quarta-feira, 15 de julho de 2015

ADOLESCÊNCIA É UMA BENÇÃO

Já tive a oportunidade de trabalhar ministerialmente como líder de um grupo de adolescentes, quando era membro em uma igreja batista no Barreiro (bairro da região metropolitana de Belo Horizonte, MG). Era um grupo bem expressivo e diversificado, composto por quase uma centena de adolescentes das classes média e alta. Foi uma experiência fantástica e um enorme desafio visto que, pelas complexidades físicas, hormonais, psíquicas, emocionais e sexuais que permeiam essa que é uma fase de autoafirmação e transição da infância para a vida adulta - digo que é quando o indivíduo começa a galgar os degraus rumo à maturidade -, fase de definições e escolhas que irão determinar o futuro da pessoa, tratar de assuntos espirituais não é nada fácil. Contudo, com a indispensável graça de Deus e sob a orientação do Espírito Santo, componentes na fé que nos capacita, foi uma experiência vitoriosa e muito gratificante. Um desafio de enorme responsabilidade.

Muitos frutos desse trabalho cresceram e multiplicaram (mas, infelizmente, também contabilizamos perdas, quando alguns se afastaram da presença do Senhor e se encontram desviados do Caminho). Hoje grande parte - a maioria, graças a Deus - dos que compunham o grupo, são homens e mulheres que prosseguem firmes rumo ao prêmio de sua soberana vocação em Cristo Jesus. São pessoalmente bem sucedidos, constituíram famílias e alguns estão muitos envolvidos em seu exercício ministerial. E, ainda hoje, tanto eu quanto a pastora Lucinha - que veio a ser minha pastora e líder da Ministério Evangélico Gilgal -, que na época era minha parceira na realização dessa obra que nos foi confiada por Deus, ainda somos considerados por eles referenciais de testemunho e de fé. Glorificamos a Deus por sabermos que deixaremos esse legado nos anais da história da Igreja, cujos capítulos continuam a ser escritos até a segunda vinda de Cristo.

Devido a isso, postarei uma série de artigos cujos temas abordam as realidades que são comuns a eles, nossos amados adolescentes. Neste primeiro falarei sobre aspectos gerais que caracterizam essa fase que merece uma atenção específica por parte do Corpo de Cristo.

Solidão adolescente


Os problemas sociais e a instabilidade vivida na fase da adolescência podem levar os jovens a sentirem-se confusos, incompreendidos, rejeitados, além de deixá-los com um grande complexo de inferioridade em relação aos outros, abrindo espaço para a solidão.

Muitos adolescentes nestes anos turbulentos sentem-se depressivos e afastam-se, mesmo que inconscientemente, da família. Os grupinhos de amigos e a preferência por lugares isolados começam a fazer parte do dia-a-dia, como se fosse um escape. Quando o adolescente não conta com uma família estruturada, cujos pais demonstram preocupação com suas atividades, com o seu comportamento de um modo geral, ele se refugia, em muitos casos, nas drogas, no alcoolismo e na prostituição. Assim, tornam-se vulneráveis e acabam sendo presas fáceis de aproveitadores. A revolta e a rebeldia também faz parte da postura adotada pelo adolescente em crise.

"Síndrome de Peter Pan" - A dificuldade de crescer


O adolescente geralmente entra em conflito consigo e com todas as pessoas que estão em sua volta - os pais, irmãos, outros familiares, avós, amigos mais íntimos e pessoas da escola pois a fase de adolescência é um período muito fértil em termos de conhecimentos e de emoções, e nela o adolescente experimentará atitudes, medirá reações das pessoas, definirá o que ele quer ser em termos de profissão e escolherá suas amizades. Este processo acabará regendo sua vida quando ele se tornar um adulto. No entanto, nesta época é comum ele apresentar conflitos não resolvidos na infância e assumir muitas culpas. A atuação das pessoas que estão em sua volta, ajudando-o ou atrapalhando-o, é que determinarão o seu comportamento anos mais tarde. A solidão faz parte do grupo de características do adolescente. Seus sentimentos oscilam muito, em um momento estão ótimos, depois estão péssimos e eles mesmos não sabem o por que. 

Nessa fase há uma explosão de hormônios que explicam fisicamente o que emocionalmente é inexplicável. Outra característica é o sofrimento causado pelas dúvidas. Começa a achar que n ão é filho de seus pais, não se acha parecido com os irmãos, acredita que ninguém o ama. E, assim, vai-se fechando. Essa solidão é necessária para que ele tenha um tempo de reflexão, recomponha-se e enfrente sua própria turbulência e o mundo. O único perigo é deixar que o adolescente nesta fase de confusão opte por caminhos inoportunos como os vícios, o envolvimento com amizades erradas e até mesmo o suicídio. Casos assim acontecem até nas melhores famílias e as drogas, o álcool e a procura precoce pelo sexo, tornam-se companheiros inseparáveis de adolescentes que se sentem sozinhos e sofrem pela falta de orientação dos pais.

O papel da família


A presença da família nestes anos de busca pela identidade é fator essencial. Psicólogos enfatizam que o carinho dos familiares, a compreensão, uma orientação adequada e uma sólida base espiritual, em muitos casos, fazem com que a adolescência seja um período feliz na vida do indivíduo. É preciso que os pais se conscientizem disto e procurem ajudar o adolescente à enfrentar todas as dificuldades desta fase da melhor maneira possível.

Os pais precisam perceber que não basta somente suprir as necessidades físicas (como roupas e tênis de marca e brinquedinhos tecnológicos, alimentação, escola e moradia), mas também as emocionais, sociais e espirituais, bem como o desenvolvimento do caráter. Quando o adolescente apresenta os seguintes sintomas, os pais devem ficar alertas:

  • Frieza ou indiferença afetiva com o grupo familiar.
  • Presença de antecedentes infantis de agressividade impulsiva ou cleptomaníaca.
  • Ingestão sistemática de bebidas alcoólicas, cigarros ou qualquer outra droga.
  • Área de lazer centrada na autodestruição.
  • Atividade homossexual predominante ou quando heterossexual, limitada a perversões (nessa fase, o vício em pornografia é um perigo que pode levar, inclusive, à dependência que "atrai" outro vício sexual: a masturbação).
  • Inconsciência da inadequação de sua conduta.

Algumas dicas para a adolescência feliz


Cultivar um relacionamento íntimo com os pais. Isto dará a ele condições de desenvolver a capacidade de escolher e selecionar as atividades nas quais irá se envolver. Além do mais, o adolescente irá estabelecer uma relação de confiança com os pais. Isto impede os "segredos", muitos deles, quando descobertos, revelam problemas gravíssimos.

O importante não é a quantidade de tempo que os pais passem com o seu filho e sim a qualidade deste tempo. Os pais devem, então, aproveitar os momentos que têm com ele e cultivar a camaradagem e a cumplicidade, deixando bem definido que, embora sejam amigos, são principalmente autoridades.

É necessário que os pais ensinem aos seus filhos a pensarem por si em mesmos e a desenvolverem a habilidade de avaliar criticamente tudo o que ouve e vê. Isto o torna menos dependente da pressão da "galera" e dos valores promovidos pela sociedade - é a aplicação prática de Romanos 12:1, 2.

Também é importante que os pais desenvolvam com seu filho a liberdade de conversar sobre qualquer assunto, assim ele poderá tirar dúvidas sobre um determinado problema que esteja enfrentando.

Antes de tudo assuma, é imprescindível que os pais assumam que eles são o responsável pelo desenvolvimento e seu filho adolescente. "Jogar essa bola" para cima da escola, da igreja ou de qualquer outra pessoa é uma irresponsabilidade, omissão e negligência com um princípio divino, A orientação religiosa também serve como um antídoto contra os problemas da busca pela identidade. A Bíblia ensina aos pais para que cuidem de de seus filhos e os instrua nesse sentido (Provérbios 22:6).

Assim diz a Psicologia


Segundo conceito psicológicos, a adolescência é uma fase intermediária entre a infância e a idade adulta que vai dos 11/12 aos 20/21 anos. Porém o critério mais seguro para se estipular este período é o que atenta para a puberdade, com o surgimento de caracteres físicos ausentes na infância como pelos no púbis e nas axilas, músculos definidos, a primeira ejaculação (meninos), a primeira menstruação (meninas). Constrói-se nesta etapa, a condição de ser adulto e esta construção implica em um processo de perdas como, por exemplo: a perda do corpo e da imagem de criança, a perda dos brinquedos, do munda da fantasia e dos pais protetores da infância. O desenvolvimento do adolescente ocorre em três níveis: o biológico, o psicológico e o social, sendo que estes estão inter-relacionados. Os adolescentes passam por momentos de incertezas, de necessidade de afirmação de si mesmo e de desvinculação dos pais. Às vezes eles se negam a sair com os pais, e mostram até mesmo uma certa "vergonha" deles. Argumentam que já cresceram e que "não são mais crianças". Tanto os filhos perdem os pais da infância como pais perdem o filho criança. Este é um momento de se remanejar as relações familiares. 

O tema da sexualidade é muito presente para eles. A curiosidade e os contatos exploratórios acontecem com frequência. O próprio corpo está em transformação e os apelos para uma vida sexual estão em voga. A busca de aceitação e as fantasias de uma companhia começam a fazer parte dos pensamentos. Como irão se desempenhar como homens e mulheres? Esta é uma questão que perpassa. Tem uma necessidade de afirmar-se em papéis escolhidos e não impostos e por isto adotam atitudes reivindicatórias, de sonhos de liberdade e de uma mudança na sociedade e na própria família. A tarefa importante desta fase é concretizar a transformação de um ser dependente em outro independente, capaz de trilhar seus próprios caminhos, seguindo também os modelos apresentados a ele durante o seu processo de vida. 

[Com informações do GREP - Grupo de Estudos Psicalíticos]

Palavra do adolescente


A maioria das pessoas procura entender os adolescentes dentro de sua própria lógica, da sua própria visão. Raramente perguntam a ele o que ele acha, o que ele pensa e principalmente o que ele sente. Não procuram saber o porque deste ou daquele comportamento, como se tudo fosse efeito de uma mesma causa. Que quer ter suas responsabilidades, mas ainda não está totalmente preparada para assumir suas próprias culpa. Que quer ter seu próprio círculo de amigos, construir suas relações, produzir novos grupos para sofrer de "solidão em conjunto" (é assim que nascem as tais "tribos"). Ele quer ficar junto om a turma, mas totalmente calado sem falar nada, sem responder a nenhuma satisfação daquele silêncio. O adolescente quer tomar suas próprias decisões e cometer seus próprios erros, sabendo que terá sempre alguém para apoiá-lo. Quer ser independente, sabendo que sempre poderá contar com alguém para "segurar sua onda". Quer ser revolucionário, sabendo que terá sempre as bases sólidas e rígidas da família para ampará-lo. Quer ser livre, mas com a certeza de que os braços de seus pais estarão sempre abertos para recebê-lo. Não quer falar sobre seus problemas, sabendo que a hora que precisar desabafar terá sempre um ombro amigo, pronto para escutá-lo, protegê-lo. Quer viver a sua própria vida, tendo como espelho e exemplo, aqueles que o amam, ainda que não os queira muito "por perto".

Para aqueles que têm o amor, a atenção e o carinho dos pais, ser adolescente é:
  • Querer entender os outros e a si próprio, mesmo que alguém parece incompreensivo;
  • Ter fé em Deus, mesmo que se questione, ao seu modo, exigindo explicações;
  • Estar de bem com a vida, mesmo que esteja de cara amarrada;
  • Saber escolher o que fazer do seu espírito, alma e corpo;
  • Querer bem aos pais, mesmo colocando-os em xeque algumas vezes;
  • É conservar dentro de si a pureza, a doçura e aquela força maior que eleva e faz acreditar que a vida vale a pena e que o futuro reserva grande e maravilhosa alegria;
  • É ser feliz!
"Não despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no Espírito Santo, na fé, na pureza. "Jovens, eu vos escolhi porque sois fortes, a palavra de Deus permanece em vos, e tendes vencido o maligno." 1 Timóteo 4:5; 1 João 1:14

O que a Bíblia diz sobre a adolescência?

"Você deve se perguntar o que a Bíblia tem a dizer sobre a adolescência. A resposta é simples. 
Nada. 
Você não encontrará as palavras adolescente ou adolescência em nenhum lugar das Escrituras. E você não vai achar nenhuma referência de um período de tempo entre a infância e a fase adulta. Mas, você vai achar o apóstolo Paulo escrevendo em 1 Coríntios 13:11, 'Quando eu era um menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.' 
Perceba o que ele não diz. Ele não diz, 'Quando eu era um menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino. Mas quando me tornei um adolescente, parecia um homem, soava como homem, mas ainda agia como um menino.' Não! Ele disse, “Eu me tornei um homem, e desisti das coisas próprias de menino.' 
Em outra carta, Paulo escreveu a um jovem pastor em treinamento: 'Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza' (I Timóteo 4:12). 
O que nós vemos aqui é uma evidência clara de que Deus não tem duas normas: uma para jovens adultos e outra para adultos. Ele tem expectativas altas para ambos. Enquanto alguns olham com desprezo os jovens adultos, Deus nos chama para sermos padrão, exemplos. Onde nossa cultura tem expectativas baixas, Deus espera grandes coisas.
Então, sobre quais expectativas estamos baseando nossas vidas? A Bíblia diz, 'E não vos conformeis com esse século' (Romanos 12:2). Quando nós permitimos que expectativas culturais se tornem nossas bases, nós nos permitimos amoldar, deixando pouco espaço para um caráter cristão. 
(…) Nós vivemos em uma cultura que quer nos dizer como agir, como pensar, como parecer, e como falar. Ela nos diz o que usar, o que comprar, e onde comprar. Ela nos diz o que sonhar, o que considerar valioso, pelo que vale a pena viver – e não é Cristo. Citando uma propaganda antiga da Pepsi dos anos 90, 'Seja jovem. Divirta-se. Beba Pepsi.' A Nike nos diz, 'Apenas faça isso' (Just do it). A Sprite nos diz, 'Obedeça sua sede.' E quem nunca ouviu aquela piada que 92 por cento dos adolescentes estariam mortos se a Hollister (marca de roupas americana) dissesse que respirar não é 'maneiro'? 
Onde as expectativas são altas, nós tendemos a crescer para alcançá-las. Onde as expectativas são baixas, nós tendemos a cair para alcançá-las. E isso é exatamente o oposto do que somos chamados a fazer em I Coríntios 14:20: 'Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos.' Nossa cultura diz, 'Seja maduro na malícia, mas em seus pensamentos e atitudes, seja criança.' 
Claro, às vezes nós gostamos de poder fazer coisas que nós não devíamos fazer – ou fazer menos do que o nosso melhor. Nós usamos desculpas para nossas escolhas dizendo que isso é o que os adolescentes devem supostamente fazer ou pensar. Bem, eu não sou tão ruim quanto algumas pessoas que eu conheço. Nós vamos com a multidão. Nós fazemos o fácil: nós certamente não fazemos coisas difíceis. 
A consequência? Nós desperdiçamos alguns dos nossos melhores anos e nunca alcançamos totalmente o potencial que Deus nos deu. Nós nunca fazemos coisas que nos fariam crescer, fortalecer. Nós acabamos fracos e despreparados para o futuro frutífero que poderíamos ter. Nós gostamos da liberdade que as expectativas baixas nos dão, mas na verdade estamos sendo 'roubados'. 
Desperdiçar nossos anos de adolescência não é o que a maioria de nós realmente quer. E também não é o que Deus quer pra nós." 
[Extraído das páginas 44 e 46 do livro Radicailze (Do Hard Things), escrito por Alex e Brett Harris, publicado pela Multnomath Books, em 2008 e aqui é distribuído pela editora Mundo Cristão.]

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