quarta-feira, 2 de março de 2022

PAPO RETO — A IGREJA E O METAVERSO: "DÁ LIGA"?


"Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois está escrito: 'Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes'. Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação" (1 Coríntios 1:18-21).
Em finais de outubro, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou seu novo empreendimento, maior do que a soma de suas outras companhias, denominado Metaverso. Trata-se, pretensamente, de uma nova internet, um outro universo onde todas as redes existirão. 

Através de realidade virtual, as pessoas poderão interagir nesse universo; as promessas são de "internet corporificada", "presença", "maior conexão entre as pessoas" e uma "realidade aumentada". É o que veremos resumidamente no texto deste capítulo da série especial de artigos Papo Reto.

Ilustração


Em quarentena pela exposição à Covid-19, Carlos e sua família não puderam ir ao culto na congregação. Então, ele pluga um fone de ouvido nos seus óculos de realidade virtual e explora vários mundos até encontrar uma congregação. 

Entrando, encontra um lugar perto de Marcos, um amigo que não via há muito tempo. Marcos explica que está morando em outro país e sofrendo de fobia social, por isso evita congregações físicas.

O avatar do pastor aparece e todos fazem silêncio. Ele explica que o sermão será sobre a vida de Jesus e que farão um passeio pela cidade de Jerusalém em 3D. Enquanto caminham, as imagens tão reais parecem dar vida às passagens bíblicas que o pastor prega. 

O culto termina, Carlos se despede de Marcos, retira os óculos e diz para a família: 
"Eu não poderia ter tido uma experiência de congregação tão imersiva quanto esta. Eu entendi as escrituras de um novo jeito."
Essa estória ainda é uma ficção, mas não por muito tempo. As tendências tecnológicas têm indicado que "o futuro será cada vez mais digital e virtual". Justamente agora, o mundo acadêmico e corporativo se debruçam sobre o tema do metaverso, considerado a próxima revolução da comunicação humana.

Mas o que é o metaverso?


Existem variadas definições para o metaverso que, de alguma forma, se complementam. Por exemplo:
  • O metaverso é um mundo virtual que replica o mundo físico nos dispositivos digitais.
  • O metaverso é uma experiência imersiva que conecta o mundo físico ao digital.
  • É uma junção da realidade aumentada e realidade virtual.
  • É um mundo virtual onde as pessoas são avatares e fazem de tudo, como trabalhar, comprar, se divertir, cultuar, etc.
Alguns exemplos ajudarão a tornar o conceito mais claro. Vários games servem de exemplos de Metaverso. Roblox, Fortnite e Minecraft permitem a criação de mundos virtuais e a interação com outros jogadores, em tempo real. 

Nesses jogos você pode criar seu avatar, ou seu "eu" virtual, com características anatômicas semelhantes às que possui ou que desejaria ter.

Há quem diga que o metaverso será a próxima plataforma de tecnologia digital dominante, ultrapassando o número de usuários das redes sociais. Talvez por isso o conceito está ganhando tanto espaço nas mídias e investimentos do mundo corporativo.

Como será o metaverso?


Embora várias empresas estejam explorando esse conceito e criando mundos virtuais, o metaverso ainda é uma promessa para o futuro. 

Espera-se que esses espaços virtuais sirvam para a interação entre pessoas, mas também para a publicidade de marcas e produtos.

Alguns acreditam que o futuro das reuniões, conferências e eventos será dentro de plataformas virtuais que fazem uso de avatares. 

Em 2020, os usuários do game Fortnite puderam experimentar o conceito de metaverso num show que reuniu 27 milhões de espectadores, que assistiram e interagiram ao vivo.

Metaverso gospel?


Mas e no mundo religioso? O metaverso pode ser explorado pelas igrejas? Será que a ordem de Jesus de pregar o evangelho a todo mundo inclui o mundo virtual do metaverso?

  • Oportunidades para a Igreja

O cristianismo sobreviveu a várias disrupções tecnológicas ao longo da história. Durante as eras da mídia impressa, cinematográfica, radiofônica, televisiva e digital, a mensagem de Cristo assumiu novos formatos, mas não perdeu a sua essência.

Ainda que seja cedo para saber se o metaverso se tornará, de fato, como vem sendo anunciado, acreditamos que os cristãos continuarão com a missão de influenciar positivamente no lugar onde estão, inclusive no ambiente virtual.

Num esforço de imaginação e futurismo, é até possível prever que no metaverso as igrejas virtuais e 3D serão plantadas, que surgirão pequenos grupos para o estudo da Bíblia, que pastores atuarão na nutrição do seu rebanho virtual e que novos evangelistas, ou os já experientes, usarão seus avatares para atrair multidões de pessoas para ouvir as boas novas do evangelho. 

Quem sabe ainda teremos uma versão dos calebes, colportores e outros missionários dispostos a explorar esses novos mundos.

Os riscos também existem


Apesar das oportunidades que o metaverso pode apresentar, alguns riscos já presentes em outras mídias podem ser esperados, de forma semelhante ou mais intensa. A história mostra que a tecnologia por si só não melhora as pessoas.

O fenômeno da midiatização e secularização, o isolamento social, a substituição da interação física/presencial pela virtual e outras coisas que ainda não podemos imaginar, podem gerar uma nova onda de desigrejados.

Durante alguns momentos da pandemia tivemos que nos contentar com a transmissão de cultos online e até conversar com amigos e parentes pela internet. Isso foi um mitigador dos males do distanciamento. 

Mas aprendemos na marra que essa não é a forma que seres humanos se relacionam plenamente. Tivemos muitos problemas psicológicos e espirituais e as pessoas perceberam a importância da comunhão. 

Jesus, para dar o exemplo da importância disso, come com os discípulos de Emaús e depois aparece por duas vezes ao grupo dos onze discípulos; primeiramente sem a presença de Tomé (João 20:19-23) e, depois, com a presença dele (20:26-29). Na ressureição iremos ainda ter comunhão!

A comunhão, o partilhar de uma mesa, isto sim gera maior conexão entre as pessoas. Telas podem ser ótimas ferramentas para aliviar distâncias, mas elas nunca serão substitutos para a realidade.

Mas também, outra coisa é importante dessas aparições de Jesus ressurreto: Ele mostra as marcas das feridas em seu corpo e pede para que Tomé lhE toque. Na ressurreição da carne, não vamos tocar em telas — touch screen —, mas sim em coisas realmente tangíveis, como corpos redimidos.

A estória de Carlos e Marcos, ilustrada no início desse artigo, nos permite imaginar um pouco do desafio comunicacional que a Igreja enfrentará no futuro. Mas, independente de todas a invenções que ainda virão, certas coisas não mudarão para os cristãos: o desafio de viver o evangelho e compartilhá-lo com outros.

Essas realidades devem estar presentes em todo cristão, em todas as épocas, seja no universo físico ou no virtual. O conselho bíblico é que sejamos mais sábios em nossa geração (Lucas 16:8), aproveitando as oportunidades e remindo o tempo. O apóstolo Paulo afirma: 
"Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus" (Efésios 5:15,16).

Conclusão

Mania de "querer ser Deus?"


A "realidade aumentada" que estes adoradores do ciberespaço desejam é uma busca por tornar real a promessa religiosa de uma outra vida, de uma vida mais completa, sem dores e sofrimentos. Mas, nessa busca tecnicista de querer trazer o paraíso pelos próprios esforços, cria-se uma realidade infernal, incompleta. 

Ao invés de uma realidade aumentada, tem-se uma realidade diminuída, focada em somente na vida da mente. Nesse sentido, somos cooptados pelas redes sociais para que usem nossos corpos para alimentar esse Metaverso. Sim, não nos enganemos, o Facebook não vai deixar de sugar nossos dados comportamentais; pelo contrário, terá ainda mais poder. 

Com a nova embalagem de liberdade e as falsas promessas do Metaverso, as grandes companhias dão um passo a mais na obtenção de ainda mais controle sobre os seres humanos e, se não nos atentarmos, o homem será abolido. 

Essa abolição se dará quando tudo que prezamos enquanto seres humanos for moldado e transformado em meros objetos dos computadores. Não é coincidência que Zuckerberg goste tanto de "Matrix", o filme (EUA, 1999). Isto tudo é uma tendência histórica: a busca tecnológica desde inícios do século XX que vem se fortalecendo cada vez mais.

O Metaverso é, portanto, o oposto do reino vindouro de Cristo, já anunciado com a Sua ressurreição, mas que será completamente instaurado com a sua volta. Aqui, neste mundo totalmente redimido, viveremos a glória de um universo que transcende tudo o que a mão humana pode construir, ainda que tente lhe copiar. 

Teremos ainda espaço para construir, inventar e comer! Mas cabe ao cristão estar atento e não se deixar iludir pelas falsas promessas tecnológicas. Cabe também não sermos somente luditas, negando os benefícios tecnológicos, mas lutarmos por construir melhores ferramentas que condigam e auxiliem o ser humano a florescer. Florescer em todos os aspectos da realidade, aqui, especialmente no relacionamento uns com os outros.


A Deus toda glória.

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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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