sábado, 14 de janeiro de 2023

BÍBLIA ABERTA — PRINCÍPIOS PRÁTICOS DA ORAÇÃO DE HABACUQUE

"Ouvindo-o eu, o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; no dia da angústia descansarei, quando subir contra o povo que invadirá com suas tropas. Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. [Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda]" (Habacuque 3:16-18).
Habacuque viveu num tempo de perplexidade e clamou a Deus. As injustiças que via o incomodavam, e insistentemente ele buscava o Senhor. 

Ao se posicionar em uma torre de vigia, ou seja, aguardar uma resposta do Senhor, Deus lhe respondeu de forma maravilhosa, lhe mostrando como iria trabalhar no Seu povo. O panorama foi ainda mais sombrio do que ele imaginou. 

Contextual e atemporal, a conhecida oração do profeta Habacuque, que já foi inspiração tanto de inúmeros sermões, como de livros e cânticos, é o tema de mais um capítulo da minha série especial de artigos, Bíblia Aberta.

Introdução de Habacuque 3


Os livros proféticos tratam das questões importantes da vida, e sem os profetas, nossa fé pode se tornar superficial e fraca, incapaz de enfrentar os rigores e desafios da vida.

Isto é certamente verdade com o livro de Habacuque. O livro de Habacuque é sobre fé em Deus. De fato, vimos que o versículo chave de todo o livro é Habacuque 2:4: 
"O justo viverá pela fé".
Vivemos em uma época em que os livros cristãos mais vendidos parecem ser aqueles que dizem como prosperar, ter sucesso e viver uma vida boa. E você sabe, é fácil colocar sua fé em Deus quando você está prosperando, quando a vida está indo bem e tudo de acordo com seus planos.

Mas o livro de Habacuque desafia você a colocar sua fé em Deus mesmo nos piores momentos. Quando Habacuque chegou ao fim de sua jornada, ele passou de um lugar de dúvida de Deus para um lugar de confiança em Deus, não importa o quê. E esse "não importa o quê" era um problema sério para Habacuque, muito mais sério do que a maioria dos problemas com os quais lidamos todos os dias.

Contexto de Habacuque 3


Deus revelou a Habacuque que seu país estava prestes a ser invadido, saqueado e saqueado. Habacuque e seu povo perderiam tudo o que construíram ao longo dos anos, tudo pelo que trabalharam. Tudo teria desaparecido. Isso é uma questão totalmente diferente de confiar em Deus mesmo tendo uma multa de trânsito, ou mesmo tendo um dia ruim no trabalho ou na escola. O livro de Habacuque desafia você a aprender a confiar em Deus, não importa o que aconteça.
  • Contextualizando
Vamos colocar a questão nos mesmos termos que Habacuque enfrentou. Se o Brasil fosse invadido e conquistado por uma potência estrangeira, como isso afetaria sua fé em Deus? Sua fé é forte o suficiente para enfrentar esse tipo de provação? Você ainda poderia se alegrar no Senhor se perdesse tudo, seu emprego, sua casa, sua família...? Sua fé é forte o suficiente para confiar em Deus, não importa o quê?
Esse é o lugar para o qual o livro de Habacuque nos traz no final do capítulo três. Como você exerce fé em Deus durante os piores momentos? Habacuque compartilha conosco três coisas que ele fez, mesmo quando estava enfrentando a pior calamidade de sua vida. Vamos olhar juntos para esses versículos finais e ver o que podemos aprender para o fortalecimento de nossa própria fé.

  • I. Espere pacientemente por Deus, mesmo quando estiver com medo. (3:16)


A primeira coisa que você pode fazer é esperar pacientemente por Deus, mesmo quando estiver com medo. Veja o versículo 16 onde Habacuque escreve: 
"Ouvi e meu coração batia forte, meus lábios tremeram com o som; a decadência penetrou em meus ossos e minhas pernas tremeram" (3:16).
Deus havia contado a Habacuque sobre a próxima invasão dos babilônios. Deus havia descrito a arrogância, violência e crueldade desses invasores em detalhes assustadores. O Senhor também disse a Habacuque sobre os grandes e terríveis julgamentos que Ele traria sobre Babilônia e, de fato, sobre todas as nações da terra que se recusam a se submeter a Deus. Habacuque pode até ter visto tudo isso em uma visão.

E Habacuque está aterrorizado com o que acontecerá em breve. Ele está com medo. Seu coração bate no peito; seus lábios tremem; ele se sente fisicamente fraco, quase incapaz de ficar de pé. Este é o Fator de Medo multiplicado por cento e dez. Habacuque não estava lidando apenas com a possibilidade de ataque ao seu país, mas com a certeza do ataque. Ele estava com um medo mortal, e seu medo o afetou em um nível profundo e até físico.

Como você lida com o medo extremo? O que você faz quando o medo toma conta de você de tal forma que seu coração está batendo forte e suas pernas cedem? Você tenta o pensamento positivo? Respiração profunda? Apenas tente empurrá-lo para fora de sua mente? Como você exerce fé em Deus durante os piores momentos?
Habacuque diz para esperar pacientemente por Deus, mesmo quando estiver com medo.
Veja a segunda metade do versículo 16: 
"No entanto, esperarei com paciência que venha o dia da calamidade sobre a nação que nos invade".
Deus disse a Habacuque que os babilônios iriam invadir. Não havia como parar isso. Isso iria acontecer. Mas Deus também assegurou a Habacuque que ele julgaria os babilônios por seus pecados e que ele finalmente libertaria seu povo. E assim, em meio a seus temores, Habacuque escolhe esperar pacientemente por Deus.

A frase "esperar pacientemente" vem de uma palavra hebraica que significa "descansar, ou sossegar e permanecer". É a mesma palavra que encontramos nos Dez Mandamentos, onde Deus nos diz para descansar no dia de sábado. 

É a mesma palavra que encontramos no Antigo Testamento sobre a Terra Prometida, onde Deus prometeu dar aos israelitas descanso de seus inimigos na terra. Aqui Habacuque decide esperar pacientemente durante este tempo de provação, para descansar no Senhor.

Deus promete lhe dar a paz dEle quando você lhE der suas preocupações e medos.

Filipenses 4:6,7 diz: 
"Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus".
É o melhor negócio que você encontrará suas preocupações e temores pela paz dEle.

Como você exerce fé durante os piores momentos? Antes de tudo, espere pacientemente pelo Senhor, mesmo quando estiver com medo. Descanse em Deus.

  • II. Escolha se alegrar em Deus, mesmo quando tudo na vida dá errado. (3:17,18)


E então uma segunda coisa que você pode fazer é escolher se alegrar em Deus, mesmo quando tudo na vida dá errado. Veja os versículos 17.18: 
"Ainda que a figueira não floresça e não haja uvas nas vides, ainda que a colheita da oliveira fracasse e os campos não produzam mantimento, ainda que não haja ovelhas no curral e nem gado nos currais, todavia, me alegrarei no Senhor, exultarei em Deus, meu Salvador" (3:17,18).
Esta é uma das passagens bíblicas que devemos memorizar como Igreja. É uma passagem tão bonita para memorizar e meditar, e oro para que Deus já a esteja usando em sua vida para fortalecer sua fé nEle. 

Esses versículos representam uma das expressões mais fortes de fé que você encontrará em toda a Bíblia, pois Habacuque determina se alegrar em Deus mesmo quando tudo na vida dá errado.

Habacuque pinta três cenários aqui. Cada cenário contém um par de imagens correspondentes. O primeiro cenário é este: 
"Ainda que a figueira não floresça e não haja uvas nas videiras"...
As flores na figueira e as uvas se formando na videira referem-se às coisas em que você está confiando para o futuro. Eles representam suas esperanças futuras. É apenas uma flor, apenas uma flor e, no entanto, é um sinal tangível de que os figos e as uvas estão chegando. Mas neste cenário, não há sinais para o futuro. A figueira não brota. Não há uvas na videira. Não há nenhum sinal visível de que essas coisas venham a acontecer.

Você tem esperanças e sonhos para o futuro, mas nenhum sinal visível de que eles se realizarão? Você já sentiu vontade de dizer: 

"Deus, por favor, apenas me dê um sinal, algum tipo de esperança de que as coisas vão mudar, algo para segurar?"  

Então você sabe como Habacuque se sentiu. E Habacuque lhe diria, quando você não tiver nada para se agarrar para o futuro, agarre-se a Deus, e isso será suficiente.
 
"Embora eu não tenha nenhum sinal visível de esperança para o futuro, nada tangível que eu possa ver, tocar ou compreender, ainda assim me regozijarei no Senhor. Eu me alegrarei em Deus meu Salvador”. Habacuque diz: “Confie em Deus, não importa o que aconteça".

O segundo cenário é este: 
..."Embora a colheita da azeitona falhe e os campos não produzam alimentos"...
A colheita da azeitona e os campos referem-se às coisas em que você está confiando no presente. Eles representam seus meios atuais. Mas, neste cenário, o que você está confiando o decepciona. 

A colheita da azeitona falha. Os campos não produzem comida. Eles te decepcionam. De fato, a palavra traduzida como “falha” neste versículo é uma palavra que significa "enganar, decepcionar ou falhar".

A ideia é esta. Você plantou e cultivou seus campos, trabalhou a terra, cuidou das colheitas, e agora que finalmente chegou a hora da colheita, as colheitas fracassam. Os campos não produzem comida. Era tudo uma mentira. Foi tudo um engano. Todo esse trabalho, todo esse esforço, e tudo não dá em nada.

Para colocar em termos contemporâneos: você é demitido após anos de serviço fiel à empresa. Você perde o emprego e não tem uma fonte de renda atual. Você investe todo o seu dinheiro no que parece ser um portfólio matador e o mercado quebra. Ou você coloca anos em um relacionamento com outra pessoa e agora esse relacionamento se desfaz.

O que você faz quando tudo o que você está contando no presente de repente desmorona ao seu redor? O que você faz quando sofre decepções amargas na vida? Habacuque diz:
 
"Confie em Deus, não importa o que aconteça". 
 
"Ainda que a colheita da azeitona falhe e os campos não produzam mantimento, ainda assim eu me alegrarei no Senhor. Eu me alegrarei em Deus meu Salvador". 

O terceiro cenário é este: 
..."Embora não haja ovelhas no curral e nem gado nas baias"...
As ovelhas e o gado referem-se àquelas coisas em que você confia do passado. Eles representam suas reservas. Mas neste cenário, você não tem reservas para recorrer. Não há ovelhas no curral. Não há gado nas baias. Ou, para colocar em termos de hoje, não há dinheiro no banco. Não há mais patrimônio na casa. Seus amigos e familiares ajudaram você em tudo o que podiam. Seus cartões de crédito estão no limite. Sua força física é aproveitada. Suas reservas estão todas esgotadas.

O que você faz quando não tem nada para se apoiar? Habacuque lhe diria, recorra a Deus, e ele o sustentará.
 
"Ainda que não haja ovelhas no curral, nem gado nos currais, ainda assim me alegrarei no Senhor, exultarei em Deus, meu Salvador". 

É fácil confiar em Deus quando a figueira está brotando e há uvas nas videiras. É fácil confiar em Deus quando a colheita da azeitona é bem-sucedida e os campos estão produzindo alimentos. E é fácil confiar em Deus quando você tem muitas ovelhas e gado de reserva. Mas você está realmente confiando em Deus nesses momentos? Ou você está apenas confiando nas coisas que você tem?

Pense em Jó no Antigo Testamento. Esta foi exatamente a pergunta que Satanás fez a Deus sobre Jó.
 
"Jó confia em você porque confia em você, ou confia em você porque você o abençoou?" 

Jó passou no teste quando Deus removeu a bênção, e Jó continuou a confiar nele, não importa o quê. Habacuque nos desafia com a mesma pergunta. Você realmente confia em Deus, ou só confia nele quando conhece a bênção dEle sobre sua vida?

Aqui está outra maneira de formular a pergunta. O que faria você se sentir mais seguro financeiramente — ter um milhão de dólares no banco ou ter um Deus que promete suprir suas necessidades diárias? Pare e pense sobre isso por um momento. Seja honesto consigo mesmo. Se a resposta for o milhão de dólares no banco, então você não está confiando em Deus, mas no dinheiro no banco.

E sabe de uma coisa? Esses milhões de dólares podem acabar amanhã de qualquer maneira. Mas se a resposta é ter um Deus que promete suprir suas necessidades diárias, então não importa qual seja sua situação, você pode se sentir mais seguro do que a pessoa que tem um milhão de dólares no banco! Você pode se sentir mais seguro porque está mais seguro. Isso é realmente bom! Isso é confiar em Deus, não importa o quê.

Habacuque decidiu se alegrar em Deus apesar das circunstâncias visíveis, mesmo que não visse nenhum sinal visível da presença ou do favor de Deus.

O teólogo escocês FF Bruce (✩1910/✞1990) escreve: 
"É certo e apropriado expressar apreço pela bondade de Deus quando ele concede tudo o que é necessário para a vida, saúde e prosperidade. Mas quando essas coisas faltam, regozijar-se em Deus por si mesmo é evidência de pura fé." 
Habacuque diz:
 
"Embora você não tenha esperança visível para o futuro, e o que você estava confiando no presente o decepcionou, e você não tenha reservas do passado para se apoiar, ainda assim regozije-se no Senhor, ainda se regozije em Deus."

Por quê? Porque Ele é Deus seu Salvador. Ele prometeu livrá-lo em seu tempo, e ele nunca deixou o justo cair. Encontramos uma instrução semelhante no Novo Testamento em 1 Tessalonicenses 5 que nos diz: 
"Regozijai-vos sempre; orar continuamente; deem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus" (1 Tessalonicesses 5:16,18).
Como você exerce fé durante os piores momentos? Escolha se alegrar em Deus, mesmo quando tudo na vida dá errado.

  • III. Encontre forças em Deus para escalar as alturas, mesmo quando estiver para baixo. (3:19)


E então uma terceira coisa que você pode fazer é encontrar forças em Deus para escalar as alturas, mesmo quando você está para baixo. Veja o versículo 19: 
"O Soberano Senhor é a minha força; ele faz meus pés como os pés de um cervo, ele me permite ir às alturas".
O profeta Habacuque aprendeu a encontrar sua força em Deus, não em seus próprios recursos ou habilidade. Habacuque estava prestes a passar por momentos difíceis. 

O pensamento disso o assustou tanto que seu coração disparou e suas pernas tremeram. No entanto, ao se regozijar em Deus em meio a circunstâncias difíceis, ele encontrou nova força de Deus para lidar com a provação à mão.

Como é essa força que Deus te dá? Habacuque disse:
 
"Deus faz meus pés como os pés de um cervo; ele me permite ir às alturas." 

Habacuque pinta a imagem de uma corça correndo nas alturas das montanhas, firme, firme, desinibida e destemida, cheia de liberdade e confiança enquanto escala as alturas. Você deseja entrar nos lugares mais elevados de comunhão com Deus? Então encontre sua força somente nele. Confie em Deus para te levantar quando você estiver para baixo.

Como você exerce fé durante os piores momentos? 
  1. Espere pacientemente pelo Senhor, mesmo quando estiver com medo. 
  2. Escolha se alegrar em Deus, mesmo quando tudo na vida dá errado. 
  3. Encontre forças em Deus para escalar as alturas, mesmo quando estiver para baixo.

Algumas lições que podemos tomar da vida do profeta


A primeira atitude a se tomar quando tudo não vai bem ao nosso redor é buscar Àquele que pode fazer alguma coisa. Sabemos que Habacuque precisou aguardar pela resposta, e por isso não devemos nos apressar. Devemos dar tempo à Deus. A resposta de Deus nem sempre virá "no nosso tempo". 
"A visão está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará" (Hc 2:3). 
Deus não tem pressa. Ele sabe o que está fazendo.

Nem sempre a resposta vem do jeito que imaginamos, porque Deus tem os Seus próprios caminhos (Isaías 55:9). Enquanto vivemos momentos difíceis, o único sentido pelo qual poderemos viver será por meio da fé, sabendo que o Senhor sempre levará a termo Sua obra, e o Seu fim será glória. Melhor é nos apegarmos ao Senhor, louvando-O mesmo durante à noite (Hc 3:17-19), quando nada vemos.

Conclusão

 
Vimos que Habacuque começou sua jornada com muitas perguntas:
 
"Deus se importa? Deus é justo? Deus está aí?"

Mas em vez de fugir de Deus com suas perguntas, Habacuque continuou trazendo suas perguntas a Deus e encontrando as respostas de que precisava.

Habacuque começou sua jornada no vale da dúvida e terminou sua jornada escalando as alturas com Deus com pés de cervo. É um belo caminho e aberto a todos os que se dirigem honestamente a Deus com suas perguntas e o buscam de todo o coração. Como Deus promete em Jeremias 29:13: 
"Você me procurará e me achará quando me buscar de todo o seu coração".
E assim, onde quer que você esteja em sua jornada pessoal da dúvida à fé, deixe-me encorajá-lo, continue buscando a Deus. Continue vindo a Ele com suas dúvidas e com suas perguntas. Venha a Deus através de Jesus Seu Filho, sabendo que Deus te ama tanto que enviou Seu Filho para morrer por seus pecados.

E eu oro para que Deus também o guie para aquele lugar onde você aprenderá a confiar nEe não importa o que aconteça, onde você possa correr pelas alturas na presença de Deus com pés como um cervo. Que Deus nos ajude a aprender as belas lições que ele registrou para nós no livro de Habacuque.


Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.

domingo, 8 de janeiro de 2023

EU NÃO ME ESQUECI — O CASO DA MODELO ASSASSINADA NUM FLAT DE LUXO EM BELO HORIZONTE

Há crimes que, pela repercussão, geram um esforço de investigação impressionante — a ponto de, em poucos dias, serem elucidados. E há outros que só são apurados após muita insistência. 

Este caso pertence à segunda categoria. Esse crime, que marcou a história policial da capital mineira, é o que relembro aqui, em mais um capítulo da minha série especial de artigos, Eu Não Me Esqueci.

Relembre o caso


Em 6 de agosto de 2000 a ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira foi encontrada morta em um flat de luxo aqui em Belo Horizonte. 

As investigações iniciais indicavam que a modelo teria cometido suicídio ao ingerir veneno para ratos, conhecido como "chumbinho".

Duas pessoas chegaram a ser presas, suspeitas de assassinato: o noivo da modelo, Luiz Fernando Ferreira, e o sócio dele, Fábio Araújo. 

Um ano depois, o caso foi arquivado. Os promotores responsáveis pela investigação do caso diziam ter certeza de que a modelo teria sido assassinada e, a pedido da família, o caso foi reaberto, em novembro de 2002.

Só quando se passaram dois anos e meio do assassinato, que se conheceu oficialmente a causa da morte — Cristiana foi sufocada com um objeto de pano, que pode ter sido um travesseiro ou um lençol enrolado. Ela foi agredida e as marcas da violência foram registradas em seu corpo. 

Imbróglio jurídico


Para chegar a essa conclusão foi preciso reanalisar as fotos da vítima, exumar o cadáver e fazer uma necropsia. O primeiro laudo, que atestava um suposto "suicídio", revelou-se uma grosseira peça de ficção. 

Os médicos-legistas responsáveis pelo documento, Remar dos Santos e Tyrone Abud Belmak, à época dos fatos, não se pronunciam. O Ministério Público (MP), então, começou a investigar por que foi montada a farsa, típica dos anos da ditadura.

A vítima


Cristiana, morena de 1,78 metro, queria fazer carreira de modelo, mas, aos 24 anos, havia conseguido apenas se tornar uma figura popular entre os ricos e famosos da capital mineira. 

Quando foi morta — aparentemente por um ex-namorado ciumento, que perdeu a carona na ascensão social e nas amizades importantes da moça —, o MP teve de enviar à polícia diversos ofícios pedindo a apuração do caso.
"Requisitamos várias diligências, mas elas nunca foram feitas"
disse o então promotor Luís Carlos Martins Costa.

Quando a polícia encaminha um cadáver para o IML, tem de preencher uma ficha pedindo vários tipos de exame — basta marcar um "x" em cada um deles. Pode-se procurar, por exemplo, indícios de agressão física e violência sexual. 

O corpo de Cristiana foi encontrado na cama apenas de sutiã, sem calcinha e com vários hematomas, mas os investigadores solicitaram apenas exame toxicológico, anotando ao lado: "Suspeita de suicídio". 

Na cena do crime não havia nada que sugerisse isso, como vidro de raticida, seringa ou bilhete de despedida. O boletim de ocorrência foi lavrado em 6 de agosto daquele ano. Somente no dia 11 de dezembro, quatro meses depois, foi instaurado um inquérito policial. 

Ele passou por vários delegados e muitas trapalhadas — um ex-namorado, o empresário Luiz Fernando Novaes, chegou a ser preso e depois solto por falta de provas. A conclusão final, porém, foi novamente de "auto-extermínio". O Ministério Público teve de investigar sozinho, colher 41 depoimentos e pedir a exumação do cadáver.

Um suspeito, muitos supostos envolvidos


O ex-namorado Reinaldo Pacífico, contra quem Cristiana já havia registrado um boletim de ocorrência por agressão, vinha perseguindo a modelo. 

Sujeito misterioso, além de teólogo, ganhava a vida como detetive particular mas se apresentava como "juiz criminal". Ele tornou-se o principal suspeito depois que uma testemunha — que ficou sob proteção federal — admitiu tê-lo ouvido confessar o crime. 

Parece difícil, contudo, que Pacífico tenha sido capaz de agir sozinho na etapa seguinte do crime — a de embaralhar pistas e transformar sinais de um assassinato brutal em suicídio. 

Essa tarefa exigia a cumplicidade de policiais, além da boa vontade da cúpula da máquina de segurança de Minas Gerais — recursos pouco acessíveis na mala de truques de um detetive particular. Por isso a promotoria quis apurar o que levou a polícia e os legistas a conduzirem a investigação de forma tão relapsa. De acordo com as investigações, houve indícios de supressão e de alteração de documentos.

Entre outros papéis, sumiu o depoimento de um dos irmãos da vítima, Cláudio Ferreira, que havia dado a lista de todas as pessoas importantes com as quais Cristiana teria se relacionado. 
"O delegado chamou o rapaz alguns dias depois, disse que o depoimento não tinha validade e o questionou novamente, orientando para não citar nomes"
acusou o promotor do caso.

Relações Perigosas — Enredo de série policial

 
Entre os famosos mencionados pela família de Cristiana estava Jairo Magalhães Costa, diretor do extinto Banco Real, o único a admitir ter tido um caso com a moça. Mas uma irmã da vítima, Simone Ferreira, testemunhou dizendo que ela "estava se encontrando" com Djalma Moraes, então presidente da Companhia Energética de Minas (Cemig), a companhia estatal gerenciadora da energia elétrica em Minas Gerais. 

Ele, que era casado, obviamente, negou qualquer relacionamento com a modelo e declarou que a viu apenas duas vezes — foram apresentados por outro figurão, o ex-secretário da Casa Civil Henrique Hargreaves. Moraes admitiu, então, ter tido apenas um contato profissional com a modelo e que, no dia da morte, estava em Juiz de Fora.
Antes de morrer, Cristiana fez 22 ligações. Na lista, constavam os números da Casa Civil de Minas, da Cemig e da casa de Moraes.
Em outro depoimento, uma amiga de Cristiana disse que ela apregoava um breve caso com o ex-governador Newton Cardoso, que declarou jamais tê-la visto na vida. E vários parentes afirmaram que Cristiana era amiga próxima do então ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, para quem trabalhava e viajava frequentemente. 

Num depoimento tomado às vésperas da posse na equipe do primeiro governo de  Lula (PT), em 2003, Mares Guia disse que a conhecia de vista. Para uma pessoa tão pouco relacionada, é surpreendente que tenha conseguido ser recebida no Palácio da Liberdade, quando chegou a ser fotografada ao lado do governador Itamar Franco (✩1930/✞2011) — parentes dizem que ela fora pedir um emprego.

A agenda


Uma agenda de Cristiana levou a polícia a nomes. Autoridades do governo de Minas eram citadas. A família afirmava que ela frequentava gabinetes de secretários de estado.  

Entendeu-se que pessoas importantes queriam proteger sua intimidade, especialmente contra boatos que podiam não ter fundamento. Resta saber se foi por influência política que o primeiro laudo notava "ausência de lesões externas macroscopicamente visíveis" num cadáver com três fraturas e vários hematomas. 

É um erro tão grosseiro que lembrou os documentos produzidos nos anos de chumbo para mascarar a tortura de presos políticos.

Os desdobramentos


Cristiane foi assassinada em agosto de 2000 e quase três anos depois foi que Reynaldo Pacífico, acusado de matar a modelo nas dependências do San Francisco Flat, no centro de Belo Horizonte, foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado e jamais foi detido. 

Embora o crime tendo ganhado repercussão nacional por envolver o nome de vários políticos de projeção, entre eles o ex-presidente Itamar Franco, o ex-secretário da Casa Civil de Minas, Henrique Hargreves, o ex-governador Newton Cardoso, o ex-ministro do Turismo do primeiro governo do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Moraes.

Em agosto de 2005, a ligação da morte da modelo com o escândalo do mensalão mineiro veio à tona, depois que a tal agenda, já mencionada,  com o telefone e o endereço de uma das agências de propaganda do empresário Marcos Valério Souza ser apreendida. 
A modelo Cristiane Aparecida Ferreira, além de envolvimento sexual com os políticos, teria se transformado também em agenciadora de garotas de programas e "mula" para o transporte de dinheiro proveniente do "mensalão".
Após o júri, um de seus parentes, que não quis se identificar, revelou que no dia em que ela foi morta ele recebeu um telefonema dela, dado de São Paulo, pedindo para ir se encontrar com ela que estava de posse de uma mala com um milhão de reais. 

Ele viajou a São Paulo, houve um desencontro, Cristiane veio para Belo Horizonte e acabou sendo morta. Com este novo documento mostrou que Cristiane Aparecida Ferreira teria recebido quase R$ 2 milhões de políticos e empresários ligados ao mensalão, levantando ainda mais a hipótese de que ela estaria associada ao caso e de que o assassinato pode estar relacionado ao esquema. O documento teria sido entregue a família de Cristiane, tendo sido posteriormente investigado, como uma das peças do polêmico caso.

Em 19 de dezembro de 2002 o corpo da modelo foi exumado, com base em laudo pedido pela família. Segundo o promotor de Justiça Francisco de Assis Santiago, o laudo do perito Roberto Campos após a exumação comprovava que a modelo tinha morrido asfixiada com um travesseiro ou uma toalha. 

O documento indicava ainda fraturas no nariz de Cristiana, em dedos da mão direita e na última vértebra. O legista também detectou diversos hematomas na parte interna do braço.

Com o relatório, o promotor deu como encerrado o procedimento administrativo do caso, e o Ministério Público fez a denúncia contra o detetive particular Reinaldo Pacífico, ex-namorado da modelo. Ele teve a prisão decretada em 7 de janeiro de 2003, mas ficou foragido até maio do mesmo ano. 

O já citado irmão de Cristiana, Eduardo Alves Ferreira, ao prestar depoimento ao promotor Francisco Santiago, do 2º Tribunal do Júri de Minas, em agosto de 2005, afirmou que, pouco antes de morrer, Cristiana começou a se envolver com políticos e a receber telefonemas de Brasília e de São Paulo. 

Segundo ele, em determinado momento a modelo começou a viajar para Brasília com malas lacradas. Ela dizia para o irmão que eram "documentos de altíssima importância". Cristiana teria ficado preocupada, certa vez, porque precisava fazer um depósito de R$1,3 milhão, dinheiro que pertenceria a políticos. Na época, Euler Marques foi procurado, mas não foi encontrado para comentar o caso.

Conclusão

Queima de arquivo?


A polícia do então governo tucano de Minas Gerais jamais quis investigar o assassinato de Cristiane Ferreira. 

O fato é que, a bela jovem Cristiane, 24 anos, além de andar com muito dinheiro do mensalinho, era amiga íntima, mais do que íntima, de um presidente da República, de dois ex-governadores de Minas Gerais, e de dois ex-ministros de Estado, entre outros figurões dos poderes do País da Geral.

O ex-amante de Cristiane, um detive particular, foi acusado e condenado pelo crime, e, mesmo condenado, continuou ainda leve e solto, por um bom tempo,  não tendo jamais revelado o(s) mandante(s). 

Esse mesmo silêncio, que por muito tempo garantiu sua liberdade, enquanto a justiça de Minas não estava nem aí. Ah, sim, só para citar, também a justiça de Minas engavetou o mensalinho tucano. Enfim, vida que segue, tudo como dantes, no quartel de Abrantes, mas, eu não me esqueci.

[Fonte: Texto originalmente publicado no Jornal Extra, livremente adaptado por Leonardo S. Silva]

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domingo, 1 de janeiro de 2023

PAPO RETO — ANO NOVO, VIDA NOVA(?)

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17).
A celebração do ano novo é uma tradição em muitas partes do mundo. No Brasil, comemoramos a véspera do ano-novo com muita festa e animação — e nosso calendário marca como feriado nacional o 1º de Janeiro.

A celebração do Ano-Novo em nosso atual sistema de contagem de dias foi estabelecido na Roma antiga, sob uma explicação pagã. Contudo, com o tempo, vários países cristãos adotaram a celebração. A celebração do Ano-Novo para os judeus ocorre em setembro no nosso calendário. Também é um período de muita festa e regozijo.

Contudo, independente da origem da comemoração — o que na minha opinião é algo secundário — o ano novo é uma oportunidade de refletir sobre o passado e traçar metas para o futuro. E mesmo que as resoluções que fizemos em 2022 não tenham se concretizado, isso não deve nos impedir de fazer novas para 2023.

É verdade que nossas resoluções para o próximo ano podem ser bem diferentes das dos anos anteriores. Mesmo mudando-se o ano, muitos são os sonhos de precisão ficar em segundo plano por enquanto, isto é fato. Mas tudo bem também  — de que adianta uma resolução de ano novo se não incorporarmos nada de novo a ela?

Se você estámos buscando resoluções inspiradas para entrar em sua lista de 2023, tenho como sugestões algumas que podem ser perfeitas e possivelmente alcançáveis a todos nós.

1 — Construa amizades


O ano de 2022 nos mostrou como as amizades são inestimáveis. Somos muito gratos pelas pequenas coisas como bate-papos — não os virtuais — frente a frente, sair para tomar um café, comer uma pizza, "jogar conversa fora", falar sobre as maravilhas do Reino de Deus... 

O afastamento social, o isolamento e as quarentenas no período mais tenso da pandemia, nos mostraram o quanto a convivência física, o abraço, o estar juntos nos é fundamental para um bem estar.

Deixemos e aproveitemos as possibilidades virtuais, para nos reconectar com amigos de longa distância. A confraternização muito comum no Réveillon, famosa virada do ano, é um dos momentos mais esperados. Com o evento, as pessoas têm a tradição não só de se reencontrar, como de enviar mensagens de felicitações para alguém querido.

Então, por que não levar isso para o cotidiano ano novo? As Escrituras dizem que dois são melhores do que um (Eclesiastes 4:9-10) e não há nada mais precioso do que amizades genuínas (Provérbios 17:17).

Pense em alguém com quem você gostaria de conversar e estar perto para almoçar (ou simplesmente ligar, siim, ligar, nada de mensagem por aplicativo), mas não pare nisso! Mantenha contato por alguns dias depois para ver como essa pessoa está. 

Seja intencional, e comprometa-se a orar por seu/sua amigo(a) durante todo o ano. As amizades não são cultivadas da noite para o dia, mas crescerão e florescerão sobre cada mensagem enviada, refeição compartilhada e tempo investido.

Em 2023, vamos trocar o ritmo de amizades aceleradas por mais intencionais e centradas em Cristo!

2 — Seja solidário


Vimos em primeira mão como comunidades e organizações de caridade se uniram para ajudar os menos afortunados no auge da pandemia. 

Na verdade, nós mesmos podemos ter sido beneficiários de uma generosa cesta de alimentos ou de uma doação gentil!

Esta é uma maneira prática de obedecer às Escrituras, que nos dizem para nos preocuparmos com os interesses dos outros, e cuidar das viúvas e dos órfãos (Filipenses 2:4, Tiago 1:27). Quando doamos, estamos indicando o mundo para um Deus cujo amor e generosidade por nós supera em muito tudo o que podemos oferecer.

Neste novo ano, por que não considerar apoiar uma ONG local? Não importa a quantia, será um longo caminho para apoiar as instituições de caridade (e as pessoas que recebem apoio por meio delas). Porque não aderir ao volutariado no serviço social da sua comunidade? 

Se não temos muito dinheiro, mas temos energia e saúde o suficiente, poderíamos arrecadar fundos através de uma corrida ou outro jogo enquanto incentivamos nossos amigos a doarem para uma instituição de caridade de nossa escolha!

3 – Planeje recarregar


Antes da Covid-19 nós teríamos lotado um monte de passeios sociais em nossa programação de fim de semana, e se fôssemos honestos, isso nos deixaria bastante irritados. 

Mas restrições rígidas nos fizeram cancelar todos esses planos, ficar dentro de casa, e antes que percebamos…

Na verdade, aproveitamos os nossos fins de semana pacíficos cuidando da casa, lendo um livro ou testando um ritmo mais lento em nossa caminhada diária. Vimos como foi bom não estar correndo de um compromisso para o outro. O superativismo — inclusive, o ministerial (tem gente que acha vantagem ficar dia e noite enfiado dentro de igrejas...) —, é prejudicial em qualquer âmbito de nossas vidas. 

Válido nos lembrar que Jesus advertiu à Marta, irmã de Lázaro e Maria, acerca do superativismo (Lucas 40:40-42). O descanso é de Deus. Ele nos projetou para precisar do descanso, e Ele mesmo deu um exemplo ao descansar após criar o mundo (Gênesis 2:2)!

Neste novo ano, vamos planejar um ritmo regular de finais de semana tranquilos e organizados para recarregar. Isso nos deixará com mais energia para alcançar adequadamente as pessoas com quem nos conectamos, em vez de nos queimarmos, tentando fazer muito.

4 – Desconecte-se!


O tempo prolongado gasto isoladamente provavelmente nos transformou em pequenos Zumbis, com a gente passando mais tempo em chamadas de vídeo, rolando infinitamente as mídias sociais ou assistindo compulsivamente os serviços de streaming
 
(há quem consiga passar madruda adentro, maratonando séries, mas não consegue passar 10 minutos de joelhos em oração, ou ler um livro inteiro da Bíblia). 

Nossos olhos estão doendo, e estamos sofrendo de uma crise de fadiga tecnológica.

Para 2023, não seria bom dar um tempo da tela, pois desfrutamos de uma vida vibrante offline, definindo nossos pensamentos (e visão) em coisas que são puras, nobres e admiráveis (Filipenses 4:8,9)? 

Em vez de nos perdermos para o esgotamento das reuniões virtuais, vamos praticar aproveitar o tempo na presença de amigos ou familiares, saborear nosso almoço ou observar a natureza em nosso parque local, tornando o "sem tela" um hábito de tempo semanal.

Esses três últimos anos nos mostraram que os melhores planos podem dar errado num piscar de olhos, mas também que a soberania de Deus e sua capacidade de nos guiar através de qualquer crise. À medida que estamos de olho em 2023 e nos planos que temos para o novo ano, podemos também lembrar de buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e tudo o mais será acrescentado (Mateus 6:33).

Conclusão


Para os servos do Senhor as coisas velhas podem sempre se tornar em coisas novas. Como cidadãos do reino do céu, nossa presença no reino da terra pode contribuir para um mundo novo, menos violento, menos injusto, menos desonesto, menos mentiroso, menos hipócrita, menos opressor, menos discriminador. Podemos "ser mais sal" e "mais luz" para o mundo em 2023?

Entre a avaliação do "Ano-Velho" e a construção do novo ano, passamos pela consciência da finitude e do pecado, pela necessidade do arrependimento, pela busca da santificação.

Mas como construir o novo em uma Igreja tão marcada pelo velho: o divisionismo, o isolacionismo, o caciquismo, o sectarismo, o moralismo, o legalismo, os cismas, as heresias...? Um mundo novo e sadio a partir de uma Igreja enferma?

Entre a pessoa nova e o mundo novo, há a Igreja nova, a família nova, a comunidade nova, o trabalho novo, o país novo, os hábitos novos e, tantas vezes, pessoas novas ou relacionamentos renovados (feitos novos outra vez!).

Toda a nossa vida se move no tempo. Há um passado com suas gratas memórias, que nos fazem bem à lembrança, cuja acumulação de experiências constrói o nosso ser e nos edifica; e memórias ingratas, que é melhor esquecer, especialmente as memórias das nossas falhas e das falhas dos outros em relação a nós. Quanto ao passado — aos "Anos Velhos" —, vivemos entre as memórias da graça e a memória das desgraças.

Nosso tempo de hoje é o resultado desse tempo de ontem, mas é também uma breve passagem em direção ao tempo do amanhã, com seus sonhos e seus temores, seus alvos e suas dúvidas, suas aspirações e suas inseguranças. Se não podemos fazer mais nada em relação ao passado, apesar do seu caráter de imponderável e da soberania de Deus, podemos fazer algo pelo futuro: pensar, planejar, decidir, comprometer.

Na mera troca de calendário, se vai o "ano velho" e chega o ano novo, em seu ciclo periódico, até a nossa morte (Ec 1:4-10).

Porém, o ano novo pode vir a ser um novo ano, um ano qualitativamente diferente, abençoado e abençoador, em nossas respostas à voz de Deus em nossa vida e nos relacionamentos e empreendimentos de que participarmos, como novos objetivos, novos valores, novas prioridades.

Não sejamos meros espectadores do virar do calendário do Ano-Novo, mas, em Cristo, construtores do novo ano. Um abençoado 2023 para todos! São os meus votos, com as minhas orações.

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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