segunda-feira, 13 de julho de 2015

FALAR EM PÚBLICO, MAIS UMA ARTE A SERVIÇO DO REINO

Há algum tempo o Senhor tem me dado o privilégio de pregar sua preciosa Palavra. É uma responsabilidade e tanto e não é para qualquer um. Além do chamado (a unção específica), sensibilidade espiritual e o conhecimento, é interessante e até certo ponto importante que conheçamos algumas técnicas de: Homilética [Grego 'Homiletikos', de 'homilos' - montar em conjunto. O termo Homilética é derivado do Grego 'homilos' o que significa, multidão assembleia do povo, derivando assim outro termo, 'homilia' ou pequeno discurso do verbo 'omileu' conversar.]

O termo grego "homilia" significa um discurso com a finalidade de convencer e agradar. Portanto, Homilética significa "A arte de pregar". A arte de falar em público nasceu na Grécia antiga com o nome de Retórica. O cristianismo passou a usar esta arte como meio da pregação, que no século 17 passou a ser chamada de Homilética. e; Oratória [a arte de falar bem em público, de forma eloquente, sendo uma forma específica de comunicação]

Meu intuito ao escrever este artigo é ajudar aos irmãos que ainda não tiveram essa experiência e que sentem inseguros à possibilidade de receber uma oportunidade.

Falando em público


Desde os primórdios dos tempos, que a "fala" tornou-se preocupação essencial do homem. Na idade antiga os discursos políticos e religiosos começaram a tomar corpo, fazendo com que os indivíduos se preocupassem cada vez mais com o aperfeiçoamento e a técnica de falar de Jesus. Jesus Cristo também foi um grande mestre na arte de discursar. Em seus ensinamentos no Monte das Oliveiras, com muito cuidado e grande sabedoria, a autoridade para dirigir a palavra de Deus aos judeus era evidenciada e admirada por todos. Desde de criança, a sua atuação como mestre e orador impressionava até os médicos da época. No capítulo de Lucas 2, versos 47 e 48a esta passagem é bem clara.

Ainda hoje, a técnica da fala - a oratória - se faz necessária. Um bom orador, antes de se pronunciar mediante a um público específico, deve atender a algumas regras básicas. Sabe-se que dependendo da maneira como ele se expressa, a platéia pode sentir-se compenetrada e atenta, como também, poderá fiar entendiada e até mesmo, sem interesse. Mas, em qualquer circunstância, o cuidado com a palavra é sempre bom. A palavra é uma das armas mais mortais, perigosas e eficientes que o homem possui. Se você fala e tem a oportunidade de falar, pese suas palavras e tome os cuidados necessários. Fale somente a boa palavra. Nunca diga uma palavra maldita, pois ela pode magoar e muito.

Enfrentar um grande público não é tarefa fácil, principalmente, para os mais tímidos. Apesar das técnicas já existentes, o tímido deve ser cauteloso e se resguardar de alguns cuidados. Existem cinco pontos primordiais para uma boa apresentação em público. São eles: o que vou falar, porque vou falar, para quem vou falar, aonde vou falar e quando vou falar. Observando estes itens, o discurso tem grandes chances de alcançar o sucesso desejado. Elvécio Guimarães garante que os cinco pontos ajudam o orador a organizar sua ideia, além de ter em mente o princípio, meio e fim daquilo que vai argumentar.

Ele explica que um dos principais motivos para uma timidez exagerada na hora de se pronunciar em público, é o mundo. O ser humano tem a mania de cobrar-se muito principalmente aquele que é perfeccionista ao extremo. Com isso vem o medo do vexame e outras mazelas do discurso. 

As falhas na comunicação de um orador com o seu público, também se apresentam de ouras maneiras. Uma delas é quando o discurso é mal pronunciado. Mesmo sendo bem organizado pelo emissor se os termos não forem colocados corretamente, ou melhor, se a voz estiver muito alta ou baixa demais, a palavra não for bem articulada, enfim, se houver dificuldades na fala, o processo de empatia com o público simplesmente desestabelece. A sintonia da platéia com o orador é fundamental. Cada apresentação precisa ser planejada com antecedência, seguindo as características do seu conteúdo e do tipo de público que irá ouvi-la.

Recomenda-se, para quebrar a resistência da plateia e a falta de empatia, a sutileza do orador. A plateia sempre anseia pelo bom desempenho do orador. Seja a oratória realizada em um templo religioso, em palestras empresariais, eventos políticos e outras circunstâncias. As pessoas querem ouvir informações que possam ser úteis e ajudar no desenvolvimento das atividades profissionais, vida pessoal ou espiritual. Caso o orador não desempenhe sua preleção adequadamente, corre o risco de frustrar as expectativas de seus ouvintes. Por isso, estar atento às esperanças do espectador é uma boa dica. Vale lembrar que pesquisar informações sobre as necessidades e aspirações das pessoas ajuda muito na hora do discurso.

Preparando o discurso - a importância do esboço


Antes de se preparar para uma apresentação em público, é imprescindível que reflitamos sobre as intenções da palestra que irá apresentar. O que você deseja: entreter o público? Transmitir uma informação vital? Estimular a plateia? Caso almeje passar adiante uma informação deve abordar o assunto de forma bem estruturada, lógica e coerente. Se o propósito for entreter, é possível incluir algumas piadas e histórias engraçadas. Para "inspirar" o público, mantenha um tom afirmativo e estruture a sua fala de um modo a permitir que as pessoas possam reagir. Estimule reações.

Principalmente, quando você for levar ao público uma informação nova. Neste caso, o ideal é aumentar o apetite da plateia em relação ao assunto e evitar explicá-lo logo de imediato. Mas, cuidado quando for trabalhar o público com anedotas. Uma piada pode acabar com a autoconfiança do orador. A anedota é uma técnica muito importante, mas deve ser trabalhada com muita coerência. Por isso, especialistas desaconselham contar piadas no início da apresentação. Segundo eles, a anedota pode não ter graça e não ter relação com o assunto, interferindo de forma negativa na palestra em questão.

Outros pontos cruciais para uma boa apresentação são: a observação do tom e o volume da voz, falar com segurança, fazer uma boa conclusão do assunto explanado, ter a plateia sob controle, enfrentar a hostilidade, casou houver; além de estruturar de forma organizada as suas ideias. Outro fator que deve ser observado pelo orador é o cuidado com a aparência e postura na hora da apresentação. E boa sorte.

Antes da ministração é bom lembrar o seguinte:


  • A menos que a plateia seja hostil por alguma razão, as pessoas querem ver uma apresentação bem sucedida. Ou seja, há sempre a expectativa por parte do público-alvo.
  • O público irá pressupor que você não esteja nervoso. Ele acredita que você tem o domínio do assunto sobre o qual se propôs e dispôs a falar.
  • A plateia quer ouvir a mensagem que você tem a passar. Agarre-se a esta ideia e use-a em seu favor para ampliar a segurança e controlar o nervosismo.
  • Siga todos esses conselhos, mas não superestime sua autoconfiança. Isso pode ser prejudicial e fazê-lo pedante.
  • Quanto mais apresentações você fizer, mais oportunidades haverá para o aperfeiçoamento.

No caso da Palavra...


“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Timóteo 4:2).

“Que pregues a palavra…”

Creio que essa era a principal preocupação do apóstolo Paulo ao escrever esta segunda carta a Timóteo. De fato, o jovem Timóteo jamais deveria ser levado por outras distrações que lhe desviasse o foco da mensagem cristocêntrica. Podemos dizer que o conselho dado a Timóteo não tem sido muito bem aproveitado por muitos pregadores do século 21. Em muitas igrejas o foco da mensagem cristocêntrica tem sido substituído por outras coisas totalmente alheias e desnecessárias.

Vivemos dias onde o papel da Igreja na sociedade, quando questionado, provoca ponderações em diversas direções. Entretanto, a Igreja está no mundo para fazer diferença nos lugares onde sua influência chega - ela deve cuidar dos interesses de Deus na terra: adorando-o, pregando o Evangelho, ensinando sua Palavra e atentando para os "órfãos e viúvas".

O cumprimento de todo este papel exige da Igreja inconformismo (no sentido de Romanos 12:2 "não vos conformeis a este mundo". Ela não pode acomodar-se, aquietar-se, nem omitir-se; sua guerra é contra o pecado, a injustiça e contra as "hostes espirituais da iniquidade" (Efésios 6:12) e, para tanto, necessita de santidade, oração e dependência do Espírito.

A sociedade continua tão sedenta de Deus quanto em qualquer outra época da história. Cada vez maior é o número de pessoas desesperadas. Fala-se em 400 mil suicídios por ano no mundo! As pessoas procuram sustentação espiritual, daí tantas religiões que surgem e conquistam adeptos, o que confirma quão grande é a carência do mundo.

Se o mundo continua o mesmo em matéria de sede de Deus, a Igreja, por sua vez, sobretudo os evangélicos, necessitam de reflexão sobre seu papel. A Igreja precisa, de um avivamento real. Avivamento é viver o Cristianismo com integridade.

O problema da Igreja em grande parte reside na pobreza de vida cristã que se vive: são multidões de crentes nominativos, meros frequentadores semanais de cultos que, quando muito, contribuem financeiramente com suas Igrejas.

Há descompromisso com a Palavra, com a ética e a moral cristãs. A Igreja é um corpo que encarna Cristo e como tal não poderia passar despercebida. Em suma, falta a consciência de discipulado cristão nos membros de nossas Igrejas.

A Igreja somente pode cumprir seu papel em meio à sociedade se prezar pela qualidade de vida cristã. Tenho certeza de que crentes verdadeiramente avivamos são capazes de revolucionar uma sociedade, uma nação, um país inteiro.

Para que a Igreja possa alcançar sua estatura ideal, nos termos de Efésios 4:12 e 13, o ministério da pregação é fundamental. Verdadeiramente a pregação é prioridade na Igreja Cristã, e o empobrecimento e desprestígio no púlpito faz com que as Igrejas se tornem vazias.

O grande número de crentes nominativos em nossas Igrejas é consequência dos púlpitos insossos, sem unção, vida, nem criatividade.

Para que a Igreja cumpra seu papel no mundo é imprescindível que os pregadores desempenhem seu ministério eficientemente e façam com que a pregação da Palavra volte a ser o momento mais importante do culto. Para que a pregação readquira seu grau de importância é imperativo que os pregadores tenham um preparo adequado, tanto espiritual como intelectualmente.

O pregador deve ser vocacionado por Deus - já aprendemos que há uma unção específica - para a mais importante tarefa do mundo e, consciente de sua excelente missão, dispor-se nas mãos de Deus buscando a direção do Espírito em todas as áreas de sua vida. Ele deve viver o que prega, ser exemplo de vida, de santidade, amor, oração, honestidade, chefe de família.

É mister que o pregador ou pregadora, seja uma pessoa dada aos estudos, primeiramente das Escrituras, mas não somente conhecimento bíblico é fundamental ao bom pregador. Ele precisa ter alguma formação teológica - ou, um conhecimento básico em teologia -, histórica e didática. Isto exigirá do pregador constante apego aos estudos e pesquisas, e preparação para a pregação do Evangelho.

Temos visto muitas “pregações” que nos deixam estupefatos e até mesmo preocupados. Devemos esclarecer que o nosso objetivo aqui não é ensinar a pregar a palavra, mas identificar e alertar sobre alguns desvios cometidos no meio do arraial dos santos. Mencionarei pelo menos 10 incoveniências que frequentemente ocorrem nos púlpitos de nossas igrejas, os quais devem ser evitados:

1. Abandonar o texto

Pregar a Palavra não consiste em ler um texto bíblico e imediatamente abandoná-lo para em seguida falar da própria experiência, dos sonhos, visões e conquistas espirituais e seculares. Por mais que tenha algo de interessante, nada deve substituir a exposição da Palavra. A exposição da Palavra por sua vez não deve ser confundida com a narração de várias histórias sem vínculo algum com a passagem em pauta. Iniciar, por exemplo, com a parábola do filho pródigo e completar com a cura do cego de Jericó e concluir com a mulher samaritana sem fazer a devida contextualização e aplicação prática. Isto feito pouco se aproveita. A falta de objetivo na pregação dificulta a compreensão por parte dos ouvintes. Esse tipo de pregação tem sido muito favorável às conversações paralelas na igreja. Fomos chamados para dizer o que Deus disse em sua Palavra.

2. Usar citações indevidas

Pregar não é citar intelectuais do mundo secular, dizendo o que eles pensam ou pensavam sobre Deus, sobre o pecado e sobre quaisquer assuntos espirituais. A igreja não está interessada em saber o que um sociólogo, psicólogo, ou filósofo tal disse sobre Deus, sobre o pecado, sobre a família, etc. O que importa para a igreja é o que Deus diz em Sua palavra.

Um homem por mais intelectual que seja, se não for um homem de Deus, a sua teologia não é correta, e portanto descartável. Sempre que o apóstolo Paulo precisava fundamentar seus argumentos ele se expressava assim: “Mas o que diz a Escritura?” (Gálatas 4:30)

3. Exagerar falando das novidades do mundo secular

Igualmente, pregar não é gastar boa parte do tempo tempo falando das tecnologias do século 21, de política ou mesmo comentar conteúdo de filmes, novelas ou noticiários veiculados na internet.

Não somos contra a informação e precisamos dela, mas a igreja não se reuniu para isto. O que acontece? Jesus foi bem claro em Lucas 6:45: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.” A igreja se reuniu com objetivos específicos voltados à adoração. Ela jamais deve ser confundida com os atenienses, os quais nos dias de Paulo se ocupavam apenas em ouvir ou dizer as últimas novidades.

4. Testemunhar negativamente

Pregar não é falar detalhadamente sobre a nossa vida de pecado antes de receber a Cristo como Salvador, isto só gera constrangimento. Sim, testemunhos devem ser dados, mas só são proveitosos quando se tem em mente 1 Pedro 4:11: “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.”

5. Ter visão distorcida, equivocada da glória de Deus

Igualmente pregar a Palavra não é avisar a igreja o tempo todo que vai descer a glória de Deus e nada acontece! A igreja cansa de esperar por esse momento “glorioso” o qual nunca chega. Qualquer crente instruído na Palavra de Deus sabe que a glória de Deus não se manifesta através desses expedientes. O máximo que esses “pregadores” conseguem é transmitir uma ideia errada acerca da glória de Deus, principalmente para os novos convertidos.

6. Querer atuar no lugar do Espírito

Pregar não é tratar asperamente a igreja porque ela não está dando “glória a Deus.” Qualquer pessoa sabe que quando o pregador está sob a unção do Espírito a igreja glorifica a Deus naturalmente sem pressão nenhuma. Comandos dessa natureza são indícios de que o pregador não orou, não se consagrou e negligenciou o estudo da Palavra. Ele deveria pelo menos lembrar que a igreja continua sendo a noiva de Cristo! Imagine como Cristo se sente vendo alguém brigando com a noiva dele!

7. Dar comandos exclusivistas

Pregar igualmente não é emitir comandos exclusivistas do tipo: “Só quem vai morar no céu levanta a mão ai” Se essa insinuação fosse verdadeira, alguém que sofresse de bursite não iria para o céu! Nem é necessário dizer que a nossa salvação depende destes modismos baratos para ser verdade. Graças a Deus, pela liberdade que temos em Cristo não somos obrigados a obedecer esses tipos de comando.

8. Manifestar inimizade

Pregar não é desabafar ou discordar direta ou indiretamente do pastor, dirigente da congregação, ou mesmo de qualquer membro da igreja. Esta “sabedoria” nunca servirá para a edificação da igreja. Em Tiago 3:14-16 temos uma alerta de Deus: “Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.” Púlpito nunca foi lugar para desabafo!

9. Usar lendas e mitos como ilustrações

Pregar não é se valer de mitos ou lendas para ilustrar a mensagem. Embora essas história contenham lições morais, jamais tem autoridade para ilustrar a verdade da palavra de Deus. Diga-se de passagem, Deus jamais precisou de uma ajuda extra do diabo (que é o pai da mentira) para ilustrar a Verdade de sua Palavra. Para isso Deus nos deixou todo o Antigo Testamento e as parábolas de Jesus, estas são perfeitas ilustrações para qualquer doutrina bíblica.

10. Gritar em vez de pregar

Pregar não é ordenar publicamente ao sonoplasta que aumente o volume do microfone apenas para exibir a “excelência” do timbre de voz do pregador. Na verdade gritaria nada tem nada a ver com unção. Para muitos pregadores a igreja é composta apenas de surdos e, diga-se de passagem, é também por esta causa que muitos não-crentes não põem mais os pés no prédio da igreja. Que se pregue a Palavra com veemência. A Bíblia diz que Apolo pregava com veemência, mas em Atos 18:24 a qualidade mais destacada de Apolo era esta que ele era eloquente e poderoso nas Escrituras.

Devemos apenas lembrar que a pregação deve ser cristocêntrica do começo ao fim, sem subterfúgios para citações descabidas e modismos absurdos. A exposição do evangelho de Cristo deve ser feita de forma simples e pura. Isto é o suficiente para que a igreja seja edificada e os pecadores entendam o plano de Deus para a salvação.

Conclusão


Não é fácil aprender a pregar uma mensagem, mas com a ajuda de Deus, a imprescindível unção e através da prática é possível. Agora que você já tem tudo pronto, lembra que tudo o que você conseguiu até agora, terá efeito na vida de seus ouvintes quando você permitir que Deus use sua vida como instrumento em suas mãos. O resultado será grandioso, porque o tempo que você tirou para se preparar foi sempre colocando sua mente e seu coração nas mãos e na vontade de Deus.

[Fontes: Adonainews; UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie; Conceito.de]

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