FILMES QUE EU VI - #3 - LUTERO

Para os crentes, poucos personagens históricos - além da Bíblia, claro - são importantes quanto o alemão Martinho Lutero (1483-15460. Monge agostiniano que viveu no século 16, ele foi o fundador da Reforma Protestante, reação ao desmandos do catolicismo que deu origem, mais tarde, ao protestantismo, base e matriz de todas as igrejas evangélicas. A trajetória de Lutero é daquelas que renderiam um filme - aliás, já rendeu vários. Aqui minha indicação é pelo mais recentes dele. 

Lutero

Título original: Luther

Estreia: 26/09/2003

Lançamento em DVD:12/11/2004

Gênero:Biografia, Drama, História

Duração: 123 min.

Origem: Estados Unidos

Direção: Eric Till

Roteiro: Bart Gavigan, Camille Thomasson

Elenco:

Ator / Atriz		Personagem
Joseph Fiennes		Martinho Lutero
Alfred Molina		Johann Tetzel
Bruno Ganz		Johann Von Staupitz
Jonathan Firth		Girolamo Aleandro
Peter Ustinov		Friedrich
Claire Cox		Katharina Lutero
Uwe Ochsenknecht		Leo X
Benjamin Sadler		Georg Spalatin
Jochen Horst		Prof. Andreas Karlstadt

Distribuidor: R.S. Entertainment, Pandora, Casablanca Filmes

Classificação etária: 14 anos

Ano de produção: 2003

Produção

Dirigido pelo canadense Eric Till e rodado na Alemanha, Itália e República Tcheca, a produção consumiu 21 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões, valor bem considerável para a época). Só na Alemanha, o berço da Reforma, Lutero foi assistido por 3 milhões de pessoas. No elenco, figuram nomes famosos, como o do ator britânico Joseph Fiennes, o mesmo do premiado Shakespeare apaixonado (Shakespeare in Love, EUA, de, John Madden), que interpreta o reformador. Como supervisor dos agostinianos, atua o suíço Bruno Ganz, enquanto o veterano Peter Ustinov interpreta Frederico, o Sábio, príncipe da Saxônica. Claire Cox é Catarina von Bora, mulher de Lutero.

Rodado em 2002, Lutero é uma superprodução que contou com o patrocínio da organização americana Thrivente Financial for Lutherans e da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD, sigla em alemão) - Uma organização sem fins lucrativos que busca apoiar iniciativas que promovam o Luteranismo - e chegou ao Brasil graças ao apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) e de um pool de empresas (nada mais, nada menos um nome bonito para Cartel, onde empresas unem e dão as cartas nos setores que lhes interessam) e entidades confessionais. A distribuição foi feita pela Pandora, para o cinema, e pela Casablanca Filmes para vídeo e DVD. 

Minha resenha

O filme conta como Lutero, um rigoroso observador dos dogmas romanos, começa a questionar a Igreja e a própria fé a partir da leitura da Bíblia. O clímax, claro, é quando o monge parte para o confronto com o clero, afixando suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. Os desdobramentos do episódio são largamente explorados no filme, o que levou parte da crítica a considerá-lo tendencioso contra a Igreja Católica.

Apesar da superprodução, o filme comete alguns equívocos históricos que podem até passar batido para quem não tiver muita intimidade ou não dê importância para contextos históricos. Eu, como sou atento aos detalhes, observei algumas imprecisões históricas que foram confirmadas por especialistas:

Imprecisões históricas

• No filme, Lutero refere-se a passagens da Bíblia com o livro, capítulo e versículo. No entanto, a Bíblia não era dividida em versos, até 1551, e mesmo assim as divisões não eram onipresentes até a Bíblia de Genebra . Pode-se supor que isto foi feito para que os espectadores mais exigentes possam facilmente localizar o texto a que se refere Lutero, uma vez que o filme buscava atrair principalmente o público evangélico. 
• Lutero é mostrado martelando suas 95 teses nas portas da Igreja do Castelo em Wittenburg, que são imediatamente lidos pelos espectadores, tomadas e impressos. Na realidade, as pessoas comuns não teriam sido capaz de ler as teses, que foram escritos em latim, e não traduzidas para o alemão por alguns anos. 
• O Papa Alexandre VI é dito ter tido cinco filhos. Na vida real ele tinha mais do que isso. 

Essas foram as que eu identifiquei, mas segundo historiadores, não foram as únicas. Contudo, o filme é recomendável pelo conjunto da obra. Eu não o indicaria como uma referência biográfica, mas quem quiser saber o básico necessário sobre Martinho Lutero e sua importantíssima participação no movimento da Reforma Protestante, vale a pena assistir. Fica a dica e, para quem já quiser conferir, o filme completo e dublado.

Lutero - Fonte: Youtube