sexta-feira, 22 de julho de 2022

DEEPFAKE: SERÁ MESMO QUE BASTA APENAS VER, PARA CRER?

A Bíblia registra que Tomé só teve fé quando viu o Senhor e, por isso, foi repreendido pelo Senhor Jesus: 
"Porque Me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20:29). 
Qual é o alerta nessas palavras do Senhor Jesus àqueles que desejam acolher o Senhor nos últimos dias? 

Mas, calma! Não vou aqui fazer nenhuma análise de cunho teológico sobre essa conhecida passagem das Escrituras, porém, falar de algo que absolutamente nada tem a ver com Teologia, mas, sim com outra vertente científica: a Tecnologia.

Já ouviu a expressão 
"Só acredito vendo" 
— expressão essa baseada justamente na passagem bíblica citada (Jo 20:24-29 — texto e contexto)? Ela representa a fala de pessoas desconfiadas, que não acreditam em qualquer história e querem ver com seus olhos para comprovar a veracidade dos fatos.
 
No entanto, com o atual avanço tecnológico, os nossos olhos podem ser facilmente enganados. Uma técnica que prova isso é o deepfake, que ganhou bastante notoriedade nos últimos meses. Já ouviu falar dele?

Nesse artigo você vai entender como funciona essa tecnologia, por que pode ser uma ameaça e como podemos reconhecer um deepfake para não cair nessa cilada. Além disso, descubra o lado bom dessa prática. Continue a leitura e saiba mais!

O que é deepfake?


O presidente Jair Bolsonaro (PL) cantando "Xibom Bombom". Mark Zuckerberg admitindo que 
"quem controla os dados controla o futuro".
Nicolas Cage encenando personagens em centenas de filmes. Gal Gadot estrelando uma cena pornográfica...
Nada disso aconteceu de fato. Mas, na internet, há vídeos perfeitos de todos esses acontecimentos falsos, graças a uma técnica chamada deepfake.
Como o próprio nome já diz, a tecnologia faz uso de deep learning para gerar conteúdos falsos em vídeo.

Através de inteligência artificial, rostos de pessoas são unidos a vídeos já existentes, em uma combinação altamente realista que faz parecer que alguém tenha dito ou feito algo que, na realidade, jamais aconteceu (mais detalhes, na sequência).

Como e quando e como surgiu?


Os deepfakes começaram a se tornar populares no final de 2017, quando rostos de atrizes famosas foram colocados em vídeos pornográficos. O usuário utilizava um software de deep learning para colocar os rostos das mulheres em vídeos já existentes. 

Depois disso, a técnica passou a ser utilizada para produzir vídeos de humor ou de conteúdo político. A partir daí, quaisquer vídeos editados a partir do machine learning e outras ferramentas de inteligência artificial passaram a ser chamados de deepfake.

O deepfake é uma tecnologia usada para criar vídeos falsos, porém bem realistas, com pessoas fazendo coisas que nunca fizeram de verdade ou em situações que nunca presenciaram. 

O algoritmo utiliza inteligência artificial para manipular imagens de rostos e criar movimentos, simulando expressões e falas. O termo vem da junção de duas palavras em inglês: fake = falso; deep = deep learning, ou aprendizado aprofundado — técnica em que computadores conseguem aprender com base em padrões.
Assim, trata-se de uma espécie de ilusionismo digital que pode enganar muita gente. Já surgiram muitos casos na internet com artistas e políticos que repercutiram nas mídias sociais.
Um exemplo notório foi um falso discurso do ex-presidente Barack Obama — que viralizou na internet —, criado pelo site BuzzFeed exatamente para demonstrar o resultado da tecnologia deepfake. A voz ficou por conta de uma dublagem feita pelo ator Jordan Peele.

No entanto, esse recurso não é tão novo como se pensa. Filmes de Hollywood já fazem isso há muitos anos criando rostos e até cenas inteiras, no entanto gastando milhões. 

Já os novos métodos são bem mais baratos, basta ter acesso a conhecimentos e algoritmos de deep learning, um bom processador gráfico e imagens que possam servir de base para o processo.

Como um deepfake é criado?


Como já dito, o deepfake utiliza softwares de código aberto relacionados ao aprendizado de máquina. Na prática, o programador fornece centenas de fotos e vídeos da pessoa em questão. 

Daí um sistema de inteligência artificial processa automaticamente via rede neural. Dessa forma, o computador consegue "aprender" os movimentos do rosto, como sorrisos, reações, reação à luz e sombras etc.

O software faz esse processamento com o rosto do vídeo base e o novo rosto que deseja aplicar até encontrar um ponto de encontro entre as duas faces e, assim, sobrepor o novo ao original.

O resultado é um vídeo com definição bastante fluida. Há, no entanto, outras tecnologias que cumprem funções semelhantes — como a da Adobe, que cria falas com a voz de uma pessoa —, e ainda outros que imitam falas e expressões faciais no rosto de outra pessoa.

No começo, o deepfake exigia que o usuário tivesse profundos conhecimentos de programação. Mas apps foram criados para automatizar todo o processo, de modo que seu uso massivo ficou mais acessível. 

Uma vez que a tecnologia exige recursos avançados de hardware, a qualidade média dos vídeos acaba não sendo tão boa, porém, é o suficiente para enganar alguns mais distraídos. Qual o perigo disso? Você vai descobrir a seguir!

Por que ele é uma ameaça?


É verdade que os vídeos criados com a tecnologia deepfake não são perfeitos. Com olhos mais atentos, é possível ver falhas. Mas são realistas o suficiente para enganar muitas pessoas, principalmente aqueles sem conhecimento em defesa cibernética. Embora nem sempre um deepfake seja criado com má intenção, ele pode sim ser utilizado para fins maliciosos.

Vídeos manipulados de artistas e políticos disponíveis na web são uma prova disso. Eles podem difamar a reputação dos envolvidos nas cenas e disseminar mentiras.
 
Essas mentiras difundidas na web podem também prejudicar a vida das pessoas, famosas ou não, como é o caso de falsos vídeos pornográficos envolvendo artistas. Existem aí diversos problemas legais e éticos que precisam ser discutidos.

No entanto, não se pode banalizar a tecnologia. Por outra perspectiva, existem aplicações positivas para os softwares do gênero.

Deepfake no cenário eleitoral


Um dos grandes casos de uso ilegal da tecnologia de deepfake é para a produção de conteúdos que prejudiquem a imagem de políticos, sobretudo em contexto eleitoral.
Por exemplo, ele pode ser utilizado como ferramenta política para colocar na boca de candidatos e autoridades palavras ofensivas e outras coisas que nunca disseram, ou mesmo realizando atos ilícitos, fazendo com que os eleitores escolham outra pessoa.
Muitos especialistas já colocam a tecnologia no patamar mais elevado da lista de desafios para as próximas eleições, tendo um combate ainda mais difícil que o feito sobre as fake news.

De acordo com os especialistas em tecnologia da informação, se a gente já tem esse hábito em relação à disseminação de notícias falsas, quando você tem uma inovação tecnológica como deepfake, essa automação só potencializa aquele ato anterior que já existia.

Para eles, que acreditam que as deepfakes podem ser uma ameaça à democracia, as consequências do uso da tecnologia nas campanhas eleitorais pode ser ainda mais grave com o avançar dela.

Inclusivem, eles acreditam que daqui a pouco nós vamos ter a popularização dos deepfakes, e depois isso irá se tornar um instrumento de campanha eleitoral.

Eles ainda afirmam que aqui no Brasil, as questões mais novas são geralmente abordadas nas leis, pela primeira vez, no contexto eleitoral, e espera-se que isso ocorra em relação às deepfakes nas próximas eleições presidenciais de 2022.

A Justiça Eleitoral no Brasil tem uma característica muito interessante: assuntos de vanguarda, aspectos tecnológicos, normalmente são tratados pela primeira vez por aqui. 

Por esse motivo, os especialistas acham que se tiver surgimento a respeito de uma normatização quanto a fake news e deepfake, acreditam que de repente isso pudesse começar pela área eleitoral.

Combate às deepfakes no mundo


O tema tem gerado tanta polêmica no mundo todo que algumas empresas e governos já se preocuparam em criar regulamentações para o uso de deepfakes. Twitter, Instagram, Google e Facebook começaram a pensar em medidas para diminuir o uso indevido de vídeos falsos nas plataformas.

O Twitter exibirá avisos de que determinados conteúdos são deepfake, enquanto o Facebook e Google vêm desenvolvendo métodos e ferramentas para detectar os vídeos manipulados.

Além das empresas, governos já buscam algum tipo de regulamentação sobre a tecnologia. A China, por exemplo, proibiu o uso de inteligência artificial para a produção de vídeos falsos e exige que a divulgação de deepfakes venha acompanhada de um aviso claro de que se trata de um conteúdo fictício.

No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, dois projetos de lei foram assinados recentemente acerca do tema. Um deles torna ilegal a distribuição de vídeos manipulados que visam desacreditar um candidato político dentro de 60 dias após eleições, e o outro permite que os cidadãos processem pessoas que criam deepfakes para inserir rostos em materiais pornográficos sem consentimento.

Os especialista acreditam ser essencial que os governos entrem nessas discussões, e não apenas as empresas de tecnologia. Eles dizem que tem que coibir abusos, sobretudo porque se sabe que isso foi utilizado muito na época eleitoral [em 2016, nos EUA] e, por esse motivo, certamente é preciso ter uma legislação que possa coibir.

Há um uso benéfico do deepfake?


Os algoritmos de deep learning podem ser utilizados de uma forma muito positiva. Por exemplo, a tecnologia tem como princípio o reconhecimento e a reconstrução de faces. 

Esse mapeamento de faces já é utilizado para outras funções, como os Animojis da Apple e os AR emojis da Samsung. E há muito outros que identificam e modificam o rosto dos usuários.

Além dessas atividades de passatempo, o cinema também pode se beneficiar bastante com a tecnologia. É até possível que atores, atrizes e outros influenciadores digitais vendam sua imagem para aparecer em peças de publicidade sem a necessidade de estar presentes na produção dos vídeos.

Como reconhecer um deepfake?


Apesar do avanço da tecnologia, ainda é possível identificar detalhes que comprovam a falsidade do vídeo. No caso de identificação em massa de vídeos falsos, estudos experimentais mostram que redes neurais podem trazer resultados precisos, identificando com acurácia se o material usa ou não deepfake.
  • Por exemplo, será que aspectos da voz, como tom e entonação, estão naturais? 
  • Os movimentos dos lábios batem com o que está sendo dito? 
  • Os movimentos do rosto e do corpo como um todo parecem realmente orgânicos?
Também é útil procurar outros vídeos da mesma pessoa para comparar e tentar atestar a veracidade, principalmente se você não a conhece bem. 

Além disso, há ferramentas que checam vídeos quadro a quadro (por frames) para detectar sinais de manipulação. Mas é natural que, com o tempo, distinguir o verdadeiro do falso se torne cada vez mais difícil. 
Acima de tudo, sempre cheque a origem dos vídeos comprometedores antes de acreditar neles e até mesmo compartilhá-los.
Os recursos de deepfake avançam, e discussões éticas e até a legislação ligadas à segurança eletrônica também precisam acompanhar esse desenvolvimento. Por exemplo, no Brasil, ainda não há leis específicas para fake news, o que torna essa prática geralmente impune, mesmo que o autor possa ser processado por difamação e injúria. Trata-se de mais um desafio que a tecnologia nos impõe.

Um janeiro de 2020, o Facebook anunciou que iria começar a banir vídeos com deepfake da sua plataforma. O anúncio, divulgado em um blog da empresa, afirmou que conteúdos do tipo manipulam a realidade, e são um grande desafio para a indústria tecnológica.

Os vídeos são excluídos caso as edições não estejam óbvias para o usuário ou se levarem o espectador a acreditar que uma pessoa tenha dito coisas que, na verdade, nunca disseram. 

55 checadores, que falam 45 idiomas diferentes, são os responsáveis por analisar e sinalizar os vídeos falsos — a medida não inclui sátiras e outros produções humorísticas.

Antes disso, em setembro de 2019, a empresa doou US$ 10 milhões para um fundo voltado a aprimorar as tecnologias de detecção desse tipo de material. Mas a companhia já também recebeu críticas por se recusar a retirar um vídeo falso da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, que viralizou no país no ano passado.

Conclusão

O que posso fazer para me proteger?

O mais sensato a fazer é evitar o compartilhamento de vídeos pessoais com gente que você não conhece ou não hospedá-los em redes sociais de forma pública para dificultar o trabalho do editor, em pegar seu rosto e colocá-lo em outro vídeo mais comprometedor.
No geral, a sociedade ainda está se ajustando ao deepfake por se tratar de uma tecnologia relativamente nova e, se mal utilizada, extremamente prejudicial. É esperado que novos mecanismos jurídicos sejam aprovados de modo a combater a prática e proteger as pessoas. 

Portanto, caso você tenha sido vítima, colete todas as informações necessárias e procure um advogado ou a Defensoria Pública assim que possível. 

A gente tinha uma crença de que precisávamos ver para crer, mas hoje com a deepfake tudo é possível. Portanto, mais do que nunca, se faz necessário que permaneçamos vigilantes.


Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia, graças à vacinação, está controlada, mas, infelizmente, ainda não passou, a guerra não acabou.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

CUIDADO: A DÚVIDA É UM EMPECILHO À FÉ

"Deus é fé, o mal é dúvida. Onde tem fé, há Deus; onde há dúvida, há o mal. Onde não há fé, não há Deus, onde não há dúvida, não há o mal" (Autor desconhecido).
Por mais dinheiro, sucesso e realizações que uma pessoa obtenha, sempre existe alguma situação a ser resolvida na vida dela. Quando ela se encontra nessa condição, normalmente empenha a própria força para resolvê-la, mas a resolução de muitos problemas não depende apenas disso.

Para alcançar a cura de uma doença, por exemplo, nem sempre os medicamentos ou procedimentos cirúrgicos são suficientes. De forma semelhante, colocar o casamento nos eixos não depende apenas do amor que existe entre o casal.

Do mesmo modo, alcançar a prosperidade não está relacionado somente ao empenho do empreendedor e da disposição dos seus funcionários. É para esses casos que existe o Altar e a confiança do que é feito nEle.

Entendendo o poder do Altar


Essa foi a proposta que Elias fez aos sacerdotes de Baal e de Assera e também ao povo de Israel (1 Reis 18), quando viu que eles culpavam a Deus pela falta de chuva e pela seca na região, mas não se atentavam para o seu estado de destruição espiritual.

Reunir todos no Altar foi a primeira dificuldade que Elias enfrentou e sacrificar foi a segunda. Depois de restaurar o Altar, colocar o cordeiro sobre ele e derramar água ao redor do animal, o fogo desceu do céu, mostrando a todos Quem era o Único Deus, mas o problema [a falta de chuva] não foi resolvido de imediato. 

Foi preciso que Elias confiasse no resultado daquela atitude. É isso também que ocorre hoje em dia: decidir chegar até o Altar é o primeiro passo e sacrificar é o segundo, mas não o último. 

É preciso ainda manter confiança no que foi realizado, ou seja, para que o resultado seja conforme o esperado, não se pode duvidar de nada, como está descrito: 
"Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte" (Tiago 1:6).
No caso do povo de Israel, a chuva não veio com facilidade. No entanto, como Elias tinha feito o sacrifício certo no Altar Certo [tanto que houve a descida do fogo], ele disse ao rei Acabe que já ouvia o ruído de uma abundante chuva (1 Rs 18:41), apesar de ainda não ver nenhuma nuvem. Pela fé, ele usou o sentido de audição para profetizar com seus lábios a água que viria do céu.

A Palavra de Deus diz que Elias subiu ao monte Carmelo, se inclinou por terra e orou. Depois, pediu ao seu servo para olhar se tinha sinal de chuva para o lado do mar e a resposta foi negativa. 

A seguir, orou pela segunda vez e depois mais cinco vezes, até que seu servo lhe trouxe as boas-novas: 
"Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem (…)"
Foi o bastante para que o profeta confiasse na tempestade que viria em seguida.

Entendendo o contexto


Ou seja, a Palavra nos ensina que a oração de fé envolve perseverança e sincera expressão do que há no mais íntimo da alma. O mesmo homem que havia orado anteriormente e que de pronto foi atendido [no caso da descida do fogo] teve sua confiança provada. 

Por seis vezes, Elias orou para que chovesse e não viu a resposta. Na sétima, apenas um sinal, uma pequena nuvem, até que os céus se abriram e chuva abundante desceu. Mesmo que não haja qualquer sinal da nossa resposta no momento, devemos prosseguir crendo e também estar preparados para receber o que pedimos.

Vencendo as dúvidas


Nem todos os que se propuseram a se entregar no Altar tomaram de fato essa atitude, mas, se você chegou até Ele, agora é hora de confiar e fazer um esforço ainda maior para se blindar da dúvida. 

Assim como a fé é poder, a dúvida também é poder. Enquanto o poder da fé estiver ativo, o poder da dúvida perde a força. Mas, se o poder da fé relaxar, é óbvio que o poder da dúvida vai prevalecer.

É preciso lembrar que a dúvida gera medo e outros sentimentos que impedem a ação de Deus. Pedro, discípulo do Senhor Jesus, obedeceu ao pedido dEle para andar sobre as águas e até deu alguns passos sobre ela, mas não permaneceu confiando. 

Ao reparar no vento e no mar agitado, ele acabou afundando (Mateus 14:30). Isso quer dizer que a confiança precisa ser constante. Existem três formas em que o mal pode colocar a dúvida em uma pessoa:
• Na própria cabeça — fazendo ela pensar que nunca vai vencer, que está muito velha, não tem estudo, se sentindo inferior as outras pessoas e etc. 
• Usando alguém — coloca você para baixo, diz que está difícil, que já tentou, mas não venceu e você também não vai vencer e etc. 
• Usa a própria natureza — não é normal uma pessoa que perdeu tudo se levantar, é impossível você conseguir.
Só quem está na fé pode vencer, conforme está escrito no texto de Tiago, anteriormente citado.

O lado bom da dúvida


O que pode ser uma fraqueza espiritual também pode ser uma atitude honesta diante da infinitude divina, dos mistérios da vida humana e da realidade incompleta aos nossos olhos. 

Longe de uma desculpa para o "rio sem margens" da pós-modernidade, onde tudo é cinza, lidar sinceramente com nossas dúvidas teológicas é valorizar a fé que temos. 

Afinal, como diz Alister McGrath (teólogo cristão, apologista, professor de Teologia, Religião e Cultura, na King's College, de Londres e pesquisador sênior do Harris Manchester College, em seu livro "Como Lidar com a Dúvida" (2008, Editora Ultimato, 176 páginas): 
"duvidar significa, muitas vezes, fazer perguntas ou expressar incertezas do ponto de vista da fé. A pessoa crê, mas enfrenta dificuldades com essa fé ou tem alguma preocupação. Fé e dúvida não se excluem mutuamente – mas fé e incredulidade, sim".
Por isso, a dúvida como incompreensão — e não incredulidade — faz parte da caminhada da fé. "O Deus Que Eu Não Entendo", outro lançamento da Ultimato, expõe esta relação na mente e no testemunho de Christopher J. H. Wright, um renomado teólogo que foi, por décadas, companheiro de ministério de John Stott. 

No livro o autor afirma que 
"conhecer a Deus, amá-lo e confiar nele de todo o coração, de toda a alma e de toda a força não é o mesmo que entender Deus em todos os seus caminhos. (...) Existem áreas do mistério em nossa fé cristã que estão além do mais acurado estudo e até dos mais profundos exercícios espirituais".
No entanto, confessar dúvidas não é descartar certezas. Ninguém voa cortando suas próprias asas. A dificuldade talvez seja discernir o que são asas e o que são apenas acessórios de voo. Por isso, é tão importante voltar ao essencial. 

N. T. Wright também assumiu, em seu livro "Simplesmente Cristão" (2008, Editora Ultimato, 256 páginas, a "imensa tarefa" de 
"descrever a essência do cristianismo, tanto para recomendá-lo aos de fora como para explicá-lo aos de dentro. É claro que ser cristão no mundo de hoje é qualquer coisa, menos simples. Mas se há um tempo em que é necessário dizer, do modo mais simples possível, o que cada coisa significa, parece-me que é agora"
escreve Wright.

Conclusão


Nesta caminhada de fé não estamos sozinhos. Contamos, entre outras, com o Espírito Santo que 
"nos guia a toda verdade" (João 16:13), 
com a comunidade que nos ajuda a discernir as coisas, com a sociedade e com a Bíblia — como revelação de Deus para a humanidade. A respeito desta última, vale a pena ler também "Por Que Confiar na Bíblia — Respostas a 10 perguntas Difíceis", de autoria de Amy Orr-Ewing (2008, Editora Ultimato, 144 páginas). 

Em meio ao bombardeio acadêmico, e ao que ela chamou de "era da incerteza", levanta respostas considerando conceitos históricos, a singularidade e contemporaneidade da Bíblia, a encarnação de Cristo e o conceito de verdade.

A fé é uma ponte para Deus, a dúvida desestrutura uma pessoa. A dúvida sempre vem quando Deus está para abençoar uma pessoa, e se ela duvida, ou dá ouvidos à dúvida, ela acaba perdendo a benção; como foi o caso de pedro, que enquanto olhou para a fé, andou por sobre as águas, mas quando duvidou, começou a afundar. 

Observe que Jesus, no caso de Pedro — também anteriormente citado —,  estava perto e quando ele clamou, Jesus estendeu a mão e ainda chamou a atenção dele: 
"...por que duvidaste?".
Deus está sempre perto para dar a mão aos que nEle crêem. Na dúvida você não cresce, não anda, só destrói, sem a dúvida não há o mal. Se todos disserem que vai dar errado, mas você está na fé, você vence.

A oração aflita do homem à afirmação de Jesus 
("...tudo é possível ao que crê..."
continua atual: 
"Eu creio! Ajuda na minha falta de fé!".
E você? Está na fé ou na dúvida? Na fé o problema cai, na dúvida o problema te vence!

[Fonte: Folha Universal, original — por Cinthia Cardoso; Ultimato]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
 Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia, graças à vacinação, está controlada, mas, infelizmente, ainda não passou, a guerra não acabou.

domingo, 17 de julho de 2022

OS INSTINTOS SEXUAIS: COMUNS À NATUREZA HUMANA X OS IMPULSOS CARNAIS: E SUAS NOCIVAS ANOMALIAS

"Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. [...] Por isso digo: 'Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne'" (Colossenses 3:3; Gálatas 5:16 — grifos meus).
O estarrecedor caso recente, envolvendo o [agora ex] médico anestesista, Giovanni Quintella Bezerra, 31 anos, preso em flagrante, na madrugada da última segunda-feira, 11, após abusar sexualmente de uma paciente parturiente, dentro de uma sala de cirurgia obstétrica, em um hospital no Rio de Janeiro, me serviu de inspiração para escrever esse artigo.

De acordo com a conhecida perita criminal Rosângela Monteiro, em uma live no canal Investigação Criminal, no YouTube, não querendo em absoluto, minimizar ou justificar (mesmo porque, é algo injustificável) os atos escabrosos, monstruosos, cometidos por essa criatura inqualificável, a renomada especialista, fazendo uma análise do contexto e do perfil dele, diz que Giovanni, certamente é portador de parafilia.

O que é parafilia?


De acordo com a Psicologia, as parafilias podem definir-se enquanto perturbações sexuais, mais especificamente, perturbações da orientação sexual, mais comumente designadas por "perversões sexuais", na gíria. Assim, as parafilias são orientações ou preferências sexuais não convencionais, por oposição a orientações sexuais saudáveis ou convencionais.

Quem sofre de um transtorno ou perturbação parafílica tem uma orientação sexual não saudável, isto é, tem fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais intensos e recorrentes referentes a objetos e situações incomuns, portanto não considerados atrativos do ponto de vista sexual pela maioria das pessoas.

Assim, para que se considere que a pessoa sofre de uma parafilia, é necessário que, para além do sofrimento resultante da desaprovação social, a pessoa sinta angústia pessoal em relação ao seu foco parafílico. 

Mas isto não chega, sendo também necessário que o seu desejo ou comportamento sexual provoque o sofrimento, dano ou mesmo morte de outrem ou a prática sexual com pessoas que não querem ou que não podem ou não conseguem dar o seu consentimento para a mesma.

Mas o diagnóstico de parafilias implica que estas fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais atípicos sejam recorrentes, persistam há pelo menos 6 meses e causem sofrimento pessoal ou disfunção a nível social.

As parafilias em si não necessitam obrigatoriamente de tratamento. Apenas quando existe sofrimento e disfunção para a pessoa é que se considera existir transtorno parafílico e o tratamento é adequado nesse caso.

O tratamento das parafilias é muito desafiante e complexo, pelo que é muito importante combinar a psicoterapia com medicação, a longo prazo. 

A natureza desafiante e complexa do tratamento está relacionada com a natureza da perturbação parafílica, que por definição é de cunho impulsivo, obsessivo e incontrolável, sendo que na ausência do estímulo parafílico a pessoa não obtém a vivência de uma sexualidade com prazer, causando assim também problemas relacionais com o/a parceiro/a sexual.

Mas, o que podemos saber, o que nos ensina a Bíblia sobre os instintos (que são naturais ao ser humano) e os impulsos sexuais (estes, são os que podemos chamar de transtornos, que geralmente levam o ser humano à prática que fogem do que se pode considerar normal, na vivência da sexualidade)? É o que iremos analisar no texto deste artigo.

A sexualidade na vida cristã

Uma perspectiva social


Nas últimas décadas, a temática da vida sexual vem se visibilizando na academia (e na sociedade) com relevo e importância (VANCE, 1995). Como nos lembra Foucault (1993a), isso se deve ao fato de, na modernidade, a sexualidade ser percebida como ponto de intersecção entre indivíduo e sociedade, operacionalizadora de problemáticas relacionadas à vida, à saúde, à doença e à morte — todas de especial interesse para políticas locais e globais. Temos na sexualidade um lugar estratégico para a gestão de populações.

Podemos dizer que foi numa perspectiva de refletir sobre os "perigos do sexo" que os anos de 1980 viram emergir no Brasil uma série de estudos sobre a sexualidade, sobre o "risco" das pessoas contraírem Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), dentre elas a Aids, e sobre a "gravidez na adolescência". 

Sem querer retomar aqui uma revisão de como evoluíram esses dois campos de estudos (vide CALAZANS, 2000; RIOS et al., 2002), gostaria de resgatar das perspectivas que considero mais promissoras, fruto dos debates dos últimos anos, uma sinalização que muitas vezes foi dita, mas que poucos levaram a sério na elaboração de pesquisas e/ou intervenções: 
  • a importância das culturas religiosas na construção da sexualidade — na produção e reprodução da vida social (cf. especialmente MACHADO, 1996; RIOS, 2004; GIUMBELLI, 2005). 
Talvez, por que levaram a sério demais um velho vaticínio dos clássicos cientistas sociais da religião, que apontavam para um futuro desencantado, em que a religião cederia espaço à ciência (WEBER, 2004; BERGER, 1985). 

Mas o vaticínio não se cumpriu (pelo menos, não completamente) nem no Brasil, nem no mundo (HERVIEU-LÉGER, 1997; BERGER, 2001; MARIZ, 2001 e 2006; SOUZA, 2007).

Do mesmo modo, numa outra via de reflexão que tira o foco do sexual, vale recuperar outro importante ingrediente na proposta de se levar mais a sério o lugar da religiosidade quando se quer pensar (e promover) a saúde sexual. 

Ele consiste numa revisão dos significados da "sexualidade" no Ocidente, enfocando seu trato ao longo da história do cristianismo. Nossa expectativa é a de que possa iluminar as compreensões atuais sobre as questões referentes à sexualidade, dentro e fora dos contextos religiosos do Brasil contemporâneo. 

Questões, lembro, de especial interesse para os preocupados com velhas e novas problemáticas localizadas no campo do que se tem denominado de direitos sexuais e reprodutivos, com rebatimentos não apenas no contexto religioso, mas no campo da saúde pública.

O corpo cristão: 

"na minha carne, não habita bem algum"


"Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço" (Romanos 7:18,19).
Corpo e Espírito são temas-chave nos discursos religiosos cristãos, articulados quase sempre por uma perspectiva teleológica de "salvação", neste ou no "outro mundo". 

É certo que visões de mundo e de "outro mundo" variam de denominação a denominação. Talvez o que não varie, nas diferentes tradições de fundo cristão, é a existência de uma série de técnicas de poder, incorporadas enquanto técnicas de si (FOUCAULT, 2004), que se propõem, através de ações sobre o corpo, viabilizar o alcance de estados ideais de "santidade" (nas múltiplas definições que cada religião dá ao termo). 

Outra característica que perpassa as várias tradições cristãs é que nelas, as técnicas de si, em menor ou maior grau, vão incidir e refletir sobre as implicações morais a propósito do que os humanos fazem com os desejos e as sensações prazerosas do baixo corporal, para si mesmos e para a obra divina.

Neste contexto, o corpo-carne, do qual o apóstolo Paulo foi um dos principais comentadores do cristianismo nascente, parece se afigurar como importante categoria de entendimento do sexual e do que se deve com ele fazer. 

Sem nenhuma pretensão de exegese teológica, vejamos então como a carne aparece no Novo Testamento, mais especificamente nas epístolas paulinas. Nelas o termo torna-se emblemático, sendo retomadas, séculos depois, pelos especialistas cristãos organizados numa estrutura de igreja, que será dominante na Europa e daí disseminada pelo mundo nas práticas de colonização (ARIÈS, 1987).

O pastorado


Também é importante refletir sobre quais são, e como operam, os mecanismos para que as diretrizes do cristianismo se cumpram em seus seguidores. Em Omnes et Singulatim, Foucault (2006)12 discute o poder exercido pelo cristianismo sobre os adeptos, através do dispositivo do pastorado — em outras palavras, as tecnologias de poder feitas tecnologias de si. 

A metáfora do cuidado prestado pelo pastor ao seu rebanho, para falar da gestão de comunidades não é uma invenção do cristianismo. Ela vai aparecer entre gregos e hebreus, mas vai ganhar novo sentido no contexto cristão.
"Na concepção cristã, o pastor deve prestar contas - não só de cada uma das ovelhas, mas de todas as suas ações, de todo o bem ou o mal que são capazes de realizar, de tudo o que lhes acontece" (FOUCAULT, 2006, p. 367). 
O cristianismo institui, então, um intercâmbio e uma circulação complexos de pecados e de méritos entre cada ovelha e seu pastor:
"O pecado da ovelha é também imputável ao pastor. [...] ajudando seu rebanho a encontrar a salvação, o pastor encontrará também a sua. Mas, salvando suas ovelhas, corre o risco de se perder; se quiser salvar a si mesmo, deve necessariamente correr o risco de estar perdido para os outros. Se ele se perder, é o rebanho que ficará exposto aos maiores perigos" (FOUCAULT, 2006, p. 367 — grifo meu).
Estes paradoxos ajudam a acentuar o que será sublinhado por Foucault (2006) como uma complexidade dos vínculos morais associando o pastor a cada membro de seu rebanho, individualmente. Afinal, 
"Não basta saber em que estado se encontra o rebanho. É necessário também conhecer o de cada ovelha".
Esses vínculos não dizem apenas respeito à vida pública dos indivíduos, mas também aos seus atos nos ínfimos detalhes: 
"o pastor deve ser informado das necessidades de cada componente do rebanho, e [...] deve saber o que passa na alma de cada um, conhecer seus pecados secretos, sua progressão no caminho da santidade" (FOUCAULT, 2006: 368-369).
Para dar conta desse conhecimento necessário para a condução do rebanho, o cristianismo irá reelaborar dois elementos advindos do mundo helênico: o exame de consciência e a direção de consciência.
O exame de consciência —, sabe-se, era comum entre os pitagóricos, os estóicos e os epicuristas, que nele viam um meio de prestar contas cotidianamente sobre o bem e o mal realizado com relação aos seus deveres. 
Assim, se podia medir sua progressão no caminho da perfeição, ou seja, o domínio de si e o império exercido sobre as próprias paixões.
 
A direção de consciência — era também predominante em certos ambientes cultivados, mas tomava então a forma de conselhos dados — e às vezes retribuídos — em circunstâncias particularmente difíceis: na aflição, ou quando se sofria de um golpe de sorte (FOUCAULT, 2006, p. 369).
No pastorado cristão, o exame de consciência não terá o intuito de cultivar a consciência de si, mas permitirá a pessoa abrir-se inteiramente ao seu diretor: revelar-lhe as profundezas da alma. 

Já a direção de consciência se constituirá em uma ligação permanente: a ovelha não se deixará conduzir apenas no caso de precisar enfrentar algum passo perigoso; ela se deixará conduzir em cada instante. 

Para o cristianismo, diz Foucault (2006), há um vínculo entre a obediência total e o conhecimento de si, articulado e mediado pela confissão a alguém.

Foucault (2006) nos lembra, entretanto, que nos primeiros tempos do cristianismo, antes de se instalar a técnica da confissão — restrita à relação dual entre o pastor e a ovelha — era, o que chamaremos aqui de testemunho público, a principal forma de lidar com o pecado:
"O exomologêsis era o ritual pelo qual um indivíduo se reconhecia como pecador e como penitente. Compreendia muitas características: primeiramente, o pecador possuía estatuto de penitente para um período que poderia ser de quatro a dez anos, e esse estatuto afetava o conjunto de sua vida. [...] sua vida não se pareceria mais às dos outros. Mesmo depois da reconciliação, certas coisas lhe permaneceriam proibidas: por exemplo, não poderia se casar ou tornar-se pai." (FOUCAULT, 2006, p. 369).
Finalmente a última transformação — para Foucault (2006, p. 370) talvez a mais importante:
"todas estas técnicas cristãs de exame, de confissão, de direção de consciência e de obediência têm uma finalidade: levar os indivíduos a trabalhar na sua própria 'mortificação' neste mundo". 
Neste contexto, a mortificação ou penitência, enquanto forma de relação para consigo mesmo, assume o sentido de 
"renúncia a este mundo e a si mesmo: uma espécie de morte cotidiana. Morte que é considerada por dar a vida no outro mundo."
O dispositivo estava, então, pronto: a centralidade dos pecados da carne, no modo como se situam na ordem do mundo e em suas implicações para os indivíduos; o jogo do controle para "saber" e o da disciplina para "fazer", por meio do pastorado, os cristãos responsáveis por si e pelos outros. 

E, não só em suas vidas públicas e em seus atos: o imperativo do exomologêsis e/ou da confissão torna possível 
"desemboscar tudo o que de fornicação secreta possa se ocultar nos mais profundos vincos da alma" (FOUCAULT, 1987, p. 28).

O corpo e a sexualidade: 

a carne feita risco nos dias atuais


Da Igreja nascente aos dias atuais, o cristianismo "cresceu e se multiplicou". Ao longo dos séculos, disputas sobre os sentidos da letra dos primeiros apóstolos criaram fraturas, cismas, reformas e contra-reformas. 

E se a religiosidade, como se pensava, não foi erradicada do mundo moderno (BERGER, 1985 e 2001), podemos dizer que são 20 séculos ao longo dos quais o cristianismo influencia e é influenciado por outros modos de conduzir técnicas de poder e de si na formação e manejo de indivíduos e populações. 

Assim, ainda que o meu foco aqui esteja nos dispositivos religiosos cristãos na apreensão do corpo e da carne, não podemos desconsiderar outros dispositivos institucionais no diálogo com os primeiros. 

No caso contemporâneo, o Estado laico tem-se apresentado como uma instituição de onde estes dispositivos são mais fortemente elaborados — dele não escapando nem mesmo a tentativa de controle sobre o que é dito e feito pelas diferentes religiões.

Mas, sublinho, não devemos pensar que estes dois regimes de intervir nos indivíduos e grupos para constituir a sexualidade e a reprodução social — o religioso e o estatal — se encontram tão afastados e dicotômicos, como muitas vezes é pensado. 

Lembremos, com Weber (2004), que vem da própria "ética religiosa" (protestante) muito do que faz o "espírito" que possibilitou o capitalismo moderno e o Estado burguês se constituirem; não apenas como um modo de operar economicamente, mas um verdadeiro sistema cultural, ou seja, capaz de engendrar pessoas afeitas e prontas para reproduzi-lo:
"[...] a ascese puritana — como toda ascese "racional"  trabalhava com o fim de tornar o ser humano capaz de enunciar afirmativamente e fazer valer, em face dos 'afetos', seus 'motivos constantes', em particular aqueles que ela mesma lhe 'inculcava': — com o fim, portanto, de educá-lo como uma 'personalidade', neste sentido da psicologia formal. 
Poder levar uma vida sempre alerta, consciente, clara, ao contrário do que se fala em muitas das representações populares, era meta; eliminar a espontaneidade do gozo impulsivo da vida, a missão mais urgente; botar ordem na conduta de vida de seus seguidores, o meio mais importante da ascese. 
Todos esses pontos de vista, que são decisivos, encontram-se estampados nas regras do monasticismo católico tanto quanto nos princípios de conduta de vida calvinistas. 
[...] Fácil captar, por outro lado, em que ponto se dava o contraste entre a ascese calvinista e a medieval: na supressão dos cosilia evangélica e, com isso, na transformação da ascese em ascese puramente intramundana (WEBER, 2004, p. 108-109)."
Segundo Weber (2004), a reforma protestante viria, paulatinamente, mudar os termos do que seria necessário para alcançar-se o outro mundo: eliminação da magia como meio de salvação; supressão das "mortificações corporais", que dará lugar a ascese via o trabalho neste mundo; permissão do acúmulo, ainda que austero, de bens, enquanto demonstração da fruição da graça. 

Esse novo contexto simbólico constituirá solo propício para o desenvolvimento do racionalismo burguês. A partir de então o caminho está aberto para uma perspectiva secular de estar no mundo, para a emergência de um Estado laico dissociado da magia e religião – ao menos pretensamente.16

No que concerne ao nosso objeto de interesse, Foucault (1993a e 1993b) lembra que, no processo de modernização do ocidente, a sexualidade deixa de ser percebida como mediadora para o acesso ao "outro mundo". 

Não obstante, como já apontamos no início deste ensaio, será apreendida como operacionalizadora de questões relacionadas à vida e à morte, lugar estratégico para a gestão de populações.

Conclusão


Assim, nos tempos atuais, no momento mesmo em que a carne parece perder força discursiva para se pensar a salvação da alma, o desejo sexual (res)surge triunfante enquanto fator chave para o cálculo dos riscos, e salvação da sociedade. 

Mais uma vez, um lugar privilegiado de intervenção da coletividade sobre o indivíduo, onde o manual das técnicas de si deixa de ser a Bíblia, ou os manuais de higiene sexual dos eugenistas, os tratados dos sexólogos e os escritos dos psicanalistas dos séculos XIX e XX. Agora os manuais são as "Cartilhas de Sexo Seguro" — sempre incluindo um capítulo sobre métodos contraceptivos!

Com efeito, considerando a inspiração de Foucault (2006) no parágrafo supracitado, podemos seguir uma das muitas linhas interpretativas que o termo demoníaco oferece e nos perguntar se não seria este (o demoníaco) a condição de ser sujeito (d)à carne — entendida como concupiscência no ideário religioso, ou como o erótico no ideário científico moderno? 

A "essência" do sexual que se nega à disciplina. Afinal, a força erótica, essencializada pela religião e pela bio-medicina, se interpõe e subverte a toda tentativa de disciplina (cf. RIOS et al., 2008b).

Como mostram Rios, Paiva, Maksud et ali (2008b), de algum modo o "vigiai e orai" das escrituras bíblicas continua estratégia para manter, adeptos/cidadãos, a serviço da obra (divina e/ou do Estado), bem longe das tentações. 

Neste contexto, é interessante notar que para o Modelo Transteórico (PROCHASKA; VELICER, 1997), o mais citado entre as abordagens individualistas para a promoção da saúde, as mudanças de comportamento devem ser compreendidas e estimuladas a partir de cinco construtos: estágios de mudança, processos de mudança, balanço decisório, autoeficácia e tentação. 

Nesse contexto teórico, e no caso das intervenções em saúde sexual e reprodutiva, a tentação, enquanto desejo sexual, assume o lugar da carne, que teima a desestabilizar os cálculos, solicitados pelos técnicos aos indivíduos como forma de se manterem seguros e saudáveis.

Não obstante, e de modo um tanto inusitado, nesse processo de pensar o lugar da carne na história do ocidente fomos levados um pouco mais longe em nossas reflexões, as quais, gostaríamos de compartilhar aqui, na perspectiva de oferecer mais recursos para montar essa agenda de pesquisas que gostaríamos de ver se configurar.

Assim, as leituras de Ariès (1987), Foucault (1993a, 1993b, 2006, 1987), Bakhtin (1996), Sahlins (2004), Weber (2004) — e outros autores os quais chamo para conosco dialogar neste artigo —, assim como a Bíblia e sua exegese nos fizeram questionar algo do próprio princípio epistemológico que nos conduz: o construcionismo. 

Fizeram-nos indagar, junto com Vance (1989), sobre o que estamos tomando como construído quando falamos da construção social da sexualidade; sobre o lugar do corpo neste campo epistemológico; e sobre qual a definição daquilo que chamamos de sexualidade, de modo tão corriqueiro e pouco refletido dentro do próprio campo no qual nos localizamos.

Por fim, os contextos teóricos e empíricos, acima esboçados, nos fazem pensar não apenas que o cristianismo desenvolveu uma forma própria de pensar o sexual, mas, e enfaticamente, numa construção sexual do próprio cristianismo. 

Seguindo esta linha, a partir dos autores australianos, e indo mais adiante, quero finalizar este artigo com mais uma indagação: 
em que medida a história passada e presente da carne cristã, em suas diferentes dimensões e implicações, pode nos levar a pensá-la como, ela mesma, constitutiva das categorias que orientam a história do ocidente?
Por certo, para não tornar esse texto ainda mais extenso e complexo, não terei espaço para aprofundar estas questões à luz da história da carne. Ainda assim, quero provocar uma reflexão com bases sólidas e, porque não, um debate sem imposição religiosa, mas equilibrada espiritual e cientificamente, sobre os instintos sexuais: comuns à natureza humana X os impulsos carnais: e suas nocivas anomalias.

[Fonte: Saúde e Bem Estar em Portugal — por Dra. Sónia Araújo, Psicóloga Clínica, Membro Efetivo OPP (CP 1300). SciELO — Adaptação do original de: Luís Felipe RiosRichard ParkerVeriano Terto Junior (Acessado em 18/07/2022). Bibliografia: ARIÈS, Philipe. São Paulo e a carne. In: ARIÈS, P.; BÉJIN, A. (Org.) Sexualidades ocidentais. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 50-53. BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1996. BERGER, Peter. A dessecularização do mundo: uma visão global. Religião e sociedade, v. 21, n. 1, p. 9-23, 2001. BERGER, Peter. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulinas, 1985. BOHN, Simone. Evangélicos no Brasil: perfil socioeconômico, afinidades ideológicas e determinantes do comportamento eleitoral. Opin. Publica, v. 10, n. 2, p. 288-338, out. 2004, 2004. CALAZANS, Gabriela. Cultura adolescente e saúde: perspectivas para investigação. In: OLIVEIRA, M. Cultura, Adolescência, Saúde: Argentina, Brasil e México. Campinas: CEDES/COLMEX/NEPO-UNICAMP, 2000. p. 44-97. FOUCAULT, M. As técnicas de si. In: Coletivo Sabotagem (org.) Por uma vida não-fascista (coletânea Michel Foucault Sabotagem), 2004. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/337824/Foucault-Michel-Por-uma-vida-nao-facista#/ Acesso em: 23 set. 2007. FOUCAULT, Michel. Omnes et singulatim para uma crítica da razão política. In:. Ditos e escritos. V.IV: Estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 231-249. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1993a. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade III: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1993b. FOUCAULT, Michel. O combate da castidade. In: ARIÈS, P.; BÉJIN, A. (Org.) Sexualidades ocidentais. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 25-38. HERVIEU-LÉGER, Daniële. Representam os surtos emocionais contemporâneos o fim da secularização ou o fim da religião? Religião e sociedade, v. 18, p. 31-47, 2001. MACHADO, Maria das Dores. Carismáticos e pentecostais: adesão religiosa na espera familiar. São Paulo: Autores Associados, 1996. MACHADO, Maria das Dores. Existe um estilo evangélico de fazer política? In: BIRMAN, P. (Org.) Religião e espaço público. São Paulo: Altar Editorial, 2003. p. 283-308. SAHLINS, Marshall. Cultura na prática Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2004.SAHLINS, Marshall. Ilhas de História Rio de Janeiro: Zahar, 1990.VANCE, Carole. A Antropologia redescobre a sexualidade: um comentário teórico. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-31, 1995. VANCE, Carole. Social Construction Theory: Problems in the History of Sexuality. In: ALTMAN, D. et al. (Ed.) Homosexuality, Which Homosexuality? London: Gay Men's, 1989. p. 1234. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo São Paulo: Cia das Letras, 2004.]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia, graças à vacinação, está controlada, mas, infelizmente, ainda não passou, a guerra não acabou.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

A BÍBLIA COMO ELA É — ENTENDENDO FILIPENSES 4:13

"...Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece..." (Filipenses 4:13).
Este, com certeza é um dos versículos — que é o fragmento de todo um contexto — mais conhecidos e recitados do Novo Testamento. Está nos adesivos dos carros, pregado à porta das casas, nos imãs de geladeira, em camisetas, nos brindes de fim de ano. 

Tornou-se como uma espécie de amuleto, de auto-afirmação, de brado de conquista. Mas, será que todos que o recitam, sabem realmente o significado, em linha com o texto no qual está inserido? É o que veremos neste artigo, mais um capítulo da série especial A Bíblia Como Ela É.

Análise contextual


Neste versículo, o apóstolo Paulo usa um verbo grego que significa "ser forte" ou "ter força" (cf. Atos 19:16,20; Tiago 5:16). 

Ele tinha forças para suportar "todas as coisas", mas quais "todas as coisas"? As descritas nos versículos anteriores e que são completamente ignoradas por quem fez do versículo 13 o seu "mantra gospel". Vejamos-as:
"Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez" (grifo meu),
ou seja, aqui está incluindo a dificuldade e a prosperidade no mundo material. A palavra grega para fortalecer quer dizer "colocar força em". 

Porque os cristãos estão em Cristo (Gálatas 2:20), ele instila neles a sua força, a fim de sustentá-los até que recebam alguma provisão (Efésios 3:16-20; 2 Coríntios 12:10).

Posso todas as coisas... 


Posso ter o emprego que desejo, ou a casa que sonho; posso ingressar na faculdade que almejo, ou ser aprovado no concurso; posso conquistar todos os meus sonhos, porque posso todas as coisas naquele que me fortalece. Maravilhoso, né? Porém,
não é absolutamente sobre nada disso que o apóstolo Paulo estava falando.
A popularidade deste versículo, escrito por Paulo quando ele estava na prisão, provavelmente em Roma, denunciam duas características da nossa geração. Infelizmente, duas características tristes:

Primeiro — Mostra o nosso pouco conhecimento bíblico, pois o versículo simplesmente não diz aquilo que a imensa maioria pensa e que é o motivo de sua popularidade. 
Antes de ser um brado de conquista e triunfalismo, Filipenses 4:13 é um brado de resistência e perseverança.
No versículo anterior, o versículo doze, Paulo afirma que sabe estar humilhado e também sabe ser honrado; sabe ter fartura ou ter fome; sabe tanto ter abundância quanto ter escassez. 

Em tudo isto ele já foi experimentado e guardou sua fé, não por mérito próprio, mas por Aquele que o chamou e fortaleceu.

Posso todas as coisas... 


Significa que posso passar pelos altos e baixos da vida; posso ter emprego ou estar desempregado; posso estar saudável ou enfermo; posso ter fartura ou estar em dificuldade...; guardo a minha fé, não importa as circunstâncias, porque posso passar por todas as situações, boas e más, porque Ele me fortalece!

As tempestades virão, as lutas estarão à minha porta, os meus sonhos sofrerão revezes. Ainda que a terra se mude, ainda que os montes se transportem para o meio dos mares, ainda que as águas rujam e se perturbem (Salmo 46:2), ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte (23:4), a minha fé permanecerá, porque posso todas as coisas naquele que me fortalece. Este é o espírito por trás do versículo.

● A segunda coisa que esta interpretação errônea nos mostra é que fazemos parte de uma geração que tem dificuldades em lidar com as adversidades. Não toleramos as derrotas, nem suportamos estar abatidos. 

Não entendemos como um crente pode passar fome ou padecer necessidade. Só enxergamos as palavras de vitória, queremos a abundância, a fartura, a prosperidade, o bem-estar.

Somos daltônicos verbais, só conseguimos ler as palavras que reforçam a nossa ótica de evangelho triunfalista em que o mais importante é o bem estar aqui nesta terra. 

Repetindo, a passagem de Filipenses 4:12-13 diz: 
"Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece"
mas nós o lemos assim:
"Sei conquistar a honra; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho a vitória e toda fartura; a abundância é o meu único caminho porque tudo posso naquele que me fortalece."
Essa é a doutrina que nos ensinam os gurus da teologia da prosperidade, o coaches espirituais, em suas famigeradas (e, obviamente, sempre lotadas) palestras motivacionais. 
Simplesmente nos negamos a enxergar que podemos passar também pela humilhação, a fome, a enfermidade e a escassez (de jeito nenhum: isso "é coisa do diabo" e blá blá blá...).

Conclusão


Precisamos entender que a vida cristã é um desafio. Coisas boas e más acontecem para justos e injustos, a graça de Deus se estende a todos. 

Para Deus o mais importante é o Caminho que trilhamos, sabendo que este Caminho nos leva para além desta vida terrena e das incertezas deste mundo caído e de todos os tesouros que ela produz (Mateus 16:19-21). 
Os acontecimentos bons e maus se sucederão, mas Deus — que tem o controle de tudo — está muito mais interessado em revelar como reagimos diante desses acontecimentos.
É assim que Ele forjará o nosso caráter até que aprendamos que, independente das circunstâncias, o fundamental é travar o bom combate e guardar a fé, porque afinal, tudo podemos nAquele que me fortalece.

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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terça-feira, 12 de julho de 2022

DIRETO AO PONTO — HÁ COMPATIBILIDADE ENTRE A FÉ E O CONHECIMENTO?

"Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento" (Provérbios 2:6).
O conhecimento, do latim cognoscere, "ato ou efeito de conhecer" e compreendido 
"como resultado de processos de aprendizagem, não existe no abstrato. Ele só existe ‘aderido’ às pessoas que, a partir de seus sentidos e percepções prévias, interpretam os fatos ressignificando sua maneira de agir" (STRECK, 2010, p. 85). 
Este processo não ocorre no isolamento, pelo contrário, é no relacionamento das pessoas entre si, com a criação, consigo mesma e com Deus que o conhecimento se efetiva de maneira genuína, momento em que a teoria se une à prática, em que a coerência entre o que se pensa e o que se fala se traduz em atos de gentileza, generosidade, compaixão, amor.

A sabedoria, originária do grego "sophos/sophia", designa uma pessoa sábia e pode ser compreendida, ao menos, a partir de duas perspectivas. 
"A princípio, como qualquer conhecimento prático — um saber fazer —, adquirido por meio da experiência de vida e da observação da natureza e das relações humanas. 
De modo mais amplo, a sabedoria pode ser definida como a capacidade de entender o mundo e a existência e de enfrentar e solucionar os problemas da vida. A sabedoria auxilia as pessoas a terem uma vida melhor e mais feliz" (BORTOLLETO FILHO, 2008, p. 884).
Para entender o mundo, faz-se necessário "estar no mundo" e "com o mundo" e, mundo, pode ser entendido como o ser humano, o meio ambiente, a criação; e existir implica, também, em se deparar com problemas inerentes à condição humana e com sabedoria em administrá-los.

Neste sentido, a atitude de agir com sabedoria pressupõe um mínimo de conhecimento a respeito do fato, da situação em questão e, para tanto, a educação é fundamental. 

Mas não é toda educação que produz este efeito e sim, aquela que promove uma formação para além do desenvolvimento de competências e habilidades, uma educação que contribua para que a pessoa seja mais humana, mais consciente, mais reflexiva e crítica tendo em vista a construção de um mundo melhor, mais humano e mais solidário.

Porque ter conhecimento?


Todos os que creem na Palavra de Deus entendem que o ser humano depende dEle, como exemplifica a passagem de João 3:27:
"O homem não pode receber coisa alguma, pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu".
Ocorre, porém, que muitos se acomodam esperando que tudo que querem e precisam venha da parte de Deus. Eles se esquecem que entre Ele e o homem deve haver uma parceria, na qual cada um tem sua responsabilidade e parcela de atitudes.

Qual foi a última vez que você estudou sobre algo? Enão estou falando sobre ir a uma escola, fazer um curso ou frequentar uma universidade. 

Quando foi a última vez que você desenvolveu uma nova habilidade que o ajude como filho, como amigo, como servo de Deus, funcionário ou patrão.

Precisamos entender que Deus age a partir e conforme a fé e atitude de cada um. Portanto, a melhora e o crescimento de cada pessoa dependem dela mesma. 

Por incrível que pareça, mesmo com tanta tecnologia, tanta informação e tanta distração, o ser humano tem se tornado preguiçoso. Preguiçoso para aprender, evoluir e se tornar mais útil e realizado.

O perigo da acomodação

Movimento constante


A pessoa acomodada, ao mesmo tempo que deixa de conquistar (ou mesmo ter) suas metas, também deixa de fortalecer sua fé.

Ao mesmo tempo que existem essas pessoas que "esperam tudo cair do céu", também existem as que estão em ininterrupto movimento. 

Os melhores cidadãos em todo o mundo estão em constante evolução. Estão a cada dia apredendo uma nova habilidade para mudar a si e ajudar o próximo.

Podemos ver o exemplo de Davi, que desde quando era pastor de ovelhas procurava ser o melhor que podia e colocar o seu melhor à disposição de Deus. Davi era um excelente pastor. 

Quando enfrentou Golias, Deus contou com o que ele tinha no seu íntimo — fé, coragem e confiança no Altíssimo —, mas também com o que ele se disponibilizou em buscar e escolher no ribeiro: as cinco pedras nas mãos. As pedras e sua habilidade em atirá-las foram o que Davi tinha à disposição do Altíssimo.

Davi não era um guerreiro nem tinha habilidade para ser. Ele nem sequer sabia como andar com uma armadura ou manusear uma espada, mas ofereceu a Deus tudo que tinha e agiu. 

Deus usa nossas habilidades para cumprir Suas vontades, mas, precisamos nos colocar à Sua disposição quando começamos a desevolver novas habilidades. Contudo devemos ter em mente que nossas habilidades serão para glorificar a Deus, como o apóstolo Paulo nos ensinou.

A importância do aprimoramento


Para realmente evoluir, a pessa deve sempre buscar conhecimento. Nós, enquanto cristão, vivemos pela fé e confiamos nossas vidas, decisões e nosso futuro nas Mãos de Deus. 

Contundo nossa fé também deve estar aliada à inteligência e devemos fazer o que Deus não fará: a nossa parte. E esta envolve crer, confiar, mas também nos melhorar no que for necessário.

Não é difícil encontrar, dentro da Igreja, pessoas que dizem confiar em Deus, mas vivem paradas no tempo, sem se aprimorar ou buscar apreder coisas novas. 

Essas pessoas estão perdendo diversas oportunidades de glorificar o nome de Deus, pois deixam de alcançar suas metas. Quem vê de fora pode não entender que Deus fez a parte dEle, mas o homem não.

Quem está apto para aprednder, está apto para desenvolver, crescer. Já os que pensam que não precisam se aprimorar, ficam parados no tempo e ultrapassados. 

Além do mais, é válido enfatizar o quão relevante é usar as habilidades que temos para sermos melhores com as pessoas e com Deus. Quando aprendemos algo novo que abençoará nossa vida e a de outras pessoas?

Talvez você esteja lendo este texto e pensando nas inúmeras coisas que gostaria de aprender, seja um idioma, seja um curso ou aprimorar suas habilidades com decoração, culinária ou começar uma faculdade. O que o impede aprender algo novo?

Conclusão

Melhorar com Deus


Procurar conhecimentos humanos é importante. Porém, mais importante é, diariamente, melhorar o nosso relacionamento com Deus. 

O maior conhecimento que se deve buscar é o que vem do Alto. Aprimore sua relação com o Altíssimo, busque conhecê-lO de verdade. 

Nossos conhecimentos terrenos não devem estar acima da nossa relação com Deus. A vida é dádiva de Deus e regá-la com sabedoria e conhecimento é uma arte. 
Para pensar: Os conhecimentos adquiridos têm nos impulsionado à resolução de problemas? A contribuir para que o ambiente em que vivemos seja melhor, mais bonito e mais humano? Tem nos motivado a atitudes regadas de sabedoria?
A principal ferramenta para adquirir esse conhecimento é a própria Bíblia. Ainda neste ano, adquira o hábito de estudá-la e meditar no que ela está lhe dizendo. 

Você também pode usar conteúdos de apoio, como livros, palestras e ministrações edificantes. Não deixe para depois o aperfeiçoamento que você deve ter hoje.

[Fonte: Folha Universal, adaptação do original de Camila Teodoro; BORTOLLETO FILHO, Fernando (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: Aste, 2008, p. 884. STRECK, Danilo R., REDIN, Euclides e ZITKOSKI, José (orgs.). Dicionário Paulo Freire. 2ª ed., revista e ampliada, Belo Horizonte: Autêntica, 2010, p. 85.]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia, graças à vacinação, está controlada, mas, infelizmente, ainda não passou, a guerra não acabou.