segunda-feira, 23 de maio de 2016

AS LOUCURAS DO PR. LUCINHO BARRETO: É MESMO VÁLIDO TUDO PARA EVANGELIZAR?


Antes de qualquer coisa quero fazer algumas considerações:
  • 1) Não é meu propósito "falar mal" do tal Pr. Lucinho Barreto, pois não o conheço pessoalmente.
  • 2) Não estou julgando a pessoa do tal Pr. Lucinho Barreto, mas sim criticando suas atitudes que, como uma pessoa pública que ele é, estão passíveis sim de ter todas as suas atitudes criticadas.
  • 3) Alertar jovens para que não caiam nas loucuras que esse sujeito propõe, pois em momento algum a Bíblia ensina desvios de conduta seja para que objetivo for.
Antes de continuar lendo o texto, veja este vídeo abaixo, intitulado #EuPiroNoBusão.


Agora, se quiser, continue lendo o artigo (e já te adianto que o meu texto é bem longo, mas te desafio a lê-lo até o final). 

Presumindo que você tenha assistido a tal "loucura de maio", vamos ao cerne da questão: Esse dito cujo propõe que uma dupla de jovens use o artifício da mentira para obter "conversões" dentro do transporte coletivo. Isso mesmo. Dois jovens entram, enquanto um distribui panfletos evangélicos, outro finge que se opõe ao evangelismo, ambos entram numa discussão teológica/apologética e por fim, o que já é crente, fingindo não ser, dirá que se convenceu e "aceitará" a Jesus após um apelo. O que é isso? Um evangelismo mentiroso!

Algumas pessoas - advogando em prol do Lucinho (e ele tem um número elevadíssimo de "advogados" admiradores que o seguem em suas redes sociais - argumentam que isso é um teatro. Mas daí me vem algumas questões:
  • 1) O pragmático Lucinho em nenhum momento diz que aquilo é uma peça teatral e nem orienta que os jovens digam isso ao público ouvinte. 
  • 2) As pessoas quando assistem a uma peça teatral estão ali conscientes de que estão vendo atores em cena. O método que o Lucinho propõe faz com que as pessoas acreditem que os dois jovens não se conhecem e discutem de verdade. 
  • 3) A finalidade também é que o povo acredite que a conversão ocorreu. Logo, definitivamente não é teatro. Está mais para "pegadinha do Malandro", só falta o "glu, glu, ié-ié" para ficar "mais louco ainda".
A tal "loucura de maio" consiste na quebra do 9º mandamento. O Catecismo Maior de Westminster esclarece. Na pergunta 145 lemos: "Quais são os pecados proibidos no nono mandamento?". Eis uma parte da resposta: "falar inverdades, mentir". Mentira é algo repugnante para Deus (Provérbios 12:22), por isso que os mentirosos são expulsos da Sua presença (Salmos 101:7 e Apocalipse 22:15).

Quem mente é filho do diabo - e a Bíblia não dimensiona a mentira, mas a generaliza -, pois é ele o pai da mentira (João 8:44). O apóstolo Paulo ensina aos colossenses que a partir do momento em que nos despimos do velho homem e passamos a ser nova criação, moldados a imagem do próprio Deus, devemos abandonar a mentira (Colossenses 3:9,10). Repito: o cristão deve abandonar a mentira (Efésios 4:25). Logo, o que faz uma pessoa em sã consciência faltar com a verdade e simular uma conversão? Há alguém que pode elucidar a questão.

Vale tudo para evangelizar?


Mark Dever, pastor e diretor do Ministério 9Marcas, escreveu sobre o que caracteriza uma igreja saudável, que por tabela vai diagnosticar também igrejas doentes. Uma das marcas para que a igreja goze de boa saúde é a compreensão exata do que vem a ser evangelização. E por exata, ele quer dizer bíblica.

Observem um trecho de sua fala no livro "O que é uma Igreja Saudável?": "(...) se em nossas igrejas deixamos de lado o que a Bíblia diz a respeito da obra de Deus na conversão, a evangelização se torna uma obra nossa em que fazemos o que for possível para obter uma confissão verbal".

Dever continua:

"De acordo com as Escrituras, os cristãos são chamados a cuidar, exortar e persuadir os não-cristãos (2 Coríntios 5:11). Mas devemos fazer isso por meio da plena 'manifestação da verdade', que significa rejeitar 'as coisas que, por vergonhosas se ocultam' (2 Co 4:2)".

Quando a igreja entende que deve fazer o trabalho do Senhor do jeito do Senhor, e atentar para a Sua divina soberania em converter os pecadores de maneira sobrenatural através da simples exposição do evangelho, então ela irá parar de confiar em metodologias baratas e não ficará nessa fissura por apresentar números elevados. 

Isso que o Lucinho propôs retrata a enfermidade da igreja brasileira, que não tem uma compreensão bíblica da evangelização por falta de ensinamento. E como vem o ensinamento? No caso da igreja não há nada melhor que a pregação expositiva das Escrituras. Ela é alimento robusto, pois traz em seu bojo a centralidade do evangelho e busca esclarecer o conteúdo bíblico para os fiéis trazendo aplicações que servem para o dia-a-dia.

Não é coincidência que esse método espúrio de evangelizar venha de um "pastor" que já se fantasiou de Superman e de Chapolim. Pastor de uma igreja que em seu púlpito já rolou de tudo: de stand-up comedy e  até dicas de maquiagem. Igreja que já transformou seu púlpito em um palco com direito a holofotes e gelo seco. Igreja que ao invés de se ater ao Ensino da Palavra, enfatiza a adoração por meio de música e realiza "atos proféticos" sem nenhuma fundamentação bíblica.

Está tudo entrelaçado meus irmãos. Se falta boa doutrina, a evangelização é comprometida, pois, quem evangeliza desconhece o conteúdo do evangelho. Por isso vemos tantas abordagens evangelísticas que falam sobre obter paz, amor e felicidade em Jesus, mas que não falam o mais importante: Jesus veio para livrar do jugo do pecado e da condenação ao inferno todo aquele que nEle crê. O perdão dos pecados é o centro da boa-nova. O resto até pode vir agregado, mas não é promessa para este mundo.

Estou ciente de que vão me acusar de ter inveja do Lucinho e criticá-lo por má fé, na tentativa de me promover em suas costas. Também haverá os que irão dizer que eu não estou fazendo nada e fico atrás de um monitor falando mal de quem está fazendo. Nem precisa ser profeta para saber que em alguns comentários alguém falará (fora de contexto): "não julgueis!".

Mas não ligo. Podem pensar, falar e escrever o que quiserem de mim. Eu teimo em escrever, e teimo na esperança de que jovens que estavam prestes a cometer tal loucura, parem para refletir, dando atenção aos versículos aqui mencionados, e não utilizem este método infame para evangelizar. 

Se querem compartilhar do evangelho para obter conversões genuínas, gastem tempo estudando a fundo a Bíblia, gastem tempo expondo o que aprenderam através de uma sequência de estudos com algum não-crente e gastem tempo orando para que o Senhor converta o coração daquele que você tem investido em discipular. E no tempo certo, tempo de Deus, os frutos que demonstram conversão irão aparecer.

Oro para que Deus desperte a nossa juventude para o ensino da Palavra. Sonho com uma igreja onde jovens sejam amantes profundos da Palavra e não seguidores de "oba-obas". Vislumbro uma igreja sadia que não se valha de números, mas que se destaque pela qualidade de seus membros. Oro para que você tenha ânimo para ler esse artigo até o fim e verá que minha crítica aos métodos evangelísticos proposto pelo tal Lucinho não é vazia.

"Me fiz de louco para ganhar os loucos", onde está isto na Bíblia?


Resposta: EM LUGAR NENHUM!!! Um pouquinho de Hermenêutica não fará mal a nenhum pastor. As loucuras propostas por Lucinho tem argumento pretensamente "bíblico" na Bíblia está escrito: "fiz-me de tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns", contudo se fizermos um análise do texto no qual o celebrado líder se basea para legitimar suas "loucuras santas", veremos que ele cometeu vários equívocos hermenêuticos. O texto é de 1 Coríntios 9.22, no qual Paulo diz que
"Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns."
Proponho-me a fazer uma breve consideração desse texto e do seu respectivo contexto a fim de mostrar o que realmente o apóstolo quis dizer com isso.

De acordo com o contexto da passagem, Paulo está se referindo ao seu desprendimento material a despeito de suas prerrogativas como apóstolo e ministro do evangelho. O apóstolo tinha todo o direito de ser sustentado pela igreja, se assim o quisesse (cf. 1 Co 9:14). Mas não foi isso que ele preferiu. A própria igreja de Corinto, a quem Paulo ora escreve, foi testemunha disso. Quando Paulo chega a Corinto, Lucas nos diz que ele juntou-se ao casal Priscila e Áquila, "pois a profissão deles era fazer tendas" (Atos 18:3). 

Considerando que Corinto era um importante centro comercial da época por ser uma cidade portuária, onde o fluxo de entrada e saída de mercadoria era muito grande, e onde havia também os Jogos Ístmicos, somente superados em importância pelos Jogos Olímpicos de Atenas, a profissão de fazer tendas, certamente, era um ótimo negócio. Na certa, muitos viajantes compravam tendas para não terem que, todas as vezes, pagar hospedaria. E muitos hospedeiros, certamente, compravam tendas para alojar os viajantes que não quisessem comprar uma tenda. Em qualquer caso, o comércio de tendas era promissor, e era dele que Paulo tirava o seu sustento.

Mas não foi apenas do seu direito de ser sustentado pela congregação que o apóstolo abriu mão. Ele abdicou, também, do direito de se casar, uma vez que a maioria dos apóstolos era casada (1 Co 9:5). A razão para isso talvez esteja nas próprias orientações do apóstolo à igreja corintiana (1 Co 7). Ele diz aos coríntios que
"Considero, por causa da angustiosa situação presente, ser bom para o homem permanecer assim como está. Estás casado? Não procure separar-te. Estás solteiro? Não procures casamento. Mas, se te casares, com isso não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca. Ainda assim, tais pessoas sofrerão angústias na carne, e eu quisera poupar-vos " (1 Co 7:26-28).
Em Éfeso, de onde Paulo escreveu aos coríntios, uma "angustiosa situação" já se instaurara. A igreja estava sendo perseguida. Um clima de terror tomava conta daqueles que professavam a fé em Cristo. O sofrimento lhes era uma certeza. Lucas nos informa do grande "prejuízo financeiro" que a pregação do evangelho causara em Éfeso (Atos 19:23-40). Além do mais, Paulo previa algo de mais caótico. O império romano estava prestes a se insurgir contra os cristãos nas pessoas de Tito e Nero, por exemplo. 

E o que Paulo fez foi justamente advertir os irmãos para esse fato que, tão logo, se tornaria realidade. Melhor seria para o homem padecer a perseguição sozinho do que ver toda a sua família sucumbir, caso escolhesse se casar. O argumento do apóstolo é que, estando o homem (ou, a mulher) sozinho, este estaria "livre de preocupações", podendo dedicar-se exclusivamente à obra do Senhor (7:32). Foi por esse motivo que o apóstolo preferiu o celibato ao casamento, considerando aquele como um "dom" (7:7). Paulo não queria que absolutamente nada o atrapalhasse na sua nobre missão de pregar o evangelho aos povos.

Como se não bastasse, Paulo ainda teve que sofrer adaptações culturais. Ele mesmo disse que "sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível" (1 Co 9:19). O que será que o apóstolo estava querendo transmitir com essa intrigante afirmação? 

Penso que aqui reside o cerne do problema hermenêutico. Muitas pessoas confundem adaptação cultural com conformação cultural, que é o que o apóstolo nos adverte a rejeitar em Romanos 12:2. Um exemplo disso é o pessoal de um grupo dito "emergente" chamado Sexxx Church, que, para alcançar homossexuais, prostitutas e afins, querem "imprimir Bíblias, que serão doadas, com uma capa imitando a folha de um caderno de brochura e com listras da bandeira GLS, com a figura de Cristo de óculos escuros e tatuagem". 

Será que Paulo consideraria legítimos mecanismos como esse para alcançar os ditos "marginalizados" sociais? Será que a solução para evangelizar os foliões no carnaval é fazer o mesmo que eles? Afinal de contas, não é isso que podemos inferir das declarações do próprio Paulo? Penso que não.

É necessário entendermos até que ponto Paulo se adaptou. 

Nos versos 20 e 21 do capítulo 9, o apóstolo nos apresenta qual foi a sua conduta diante de duas classes sociais e religiosas completamente distintas: a dos judeus e a dos gentios. Quanto aos judeus, Paulo nos diz que
"Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para com os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei (1 Co 9:20)."
Podemos perceber isso, por exemplo, na pregação do apóstolo dirigida aos judeus. Em Atos 13:16-41 Lucas nos relata uma pregação de Paulo a um público formado por judeus e gentios prosélitos (convertidos ao judaísmo). Nada do que Paulo fala soa estranho. Todos compreendem perfeitamente a mensagem, tanto que rogam ao apóstolo que este permaneça na cidade para pregar no sábado seguinte na sinagoga (13:42). Paulo cita personagens e fatos da história de Israel, e todos os conheciam. 

A diferença crucial é que Paulo traz a lume o real significado deles. Além disso, Paulo se submeteu a alguns aspectos da Lei Cerimonial dos judeus, como a questão dos alimentos, por exemplo. Se comer carne de porco escandalizaria um judeu, a quem Paulo pretendia evangelizar, então ele não comeria. E isso não trazia confusão mental alguma ao apóstolo. Ele mesmo tinha consciência de que não estava mais debaixo da lei (cerimonial), mas agia como tal para poder aproximar-se daqueles a quem visava pregar o Evangelho da Graça de Deus.

Quando se refere ao seu procedimento para com os gentios, o apóstolo afirma que
"Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei (1 Co 9:21)."
Mais uma vez a pregação de Paulo nos oferece um exemplo de como ele se adaptou culturalmente ao seu contexto. Em Atos 17 temos uma das pregações mais célebres da história da igreja. Paulo está em Atenas, berço da cultura ocidental. Os filósofos se encontram no Areópago a fim de exporem os seus pensamentos, e Paulo vai ao encontro deles. Paulo era um homem que sabia usar muito bem a sua bagagem cultural. Seu vasto conhecimento dava-lhe a oportunidade de dialogar com pessoas das mais diversas cosmovisões. Na sua abordagem ele não faz referências à história de Israel, pois os gregos não a conheciam. 

Em vez disso, aproveitando-se de uma inscrição existente num altar, que dizia "AO DEUS DESCONHECIDO", ele prega sobre "o Deus que fez o mundo e tudo que nele existe", combatendo a ideia grega de que o universo fora criado por obra do acaso. Notamos aqui que Paulo em momento algum negocia sua teologia a fim de parecer "politicamente correto". Muito embora ele tenha lançado mão de pensamentos dos próprios filósofos gregos para realçar seu argumento ("… como alguns de vossos poetas tem dito: Porque dele também somos geração" – 17:28), ele não usou seu amplo conhecimento cultural como um fim em si mesmo. 

Seu interesse era pregar a cruz de Cristo, não com "linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus" (1 Co 2:4,5). Paulo estava mais interessado em ser "teologicamente correto"! Como ele havia dito aos coríntios, ele não estava sem lei para com Deus (1 Co 9:21). O resultado disso foi que alguns creram, inclusive um homem chamado Dionísio, que era membro do conselho do Areópago (17:34).

Conclusão


Se você teve ânimo de ler até aqui (antes de sair me acusando de ter inveja do Lucinho), continue, já estou terminando. 

Agora, Paulo nos ensina de que forma ele se adaptou e com que objetivo. Ele nos diz que se fez "fraco para com os fracos" e "tudo para com todos" (1 Co 9:21). Como dissemos no início, esse texto é largamente usado por muitos como uma justificativa bíblica para as suas invenções evangelísticas. O pensamento que permeia os métodos dessas pessoas é o de que "os fins justificam os meios". Para estes foi isso o que Paulo estava querendo dizer. Será que eles estão certos? Mais uma vez, penso que não.

Devemos entender, antes de qualquer coisa, que os "fracos" a quem Paulo se refere são os judeus e gentios a quem ele evangelizara. Depois de falar sobre o tratamento que ele havia dispensado a esses dois grupos, ele os une numa só palavra: fracos. Essa palavra é bastante abundante nas cartas paulinas (aparece cerca de 35 vezes, dentre fraco e fraqueza). Geralmente, quando Paulo emprega essa palavra, ele a associa a condições doutrinárias, físicas, materiais, morais e espirituais, basicamente. Escrevendo aos romanos ele se refere àqueles que possuem debilidades doutrinárias (Rm 14:1).

A ordem do apóstolo é que esse irmão que é débil (lit. "fraco") na fé seja acolhido, para que possa alcançar o discernimento necessário. Escrevendo aos coríntios ele se refere a si mesmo com um homem possuidor de muitas fraquezas físicas e materiais. "Somos fracos e vocês, fortes", desabafou o apóstolo. "Temos fome e não temos o que vestir; fomos esbofeteados; não temos sequer onde morar, embora trabalhemos exaustivamente com as nossas próprias mãos. As pessoas nos consideram o lixo do mundo" (1 Co 4:10-13). 

Novamente aos romanos, Paulo fala da nossa fraqueza moral (6:19) e da nossa consequente necessidade de ser assistido espiritualmente pelo Espírito Santo (8:26). Paulo teve que se adequar a esses tipos de pessoas. Ele teve que abrir mão de muitos privilégios para ver a obra da evangelização avançar, mesmo que isso lhe custasse a própria vida, como ele mesmo diz aos presbíteros da igreja de Éfeso (At 20:24). Isso não significa, todavia, que Paulo conformava a mensagem do evangelho ao bel prazer humano, como já dissemos. 

Para o apóstolo os valores do Evangelho eram inegociáveis. Pode até ser que Paulo fosse flexível em algumas questões, mas ele não abria esse leque a qualquer um. Calvino observa que, quanto aos judeus, "ele assumiu a forma judaica na presença de judeus, porém não diante de todos eles; pois muitos deles eram obstinados, os quais, sob influência do farisaísmo orgulhoso e malicioso, gostariam muito de ver a liberdade cristã totalmente suprimida". 

Calvino continua observando que "a tais pessoas ele jamais se submeteria, pois Cristo não quer que nos preocupemos com pessoas desse gênero. Nosso Senhor disse: 'Deixai-os; são cegos, guias de cegos' [Mt 15:14]. Por isso devemos acomodar-nos aos fracos, porém não aos obstinados".

Paulo não ia ficar a inflar o ego dos incrédulos, como fazemos nos dias de hoje. Nosso maior erro é confundir os fracos com os obstinados. Perdemos tanto tempo com os obstinados que acabamos por perder de vista os fracos. A obstinação é incrédula, mesmo estando escondida debaixo do guarda-chuva religioso. É o que Paulo quer dizer a Timóteo falando das pessoas pretensamente religiosas e crentes, mas que negam a eficácia da fé que professam pelas suas condutas pecaminosas (2 Timóteo 3:5).

Acredito que uma boa hermenêutica nos previne de equívocos. Isolar o texto do seu respectivo contexto é dar margem para heresias. Dou graças a Deus pelo contexto! É por intermédio dele que eu posso identificar quais eram as intenções originais dos autores bíblicos aos seus destinatários. Sem essa percepção não pode haver uma correta interpretação da Bíblia. O grande problema dos defensores da "contextualização a qualquer custo" é exatamente a falta de uma hermenêutica sadia. Por esse motivo é que existem tantos desvios doutrinários em nossas igrejas.

Talvez, aqueles que pretendem que queiram ser adeptos das loucuras propostas pelo tal pastor Lucinho, são o tipo que não gostam de ler textos longos como os meus. Ou, pior, não gostem de ler a Bíblia e vão comodamente engolindo tudo o que lhes for apresentado como "inovador". Esse é o retrato de uma igreja que tem falhado em alcançar o pecador da forma correta. Que Deus tenha misericórdia do Lucinho. Que Deus tenha misericórdia de nós! 


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