Fachada da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais |
Fundada em 1954, ela é uma das principais do Estado e popularmente chamada de "Biblioteca da Praça da Liberdade", justamente por estar localizada nesse icônico endereço da capital mineira, um dos seus grandes marcos turísticos, onde funciona um monumental circuito cultural.
Eu, em uma de minhas visitas à biblioteca pública |
Infelizmente, muito por causa do emburrecimento coletivo nacional, gerado pela popularização da internet, em suas mídias/redes digitais/sociais, que fez com que uma população que já não gostava de ler, se tornasse ainda mais avessa à leitura de um texto que tenha mais que uma lauda, tornando-se uma geração de zumbis viciados em videozinhos ridículos, postados nos famigerados Tik Tok e Kwai, as visitas à biblioteca pública, com seu magnífico acervo, foram se encolhendo com o passar dos anos, seguindo uma linha contrária a evolução natural das coisas.
Ao invés de ir crescendo e se aprimorando, ela foi encolhendo e perdendo atrativos, até ficar reduzida a espaço quase "piquitico" e desconhecido pela maioria dos belorizontinos. Cara, quem não conhece a biblioteca pública, não sabe o que está perdendo.
Tanto o prédio que a abriga, quanto seu estonteante acervo, são a coisa mais linda que existe e uma verdadeira "nave", capaz de nos levar "em viagens" inimagináveis, sem precisar comprar passagem, tirar passaporte ou sequer sair do lugar. O sonho de todos os leitores.
Bom, mas porque essa meu preâmbulo sobre a biblioteca pública? É por que foi nela que conheci o livro sobre o qual irei falar em mais um capítulo da minha série especial de artigos "Estante do Léo".
Sobre o autor
Frederick Forsyth, é um dos maiores escritores de thrillers políticos, na minha opinião.
Nascido na Inglaterra, em 1938, o escritor iniciou sua carreira como jornalista e obteve notoriedade a partir de seu trabalho como correspondente estrangeiro, que lhe possibilitou conhecer profundamente os meandros da política internacional.
Após dois anos cobrindo a guerra civil em Biafra, na Nigéria, Forsyth decidiu escrever seu primeiro livro de ficção: "O Dia do Chacal (The Day of Jackal)", publicado em 1971.
Sua especialidade são os romances que envolvem espionagem e política internacional, consequência do jornalismo investigativo que se reflete em toda sua obra.
Usando sua experiência como jornalista e correspondente diplomático, foi muito preciso e detalhista nas tramas que escreve ao mesmo tempo em que consegue criar uma atmosfera tensa que coloca o leitor imerso na história.
Lembro-me que a primeira vez em que li "O Dia do Chacal", até perdia a noção do tempo, de tão mergulhado que eu estava na leitura.
Sobre o livro
Em junho de 1958, Charles de Gaulle (✰1890/✞︎1970) retornava ao posto de primeiro-ministro da França. O país atravessava um grave crise moral e política, e gradualmente tornou-se claro que, entre as medidas para sanear a República, De Gaulle pretendia retirar as tropas francesas da Argélia, resquício insustentável do Colonialismo.
No entanto, alguns oficiais dos que lutaram, anteriormente, na Indochina, e depois na Argélia, não se conformaram.
Não esqueciam seus homens que haviam morrido em combate, nem que tinham sepultado os corpos mutilados dos que tiveram a infelicidade de ser capturados vivos.
Esses oficiais formaram a Organização do Exército Secreto (OES), cujo objetivo era assassinar De Gaulle e tomar o poder num golpe de Estado. Vários atentados foram praticados contra o presidente, mas aos poucos a inteligência francesa desbaratou a Organização. Os dirigentes que restavam se exilaram, para pôr em prática um último e desesperado plano: A operação Chacal.
Como já dito, Forsyth é um mestre na carpintaria do thriller. A narrativa se desloca com agilidade do roubo dos passaportes de dois inocentes turistas em Londres para a reunião da cúpula da OES, num hotel em Roma, e mais tantas outras peças, cuja montagem desafia o leitor.
O suspense é irresistível. E, no primeiro plano, um assassino que parece ter recursos ilimitados, uma sombra que penetra em qualquer esquema de segurança. E que vai chegar, literalmente, a um centímetro de assassinar De Gaulle, o que poderia mudar a história mundial.
Qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência
O romance é baseado em um fato real: a tentativa de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963, por obra de Jean Bastien-Thiry (✰1927/✞︎1963). O carro onde estava De Gaulle chegou a ser metralhado.
Thiry era um funcionário público francês insatisfeito em perder seu cargo na Argélia, em virtude da independência do país promovida por De Gaulle.
Forsyth "agarrou" esse fato para compor a sua trama, com algumas modificações, é obvio. A principal delas foi trocar um funcionário publico insatisfeito por um mercenário misterioso contratado com a missão de eliminar o presidente francês.
"O Dia do Chacal" teve a sua primeira publicação lançada em 1971, mas depois devido ao sucesso da obra, que projetaria o nome do Forsyth mundialmente, muitas outras edições passaram a ser lançadas.
No livro, o "Chacal" é contratado por uma organização do exército francês, inimiga da independência da Argélia, para dar cabo do presidente De Gaulle. O mercenário bonito, carismático, com gestos refinados e sem identidade definida mata, friamente, todos aqueles que se colocam em seu caminho para cumprir a missão de eliminar De Gaulle.
O livro é dividido em três partes: "Anatomia de um Complô", "Anatomia de uma Caçada Humana" e "Anatomia de um Assassinato". A primeira parte destaca os detalhes perfeccionistas de como o Chacal planeja o assassinato. A segunda, tem início no momento em que as forças policiais passam a procurar o Chacal. "Anatomia de um Assassinato" é a mais curta e se refere ao desfecho da trama.
Minhas considerações pessoais
Eu recomendo porque...
O "Chacal' e Claude Lebel, são os dois personagens que foram os responsáveis por me prender à leitura dessa verdadeira obra prima da literatura de suspense. Pois bem, estas duas pessoas — quer dizer — estes dois personagens me encantaram quando li o livro.
Ora, torcia para o sujeito contratado para matar Charles De Gaulle; ora, torcia para o cara que tinha a missão de impedir esse ato terrorista. O Chacal idealizado por Forsyth, apesar de ser considerado vilão, tem o poder de seduzir o leitor (a mim, ele seduziu).
Ora, torcia para o sujeito contratado para matar Charles De Gaulle; ora, torcia para o cara que tinha a missão de impedir esse ato terrorista. O Chacal idealizado por Forsyth, apesar de ser considerado vilão, tem o poder de seduzir o leitor (a mim, ele seduziu).
O autor compôs um personagem tão inteligente e detalhista que em certos momentos da trama, sem perceber, você se vê torcendo por ele. Então, entra em cena Label, tão inteligente e detalhista quanto o Chacal, aí lá vai você trocar de lado em sua torcida.
Este vai e vem na "preferência popular" — bandido-mocinho, mocinho-bandido — para descobrir quem leva a melhor no final é constante. O carisma de Chacal e Label é algo que realmente fascina o leitor. Por isso e por toda sua trama envolvente, eu super recomendo a leitura desse magnífico livro. "O Dia do Chacal", como toda boa obra literária, ganhou uma versão cinematográfica.
Dirigido por Fred Zinnemann, o longa, protagonizado por Edward Fox ("Chacal") e Terence Alexander (Lloyd), foi lançado nas telonas em 1973, tornando-se um dos grandes títulos do gênero na sétima arte. Mas, sobre o filme, eu falo em uma outra oportunidade, numa outra série especial de artigos.
Conclusão
O livro começa lento, com muitos personagens e trechos descritivos, mas depois, com o virar das páginas, a "coisa" vai engrenando.
À partir da segunda parte, quando começa o jogo de gato e rato entre o Chacal e o detetive Label, o enredo se torna eletrizante.
Cara, resumindo, um livro que vale a leitura e muito! Tanto é que apesar de décadas passadas, os detalhes da trama ainda continuam "fresquinhos" em minha memória, por isso, sem mais delongas, deixo o meu carimbo de:
[Fonte: Livros e Opiniões, por José Antônio jornalista e radialista]
Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.