sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A AERÓBICA GOSPEL DA FÉ

Você já participou de cultos que mais pareciam sessões de ginástica em academia? Eu já. Hoje, não participo mais, só assisto, pois, devido à idade, não tenho mais fôlego para acompanhar o agito. Já estive em reuniões em que os dirigentes do louvor musical incitavam a galera a fazer tantos movimentos corporais que aquilo mais parecia entretenimento aeróbico do que adoração ao nosso Criador e Senhor.

As coisas realmente, mudaram muito. Se o culto no passado era cansativo por ser maçante, hoje não seria também cansativo pela agitação extrema? Está havendo lugar para o espírito contrito e introspectivo necessário à adoração a Deus? Depois de tanta agitação, quem consegue para para refletir na vida e confessar seus pecados antes de poder adorar?

O que me preocupa é que muito dessa movimentação corporal dos cultos contemporâneos ("Levante-se!"; "Pule!"; "Abrace seu irmão!"; "Erga as mãos!" etc) é meramente emotiva e instintiva. Tudo bem que o objetivo, muitas vezes, é expressar alegria diante do Senhor; e não podemos negar que, no passado, as celebrações evangélicas eram tão formais, tão racionais, que também poderiam parecer com um culto - antes, eram encontros acadêmicos e burocráticos de adoração, extremamente monótonos e cansativos.

Mas precisamos tomar cuidado para que, com o argumento da contextualização da mensagem e do comportamento diante de Deus, e da fuga do formalismo, não caiamos no outro extremo. É preciso buscar o equilíbrio entre a celebração, a alegria em adorar, a expressão corporal e a formalidade. Culto é adoração ao Senhor, um presente - e não uma satisfação às nossas emoções.

Sinais [sonoros] dos tempos


Ao longo do tempo, temos experimentado, na Igreja brasileira, movimentos de ação e reação que beiraram o maniqueísmo. Houve época em que bateria, considerada um instrumento "profano", não entrava na igreja. Depois, até os artefatos de percussão passaram a ser admitidos. E quando as palmas foram introduzidas no culto? Quem batia palmas era "liberal"; quem não o fazia, era "quadrado". Quantas pessoas e até ministérios entraram em contenda por causa dessas coisas?

Há muito tempo atrás, alguém me ensinou que num círculo os extremos se tocam. Não é isso mesmo que está acontecendo hoje com a fanfarra do culto gospel? Hoje, quem não participa da aeróbica gospel não é considerado espiritual; é visto como obsoleto, frio, carnal, sem intimidade com Deus. Fica marginalizado sem direito a voz e o voto.

Se o culto antigo e tradicional era racional e formal, e portanto, longe de Deus - com aquelas programações preestabelecidas e imutáveis -, os de hoje em dia pecam pela impulsividade. Ambos estão fora do rumo. 

Estamos de fato em busca de adorar a Deus, de reconhecer a sua soberania sobre nossas vidas e sobre todas as coisas, ou apenas de extravasar nossa espontaneidade em agitados movimentos aeróbicos? Pensemos nisso quando for à igreja no próximo domingo... no próximo culto.

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