ter feito um de seus melhores álbuns, porém ele foi essencial para moldar o som que faria sucesso nos anos seguintes. 

Vamos ao faixa a faixa 


O disco começa com (1) 'A Sort of Homecoming', mostrando logo de cara a mudança sonora do U2. Sem guitarras, a poética faixa é a primeira de muitas do tipo gravadas por eles. Focada mais na batida, ela tem muita força graças ao vocal gritado de Bono em alguns momentos.

Escrita para homenagear Martin Luther King Jr. [Para quem não sabe, Martin Luther King, Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 — Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo.], (2) 'Pride (In the Name of Love)' ainda é uma das canções favoritas dos fãs e aclamadas pela crítica especializada até hoje (Eu amo essa música!).

Também foi a primeira grandiosa balada dos irlandeses a fazer sucesso como single, chegando ao terceiro lugar nas paradas inglesas. "Pride..." tem todos os elementos que fizeram o U2 virar o que é: refrão fácil com uma melodia bem colocada e a segunda voz do The Edge funcionando muito bem.

(3) 'Wire', faixa rápida, alta e bem ritmada, quebra um pouco esse ritmo e lembra muito o trabalho de Brian Eno nas bandas em que participou. 

(4) 'The Unfogettable Fire', a canção-título, é uma homenagem às vítimas da bomba atômica que caiu no Japão, talvez, por isso, ela se destaque das outras por ter uma carga emocional e melódica mais forte. 

A delicada (5) 'Promenade' soa como um momento de improvisação e claramente foi feita para ser tocada ao vivo, mas não chama tanta atenção (confesso que cheguei a pular esta faixa por algumas vezes...). 

Outra canção desse trabalho que virou um clássico foi (6) 'Bad', que trada do vício em heroína que muitos jovens irlandeses enfrentavam nos anos 1980. Faixa com ar dramático, a seção rítmica, ideia de Eno, só potencializou a força da letra. 

Já em (7) 'Indian Summer Sky' a única coisa que compensa é a melodia, uma bela junção de velocidade e delicadeza no refrão (outra faixa que eu pulava muito...). 

Assim como 'Promenade', (8) 'Elvis Presley and America' é mais um momento em que o grupo teve liberdade e incentivo de Eno para improvisar em cima de uma melodia feita no estúdio entre um intervalo e o retorno aos trabalhos (a faixa mais ruim do disco na minha opinião...). 

Muito desse álbum pode ser creditado ao já experiente produtor, que potencializou todo talento do U2 em algumas faixas. Fechando a audição, (9) 'MLK' é a homenagem mais direta de Bono a Luther King Jr. Ainda segundo contam os historiadores, o vocalista estava lendo um livro sobre o ativista, daí a inspiração para duas canções com ele como tema. 

Conclusão 


Tudo bem, vá lá que "The Unforgettable Fire" não seja o melhor álbum do U2, mas serviu como ponto de virada na carreira da banda, que não via futuro em fazer o mesmo tipo de música pelo resto da vida. Acabou sendo um acerto, pois eles viraram a maior banda dos anos 1980 e do início dos anos 1990 (Por favor, se possível, esqueçam o desastrado "Pop", de 1997, o nono e de longe o pior disco da banda em todos os tempos). Mas acabou sendo um "grande carma" na carreira desses quatro irlandeses, que ainda não fizeram nada grandioso desde então.

A Deus toda glória.
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      E nem 1% religioso.

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