sábado, 24 de fevereiro de 2024

PAPO RETO — CUIDADO COM O POPULISMO: ELE TE ATRAI E DEPOIS TE TRAI!

Estamos em mais um ano de pleito eleitoral 
(Os brasileiros irão às urnas em 6 de outubro de 2024 para escolher os prefeitos, vice-prefeitos e os vereadores que cumprirão seus mandatos pelos próximos quatro anos. Caso haja segundo turno, o pleito está marcado para o dia 27 de outubro.).
Embora a maioria esteja levando sua vida ignorando completamente essa importante e séria demanda desse ano bissexto, é salutar que já comecemos a nos preparar para voltarmos às urnas com um mínimo de responsabilidade cívica. 

Por isso, até a chegada de outubro, vou postar artigos aqui no blogue Conexão Geral sobre temas especificamente políticos. 
Ah, e antes que alguém venha reclamar o porque de eu estar tratando desse tipo de assunto aqui, vou deixar um recado curto, grosso, mas necessário: O blogue é meu e falo nele sobre o que eu quiser! Aquele que não quiser ler/acessar determinado conteúdo é simples: não leia/acesse, simples assim!

O que é o Populismo?


O termo populismo surgiu no início do século passado, e foi criado para descrever governos com características populares, mas que flertavam com o autoritarismo e contavam com a centralização do poder em uma só figura. 

Getúlio Vargas (✩1882/✞1954) e Juan Domingo Perón (✩1895/✞1974) são dois dos mais famosos populistas da América do Sul.

A Quarta República, também conhecida como República Populista, foi um período da história brasileira iniciado em 1946, com a posse de Eurico Gaspar Dutra (✩1883/✞1974), e finalizado em 1964, com o Golpe Civil-Militar que marcou o início da Ditadura Militar no Brasil.

Principais características do populismo


O Populismo apresenta as seguintes características: a relação direta do líder com o povo era estabelecida por meio da influência de seu carisma sobre as massas; forte nacionalismo econômico, na adoção de medidas econômicas nacionalistas; discurso em defesa da união das massas, na conciliação das diferentes classes.
Uma curiosidade: populistas geralmente não falam de Populismo, pois sabem que vão se contradizer ou deixar a máscara cair.
É comum que, no Populismo, as ações tomadas desconsideram questões como orçamento público, viabilidade a longo prazo, e até mesmo a realidade. O que realmente importa é a aparência: o governo precisa parecer bom, mesmo que nos bastidores, tudo esteja um caos.

O medo é uma arma poderosa do Populismo. Faz parte do repertório a criação de um inimigo externo, muitas vezes irreal, para criar na população a ideia de que apenas o governante é o herói capaz de proteger o país. A narrativa "nós versus eles" também é bastante reforçada.

O populismo se basearia na ideia inerentemente moralista de um "povo" puro e homogêneo que se oporia a uma "elite" corrupta, e tal ideia poderia se associar a diversos conteúdos ideológicos, da extrema-direita à esquerda radical.

Problemas econômicos, sociais e políticos significativos são alguns fatores dentro da sociedade que impulsionam e fortalecem o Populismo. Quando uma nação está imersa nesses desafios é inevitável que surja uma frustração comum em toda a população, afinal o desejo de todos é ver o país crescendo e se desenvolvendo. 

E é também nesse contexto de dificuldade que ganham destaque líderes políticos que se posicionam como "salvadores da pátria". Apesar de muitas promessas e ideias, a prática deles não condiz com seu discurso.
Em síntese, o Populismo, em linhas simples, é quando um governante adota uma série de medidas de caráter popular, com aparente defesa dos mais pobres, mas pensando apenas em se manter no poder.

Vestígios do populismo no Brasil


Como já mencionado, o Populismo já esteve ou está presente em países de todos os continentes. No Brasil, por exemplo, ele teve quase 20 anos de história (de 1945 a 1964), período que ficou conhecido como República Populista, ou seja, duas década em que a população foi manipulada por meio de um líder que falava muito, mas não sabia como colocar em prática suas promessas. Imagine o impacto que isso gerou para todos.

"Um dos grandes líderes populistas dessa época, por exemplo, foi Ademar de Barros (✩1938-✞1941), que foi governador de São Paulo. 
Ele começou sua carreira política mais ligado à esquerda e terminou mais ligado à direita, mas sempre foi um populista. Ele fazia questão de falar errado para se aproximar da população", 
lembra o cientista político Valdir Pucci (Mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília).

Pucci ainda argumenta que alguns estudiosos apontam o ex-presidente Juscelino Kubitschek (✩1956/✞1961), cuja promessa era realizar "50 anos de progresso em cinco", como populista, mas um dos grandes expoentes do movimento teria sido mesmo Vargas, que esteve à frente do país de 1930 a 1945 e posteriormente de 1951 a 1954. 
"Getúlio se vendia como Pai dos Pobres, aquele que salvaria os pobres do Brasil da sua condição de miséria" [Qualquer semelhança com o atual mandatário do Brasil, não é mera coincidência. É plágio mesmo!].
Outro exemplo de líder populista foi Jânio Quadros (✩1917/✞1992). 
"Ele era aquele político que se permitia ser fotografado sem gravata, tirando ou subindo as mangas da camisa. 
Conta a lenda que ele pedia para que fosse jogado um pozinho branco sobre os ombros de seu paletó para que falassem que ele tinha caspa e, assim, se aproximar da população", 
comenta Pucci.

Porque o Populismo — quer seja de direita ou de esquerda — é tão politicamente nocivo


O Populismo, em linhas simples, é quando um governante adota uma série de medidas de caráter popular, com aparente defesa dos mais pobres, mas pensando apenas em se manter no poder.

Em todo o mundo é possível observar exemplos de líderes que agem ou agiram dessa forma. Normalmente, eles conquistam as pessoas por meio de um comportamento, de histórias e de propostas que parecem ter potencial para transformar a realidade, como esta ouvida recentemente: 
"eu falo de muitas coisas, mas, quando o povo gosta? Quando eu falo nós vamos voltar a reunir a família no domingo e nós vamos ter um churrasquinho e nós vamos comer uma fatia de picanha com a gordurinha passada na farinha e tomar uma cerveja gelada, 'bicho', o povo entra em delírio, porque é isso o que o povo quer".
Mas, tudo fica restrito apenas à teoria, o que impacta negativamente o desenvolvimento do país, do Estado ou da cidade e torna ainda mais difícil resolver os problemas reais.

Porém, o Populismo não é simplesmente uma forma de governar que pretensamente pensa no povo. Ele reúne uma série de características que o torna extremamente perigoso para o desenvolvimento de uma nação.

Essa estratégia populista de conquista da população pode ser considerada recente, explica  Pucci: 
"ela nasceu originalmente no século 19 nos Estados Unidos e quase simultaneamente na Rússia para descrever partidos ou movimentos políticos que tinham o objetivo de atender o povo. É daí que surgiram os termos populista ou populismo. 
Eram movimentos e partidos que se colocavam como defensores dos interesses da população, principalmente do povo mais carente, e que ganharam realmente força a partir da segunda metade do século 20".
A urbanização foi um dos fatores que fortaleceram esse movimento, assim como o 
"processo de universalização do voto, ou seja, quando a massa da população foi inserida no processo político de votação, inicialmente para os homens e depois também para as mulheres"
completa Pucci.

O principal impacto de uma agenda populista é a falta de projetos políticos com real interesse de solucionar os problemas do país. 
"Assim, acabamos perdendo, quando há governos populistas, a possibilidade de discutir seriamente o Brasil. Se fica numa discussão de quem vai salvar o povo, como se o povo precisasse necessariamente ser salvo. Se coloca o povo em uma condição de criança que precisa de um pai populista, de um líder populista que vai salvá-lo"
declara Pucci. 

Vale destacar que o comportamento populista quer resolver o problema sem pensar no amanhã, o que traz uma falsa sensação de segurança que desmorona no primeiro vendaval. Assim, o populismo perde a oportunidade de promover um crescimento sólido do país a longo prazo. 
"Talvez o povo não precise ser salvo, mas apenas de segurança e de continuidade do processo político"
conclui Pucci.

Conclusão


O Populismo tem como objetivo manter o governante no poder. Não existe plano de governo ou plano de nação que não passe pelo governante. Isso anula as possibilidades de uma continuidade natural da sucessão de poderes, e trava o processo democrático de alternância de poder.

Como o governante é figura central na prática, reforçar a necessidade dele é algo que acontece de maneira constante. E, para isso, são criados problemas e situações com o intuito de heroificar e construir um personagem. Personagem esse que é a solução dos problemas e o suposto salvador da pátria.

Quando olhamos os exemplos do passado, eles até parecem absurdos, porém hoje muitos líderes políticos criam um personagem vestido de simplicidade para ficarem mais próximos do povo. Claro, os tempos mudaram, mas muitos ainda caem em promessas rasas e superficiais e na inexistência de um projeto ou um caminho definido para elas. 

É fácil falar que vai acabar com a pobreza, por exemplo, mas de que forma isso ocorrerá? À custa de quê ou de quem? A grande crítica em torno do Populismo é a falta de transparência, de planos concretos e seus resultados frustrantes.

Essas questões, somadas, fazem com que governos populistas tragam um atraso imenso para o País, pois não focam no real desenvolvimento e prosperidade da nação. O prejuízo é de anos, senão décadas. Precisamos estar sempre atentos e combater até mesmo o menor dos sinais de Populismo em qualquer governo, a fim de evitar que este mal pestilento se espalhe.

[Fonte: Folha Universal, original por Cinthia Cardoso, acessado entre 22 e 24 de fevereiro de 2024]

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "SONHO DE ÍCARO", BIAFRA

Eu sempre disse que, quando o assunto é música, meu gosto pessoal é de um ecletismo tal, que me permite uma enorme diversidade de ritmos e estilos em minhas playlists. Eu ouço quase de tudo um pouco a depender do meu estado de espírito. A única coisa que não posso mesmo é ficar sem ouvir música.

Qual a importância da música na nossa vida?


A música traz diversos benefícios para os seres humanos e é possível verificar os efeitos que ela produz no cérebro, mesmo sem nenhum conhecimento prévio ou parecer de um profissional. Seja na educação especial, no ensino básico, ou no tratamento e prevenção ou apoio a saúde mental, a música é capaz de promover qualidade de vida e bem estar.

As canções proporcionam uma infinidade de sensações e benefícios que são reconhecidos por pesquisadores como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana. Alguns afirmam que ela promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de prazer e conforto, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio.

O cérebro é a parte do sistema nervoso central responsável pela percepção que temos do mundo, desde as funções básicas do nosso corpo, até os sentimentos mais complexos. Ele recebe todos os estímulos dos órgãos sensoriais, interpretando-os a fim de acionar impulsos motores que, controlam nossas atividades vitais, além de ser o órgão do pensamento, sentimentos, memória e imaginação. Logo, a ação de ouvir música não poderia ser diferente.

Segundo estudiosos a música causa efeitos curiosos em nosso cérebro, chegando a influenciar, inclusive, hábitos de consumo e a forma de como percebemos o passar do tempo. Além de ser um entretenimento, ele também é capaz de trazer diversos benefícios à saúde, como alívio de dores, melhora da memória e até mesmo um estímulo para a prática de atividades físicas.

Algumas pessoas se utilizam da musicoterapia - conjunto de técnicas baseadas na música e empregadas no tratamento de problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos – para tratar problemas afetivos, sociais ou cognitivos, como por exemplo, questões ligadas à comunicação, relacionamentos e a aprendizagem.

Dito isto sobre a música, vamos agora a mais um capítulo da minha série especial de artigos "Canções Eternas Canções". E neste capítulo vou falar 
— obviamente, sob um víes mais psicanalítico (agora, não tem como ser diferente...)  —
sobre uma música que, mesmo sendo injustiçada por muitos, não deixa de ser um dos grandes clássicos da MPB: 'Sonho de Ícaro', composta por Carlos Roberto Piazzoli, o Piska (✩1951/✞2011) e interpretada pelo cantor Byafra.

Sobre o cantor


Biafra (1957) é um cantor brasileiro de música romântica. É conhecido por canções de grande sucesso como a icônica 'Sonho de Ícaro' e 'Leão Ferido'.

Biafra é o pseudônimo de Maurício Pinheiro Reis, nascido em Niterói, Rio de Janeiro, no dia 15 de outubro de 1957. Ainda na infância interessou-se pela música, particularmente por percussão. 

Fez curso de música e flauta, o que impulsionou sua vocação musical. Biafra fez parte do coral do Centro Educacional de Niterói, cujo maestro era Hermano Soares de Sá (✩?/✞2019). Nos anos 60, fez apresentação cantando no coral na Escócia no Festival de Aberdeen cantando peças de Villa-Lobos.

Surgiu como cantor para o público brasileiro no começo dos anos 70, quando fazia parte da banda O Circo, que fez várias apresentações na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói. Em 1979, lançou o álbum "Primeira Nuvem" pela gravadora CBS, cujo sucesso foi 'Helena', música que fez parte da trilha sonora da novela "Marrom Glacê".

Ganhou Disco de Ouro com o álbum "Despertar" (1981), que continha a música 'Leão Ferido', grande sucesso nas paradas da época. A música 'Seu Nome' fez parte da trilha sonora da novela "A Gata Comeu". Ganhou mais um Disco de Ouro, em 1984, com a canção intitulada 'Sonho de Ícaro', que se tornou plataforma de sua carreira e fez parte do álbum "Existe Uma Ideia".

Muitos cantores já interpretaram as canções de Biafra, entre eles, Roberto Carlos, Rosana, Ney Matogrosso, Simone, Danilo Caymmi, Chitãozinho e Xororó, entre outros.

Em 1998, mudou seu nome trocando a letra “i” pelo “y” para evitar confusões nas páginas da internet com a guerra civil nigeriana.

Sonhando como ícaro

"Voar voar, subir, subir […]", 
o trecho da música, interpretada por Byafra, é inspirado em uma passagem da mitologia grega, que relata a busca de Ícaro para se livrar do aprisionamento em um labirinto. Ele e seu pai Dédalo foram aprisionados pelo rei Minos após desobedecerem a suas ordens. 

Para fugir, Ícaro e seu pai inovaram usando asas coladas ao corpo com cera. Então, Ícaro voou tão alto que conseguiu sair do labirinto e, sentindo-se tão estonteante com a sensação de liberdade, chegou próximo demais do sol.

Apesar de a história de Ícaro não ter um final feliz, ela nos inspira a refletir sobre a sensação de liberdade que o assolou. Sobre como nós podemos, assim como ele, protagonizar as nossas histórias, em busca da nossa liberdade, ao invés de esperarmos que decidam por nós.

A todos que já experimentaram a sensação de liberdade, assim como Ícaro, a partir do momento em que sofrem uma privação, se sentem extremamente incomodados, seja através de amarras sociais, profissionais, de relacionamentos, que às vezes passam imperceptíveis. 

A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, as consequências de suas existências passam a nos trazer efeitos colaterais: desmotivação no trabalho, dificuldades em empreender, brigas e estresse nos relacionamentos. Com certeza, não são fatores que levam a querer continuar ali, pois é natural do ser humano almejar sempre o melhor para si, como diz Ludwig Von Mises (✩1881/✞1973), no seu livro "Ação Humana".

Assim, esses fatores nos devem inspirar a sonhar e buscar aquilo que realmente importa e nos faz bem. A liberdade inspira a seguir adiante, em busca dos sonhos, em busca de um propósito e de algo que realmente faça sentido.

Uma letra, muitos simbolismos

'Sonho de Ícaro'
(Piska) — Byafra

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor

Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão

No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol

Rock do bom
Ou quem sabe jazz
Som sobre som
Bem mais, bem mais

O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter

O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde ninguém for

Do alto coração
Mais alto coração

Viver, viver
E não fingir
Esconder no olhar
Pedir não mais
Que permitir
Jogos de azar

Fauno lunar
Sombras no porão
E um show vulgar
Todo verão

Fugir meu bem
Pra ser feliz
Só no Polo Sul
Não vou mudar
Do meu país
Nem vestir azul

Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom

Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais

Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim

Do alto, coração
Mais alto, coração

Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom

Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim

Do alto, o coração
Mais alto, o coração
Pois bem, a canção em tela possui diversas expressões que despertam ao longo do tempo a curiosidade das pessoas, tanto que achei até em um blog, certa feita, uma resposta supostamente do próprio Byafra, dizendo que ele nunca se preocupou muito em entender a letra da música, que pra ele o que valia era uma certa "musicalidade mágica" que a canção tinha. 

Mas eu não, Byafra! Permita-me desvendar a de forma bem literal o significado da mensagem passada por essa música 
— Que, sim, eu amo! —,
assim como o simbolismo de todas as figuras mitológicas que são citadas nela.

Enfim, figuras imaginárias como o Fauno Lunar, Anjos de Gás e expressões como "faça o sinal" (que sinal afinal?!...) e "dentro do bombom há um licor a mais" (como tem a mais se o bombom já tem a quantidade certa de licor e após a mordida ele passará a ter a menos, afinal parte já foi abocada pelo comensal... enfim...).

Diante do singular desafio de entender esses símbolos, acabei começando uma pesquisa pela interpretação da música, que colocarei aqui. 

Ícaro! 


Filho de um descendente direto de Zeus (o todo poderoso dos gregos), Dédalo, com uma escrava de Perséfone (Naucrete o nome da escrava e mãe de Ícaro). 

Pai de Ícaro (Dédalo) matou seu sobrinho Talo, ficou por algum tempo exilado em Tebas. Até que um dia, acabou sendo pego e terminou preso, junto com seu filho (Ícaro) em um labirinto criado por Minotauro (uma história muito longa e, obviamente, eu não vou conta-la aqui)…

Mente vazia é oficina do diabo, já diz o ditado popular. Então, em meio ao marasmo da vida prisioneira dentro do tal labirinto, criado a essa hora pelo já morto Minotauro, começou a traçar um plano infalível, daqueles do tipo que o Cebolinha e o Cascão armam para cima da Mônica, assim como os planos do Cebolinha, você sabe o final né? Pois é. 

O plano consistiu em criar asas artificiais, feitas de cera (se não me falha a memória de mel de abelha e penas de aves)… porém tinha um problema: não poderia voar muito perto do sol, pois havia um sério risco de derreter a cera e nem tão próximo a água, pois tornaria a asa mais pesada e tal… resultado? 

Adolescente é bicho rebelde, não escuta os mais velhos e nem dão uma repassada no plano pra ver se não está faltando nada, se algo pode dar errado. Sabe como a juventude é cheia de si né? Sabem de tudo, já viveram tudo, conhecem de tudo e não precisam de conselhos de ninguém… 

Então, no final das contas.. bem, o final da história todo mundo sabe: 
"que manés, como assim não posso fazer isso nem aquilo, eu já sou adulto e você não manda em mim, eu faço o que eu quiser, seus velhos caquéticos…" 
e lá foi Ícaro voando o mais alto que pode, até que as asinhas derreteram e ele: puft, caiu.

Análise da letra


A letra da música tem nada a ver com a história, mas ainda assim, é uma música muito boa! Lindíssima! 'Sonho de Ícaro' explora temas de liberdade, autoexpressão, superação e busca de sonhos. Como vimos, a letra evoca uma sensação de voar e se libertar das limitações, refletindo um desejo de transcender fronteiras e experimentar a vida ao máximo, sendo que, se não bem dosada, o preço pago pela tão proclamada liberdade, pode ser alto, pode ser fatal. E a vida real, afora a mitologia grega, nos mostra bem isso. Aliás, a própria Bíblia, nos adverte algo sério sobre a liberdade:
"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão... 
...Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor" (Gálatas 5:1, 13).
Os versos de abertura, 
"...Voar voar, subir subir ir por onde for..."
expressam o desejo de exploração e aventura sem fim. A frase 
"...Descer até o céu cair ou mudar de cor..."
sugere uma disposição para desafiar normas e expectativas convencionais.

As referências a 
"...Anjos de gás, asas de ilusão..."
"...um sonho audaz feito um balão..."
representam o poder da imaginação e a capacidade de criar a própria realidade. 
A música carrega um espírito rebelde, incorporando elementos de diferentes gêneros musicais como rock e jazz, implicando uma rejeição à conformidade e uma aceitação da autenticidade pessoal.
A letra também aborda o tema do amor não correspondido e o anseio por possuir o inatingível. Versos como 
"...O que sai de mim vem do prazer / De querer sentir o que eu não posso ter..."
expressam um desejo por algo que permanece fora de alcance.

Além disso, a música enfatiza a importância de abraçar a individualidade e resistir às pressões sociais. Versos como 
"...Do alto coração, mais alto coração..."
transmitem a ideia de superar os padrões sociais e viver autenticamente.

Os versos finais da música, 
"...Em que o sol derreta a cera até o fim..."
aludem ao destino de Ícaro. 
Isso pode ser interpretado como um lembrete dos perigos do orgulho excessivo ou da ambição desmedida, instando os ouvintes a permanecerem com os pés no chão apesar de suas aspirações.
Em geral, 'Sonho de Ícaro' encoraja os ouvintes a sonhar, se libertar das limitações e abraçar sua verdadeira essência, ou seja, voar, voar; subir, subir e
ir por onde for.

A ascensão do protagonista da história é provavelmente uma trajetória musical, seja como autor, compositor ou alguém ligado à música, shows musicais, porque ele menciona gêneros em evidência à época da composição e cria um paralelismo entre som e bem mais, como demonstrasse que para ele o som não é apenas a música que se ouve, mas também viver-se da música e dela subtrair muitas coisas ("bem mais, bem mais").

Um amor impossível

...O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for...
É neste trecho da canção, que temos uma aparente referência a um amor proibido, platônico ou algo proibido, não necessariamente romântico, como uma experiência com drogas ilícitas, com uma pessoa de outra orientação sexual (levar em conta a época da música), ou alguma conduta complicada do ponto de vista profissional
("...De querer SENTIR o que eu não posso TER..."). 
Há posse, certo hedonismo e certa 'coisificação' da pessoa, no caso de uma referência romântica.

Existe uma retomada aqui da questão da auto-indulgência e do explicar-se na canção. O autor justifica as atitudes muitas das vezes vaidosas, imaturas ou impensadas do protagonista pelo fato de simplesmente estar buscando o prazer, sendo quem ele é, como se isso não fosse algo imoral em si, mas válido, e desnuda que o protagonista tem uma grande ambição, um desejo de primazia, pioneirismo, inovação. 

Ele gosta de tentar, de ir onde ninguém foi. Talvez essa inovação seja uma crítica à censura que ainda existia na época ou à formas de opressão e limite que existem em todas as estruturas de poder. As famosas "regras do jogo" de todo ramo. 
"...Do alto coração / Mais alto coração...
Dois caminhos: o coração auto-exaltado, daquele que está deslumbrado com o sucesso, ou novamente uma justificativa para as atitudes de alguém extremamente emotivo e passional, cuja motivação está lá nas alturas do coração (seja lá onde isso fique...

O Fauno Lunar


Na mitologia grega, que às vezes mistura-se à história em alguns registros, fala-se que houve um marinheiro chamado Fauno. Esse camarada foi apaixonado por uma poetisa, chamada Safo, nascida em Lesbos. Diz-se que as palavras safada e lésbica são derivadas respectivamente dos nomes já citados.

Bem, dizem que ele pediu poderes de sedução à Afrodite, e que conseguiu conquistar a poetisa. Dizem que ela era muito doida, e também muito linda, considerada a Décima Musa por alguns autores. Também é dito que ela não tinha o biotipo padrão de beleza grega, sendo magra e altiva, contrastando com as mulheres mais carnudinhas que os gregos adoravam. Pois bem, com seu físico de top model, cabelos negros e poucos pudores, Safo é uma personagem controversa.

Mas porque eu quis entrar nisso? Pois bem, o Fauno também é conhecido como um semideus, pai de todos os sátiros, e também sátiro, muitas vezes confundido com o deus Pã, ainda que alguns puristas digam que o sincretismo é defeituoso aqui e que de fato o Fauno seria um personagem essencialmente romano, não possuindo uma contraparte precisa na cultura grega. 

Chama-se de Fauno Lupercus, uma importante caverna das narrativas da mitologia grega. Se eu não me engano era lá que se refugiava a Cabra Amaltéia, que amamentou o próprio Zeus. Pois bem, o Fauno tinha uma simbologia ligada à floresta, aos bosques, e à proteção contra os animais selvagens, em particular contra os lobos. Algo que seria semelhante no catolicismo a dizer que São Fauno era o santo protetor dos silvícolas, santo protetor contra as feras. Então, atenho-me aos lobos. 

O lobo é um animal de presença multicontinental, conhecido por todas as culturas civilizadas desde o Egito antigo, e tem uma associação simbólica muito grande com a Lua. A Lua atraí os Lobos, o Fauno repele-os. 

Tá bom, Léo, mas e o que isso tem a ver com a música?


Fauno Lunar seria então uma antítese paradoxal. Ou contra-senso. Fauno Lunar diria respeito às contradições que permeiam a vida de uma pessoa. Já encontrou alguma pessoa que disse pra você assim: 
"eu não entendo, reclamo tanto de cara cafageste e fui namorar com um"; 
"ah, eu tenho dedo podre pra mulher, sempre arrumo mulher golpista, e eu sou super certinho com dinheiro".
O Fauno Lunar é o símbolo daquela pessoa que atraí o que deveria repelir e às vezes repele aquilo que deveria atrair. É a significação máxima da contradição e complexidade humana (Papo mais psicanálitico, impossivel!).
Ou seja, como a letra toda nos remete à busca pela liberdade, ela ao mesmo tempo nos lembra de encontrar equilíbrio e evitar os perigos da arrogância que a liberdade pode nos trazer.

Conclusão


A expressão da música — "voa, voar..." — nos remete ao voo de um pássaro que é livre para seguir em diversas direções. Portanto, seja como Ícaro ou como um pássaro; liberdade significa guiar nossos próprios caminhos, fazendo nossas próprias escolhas, na busca daquilo que é melhor para nós.

Visto que a liberdade inspira a dar um passo à frente, a fazer aquilo que queremos fazer, a buscar o que é melhor, a inovar, a empreender, a não esperar acontecer, é esse entusiasmo, mesclado com o prazer, que inspira cada vez mais a querer mais. 

A liberdade é a premissa para correr atrás dos sonhos. Ser livre é inspirador e nos permite sonhar a ser quem a gente é, contudo, no entanto, porém é fundamental a busca pelo equilíbrio. É o paradoxo existencial do "voar sem tirar os pés do chão".

Viu como a letra composta por Piska e eternizada na interpretação do Byafra é bem mais rica e interessante do que podíamos imaginar? 
Dê já um bico no seu preconceito, corre lá e vá ouvir a música, sô!
[Fonte: Instituto Liberal, original por Rachel Carminati, acessado em 18/02/2024; EBiografia; Amanhecendo Boas Ideias, original por Daniel Mendonça (jornalista), acessado em 20/02/2024]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS" DA BÍBLIA — NATÃ

Em mais um capitulo da minha série especial de artigos, vamos conhecer mais um dos "'Heróis Desconhecidos' da Bíblia". Aqui, falarei sobre o profeta Natã. Apesar de sua grande relevância no registro do Antigo Testamento, geralmente, quando se fala sobre Natã, é como um coadjuvante na história do grande protagonista, o rei Davi.

Porém, é importante que conheçamos mais acerca desse corajoso profeta de Deus, com quem temos muito a aprender. 
Quem foi Natã o profeta que repreendeu Davi? No cenário bíblico, encontramos figuras proféticas de grande importância; e alguns deles ficaram conhecidos pela sua coragem e fidelidade a Deus. Este, sem dúvida, é o caso de Natã, cuja história, conheceremos aqui.
Vamos entender quem foi o profeta que desempenhou um papel fundamental na vida do rei Davi. Neste artigo, exploraremos as passagens bíblicas que ele se destacou e quais lições podemos aprender sobre arrependimento, justiça e o relacionamento com Deus.

Qual a origem de Natã?


Primeiramente, a Bíblia não passa os detalhes sobre a vida deste profeta, mas ainda assim, a sua presença nos ensina sobre a importância da obediência a Deus. Percebemos que ele foi um profeta fiel e cumpriu sua missão com coragem, mesmo quando suas palavras envolviam repreensões.

O profeta Natã descendia da tribo de Levi e foi pai de dois filhos que ocuparam importantes cargos no reinado de Salomão, filho do rei Davi. Seus nomes eram Azarias e Zabude (1 Reis 4:1-7). Natã teve um ministério profético muito importante na vida do rei Davi, pois foi ele quem revelou ao rei que de sua linhagem viria o Salvador do mundo: Jesus Cristo (2 Samuel 7:4-171 Crônicas 17:3-15). 

Natã (do hebraico Natan), que significa dádiva ou presente de Deus (ou "Deus deu"), foi o mais importante conselheiro para assuntos religiosos a residir na corte do rei Davi, em Jerusalém. Alguns o tratam como profeta, mesmo sabendo que sua função era outra. Os relatos sobre esse personagem são encontrados em 2 Samuel 7:1-17 e no Livro de Crônicas (1 Cr 29:29; 2 Cr 9:29).

O exercício ministerial de Natã


É interessante observar que a palavra "profeta" vem do hebraico "nabi". E, do grego "prophetes". E significa: 
"O que fala por Deus ou em lugar de Deus". 
Assim, o profeta é o "porta-voz" de Deus. O profeta é a pessoa por meio de quem se dá a conhecer a vontade e o propósito Divino (Lucas 1:70Atos 3:18-21). Sua missão e preservar o conhecimento e a vontade do Deus Todo-Poderoso, no momento por Ele determinado.

Naquele tempo, ser um homem de Deus e falar a verdade a um rei não era uma tarefa fácil. Muitas vezes, era necessário ser estratégico antes de enviar a mensagem divina.

Diante dessa dificuldade, sua atitude nos lembra que seguir os mandamentos de Deus e buscar Sua vontade são fundamentais para ser revestido da sabedoria do alto.

Foi Natã quem admoestou Davi quando este cometeu adultério com Bate-Seba, mulher de Urias, e cometeu o homicídio contra ele (2 Sm 12:1-15). Ao final, foi o próprio Natã quem ungiu Salomão o novo rei de Israel, e o empossou no cargo, depois da morte de Davi, seu pai (1 Reis 1:5-40). Salomão era filho do rei Davi com Bate-Seba, a viúva de Urias, o heteu.

Em grande parte, o ministério de Natã (o profeta de Deus nos tempos do rei Davi) foi dividido com outro grande profeta, seu contemporâneo: Gade. Ambos foram conselheiros do rei Davi (2 Cr 29:25-29). Inclusive, esses dois profetas aconselharam o rei Davi sobre os instrumentos musicais que deveriam ser utilizados no Templo do Senhor (2 Sm 7:1-17; 2 Cr 17).

Quando o profeta Samuel faleceu deixou escritos dois livros do Velho Testamento: Juízes e Rute. Deixou ainda um terceiro livro inacabado: 1 Samuel, o qual foi concluído pelos seus sucessores: Natã e Gade (1 Sm 25:1).

O livro 1 Samuel é um registro dos primórdios do reinado de Israel, salientando a obediência a Deus. Este livro abrange o tempo desde o nascimento de Samuel até a morte do primeiro rei de Israel, Saul.

Após a conclusão do livro 1 Samuel, Natã e Gade passaram a escrever conjuntamente o livro 2 Samuel, que é a continuação do anterior. Este livro é um registro do reinado de Davi, narrando as bênçãos que ele obteve, bem como as penas que recebeu de Deus ao pecar.
 

Natã e Davi


Quando Davi se perdeu por causa dos pecados cometidos, sobretudo do adultério, Natã é enviado por Deus para confrontar o rei e ajudá-lo no seu exame de consciência. Apresentou com muita sabedoria e discernimento o senso de justiça que o rei possuía, falou de sua unção e dos desejos de Deus. 

Davi, então, movido pela graça de Deus, arrepende-se e busca consertar seu caminho. Outro dado importante sobre o profeta é que Davi confia a ele a educação de seu filho Salomão, ao qual dá o nome de Jedidias (amado de Javé), o herdeiro do trono de Israel.

Natã tinha como único objetivo trazer de volta o chefe da nação que havia se perdido como a ovelha desgarrada das pastagens. Era um genuíno defensor das tradições de Israel e em algumas ocasiões confronta o rei para garantir que elas não se percam. 

Num primeiro momento, incentiva Davi a construir um templo em Israel para guardar a Arca da Aliança, que estava em tendas, mas, depois de uma comunicação íntima com Javé, comunica a Davi que o Senhor não quer mais um templo, mas garantirá sua dinastia para sempre.

O amigo do rei e da corte era um homem que amava a verdade e não hesitou em promovê-la, mesmo sabendo que poderia ser morto. Certamente esse era seu maior sofrimento: tentar curar e salvar Davi de suas ilusões. Nos maiores acontecimentos, complôs, injustiças e traições por parte do rei, o profeta Natã estava presente para orientá-lo.

Natã, um exemplo de fidelidade ao Senhor


Natã tinha uma profunda intimidade com o Senhor e esse foi seu chamado especial nesse contexto. Sua fidelidade ao rei pode ser interpretada atualmente como lealdade ao próprio Deus, que usa de todos os meios para garantir sua aliança. 

Natã com sabedoria iluminou a corte com seus ensinamentos, porém, o mais significativo foi ter a coragem de apontar ao soberano seus pecados, tocando a consciência e devolvendo a dignidade a quem havia praticado tantas atrocidades. O profeta é encarregado de colocar Deus no homem, de fazê-lo restabelecer sua conexão com o sagrado, mesmo que o martírio bata à sua porta.

Conclusão


A coragem de Natã é uma virtude a ser examinada e praticada para salvaguardar nossas tradições e os valores pelos quais lutamos. Nada fica impune diante de Deus e sempre é tempo para reverter os erros da história quando existe arrependimento e compromisso com a vida. Foi isso que Natã anunciou a Davi, que humildemente acolheu e mudou sua jornada.

Assim, compreendendo quem foi Natã, podemos tomar a posição de servo fiel e prudente, colocando o direito que Deus nos deu, acima de tudo. Dessa maneira, nunca perderemos de vista o amor incondicional de Deus, que está sempre pronto para nos receber de volta e nos dar uma nova chance.

Essa experiência do profeta nos mostra, portanto, que quando somos separados para levar a mensagem de Deus, não devemos temer a posição ou prestígio do receptor da mensagem. Porém, devemos pedir a Ele condições de ajudar aquela pessoa ao arrependimento para, por fim, voltar o seu relacionamento com o Criador.

[Fonte: Personagem Bíblico, original acessado em 15/02/2024; Biblioteca do Pregador, original por Josiane Silva, acessado em 17/02/2024]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS" DA BÍBLIA — ONESÍFORO

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Me responda com sinceridade: quantas vezes na sua vida, você ouviu alguém pregando sobre Onesíforo ou mesmo apenas citando-o em alguma ministração?
Todos sentimos falta das pessoas que amamos quando estão longe, mas o que fortalece um relacionamento é o que estamos dispostos a fazer por essas pessoas. Quando isso acontece, somos uma verdadeira "bênção" para outras pessoas. Se contarmos com amigos assim, devemos cuidar deles porque são bênção para nós.

Onesíforo foi uma dessas pessoas. Seu nome significa "que leva vantagem, que traz bênção". Não podiam ter lhe dado um nome melhor, embora para nós, no século 21, ele nos soe bastante estranho! 
(Quantas pessoas chamadas Onesíforo você conhece?)
De fato, não conheço ninguém que hoje tenha esse nome! Paulo fala do seu amigo na sua última carta e o faz para contrastar sua atitude e suas motivações com duas pessoas que o prejudicaram (2 Timóteo 1:13-18). Pois bem, é ele, Onesífero o "herói desconhecido" no terceiro capítulo da minha série especial de artigos.

Quem foi Onesífero


Você sabe quem foi Onesíforo? Onde ele morava? Qual foi o destaque que recebeu como crente? Há muitos servos de Deus que passarão quase despercebidos nos anais da história, porém, tiveram uma contribuição decisiva na igreja e uma ação corajosa em favor do povo de Deus. 

Onesíforo era membro da igreja de Éfeso. Sua cidade era a capital da Ásia Menor, centro de idolatria e ocultismo. Éfeso hospedava o templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo, um palácio de mármore, oito vezes maior que o Parthenon de Atenas. Esse homem converteu-se a Cristo com toda a sua família. Sua marca distintiva foi a misericórdia.

Onde Onesífero entra na história do apóstolo Paulo?


O apóstolo Paulo, depois do incêndio de Roma, entre os dias 17 a 24 de julho de 64 d.C., passa a ser procurado como um malfeitor. Isso, porque, o imperador Nero atribuiu o criminoso incêndio da capital aos cristãos. 

Paulo, sendo o maior líder do cristianismo é preso e lançado numa masmorra imunda, de onde as prisioneiros saíam leprosos ou para o martírio. Do interior dessa prisão insalubre é que Paulo escreve sua última carta, a seu filho Timóteo, e nela faz referência a Onesíforo, manifestando a ele seu preito de gratidão.

Depois do grande despertamento ocorrido em Éfeso (cf. Atos 19), quando as pessoas denunciaram publicamente suas obras e abandonaram a idolatria, rompendo com a feitiçaria, seguiu-se uma grande deserção. Parecia que o evangelho estava à beira da extinção.

No meio dessa debandada geral, aparece Onesíforo, cujo nome também significa "portador de préstimos", ele é como um lírio que floresce no lodo. É um exemplo de lealdade no meio de tanta deserção. O erudito W. Hendriksen (✩1900/1982) diz que: 
"a beleza de seu caráter e nobreza de suas ações se destacam claramente no obscuro transfundo da triste conduta de todos os que estão na Ásia".
Durante os três anos que Paulo passou em Éfeso, Onesíforo prestou-lhe muitos serviços. Esse foi um tempo turbulento no ministério de Paulo, tempo em que enfrentou feras e travou lutas maiores do que suas forças (2 Coríntios 1:8). 

Onesíforo, esse valente, quase anônimo, muitas vezes encorajou Paulo e lhe deu ânimo quando esteve preso (2 Tm 1:16). Ao saber da segunda prisão de Paulo em Roma, saiu de sua cidade e rumou para a capital do império à procura do apóstolo. 

Procurou-o diligentemente até encontrá-lo. Correu todos os ricos para prestar assistência a Paulo no final de sua vida. Confortou sua alma na sala de espera do martírio. Muitas vezes encorajou Paulo e lhe deu ânimo nas horas mais sombrias da vida. 

Amigo de fé, irmão camarada


Paulo, nesta última prisão lidou com o drama da solidão, do abandono, das privações, da traição e da ingratidão (2 Tm 4:9-18). Mas, Onesíforo não desistiu de Paulo, mesmo sabendo que ele estava sendo acusado de malfeitor (2:9). Por causa disso, todos os da Ásia abandonaram o velho apóstolo (1:15). Mas quando todos os da Ásia deram marcha ré, abandonando Paulo, Onesíforo pisou no acelerador e estendeu os braços para socorrer o apóstolo.

Paulo havia exortado Timóteo a guardar o evangelho, pois diante da perseguição, muitos cristãos abandonariam o evangelho. Ao longo de 2º Timóteo, Paulo encoraja Timóteo a não se envergonhar do evangelho nesse tempo de prova e intensa perseguição (cf. 1:8,12; 2:3,9; 3:12).

É durante a provação que conhecemos os verdadeiros amigos e os verdadeiros cristãos. Em virtude do incêndio de Roma no ano 64 d.C., e da imputação desse crime bárbaro aos cristãos, e ainda, em virtude da prisão de Paulo, o grande bandeirante do cristianismo e, conseqüentemente do seu iminente martírio, todos os amigos e companheiros de Paulo o abandonaram. 

Fígelo e Hermogenes talvez tenham sido os líderes dessa deserção. Muitos cristãos da Ásia poderiam ter ido a Roma testemunhar a favor de Paulo, mas não o fizeram. Sentiram vergonha.

Na primeira defesa de Paulo, ninguém se manifestou a seu favor (4:16). Aquele era um tempo difícil e a fé apostólica corria sérios riscos. A ameaça vinha de dois fatores: da perseguição política e da invasão de falsos mestres. 

O que aprendemos com Onesífero


A fidelidade de Onesíforo constitui num estímulo para Timóteo permanecer firme em seu ministério, sem se envergonhar do evangelho e de seu embaixador em cadeias. Vejamos quatro características desse precioso amigo de Paulo.

Quando lemos sobre sua história, aprendemos, já de entrada, uma importante lição: cada vez que alguém se opõe a nós, não devemos nos preocupar porque isso pode ser considerado uma boa notícia. Da mesma forma que existem pessoas que desejam nos prejudicar, há outras que nos defendem e são uma bênção para nós. 

Paulo descobriu o caráter de Onesíforo precisamente quando aquele enfrentava mais problemas. O que o apóstolo escreve sobre esse homem é admirável:Ele o ajudou de forma incondicional, abrindo-lhe seu lar e lhe providenciando comida quando as outras casas se fecharam para Paulo.

As lições de Onesífero

  • Onesíforo consolou, fortaleceu e esteve ao lado do apóstolo quando este mais necessitava. O termo grego para ânimo "anepsixen" significa "refrescar", e a frase poderia ser traduzida por "envolveu-me em ar fresco". Onesíforo foi uma espécie de "brisa fresca" para Paulo em seus momentos de provação.
  • Não se envergonhou de Paulo quando se encontrava na prisão.
  • Quando Paulo se achava sozinho e sem ajuda em Roma, Onesíforo o procurou por toda parte até encontrá-lo e ficar com ele.
  • Trabalhou e esteve ao seu lado, tanto em Éfeso como em outros lugares.
Às vezes dizemos: 
"Fulano é uma bênção". 
Mas sabemos realmente o que isso significa? Entre o povo de Israel, quando se mencionava essa palavra, todos sabiam a que se referia. Não era como hoje quando dizemos: 
"Deus te abençoe"
quase como uma saudação ou um hábito. 

Para o Senhor a bênção deve ir bem além disso. Basta que leiamos umas poucas frases de um salmo para nos certificarmos disso (Salmo 115:12-18). Sem dúvidas, Onesíforo foi um homem abençoado, de caráter nobre, coração quebrantado e amigo incomparável.

Conclusão


O que Onesíforo fez por Paulo foi muito mais do que uma demonstração de amizade e fidelidade. Foi uma autêntica bênção de Deus! E quanto a nós? Reflitamos
Temos nos esforçado para abençoar nossos amigos, ainda que se aproximar deles possa causar-nos sérios riscos?
O exercício da misericórdia tem sido a marca em nossa vida? 
Temos feito o bem continuamente àqueles que fazem a obra de Deus, sem esmorecer?
Temos diligentemente buscado meios para encorajar os santos de Deus, que estão na linha de frente da batalha?
Temos colocado nossa vida, nossa casa e nossa família a serviço daqueles que, injustamente sofrem acusações injustas e até arriscam sua vida pela causa do evangelho? 
Perseveramos em socorrer os aflitos, ainda que todos estejam abandonando essa trincheira? 
A igreja de Deus é um corpo. Nenhum de nós vive de forma isolada e independente. Estamos ligados uns aos outros inseparavelmente e dependemos uns dos outros. Quando um membro sofre, todos devem sofrer com ele; quando um membro é honrado, todos devem se alegrar com ele. 

Paulo suportou muitas aflições ao longo de seu ministério, mas Deus sempre providenciou alguém para lhe socorrer. Depois, acabou preso injustamente e da prisão foi levado ao cadafalso para ser decapitado, mas não lhe faltou o conforto de Onesíforo na hora derradeira da vida. 

Este foi um amigo presente, um consolador compassivo, um bálsamo do céu na vida do maior bandeirante do cristianismo. Que as marcas heróicas deste personagem esquecido da Bíblia, desperte em nós o desejo de imitarmos seu exemplo, bem como suas atitudes.

[Fonte: Ministérios Pão Diário, original; 1ª IPB de Vitória, original por Rev. Hernandes Dias Lopes; Davar Elohin, original por Pr. Marcelo de Oliveira Todas as referências citadas foram acessadas em 02/02/2024]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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