segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

A BÍBLIA COMO ELA É — DESFAZENDO O "EQUÍVOCO TEOLÓGICO" SOBRE LUCAS 6:37,38

"Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo" (Lucas 6:37,38).
Eu estava meditando sobre o capítulo 6, da narrativa do evangelho de Jesus, feita pelo dr. Lucas. Fiquei intrigado pelo fato de o Espírito Santo insistir para que eu me atesse especificamente nesse capítulo. Logo entendi que o Senhor, decerto tinha algo a me dizer, a me ensinar. Foi então que esses dois versículo como se me saltaram aos olhos.

Acredito que você, assim como eu, sempre associou a tal boa medida, recalcada, sacudida e transbordante à questão de bênção financeira. Também acredito que assim como eu, você ou já ouviu e até mesmo já usou esse fragmento bíblico para base da hora do ofertório no culto. 

Mas, este é mais um caso do que chamo de "equívoco teológico", pois, essa fala de Jesus, absolutamente nada tem a ver com bênção ou questão de cunho financeiro. Isolando esse versículo — que o que sempre é feito — teremos graves problemas. Pois o ensinamento essencial de Jesus será descartado na passagem!

Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante:

Análise contextual


Quando Jesus usou a expressão "boa medida, recalcada, sacudida e transbordante", Ele estava se referindo a figura de um mercado de cereais do Oriente Médio, mas também pode ser perfeitamente entendida com algo que todos nós conhecemos muito bem.

Quando é posto um determinado produto numa vasilha até a borda, apesar da vasilha parecer estar repleta com sua capacidade máxima, na verdade há ainda muito espaço nela. Para garantir que realmente a capacidade máxima da vasilha esteja sendo utilizada, é preciso "sacudir" e "prensar" o produto nela, completando-a com mais produto até que este se derrame pelas bordas da vasilha. Assim, a medida estará recalcada, ou seja, prensada, sacudida e verdadeiramente transbordante.

Jesus ainda vai mais além dizendo que a medida transbordante "lhe será derramada em seu colo (regaço)". Isso é uma referência à algibeira, uma pequena bolsa costurada na roupa abaixo da cintura muito utilizada na época e que podia carregar uma boa quantidade grãos.

Com tudo isto, o que Jesus está dizendo é que quem dá generosamente, também receberá generosamente, com principal ênfase ao julgamento que nossas próprias ações nos levam a ser submetidos, isto é, 
"porque de acordo com a medida com que vocês medirem é que por sua vez serão medidos".

Mas, se Jesus não está falando sobre ofertas, sobre o que, então, Ele está falando?


Obviamente essa passagem não se refere especificamente a ofertas e contribuições, mas a algo ainda mais abrangente, isto é, o nosso padrão de vida e a forma com que nossas ações demonstram a generosidade esperada por um seguidor de Cristo diante das obrigações que temos tanto com o reino de Deus quanto com a necessidade de outras pessoas.

Também, de modo algum, essa frase pode ser aplicada num sentido de barganha com o próprio Deus como muitas vezes acontece, ou seja, quando alguém se propõe a fazer algo ou até mesmo contribuir objetivando um reembolso ainda maior.

Sobre isto, o apóstolo Paulo foi claro ao escrever que 
"...o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2 Coríntios 9:6,7).
Perceba que aquele que "semeia em abundância" é o mesmo que "dá com alegria", ou seja, em nada tem a ver com quantidade ou valor, mas com o propósito sincero com que contribuímos com a obra do Senhor ou socorremos alguma necessidade.

Conclusão

Voltemos ao contexto


Entre os versículos 27 e 31, Jesus adverte contra o sentimento vingativo, seguido com um ensino sobre a importância do amor ao próximo (vv. 32-36) e um alerta a respeito do julgamento imprudente (vv. 37,38). É justamente nessa última parte onde encontramos a frase da qual estamos falando.

Em suma, seria assim. Recebi, mas em troca darei algo muito mais trasbordante. Se recebi ofensa, maledicência, maldade, desprezo e etc... darei o meu PERDÃO e minha GENEROSIDADE. 

O Texto fala sobre misericórdia, julgamento, condenação e perdão. Ele quer que sejamos generosos com o próximo, inclusive no perdoar! Perdoar de maneira TRANSBORDANTE. É isso que Jesus está ensinando nesta passagem.

Acrescentando: 
"Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles" (Mateus 7:12).
Veja este mesmo texto escrito em outra tradução:
"Não bombardeiem de críticas as pessoas quando elas cometem um erro, a menos que queiram receber o mesmo tratamento. Não pisem nos que estão por baixo: a situação pode se inverter. Tratem todos com bondade, e a vida será muito melhor. Entreguem a vida! Vocês a receberão de volta, e não só isso: o retorno será cheio de recompensa e de bênçãos. Dar é o caminho, não ganhar. Generosidade produz generosidade" (Lc 6:37,38 — Bíblia A Mensagem).
É irônico como nós, seres humanos, desejamos sempre se esquivar das coisas, pensando no nosso próprio umbigo. Questionamos e colocamos limitações nos outros, condenamos práticas e pensamentos. Mas nós sempre estamos certos, podemos errar, mas nunca é tão grave como parece.

O versículo 38 faz bem para refletir sobre isso. Porque a mesma medida que usamos para os outros será usada para nós. Se nós olhamos apenas para o que está em nossa frente, sem olhar o contexto, assim será conosco. E acho que não é isso o que queremos, não é?

Vamos prestar mais atenção no que falamos e também no que pensamos a respeito dos outros, vamos oferecer mais apoio e menos ofensas, ter empatia.

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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