sábado, 8 de março de 2025

FREUD E OS SUPER-HERÓIS — 4) THOR E LOKI

A psicanálise dos mitos nórdicos é uma abordagem fascinante que busca compreender os arquétipos e símbolos presentes nessas histórias antigas. Essa análise nos leva a uma jornada ao inconsciente coletivo, explorando as profundezas da psique humana. 

A simbologia presente nos mitos nórdicos é complexa e cheia de significados profundos. A análise desses símbolos nos permite desvendar camadas ocultas do nosso inconsciente.

Os mitos nórdicos e os arquétipos psíquicos


Nos mitos nórdicos, encontramos uma rica variedade de arquétipos que representam diferentes aspectos da psique humana. 

Os deuses e deusas são personificações desses arquétipos, como Thor simbolizando a força, Odin representando a sabedoria e Loki, simbolizando a psicopatia. Essas figuras míticas nos ajudam a compreender melhor nós mesmos e nossas motivações mais profundas.

No entanto, apesar de sua popularidade, os mitos originais permanecem envoltos em mistério, com debates acirrados sobre o que certos eventos significam, quem escreveu o quê e até mesmo se as histórias são as mesmas que os vikings contaram.

Thor e Loki


Irmãos de criação, eles são personagens retirados da mitologia nórdica, sendo Thor extremamente forte e responsável pelos trovões, relâmpagos, tempestades, árvores de carvalho, força, proteção da humanidade e também a santificação, cura e fertilidade. 

Enquanto Loki seria o deus associado ao fogo, à trapaça, à travessura e à magia. 

Como se sabe, a mitologia surgiu como forma de explicar a humanidade e o mundo através de narrativas baseadas em tradições e lendas. Dessa forma, a principal questão representada pelos dois deuses no filme é o relacionamento entre irmãos. 

Freud nos explica que a relação fraternal é marcada por uma ambivalência de sentimentos. A chegada de um irmão representa, para o bebê, a perda do amor exclusivo de seus pais. Porém, além disso, o vínculo entre irmãos favorece as identificações, compartilhamentos de referências e aprendizados.

  • Nota

Na mitologia nórdica, Loki não é o irmão de Thor. Por outro lado, os personagens representam conceitos contrários e complementares.

Enquanto Loki é uma força caótica e anárquica, Thor simboliza conceitos de heroísmo e justiça. Juntos, os personagens se envolvem em diversas aventuras.

Nesse sentido, apesar de não serem irmãos, Thor e Loki estão entre as duplas mais conhecidas das lendas nórdicas. O deus da Trapaça, por exemplo, ajuda o Senhor do Trovão a recuperar o martelo Mjolnir, derrotar grandes inimigos e assumir sua posição de direito no panteão.

Além disso, diferentemente do que muitos fãs do MCU (Marvel Cinematic Universe — Universo Cinematográfico Marvel) imaginam, Loki não é o "maior inimigo" de Thor na mitologia nórdica. Os personagens têm uma certa rivalidade, mas a maior rival de Thor, na verdade, é Jörmungand – a Serpente do Mundo.

Verifica-se que, durante todo enredo, Thor apresenta um respeito pelo "irmão", mesmo Loki se configurando como o vilão da história e tentando persuadi-lo de sua ideia de dominar o mundo, até o final. 

Entretanto, ao procurar possíveis referências para escrever este texto, deparei-me com um artigo que mencionava a polêmica gerada pela piada em um trecho do filme que justificava as maldades de Loki por ele ser irmão adotado de Thor. 

Projeção e ambivalência


Na mitologia nórdica, o herói desempenha um papel central. A jornada do herói é uma metáfora para a busca pela transformação interior e o enfrentamento dos desafios da vida. Essa narrativa nos inspira a enfrentar nossos próprios obstáculos e buscar o crescimento pessoal.

De acordo com a definição psicanalítica de projeção, tendemos a projetar o que julgamos inaceitável em nós mesmos nos outros. Por isso é mais fácil para Thor justificar a crueldade de Loki pela sua adoção, negando qualquer tipo de parentesco com o mesmo, do que se dar conta de que talvez ele tenha alguma responsabilidade pelo mal causado pelo vilão.


Observamos, desse modo, que o filme consegue caracterizar a ambivalência do relacionamento entre irmãos destacada por Freud. Isso se daria através da figura de Thor que ora tenta chegar a um acordo com Loki, ora o desconsidera da própria família. 

Mas, que ao final, torna-se responsável por levá-lo a Asgard para ser julgado e punido pelos crimes cometidos. Assim sendo, mais uma vez a identificação do público tanto adulto quanto infantil que sempre está sujeito a conflitos fraternais em suas famílias.

Conclusão


A análise psicanalítica dos mitos nórdicos não se limita apenas ao passado distante. Os arquétipos presentes nessas histórias continuam influenciando nossa vida moderna.

Ao compreender esses padrões arquetípicos, podemos identificar suas influências em nossas escolhas, relacionamentos e comportamentos, permitindo-nos viver de forma mais consciente e autêntica.

Considerações finais sobre mitologia nórdica


Os vikings eram seguidores da mitologia nórdica, que envolvia centenas de deuses, deusas, gigantes e várias outras criaturas antigas.
Esses poderosos guerreiros Viking seguiram figuras ainda mais poderosas do que eles.

Afinal, eles precisavam de alguma maneira de explicar a maravilha natural dos fiordes na Noruega, então eles se voltaram para uma coleção de deuses e deusas como a resposta.

Em suma, a psicanálise dos mitos nórdicos nos oferece uma visão profunda da psique humana, revelando os segredos do inconsciente coletivo. Essa abordagem nos ajuda a compreender melhor nós mesmos, nossas motivações e desafios, além de fornecer ferramentas para o crescimento pessoal e a realização plena.
  • Continua no próximo capítulo.

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

sexta-feira, 7 de março de 2025

ESPECIAL — O QUE HÁ POR TRÁS DO DRAMA SOCIAL DOS DESAPARECIMENTOS?

O que veremos no texto deste artigo especial, é uma prestação de serviço sobre um dos dramas sociais que mais impactam famílias de todas as classes no Brasil inteiro: o desaparecimento.

A realidade dos desaparecimentos de pessoas no Brasil ainda desafia o poder público. Conforme dados do Anuário da Segurança Pública 2024, no ano passado foram registrados 80.317 casos em todo o país.

Fatores como problemas familiares, distúrbios mentais, envolvimento com drogas, assassinatos e tráfico humano são citados por investigadores e especialistas como as principais causas desses desaparecimentos.

As motivações, por sua vez, variam de conflitos com pai e mãe a juramento de morte, seja por dívida, seja briga entre facções. Apesar de o desaparecimento voluntário estar entre as principais causas, os especialistas ressaltam que são esses os casos que têm a maior taxa de resolução.

O drama da saúde mental


Outro fator representativo de sumiços de pessoas no Brasil é a saúde. Indivíduos diagnosticados com distúrbios mentais, como esquizofrenia, Alzheimer e autismo, tendem a desenvolver mania de perseguição e fogem.

Há ainda os casos de poriomania, que é uma obsessão doentia por andar. Em alguns deles, os pacientes andam até não serem mais encontrados e não conseguem voltar para casa.

A importância do cuidado com a saúde mental


Este último dado supra citado sinaliza a impotância de se debater outra questão. Cuidar da saúde mental deve ser uma ação tão importante e presente na vida das pessoas quanto o cuidado com o corpo. 

Ou seja, da mesma forma que alguém se preocupa em estar bem fisicamente, é essencial que também se preocupe em estar bem emocionalmente.

Infelizmente, a maioria ainda não pensa dessa forma e o cuidado com a saúde mental acaba sendo um tabu, posicionamento que se agrava quando há o desenvolvimento de doenças relacionadas, como a e a .

Mas, afinal, o que é saúde mental? Pode ser definida como uma condição que permite um indivíduo reagir e superar as tensões, exigências, mudanças e desafios da vida.

Uma pessoa que está bem mentalmente não deixa de sentir emoções, tais como tristeza, raiva, frustração e outras. Porém, ela consegue lidar com esses sentimentos de forma saudável, harmonizando os seus pensamentos e cumprindo com as suas obrigações de trabalho, relacionamentos, familiares, de amizade, etc.

Cuidar da saúde mental é fundamental, visto que impacta diretamente na qualidade de vida da pessoa, no seu raciocínio, emoções, comportamentos e na maneira como se relaciona com os outros. Isso vale desde criança, para evitar a e que ela se prolongue com o passar do tempo.
O vício em drogas também entra no tópico da saúde. Às vezes, a pessoa deseja sumir sem avisar, para não gerar problemas à família.

Assassinatos e tráfico de pessoas


Há casos de desaparecimentos ainda mais trágicos, quando ocorrem assassinatos, e a família da vítima a procura por meses ou anos sem saber que ela não está mais viva.

São pessoas mortas por facções, ou até mesmo pela polícia, e ninguém sabe. Nessas situações, os corpos das vítimas podem não ser localizados nunca mais — alguns são enterrados pelo assassino ou vão parar em valas comuns como indigentes.

Já o tráfico de pessoas ocorre majoritariamente com crianças e 
"visa à exploração sexual, ao trabalho escravo e ao tráfico de órgãos"
informa a diretora da Adepol Brasil — Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Raquel Gallinati.

1. O que é desaparecimento?


Desaparecimento é o sumiço repentino de alguém, sem aviso prévio a familiares ou a terceiros. Uma pessoa é considerada desaparecida quando não pode ser localizada nos lugares que costuma frequentar, nem encontrada de qualquer outra forma. 
 
Não é necessário aguardar algum intervalo de tempo para que alguém seja considerado como desaparecido. Várias causas podem levar a essa desaparição, por exemplo, conflitos familiares, uso problemático de drogas, alcoolismo, transtorno mental, depressão, violência, dentre outras. O desaparecimento pode ser:
    • Voluntário — quando a pessoa se afasta por vontade própria e sem avisar. Isso pode acontecer por motivos diversos, como desentendimentos, medo, aflição, planos de vida diferentes, entre outros conflitos. 
    • Involuntário — quando a pessoa é afastada do cotidiano por um evento sobre o qual não tem controle, como um acidente, um problema de saúde, um desastre natural (como no caso do rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho). 
    • Forçado — quando outras pessoas provocam o afastamento, sem a concordância da pessoa, como em um sequestro, ou pela ação do próprio Estado.

2. Por que agir rápido em caso de desaparecimento?

Normalmente, não estamos preparados para vivenciar o desaparecimento de algum ente querido. Ele acontece de repente e sem que se saiba sua causa. Quanto mais rápido você procurar ajuda, mais são as chances de reencontro, especialmente quando se trata de um desaparecimento forçado ou involuntário.

3. O que fazer em uma situação de desaparecimento voluntário?

Toda pessoa tem o direito de mudar de vida, independentemente do motivo. No entanto, quando uma pessoa decide, voluntariamente, se afastar de sua rotina ou do convívio com a família, é importante que ela comunique a decisão de se ausentar. 

O desaparecimento voluntário abala a rotina de outras pessoas e também do Poder Público, que deve se concentrar na busca de pessoas que desapareceram de forma involuntária ou forçada. 

É importante compreender que a pessoa que desapareceu por vontade própria tem o direito de, quando encontrada, não retornar ou, não reatar o vínculo familiar, desde que seja maior de idade e capaz de ser responsável por si. 

Nesses casos, o Poder Público deve apenas comunicar os familiares que o desaparecido foi encontrado e não quer ser localizado.

4. O que fazer em caso de desaparecimento de crianças, adolescentes e pessoas com transtorno mental?

Para a lei, crianças, adolescentes e pessoas com transtorno mental desconhecem a gravidade de mudar de vida sem o apoio da família ou de pessoas próximas. Por isso, elas nunca são consideradas como casos de desaparecimento voluntário e devem imediatamente ser procuradas e reconduzidas a um local seguro. 

Ou seja, mesmo que ela tenha se esquecido de avisar aonde foi, tenha fugido ou se afastado por vontade própria, é dever do Poder Público procurá-la com a máxima urgência, sem esperar nem um minuto a mais. 

Se a criança, adolescente ou incapaz tiver desaparecido em razão de violência ou perseguição, ela deverá ser encaminhada a um conselho tutelar ou órgão competente.

5. O registro do BO só pode ser feito depois de passadas algumas horas?

Pelo contrário! Quanto mais rápido você iniciar sua busca, há mais possibilidades de localizar a pessoa desaparecida.

Prevenção de desaparecimento:

    • Crianças — não deixe a criança sem acompanhamento direto de um adulto; oriente a criança a não conversar com estranhos nem aceitar presentes de pessoas desconhecidas; monitore os aparelhos decomunicação (telefone celular, computador, tablet), etc. 
    • Adolescentes — procure manter um bom relacionamento com o adolescente, pois grande parte dos desaparecimentos de adolescentes se deve a conflitos familiares; esteja atento a qualquer comportamento incomum ou mudança de atitude, etc. 
    • Idosos — evite deixar a pessoa idosa sair sozinha de casa se ela começar a apresentar sinais de esquecimento ou perda de memória. Insista para que a pessoa idosa, ao sair de casa, guarde consigo sempre um documento de identificação, etc. 
    • Pessoas com deficiência mental ou intelectual também podem se tornar mais suscetíveis ao desaparecimento.

Mães da Sé

 

Conheça as 'Mães da Sé' projeto que busca por crianças desaparecidas no Brasil
Fundado em 1996, o movimento "Mães da Sé" é um dos mais conhecidos do Brasil na busca por pessoas desaparecidas. Em entrevista à Band, Ivanise Esperidião, fundadora do projeto, falou sobre a busca até hoje por sua filha Fabiana, na época com 13 anos.

Há quase 30 anos, Ivanise se dedica a prestar apoio social, psicológico e amparo para mães de todo o país, enquanto elas buscam por seus filhos. O projeto surgiu um ano após ela iniciar a procura por sua filha que desapareceu após ir visitar uma amiga que morava a 300m de distância na região de Pirituba.
"Esse trabalho nasceu a partir do desaparecimento da minha filha em 23 de dezembro de 1995. E quando procurava sozinha, eu beirei à loucura, eu procurei sozinha em hospitais, IMLs, nas ruas e por infelicidade eu nunca encontrei uma homem que estivesse procurando pelo seu filho desparecido, assim como eu.
Lembro que eu bati nas portas de todas as emissoras de televisão e ouvia a mesma frase ‘senhora, esse assunto não está em pauta’, e eu lá sabia o que era pauta... Hoje, eu estou escolada na linguagem jornalística", 
disse.

Ivanise explica que além de apoio psicológico, o movimento também oferece ajuda jurídica neste momento, além de um parceria com o Ministério Público, Conselhos Tutelares, Varas da Infância.

Atualmente, mais de 12 mil famílias já foram ajudadas pelo movimento "Mães da Sé" e mais de 6 mil crianças foram encontradas. No entanto, Ivanise ainda não achou a sua filha, mas é a certeza de que ela irá encontrar Fabiana que a faz se manter de pé.
 

Conclusão

E os familiares de uma pessoa desaparecida?


Com certeza, no caso de deparecimentos, os familiares são os que mais que sofrem, pois vivem em um limbo, sem poder lidar com o luto devido à falta de certezas. 

Procuram e esperam, às vezes por muitos anos, sem saber se seu ente querido está vivo ou morto, agarrando-se à mais ínfima esperança, sem poder se conformar. Este sofrimento emocional e psicológico é grave.

Como se essa dor não bastasse, as famílias que perdem o sustento da casa costumam mergulhar em dificuldades econômicas. Também podem temer pela própria segurança, com receio de sofrer algum tipo de retaliação por procurar respostas. 

Sentem angústia, culpa e impotência. Em muitos casos, a indefinição da situação jurídica da pessoa desaparecida impede que os familiares tenham acesso a serviços básicos e que possam seguir em frente.

A criação de cadastros nacionais e internacionais mais eficientes para pessoas desaparecidas poderia ser um instrumento valioso para encontrá-las. Uma das apostas do setor de segurança pública para aprimorar as investigações sobre desaparecimentos é a implementação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). 

A lei, aprovada em 2018, ainda demora para sair do papel. O intuito principal do sistema é centralizar as bases de dados da segurança, facilitando o trabalho das diferentes polícias nas unidades da federação.

Infelizmente muitos são os casos de pessoas que desapareceram e nunca mais voltaram a ser encontradas, como o clássico, intrigante e emblemático caso do menino Carlinhos. 

Carlos Ramires Costa desapareceu teria sido sequestrado de sua casa, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, na noite do dia 02 de agosto de 1973, sem nunca mais ter sido encontrado. Cinco décadas depois, o caso segue sob investigação.

Outro caso que teve enorme repercussão midiática foi o do desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA, Vitor Belfort (escrevi um artigo especial sobre este caso. Quem quiser ler, clique aqui). Há muitos outros casos de anônimos como o deles Brasil afora.


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quinta-feira, 6 de março de 2025

PAPO RETO — QUANDO DEUS TE DIZ NÃO, ELE CONTINUA SENDO DEUS PRA VOCÊ?

"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos" (Isaías 55:8,9).
Remexendo em meus manuscritos, achei o rascunho do esboço de uma ministração que fiz há quinze anos e, dada a relevância e atemporalidade do tema, resolvi transcrevê-lo e adaptá-lo no formato de artigo, mais um capítulo da minha série especial Papo Reto.
Buscar a Deus para pedir várias coisas ou respostas aos problemas da vida é uma ocorrência diária para muitos cristãos, inclusive para mim.

Deus, por intermédio do profeta Jeremias, encoraja seu povo a buscar respostas nEle, (Jeremias 33:3), e o fato de Deus responder às orações, não significa que Deus sempre dirá sim a elas.

Independentemente do fato, é verdade. Deus conhece o passado, o presente e o futuro (Salmo 139:23,24).

Ele nos conhece — nossa vida, nossos desejos, nosso caráter. Assim, quando Ele diz "não", é preciso confiar que, devido ao Seu conhecimento, está fazendo o que é melhor para nós. Sim, é difícil aceitar, mas é a verdade.

Algumas vezes, teremos que lidar com a espera, e até mesmo com o não de Deus — seja qual o for a sua posição hierárquica ministerial. Deus já disse não as orações de Abraão, Moisés, Paulo e até mesmo para as orações de Jesus. Vejamos:
    • O não de Deus a Jesus — Na noite que antecedeu à sua crucificação, Jesus orou ao Pai: 
"Meu pai, se possível, passe de mim este cálice. Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mateus 26:39).
    • Para os filhos de Zebedeu, João e Tiago, Jesus deu um sonoro "não" — O pedido dele visava apenas eles e não a glória de Deus. Eles queriam evidência em suposto reino de Jesus nessa terra. E Jesus disse que eles não sabiam o que estavam pedindo. E o "não" veio como resposta.
    • De acordo com a Bíblia, o Espírito Santo impediu Paulo de evangelizar na Ásia e em Bitínia — Paulo e Silas foram impedidos pelo Espírito Santo, em obediência ao Senhor. Em Atos 16:6-8, diz que quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, porém o Espírito não lhe permitiu.

Deus não nos deve satisfações!


Precisamos aprender que nem sempre Deus explica os porquês. O Senhor tem seus propósitos e que nada irá frustrar esses propósitos.

Muitas vezes não iremos entender naquele momento, talvez mais a frente entendamos ou até mesmo nunca saberemos o que Deus está fazendo, por isso, os nãos de Deus podem algumas vezes criar frustrações em alguns que acham que Deus por ser amoroso e onipotente, deveria atender as nossas orações.

Muitos perguntam porque Deus faz milagres e alivia as dores de alguns e de outros não? Primeiro, Deus é Deus, Ele é Senhor, Soberano. Deus está numa posição que não é a mesma da humanidade. Deus não é um gênio da lâmpada para atender a todas as nossas vontades.

Deus tem o seu devido lugar acima de tudo. Ele vê o que nós não conseguimos enxergar, pois a nossa perspectiva humana é limitada. Deus sabe o começo, meio e fim de nossas vidas, nada lhe é oculto!

Quando Deus diz não?


Quando Deus diz não, Ele tem todos os elementos nas mãos, Ele sabe o resultado do nosso pedido, e seu amor por nós é grande demais para realizar tudo o que queremos, pois tudo tem consequências sejam boas ou ruins.

Muitas de nossas orações refletem a nossa ignorância a respeito do que seria melhor para nós, (Tiago 4:2,3), e Deus tem sempre o melhor.

Deus responde com "não" quando algo maior envolvido. Em João 11 Marta e Maria queriam que Jesus chegasse rápido para curar a Lázaro, o irmão delas, a quem Jesus amava muito. Mas Jesus atrasou, e Lázaro morreu. Mas depois de quatro dias ele chegou, e algo maior aconteceu: Ele ressuscitou a Lázaro

Em outras palavras, muitas de nossas orações são melhores respondidas quando Deus diz não, pois tudo o que Deus faz é muito mais elevado, melhor e completo.

O exemplo de Paulo


Além do exemplo já citado anteriormente, Paulo precisou aprender a conviver com outros tantos nãos de Deus (Filipenses 4:11). Ele orou três vezes — orar três vezes é um hábito comum da comunidade judaica — para que Deus tirasse o espinho da sua carne (2 Coríntios 12:7-9), e Deus só respondeu na terceira vez com um não.

Mas apesar de todas as dificuldades decorrentes dos nãos de Deus, Paulo aprendeu a estar satisfeito. Aprender é um processo, uma prática, é preciso crescer para aprender, inclusive na fé.

Não aceitamos o "não" de Deus, porque não aprendemos a aceitar os "nãos" da vida


O objetivo de muitos é ser feliz a qualquer custo, não querendo sofrer ou se sacrificar pelo outro. Mas a realidade sempre se impõe aos nossos desejos.

Na vida, seremos chamados a enfrentar situações difíceis por algo ou por alguém.

Os caminhos de Deus muitas vezes não serão fáceis e irão requerer fé, coragem e capacidade de adaptação, por isso, Paulo não orava para Deus livrar os crentes das lutas, mas sim, que os fortalecesse para lutar.

Conclusão


Quando o não de Deus chegar, não devemos nos desesperar, ao contrário, renovemos nossa força, fé e esperança, porque Ele trabalha em todas as coisas para o nosso bem e com o propósito de nos transformar à imagem de Jesus.

Assim, não desanime em sua oração por pensar que Deus a responde com um "não". Ele sabe muito bem o que faz. Na verdade seja muito grato, porque os Seus "não", são os Seus "sim".

Confie nEle, os planos de Deus são sempre melhores que os nossos.

[Fonte: PIBRJ, original por Catarina Damasceno]

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quarta-feira, 5 de março de 2025

📚ESTANTE DO LÉO📚 — "UMA IGREJA COM PROPÓSITOS": UM DOS PIORES LIVROS "CRISTÃOS" QUE JÁ LI



Pesquisas recentes revelaram que é entre os evangélicos que o hábito da leitura mais cresce. O "povo do livro" tem a Bíblia como revelação, o que implica a importância do hábito da leitura como algo sancionado e implementado por Deus! Não apenas a leitura da Bíblia, mas a leitura em geral, que desenvolve a mente. 

Porém, o que temos lido? E como temos lido? Nem sempre lemos bem, assim como nem sempre oramos bem (Tiago 4:3). No entanto, a Bíblia nos encoraja a examinar todas as coisas como os bereanos e discerni-las. Ninguém está acima deste exame bíblico. Os fins nunca justificam os meios quando isto se refere ao ministério cristão.

Sobre o autor



Rick Warren é um líder conceituado, um pastor inovador, um autor renomado e um influenciador global. Um artigo de capa da revista TIME considerou o pastor Rick como o líder espiritual mais influente dos Estados Unidos e uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Ele é pastor da maior de denominação batista no mundo, a Southern Baptist Church.

Rick se tornou um nome familiar. Autor do best-seller "The Purpose Driven Church (Uma Igreja com Propósitos)", ele tem maior exposição, tanto para o mundo infiel, quanto para a Igreja, do que qualquer outro autor cristão.

Seus livros mais conhecidos, "Uma Vida com Propósitos (The Purpose Driven Life)" e "Uma Igreja Com Propósitos", foram indicados três vezes em pesquisas (realizadas pelo Gallup, pelo Barna Group e pela LifeWay) junto a pastores dos Estados Unidos como os dois livros impressos mais úteis.

O pastor Rick é conhecido como o líder espiritual mais influente dos Estados Unidos, aconselhando regularmente líderes internacionais dos setores público, privado e confessional sobre os assuntos mais desafiadores da nossa época.

Ele já palestrou em 165 nações — incluindo as Nações Unidas, o Congresso dos EUA, diversos parlamentos, o Fórum Econômico Mundial, o TED e o Instituto Aspen — e em universidades como Oxford, Cambridge, Harvard e outras.
Pois é, mesmo com esse rebuscado currículo, justamente os dois best-sellers na carreira autoral de Rick Warren, são, na minha opinião, dois dos piores livros ditos cristãos que eu já li. E já explico porque.

Overdose de Teologia da prosperidade


Rick Warren é incansável na sua avaliação do crescimento da igreja, e apresenta também a sua congregação — a congregação Saddleback — como um modêlo para as outras. 

Ele afirma: 
"A Igreja Saddleback é agora apenas uma entre milhares de igrejas Movidas Pelo Propósito, a vanguarda de uma nova reforma". 
As igrejas que copiam com mais êxito as ideias de Rick Warren, são premiadas com o Prémio Igreja Saudável.

O sucesso de Rick Warren e de seu livro "Uma Igreja Com Propósitos" é o sucesso do sucesso pelo sucesso! É o sucesso de ter "no sucesso" um propósito de vida pessoal e ministerial. O sucesso que faz sucesso entre as pessoas hoje não é o da "obediência da fé" (Romanos 1:5), nem o do "tomar a cruz" (Mateus 16:24).

O sucesso que hoje se idolatra não é como o proposto no Salmo 1, em que o prazer está na "instrução do Senhor" e não em técnicas empresariais. 

O sucesso que faz sucesso hoje nas igrejas é o segundo os padrões mundanos de nosso tempo, em que as relações são mediadas pelo mercado. Esta ideia contemporânea de sucesso está implícita nas estratégias aplicadas ao crescimento de igrejas, das quais se pode inferir uma alta consideração por fama, prestígio, tamanho, quantidade, enriquecimento e poder.

Extratégia mercadológica em detrimento da sã doutrina


Aos dirigentes da igreja que seguem Rick Warren, através das extratégias do seu famigerado livro é dito que, se seguirem a sua campanha e agirem como outras que o fazem, crescerão 20% por ano em presenças e dinheiro. 

E então serão olhadas como congregações "saudáveis" candidatas ao prémio. A igreja em Lodiceia ter-se-ia certamente qualificado para êste prémio, pois era muito rica e saudável. Mas espiritualmente falhou a prova, porque o reino de Cristo opera com outros princípios (Apocalipse 3:15-18).

O Senhor Jesus não se importa com números ou dinheiro, mas está interessado em corações mudados e vidas santas. No que diz respeito a números, Ele afirma que são poucos aqueles que estão realmente salvos (Lucas 13:23,24).

Teologia da Prosperidade em nível macro


O que Warren propõe é a teologia da prosperidade, só que aplicada às instituições eclesiásticas, em vez de aplicada a indivíduos. É o crescimento numérico e financeiro do ministério que evidencia a bênção divina. 

Warren acaba por despertar, como um subproduto inconsciente, tudo aquilo que há de pior nos pastores: a vaidade, a cobiça, o amor ao prestígio, ao dinheiro e ao poder.

Uma igreja cristã não é uma instituição qualquer que visa o crescimento e a maximização dos lucros. Uma empresa secular deveria ter vocação social, mas busca sua perpetuação como finalidade. 

Isso também é verdade acerca de muitas igrejas que abandonaram os princípios éticos reformados do trabalho: sentido de vocação, austeridade em vez de ostentação e, acima de tudo, honestidade, em troca dos valores da sociedade de mercado e das estratégias de crescimento das empresas seculares.

Uma igreja não pode ter o crescimento como finalidade, pois existe para outro propósito: proclamar o evangelho da graça salvadora, por meio do testemunho de palavras e de obras de amor e, dessa forma, praticar a verdadeira e genuína adoração. As igrejas são passíveis de corrupção e degenerescência, como evidencia a história.

Decepção doutrinária


Foi o que senti enquanto lia o tão aclamado livro de Rick Warren. Pragmatismo é a prática de contar com métodos ou técnicas mais do que em nosso Soberano Deus para os resultados. 

Pragmatismo é a noção de que o significado ou importância é determinado por consequências práticas. É a filosofia que olha para as metodologias de marketing do mundo ou pesquisas de mercado mais do que para exemplos ou mandatos bíblicos. 

Quando determinar como se deve "tocar" uma igreja, um pastor com bases na Bíblia perguntará 
"o que mais honra a Deus ou está claramente revelado nas Escrituras"
enquanto o pragmático buscará a avaliação na comunidade. 

Uma das ações mais famosas de Warren é na área de música. Ele alega que pesquisou a comunidade local e perguntou qual era sua preferência musical. Após determinar o consenso popular, ele "se livrou do órgão" e montou uma banda de rock. 
Não há nada anti-bíblico a respeito de uma banda de rock  — frise-se  —, mas tomar aquela resolução baseada numa pesquisa popular de infiéis é na melhor das hipóteses um método questionável.
O principal objectivo de Rick Warren não é a pureza de doutrina, mas sim o crescimento exterior da igreja. Ele diz que a doutrina tem tão pouca importância, que Deus nem mesmo pergunta por ela:
"Deus não vos vai interrogar sobre a vossa bagagem religiosa ou opiniões doutrinárias..." ("A Vida Movida por Propósito", p.34). 
Ele recusa-se a ser atraído a discussões sobre este tópico e não tem quaisquer problemas com as doutrinas de outras igrejas ou seitas, se elas implementarem os seus métodos de crescimento.

No entanto na Bíblia, a pureza de doutrina é da maior importância: 
"Quem quer que transgrida e não cumpra a doutrina de Cristo, não tem Deus. Aquele que permanece na doutrina de Cristo tem tanto o Pai como o Filho" (2 João 1:9). 
Os professores Walvoord & Zuck ("Comentário do Conhecimento Bíblico", pgs. 907 e 908) dizem o seguinte a respeito desta escritura: 
"‘Quem quer que transgride e não permanece na doutrina de Cristo não tem Deus’. Estas palavras sugerem fortemente que o apóstolo estava a pensar aqui no abandono da verdade por aqueles que dantes se agarravam a ela… 
Uma pessoa que não continua numa coisa, evidentemente que esteve em tempos nessa coisa. Os autores do Novo Testamento eram realistas quanto à possibilidade de Cristãos cairem vítimas da heresia, e avisaram-os contra isso… 
João tinha acabado de avisar os seus leitores da possibilidade da perda da recompensa (2 João 1:8). E assim os cristãos foram avisados para não irem além dos limites de sã doutrina, mantendo-se onde estavam no ensino acerca de Jesus. 
Desviarmo-nos da verdade é deixar Deus para trás. E Deus não está com uma pessoa que faz isso. O que essa pessoa faz, fá-lo sem Deus… 
Em contraste com o abandono da verdade, ‘Aquele que permanece na doutrina de Cristo tem tanto o Pai como o Filho’. Isto diz-nos que Deus está com aqueles que persistem na verdadeira doutrina sôbre Cristo” (Versão da NKJV).
Onde é que Rick Warren tem os pés assentes relativamente à doutrina de Cristo? O livro de Rick Warren sobre a "Uma Igreja Com Propósitos", nunca explica a justificação pelo sangue no contexto do evangelho da salvação. 

Jesus louvou os vitoriosos — as pessoas são vitoriosas por causa do sangue do Cordeiro. Visto que os leitores e seguidores de Rick Warren não ouvem nada dele sobre a justificação pelo sangue ou sobre a ira de Deus contra o pecado, eles não têm maneira alguma de se tornarem vitoriosos.

Conclusão

Um evangelho sem alma


Um evangelho sem alma, em que se dizem muitas coisas boas sobre o Senhor Jesus ao oferecer as Suas bênçãos a todos os Cristãos, mas sem mencionar as destrutivas consequências do pecado nem o futuro obscuro dos pecadores no contexto da ira de Deus sobre os mesmos, não pode ser de qualquer vantagem real. 

Ainda mais, ele não conduz a uma apreciação sã da natureza da morte de Cristo na cruz para o perdão dos nossos pecados. E também não tem valor prático como diretiva na vida, uma vez que todos os aspectos negativos, como a decepção espiritual, o aumento das forças anticristãs e o papel dos falsos profetas, são evitados e deliberadamente ignorados.
Esta atitude positivista pode resultar em grandes congregações, onde as atrações mais importantes são a "excitante" música contemporânea, cujas letras — em sua maioria e com raríssimas excessões —, de papelpérrima exegese e hermenêntica teológica, muito semelhante aos mantras hindus, eu suas enfadonhas repetições e sem nenhuma motivação em louvar e adorar a Deus, por Seus atributos, pelo que Ele é e sim servindo como placebos espirituais, com mensagens motivacionais que só fazem afagos ao já exacerbado ego humano.
Isto somado a pregação não-ofensiva na forma de prédicas motivadoras, que agradam a pessoas de todas as persuasões doutrinárias.

Mas os sermões que não refletem os princípios básicos do Evangelho de Cristo, são descritos como fábulas ou mitos (2 Timóteo 4:3,4). São veículos para a introdução do espírito do engano nas congregações Cristãs (2 Tessalonicenses 2:10-12). 

Desta maneira, a verdadeira mensagem do Evangelho é rebaixada e eventualmente silenciada. Através de pregação desta natureza, as pessoas são privadas do seu armamento espiritual, de que necessitam para poderem enfrentar as ciladas do diabo (Efésios 6:10-12).

Qual é a vantagem da doutrina, se ela não conduz à justificação e à santificação? Ela pode dar apenas às pessoas uma espécie de santidade, bem assim como uma autoimagem positiva, como em Laodiceia, que foi totalmente rejeitada pelo Senhor Jesus.

Minhas considerações finais


Onde está a responsabilidade final? Quem está refutando Warren em sua doutrina errônea e a teologia centrada no homem? Como um programa deste tipo desfruta de tamanha aceitação? Eu creio que a resposta é o pragmatismo. 

Muitos pastores estão infelizes e até mesmo deprimidos com suas pequenas congregações. Eles sentem como se pregar a Palavra exponencialmente não seja interessante o suficiente. 

Eles vêem Rick Warren tirar suas meias e colocar uma camiseta havaiana e pensam que o poder de Deus está por trás disto. Existe uma pela Palavra de Deus em nossa terra. Não existe uma fome de mega-igrejas ou de livros de Rick Warren. E, eu temo que estes que estão tentando subsistir numa dieta da filosofia de "guiado por propósito" achará seus ouvidos coçando e a força espiritual partindo. 

Eu não me envergonho de confessar que eu nunca fui um fã do "Uma Vida com Propósitos", "Uma Igreja com Propósitios" ou atividades associadas. Eu li ambos os livros para formar minha opinião não em hipóteses, mas em análises e, francamente, para tanto, não precisei finalizar nenhum deles. 

Existem duas características distintas presentes na filosofia de Warren. Primeiro, ele conta com uma doutrina pragmática e fraca. Segundo, ele faz mal uso das Escrituras a um grau tamanho que eu questiono se ele teve um simples curso de hermenêutica bíblica.

Ficha técnica

    • Título: Uma Igreja Com Propósitos  
    • Autor: Rick Warren 
    • Editora: Vida 
    • Acabamento: Brochura 
    • Páginas: 392 páginas
Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
    • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

terça-feira, 4 de março de 2025

EU NÃO ME ESQUECI — 1997: A GREVE DA PMMG EM BH

Em junho de 1997, policiais militares de quatro batalhões deram início à primeira greve declarada da categoria em todo o país, na busca pelo reajuste salarial das patentes menores da corporação. Depois disto, a relação entre as polícias e os governos nunca mais foi a mesma. Em todo o Brasil.

O começo


A crise não começou de um dia para o outro. Os policiais militares negociavam com o então governador Eduardo Azeredo (PSDB) um aumento salarial.

Havia também o descontentamento por parte dos PMs pelas condições de trabalho.

O principal ponto de partida da greve foi uma ação judicial movida pelos delegados de polícia requerendo uma isonomia salarial com promotores de Justiça.

O Superior Tribunal Federal (STF) reconheceu a isonomia em relação aos defensores públicos que, na prática, determinava o pagamento de 33% de reajuste, em três parcelas, aos delegados. 

Em contrapartida, os policiais com salários menores não receberiam aumento, o que gerou enorme insatisfação entre eles  — os praças ficariam apenas com um abono de R$ 102Esta foi a gota d'água para a manifestação.

O estopim do conflito


Paralelamente ao conflito, a morte do cabo Glendyson Hércules de Moura Costa, baleado por um criminoso na capital, deu início a uma série de atos feitos por policiais com patentes menores.

Os militares queimaram colchões e outros objetos no interior dos Batalhões de Choque e do 22º Batalhão de Polícia Militar. O ato foi minorado pelo comando da corporação. 

Nos dias seguintes, os policiais se apresentavam aos quarteis, mas não atuavam nas ocorrências — o movimento foi chamado de "greve branca".

O governador da época, Eduardo Azeredo, precisou adiar uma viagem à Europa para cuidar das negociações e pediu à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para dar aumento aos policiais por meio de decreto.

Mas os militares não aceitaram a proposta encabeçada pelo governo e saíram em passeata às ruas.

Movimento foi histórico nos registros da Segurança Pública do Brasil


Compilação de reportagens da época do conflito — Sargento Rodrigues, via Youtube
O ápice do ato contou com a presença de 5 mil manifestantes, que seguiram até o Palácio da Liberdade e tentaram invadir o Comando de Polícia Militar (Copom).

Após os incidentes em Minas Gerais, policiais de Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo promoveram movimentos semelhantes, paralisando os trabalhos e exigindo aumento salarial.

No dia 24 de julho, cerca de 5 mil policiais militares de vários batalhões da Polícia Militar e mil detetives da Polícia Civil foram até o Palácio da Liberdade, então sede do governo estadual e houve confronto com os policiais que protegiam o palácio, para evitar a invasão.

Eduardo Azeredo, então, pediu apoio ao presidente em exercício Marco Maciel (PFL, hoje União Brasi [✰1940/✞2021]) para que enviasse o Exército para ajudar na situação. 

O Exército ocupou o Palácio da Liberdade — então sede do governo mineiro —, e o governo do Estado reabriu as negociações de aumento salarial, já que Belo Horizonte ficou totalmente sem patrulhamento no dia seguinte aos confrontos.

Cabo Valério, o mártir do movimento


O cabo Valério sendo amparado por seus colegas de farda,
logo após ser atingido por um tiro na cabeça — reprodução Jornal O Tempo
O ponto mais tenso ocorreu quando o cabo Valério dos Santos Oliveira foi atingido com um tiro na cabeça. Em seguida, foi necessária a intervenção do Exército para acalmar os ânimos — três carros blindados chegaram à capital para reforçar o contingente. Logo, o governo reabriu negociações, com a expectativa de apresentar nova proposta.

O cabo Valério sendo carregado por seus colegas
de farda
 — reprodução acervo O Globo
O cabo Valério morreu seis dias depois, após passar por duas cirurgias.

Mais de 2 mil pessoas compareceram ao velório, no Cemitério Parque da Colina, região Oeste de Belo Horizonte.

Ele deixou a esposa Carmen e dois filhos, Felipe, com nove anos, e Danilo, com seis.

Nas novas negociações, o governador Eduardo Azeredo foi obrigado a aceitar e anunciar reajuste salarial de 48,2% para cabos, sargentos, soldados e subtenentes da PM.
Cabo Valério dos Santos Oliveira

O governo do Estado divulgou nota oficial sobre a morte do cabo Valério, pedindo que 
"os acontecimentos que o vitimaram jamais se repitam em Minas Gerais".

Cronograma do conflito da PM em Belo Horizonte


Como visto, desde março o comando da PM sabia da insatisfação dos praças com os baixos salários. Relatórios foram elaborados pelos comandantes das unidades em BH e enviados para o Comando Geral. O governador Eduardo Azeredo sabia dos riscos.
    • 6 de junho — O governo anuncia o reajuste dos oficiais, entre 10% e 20%. Os praças não tiveram nenhum reajuste.
    • 11 de junho — PMs demonstram insatisfação com os salários e com os riscos a que estão expostos no enterro do cabo Glendyson Hércules de Moura Costa, 31, baleado por assaltantes.
    • 12 de junho — Inicia-se a greve em pelo menos quatro batalhões. Os PMs paralisaram o policiamento ostensivo. Registram as ocorrências, mas não dão sequência a elas. O Comando Geral nega a existência de greve.
    • 13 de junho — 400 policiais fazem passeata em BH. O governo abre negociações e diz que já pediu aprovação à Assembléia Legislativa para dar aumento para os policiais por meio de decreto. Azeredo adia viagem à Europa.
    • 15 de junho — Azeredo considera a crise contornada e viaja para a Europa em missão comercial.
    • 16 de junho — O Comando da PM divulga nota afirmando que vai apurar os fatos, mas que não vai haver punição aos grevistas e manifestantes
    • 18 de junho — O comandante da PM mineira, coronel Antônio Carlos dos Santos, diz que promoverá mudanças internas no comando da PM, se continuar no cargo. Ele reconhece que a crise era previsível e que houve falha de comunicação com a tropa para explicar o reajuste dos oficiais
    • 21 de junho — Azeredo retorna da Europa, anuncia o abono fixo de R$ 102 para os praças da PM e detetives da Polícia Civil. Caem também dois oficiais do Comando Geral (Estado Maior e CPC -Comando de Policiamento da Capital)
    • 22 de junho — O novo comandante do CPC, coronel Edgar Eleotério Cardoso, destitui o comando do Batalhão de Choque
    • 24 de junho — Em assembléia, praças rejeitam a proposta do abono e saem em passeata. Encontram-se com mil detetives da Polícia Civil e, já com cerca de 5.000 manifestantes de vários batalhões, seguem até o Palácio do Governo e o Copom. Os manifestantes tentam invadir o Copom (Comando da Polícia Militar). O cabo Valério dos Santos Oliveira é atingido na cabeça por uma bala. O Exército ocupa o Palácio da Liberdade e fica de prontidão. O governo reabre negociações.
    • 25 de junho — Policiais dos batalhões de Choque e de Trânsito não saem às ruas. Chegam a BH três blindados do Exército. Representantes dos policiais se reúnem com o alto comando da PM, e o governo promete apresentar nova proposta no dia seguinte. Policiais de outras cidades mineiras fazem manifestações. Suspeito de ter ferido o cabo no dia da revolta se apresenta e é preso.
    • 26 de junho — O policiamento começa a voltar ao normal em BH. Depois de nova reunião de negociações, o governador Eduardo Azeredo anuncia reajuste salarial de 48,2% para soldados, cabos, sargentos e subtenentes da PM e para detetives da Polícia Civil.

Conclusão


O policial Wedson Campos Gomes, acusado de atirar em Valério dos Santos, foi preso e condenado a oito anos de reclusão.

Depois de negociações, o policiamento começou a voltar ao normal em BH. 

Logo, o governo anunciou reajuste salarial de 48,2% para soldados, cabos, sargentos e subtenentes da PM e para detetives da Polícia Civil, encerrando de vez o movimento grevista.

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), promulgou em 4/11/21, a Emenda à Constituição 110, de 2021, que anistiou 186 policiais militares que foram expulsos da corporação por participarem do movimento grevista de 1997.

Este conflito envolvendo a Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte, não só é um marco histórico das forças de segurança pública no Brasil, mas deve servir de exemplo aos nossos governantes de que eles não devem ser negligentes na necessidade de investimentos e reconhecimentos dos seus representantes.

Eu não me esqueci e você?

[Estado de Minas, original por Roger Dias, O Globo, O Tempo, ALMG]

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O QUE PODEMOS APRENDER COM O CÉLEBRE E ATEMPORAL SERMÃO DE PAULO EM ATENAS?

Apóstolo Paulo ministrando o Sermão de Areópago em Atenas, por Rafael, 1515
Nos começos evangélicos do cristianismo, o apótolo Paulo decidiu tentar convencer os atenienses das certezas da nova fé que encarnara. Para tanto apresentou-se no areópago da cidade para travar um encontro com os intelectuais de Atenas.

Quis "seduzir" os veneráveis homens de pensamento, herdeiros das escolas platônica e aristotélica, com as proféticas mensagens de Cristo e sua certeza no advento do Reino dos Céus.

Foi o primeiro embate entre a fé cristã e a razão pagã que se tem registro, embate que iria se prolongar por séculos, mesmo depois do desaparecimento do antigo mundo pagão.

No texto deste artigo, pretendo de forma breve expor em que condições este encontro supostamente aconteceu e como ele serve de paradigma para compreender melhor a relação entre fé cristã e filosofia no mundo antigo.

Entre a fé e a razão


O discurso de Paulo em Atenas (Atos 17:16-34) é um dos primeiros textos em que se trata diretamente da relação entre gregos e cristãos. O discurso é emblemático, pois representa o primeiro encontro entre filosofia grega e fé cristã no interior do Novo Testamento.

Ao ler o livro dos Atos dos Apóstolos, nos defrontamos com inúmeras situações de confronto entre judeus convertidos e gentios, onde se disputa sobre as obrigações destes últimos de seguir as práticas legais e rituais do judaísmo (como por exemplo, a circuncisão e a guarda do sábado).

Quando aconteceu e qual o contexto


O discurso de Paulo em Atenas se dá por volta do ano 50-52 d.C., no Areópago, onde Paulo percebe o temor supersticioso (deisidaimonia) dos gregos, pois encontrou na cidade imagens para todas as divindades, incluindo uma dedicada ao "Deus desconhecido" (agnôstô Theô), o qual ele utiliza como argumento para seu discurso, seus interlocutores são os filósofos epicuristas e estóicos.

Estas escolas filosóficas, que estavam em voga na época, podem servir como mote para reflexão sobre as concepções de Deus dos judeus e gregos, bem como sua relação com a discussão filosófica na antiguidade tardia.

Podemos perceber no discurso de Paulo influências do pensamento estóico, a partir dos temas tratados e da citação do filosofo estóico Cleantes (sec. IV a.C.), bem como da proximidade entre as ideias do apóstolo e do filósofo Sêneca (sec. I).

Essencialmente, o que se lê no texto de Atos 17:16-34, é a apresentação que Paulo fez da cosmovisão cristã aos atenienses. Ele colocou o evangelho na história maior da Bíblia, sustentando a razoabilidade da fé, a exclusividade da fé e a necessidade de arrependimento e fé no Salvador Jesus Cristo.

Pregação inteligente, sem perder a essência da unção


Em contraste com os ensinamentos dos epicuristas, que viam os deuses como distantes e não envolvidos nos assuntos diários, Paulo ensina que o propósito de Deus ao criar a raça humana era que se "buscassem a Deus"; Deus deseja amorosamente que as pessoas encontrem seu Criador.

A linguagem de Paulo, porém, também sugere a doutrina do pecado. A imagem que o apóstolo utiliza é a de pessoas cegas tateando atrás de Deus.

O discurso de Paulo em Atenas, no Areópago, é um exemplo de como a fé cristã se relaciona com a filosofia grega. O discurso também é um exemplo de evangelização e de como os cristãos enfrentaram desafios nas primeiras décadas.

Algumas lições que podemos aprender com o discurso de Paulo em Atenas são:

    • A necessidade de conhecer a Deus, em vez de adorar o desconhecido;
    • A importância de contextualizar o Evangelho;
    • A necessidade de respeitar a crença dos outros;
    • A preocupação com a salvação das pessoas;
    • A importância de comunicar e contextualizar o Evangelho para pessoas diversas;
    • A importância de aprender sobre ídolos e a relação com eles;
    • A importância de ter contato direto com os diferentes;
    • A importância de citar a relação natural com Deus.

Conclusão


Afora os contextos de pormenores teológicos, o sermão de Paulo em Atenas é atemporal em sua essência, pois nos mostra o quanto podemos fazer uso de forma inteligente dos nossos conhecimentos e experiências pessoais com Deus, não com motivação de confrontos infrutíferos, mas atingindo o objetivo evangelístico com propriedade, autoridade, sem perder o respeito com os outros e mantendo o compromisso implicítos nos princípios de Fé.

Lições do sermão de Paulo, que todo pregador deveria seguir

    • A PREGAÇÃO COMEÇA por estabelecer um ponto de contato com o público. Paulo começou com o altar "Ao Deus Desconhecido" e terminou com Cristo — a ressurreição de Cristo. Precisamos saber estabelecer pontos de contato.
    • A PREGAÇÃO SE SUSTENTA pela exposição do conteúdo centrado em Deus. Paulo apresentou atributos de Deus e demonstrou suas implicações, fechando o foco em Cristo. Precisamos saber apresentar a boa doutrina com aplicações.
    • A PREGAÇÃO PRECISA estimular a atenção com temas conhecidos. Paulo citou autores e poetas pagãos. Citou inclusive vocábulos utilizados por Homero. Precisamos saber fazer conexão entre a cultura e o evangelho; temos que saber lançar o evangelho na cultura — para a redenção da cultura.
    • A PREGAÇÃO ESTABELECE que todos devem tomar uma decisão diante de Cristo. O Senhor, em data por ainda incógnita a nós, mas Ele já estabelecida, julgará com justiça a todos os homens. Cabe-nos, portanto, na pregação e no viver esta vida pela fé no Filho de Deus que amou e se entregou por suas ovelhas.
Por fim, proponho algumas reflexões inerentes: Você crê em Cristo? Sua vida espelha a vida de Cristo? Ou você vive imerso em um sistema religioso, como quem não tem Deus e Cristo no mundo, mas o mantém "aprisionado" na bolha de costumes denominacionais, como quem não conhece a graça redentora de Deus em Jesus?

[Fonte: Anpof, original por Francisco José Silva — Professor Assistente e Coordenador do curso de Filosofia (UFCA); 2ª Igreja Batista em Goiânia, original por L.B.Peixoto]

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