Se você acessa a internet, provavelmente já leu algum anúncio de apostas on-line. As propagandas das chamadas "bets" estão em sites, nas camisas de esportistas nacionais e estrangeiros, nos programas esportivos e nas placas de publicidade que ficam em torno dos campos e quadras. Elas pegam carona na paixão das pessoas por esportes, como futebol, vôlei e basquete, e tentam motivar os incautos a apostar.
A estratégia tem dado certo. Segundo uma estimativa recente do jornal Folha de S. Paulo, com base em dados do Banco Central,
os gastos de brasileiros com apostas on-line entre janeiro e novembro de 2023 chegaram a R$ 54 bilhões. O número supera, por exemplo, o total das exportações brasileiras de carne bovina no mesmo ano (R$ 46,3 bilhões, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
As apostas são mais frequentes entre os jovens (30% de quem tem entre 16 e 24 anos, ante 15% da média nacional) e entre os homens (21%, contra 9% das mulheres). O gasto médio mensal é de R$ 263.
A pesquisa apontou ainda que 15% dos brasileiros já fizeram apostas esportivas online e que metade perdeu mais dinheiro do que ganhou. O dinheiro vai parar nos países-sede das empresas, em geral paraísos fiscais, onde a legislação é mais flexível.
Dentre essa modalidade de jogos on-line, sem dúvida alguma, um dos que nas últimas semanas chamou mais atenção na mídia, foi o tal "Jogo do Tigrinho", e o que tem de crente enfiado nessa jogatina ilegal sob todos os aspectos, é algo assustador e preocupante. É este o tema de mais um capítulo da minha série especial de artigos Papo Reto.
Nem tudo o que reluz é ouro
A popularidade do famigerado "Jogo do Tigrinho" saiu das telas dos celulares e alcançou as manchetes policiais dos jornais. O chamado Fortune Tiger, ou Jogo do Tigrinho, é investigado pela Polícia Civil de todo o Brasil por esquema criminoso de apostas on-line.
O "Jogo do Tigrinho" tomou a internet e pagou por isso. O caça-níqueis adaptado para tela de celular, oficialmente chamado de Fortune Tiger, está se disseminando pelas redes sociais, apesar das limitações previstas por grandes empresas de tecnologia por trás do Instagram, WhatsApp, Facebook, X (ex-Twitter) e TikTok.
A face mais visível desse fenômeno está no Instagram. Nas últimas semanas, usuários têm reportado assédio de perfis falsos que fazem solicitações de amizade, marcações em publicações sobre o tigrinho e abordagens com promessas de bônus em dinheiro para aqueles que fizerem apostas através de suas investidas.
Mas essa é só a ponta do iceberg. Há evidências de que programas de afiliados, com método de funcionamento semelhante ao de esquemas de pirâmide, estejam por trás da produção em massa de spam. Neste negócio, a pessoa que publica o link para a casa de apostas recebe uma parte do dinheiro perdido pelos internautas convencidos a apostar.
Dinheiro fácil, quem não quer? Eu!!!
O game promete ganhos rápidos e fáceis de altas quantias de dinheiro por meio de apostas. Com a ajuda de influenciadores digitais, como Sthe Matos, Kevi Jonny e Cristian Bell (eu só conheço essas criaturas de ouvir falar e sei que elas juntas acumulam e ostentam suas fortunas para milhares de seguidores imbecializados), o Fortune Tiger viralizou nas redes sociais e chamou a atenção das autoridades brasileiras.
Saiba mais porque o Jogo do Tigrinho é proibido no Brasil e o que aconteceu com os influenciadores que promoviam o jogo de azar responsável pelos problemas financeiros e emocionais de centenas de jogadores em nosso país.
Como funciona o jogo do Tigrinho?
Para jogá-los, as pessoas devem se inscrever na plataforma, fazer depósitos de dinheiro e rodas as bobinas para apostar na roleta.
Vence a partida quem tiver a "sorte" de combinar 3 símbolos nas linhas de pagamento. Os valores de aposta vão de R$0,50 a R$600 a cada rodada.
Segundo os sites dos cassinos on-line que disponibilizam o jogo do tigrinho, seu RTP (Return-To-Player) é de 96,96% — percentual que indica a probabilidade do jogador ter retorno do dinheiro apostado.
O Fortune Tiger foi lançado em 2022 pela PG Soft. A empresa estrangeira é fornecedora dos jogos de slots (caça-níqueis digitais) mais populares do Brasil, apesar do seu sistema do game ser hospedado no exterior e não possui registro ou representantes no país.
Ela também é a desenvolvedora de outros jogos que seguem a mesma lógica que a do Jogo do Tigrinho, como Fortune Rabbit (jogo do coelho), Fortune Mouse (jogo do rato), Fortune Gods (jogo dos deuses) e Fortune Ox (jogo do boi).
Quais são as falsas promessas por trás do jogo de azar?
Parte da propaganda do jogo do tigre está nas possibilidades de altos ganhos. A promessa se baseia no multiplicador de 10x da roleta e em rodadas bônus re-spin, o que elevaria até 2.500 vezes o retorno da aposta feita.
No entanto, há diversos relatos na internet acusando o jogo de não pagar os ganhos acumulados na roleta e de jogadores que ficaram viciados nas apostas do jogo, perdendo todas as suas economias.
O diretor da faculdade de direito da UFPR, Sérgio Staut Júnior, explica a ilegalidade cometida por games como o Fortune Tiger:
"São jogos que não tem regulamentação aqui no Brasil. São considerados jogos ilegais, de azar, e muitas vezes esses jogos são em sites fora do Brasil.
Já as bets elas têm uma regulamentação, tem uma lei que permite esse tipo de aposta, em que você aposta no resultado. Se vai ser positivo ou negativo para um time, se o sujeito fez um gol".
A legislação brasileira proíbe os jogos de azar no país desde 1946 pela gestão do general Eurico Gaspar Dutra. Recentemente, esse cenário sofreu algumas mudanças para diferenciar os jogos de azar das apostas dos jogos esportivos on-line.
A constituição classificava os jogos de azar em jogos cujo ganho ou perda dependam da sorte, apostas sobre corridas de cavalos e apostas sobre qualquer outra competição esportiva. Com a lei 13.756/2018, aprovada pelo ex-presidente Temer, as apostas esportivas passaram a ser enquadradas como loteria, o que é permitido no Brasil.
Divulgação dos influencers: a prática ilegal nas redes sociais
Grupo de Curitiba investigado por aliciamento do jogo do tigrinho: Reprodução Rede Globo |
Nas redes sociais, há influenciadores digitais que se tornaram porta-vozes do jogo do tigrinho, ensinando como jogar, promovendo rifas eletrônicas e fazendo publicidade ao contar suas histórias de superação após fazerem apostas no game.Nos discursos propagados em vídeos e imagens, o Fortune Tiger seria a fonte de renda desses tais famigerados "influencers", proporcionando uma vida luxuosa com direito a compra de carros de luxo, joias, mansões e viagens para paraísos como Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A investigação da Polícia Civil descobriu a realidade por trás dos bastidores dessa ostentação. Segundo as autoridades da operação, os influenciadores praticavam uma ilegalidade ao divulgar o jogo do tigrinho nas redes sociais, atuando como aliciadores do esquema criminoso.
Conforme reportagem exibida dia 03 de junho, no programa Fantástico, da Rede Globo em Curitiba, quatro influenciadores com cerca de 1 milhão de seguidores chegavam a ganhar de R$ 5 mil a R$ 15 mil por campanha semanal, além do lucro obtido pelo cadastro de novos jogadores, de R$ 10 a R$ 30 por inscrição.
Pirâmide financeira: a investigação policial em andamento
A promessa de ganhos elevados nas redes sociais foi o que chamou a atenção dos policiais, que passaram a suspeita do esquema de pirâmide financeira. Na web, os vídeos de influenciadores ganhando R$ 250 em um clique e usando notas de R$ 100 para se abanar ganhavam milhares de curtidas e compartilhamentos.
A primeira operação policial, Quebrando a Banca, veio a público em setembro. A Polícia Civil do Maranhão fez buscas na casa da influenciadora Skarlete Mello, que divulgava o jogo do tigrinho no seu perfil e agora está sendo investigada por promover jogos de azar, loteria não autorizada, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
"Mais de R$ 1 milhão em dinheiro foi apreendido, tivemos a apreensão de pelo menos três veículos importados",
afirma o delegado da Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros. Outros 15 influenciadores já foram ouvidos pelas autoridades e o caso levou à a criação e implementação de uma lei que proíbe a divulgação das plataformas de jogos de azar no estado.
Implicação psicanalítica
Para Rosângela Casseano, psicóloga, terapeuta cognitivo-comportamental e CEO da PsicoPass, plataforma de atendimento psicológico on-line, a publicidade pode influenciar as pessoas a fazerem apostas esportivas:
"muitas vezes, ela utiliza estratégias de persuasão para atrair os apostadores em potencial, destacando os benefícios e as possibilidades de ganhos.
Embora a publicidade não seja restrita a uma faixa etária específica, é importante considerar que crianças, jovens e pessoas mais maduras podem ser impactadas de maneiras diferentes”.
E tem mais:
“a influência do futebol, que é um esporte muito popular no Brasil, também tem contribuído muito para o aumento do interesse nas apostas esportivas. Algumas pessoas são atraídas pela emoção e pela adrenalina geradas ao jogar e outras veem nas apostas uma oportunidade de ganhar dinheiro rápido”,
observa Rosângela, em entrevista concedida ao portal Universal.org.
Mas é claro que agir assim é perigoso. Rosângela esclarece que é possível se viciar em apostas:
"esse vício é conhecido como ludopatia, considerado um transtorno do controle dos impulsos e está incluído na classificação de transtornos mentais da medicina.
Embora não haja uma denominação específica para o vício em jogos on-line, ele pode ser comparado a outros tipos de dependência em razão de seus aspectos comportamentais e psicológicos".
Há sinais que evidenciam o vício, como explica Rosângela:
"a dependência em jogos de aposta é caracterizada por um padrão de comportamento persistente e recorrente em que o indivíduo tem dificuldade em controlar ou interromper o ato de apostar, apesar das consequências negativas.
Alguns sintomas comuns incluem necessidade de apostar com frequência crescente, irritabilidade quando se tenta parar de apostar e perda de interesse por outras atividades".
Ela afirma que existem também doenças que podem estar relacionadas ao vício em apostas, como ansiedade e depressão, e fala das consequências da dependência:
"elas podem ser trágicas tanto para o indivíduo quanto para as pessoas ao seu redor. Situações como endividamento, perda de relacionamentos, problemas legais e comprometimento da saúde mental são exemplos dos possíveis efeitos negativos e incluem até o suicídio".
Ela afirma ainda que quem se vicia em apostas tem dificuldade em reconhecer que está nesta situação:
"uma das razões é a negação. O vício em apostas pode gerar sentimentos de vergonha, culpa e estigma, o que dificulta a busca por ajuda. Além disso, a natureza do vício em jogos de aposta, muitas vezes, leva as pessoas a acreditarem que podem recuperar as perdas com mais apostas, o que pode agravar ainda mais o problema".
Não é investimento: é contravenção penal!
Se equivoca quem acredita que a aposta on-line é um investimento.
"Os investimentos envolvem análise de dados, estratégias e conhecimento do mercado financeiro. Já as apostas esportivas dependem principalmente de sorte e de eventos aleatórios.É importante ressaltar que elas envolvem jogos de azar, o que significa que os resultados são imprevisíveis e que os apostadores estão sujeitos a perdas financeiras.
A probabilidade de perder na maioria dos casos é maior do que a de ganhar, pois as casas de apostas têm uma vantagem estatística embutida em suas probabilidades",
diz.
Mas é possível vencer o vício.
"O primeiro passo é reconhecer que existe um problema e buscar ajuda. Reconhecer os sinais precocemente pode ser extremamente útil, pois quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores serão as chances de recuperação",
finaliza.
Conclusão
Até 2025, não há obrigação legal para que essas empresas estejam hospedadas em domínios brasileiros. Depois de janeiro, as casas de apostas que quiserem estar adequadas à regulação terão que adotar o endereço ".bet.br".
É fácil hospedar o Jogo do Tigrinho a um site recém criado, uma vez que a desenvolvedora do jogo, a empresa baseada em Malta PG Soft, adota uma estratégia de distribuição baseada em parcerias e cobra comissão dos lucros pela licença de uso.
Assim, os cassinos on-line se disseminam pela rede mundial de computadores. Esses sites, em geral, atuam sob o modelo "white label", em que uma marca responde pela relação comercial com o cliente, mas todo o serviço é terceirizado.
Como evitar contas falsas e grupos indesejados nas redes sociais
No Instagram, é possível analisar e remover possíveis contas de spam. Para isso:
- Toque na sua foto do perfil, no canto inferior direito;
- Toque na sua lista de seguidores e em Possível spam;
- Toque em Remover todos os seguidores que são spam e em Remover.
- Toque em "..." na parte superior direita da publicação;
- Toque em "Denunciar";
- Siga as instruções na tela
Já no WhatsApp, é possível restringir quem pode adicionar sua conta a grupos, além de também ser possível bloquear e denunciar contas ou mensagens.
Para concluir, recorramos à Bíblia
Mesmo sabendo dos perigos do envolvimento nessa jogatina perniciosa, ainda há muitos ditos crentes que têm a cara de pau de defender a participação nesse engodo digital (tem até os que dizem que é "uma porta aberta por Deus"). Mas, vejamos o que nos orienta a Bíblia:
- 1 Timóteo 6:10 nos diz:
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores."
- Hebreus 13:5 declara:
"Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque Ele (Deus) disse: 'Não te deixarei, nem te desampararei.'"
- Mateus 6:24 proclama:
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas."
[Fonte: TecMundo, original por Bianca Seabra; Núcleo de Informações, original por Pedro S. Teixeira e Tamara Nassif; Folha Universal]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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