"'As suas casas passarão a outrem, os campos e também as mulheres, porque estenderei a mão contra os habitantes desta terra', diz o SENHOR, 'porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade.
Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: "Paz, paz"; quando não há paz. Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se.
Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão,' diz o SENHOR.
Assim diz o SENHOR: 'Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: "Não andaremos"'" (Jeremias 6:12-16 — grifos acrescentados).
O protagonismo que alguns pregadores evangélicos assumiram contemporaneamente vem assustando vários cristãos. A sucessora empobrecida da Teologia da Prosperidade, a Teologia do Coaching, vem ganhando cada vez mais destaque na seara evangélica. Entretanto, as críticas feitas a ela são superficiais. No texto deste artigo, vamos nos aprofundar mais a respeito do assunto.
Teologia Coching tem o DNA da Teologia da Prosperidade
Há uma simbiose entre essas duas vertentes teológicas. Destaca-se, por exemplo, que as duas são antropocêntricas. Nelas o homem é o centro. Não obstante, apesar desse ponto de contato, há quem afirme que a Teologia do Coaching é ainda pior do que a Teologia da Prosperidade. Nesta há a barganha, através da qual Deus realizará milagres, a fim de trazer prosperidade material à pessoa.
Podemos observar, meus irmãos, que mesmo na Teologia da Prosperidade, Deus é essencial e o homem continua dependente dEle para obter aquilo que deseja. Já na Teologia do Coaching a barganha é eliminada, não porque seja errado, mas porque Deus é empurrado para longe.
Deus se torna secundário. O homem, seu esforço e seu potencial é o que ocupa o primeiro lugar na Teologia do Coaching. Nesta, meus irmãos, Deus se torna a pessoa que ama tanto você, que está na torcida, vibrando e torcendo pela tua felicidade.
Em nosso estudo a respeito dessa nova onda que tem invadido muitas igrejas (mais especificamente as grandes denominações) nós vamos seguir um roteiro definido de três pontos:
- 1. Veremos o que é o Coaching e como ele é realizado;
- 2. Veremos como o Coaching foi assimilado por uma grande parcela do evangelicalismo.
- 3. Observaremos o que está no fundamento do Coaching — bem como no da Teologia da Prosperidade.
O "deus ego" e seu trono na circunferência umbilical
O clichê que perpassa todas as avaliações é que se trata de um discurso humanista, tendo em seu centro a realização existencial pelas próprias capacidades individuais. Com todo o respeito aos críticos, isso não diz nada novo!
Todo o pensamento que não é dirigido pela cosmovisão cristã, é humanista. O teólogo presbiteriano Herman Dooyeweerd (☆1894/✞1977) fala sobre isso desde os anos 1960. Essa não é a diferença específica que está fazendo a cabeça dos pastores. Mas existe algo muito mais sutil. Trata-se da oportunidade altamente sedutora de pastores apresentarem-se como profissionais relevantes à nossa cultura consumista. Aqui está a sedução e a subversão teológica.
O que é o coaching?
No site do Instituto Brasileiro de Coaching é possível encontrar algumas definições do que vem a ser o coaching:
"Coaching é um processo, uma metodologia, um conjunto de competências e habilidades que podem ser aprendidas e desenvolvidas por absolutamente qualquer pessoa para alcançar um objetivo na vida pessoal ou profissional, até 20 vezes mais rápido, comprovadamente" (grifo acrescentado).
No site também é possível ler que o coaching
"...é um processo definido como um mix de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências como a administração, gestão de pessoas, psicologia, neurociência, linguagem ericksoniana, recursos humanos, planejamento estratégico, entre outras. A metodologia visa a conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro" (grifo acrescentado).
A Linguagem Ericksoniana vs. A Linguagem Bíblica
"Tende muito cuidado para que ninguém vos escravize a vãs e enganosas filosofias, que se baseiam nas tradições humanas e na falsa religiosidade deste mundo, e não em Cristo" (Colossenses 2:8 — BKJ).
O mote central do discurso coaching, está na "linguagem ericksoniana". Mas, o que vem a ser isso? Resolvi pesquisar um pouco mais. A "linguagem ericksoniana" é uma referência a Milton Erickson (☆1901/✞1980),
um psiquiatra americano, considerado como "o pai da hipnose moderna" e uma das autoridades por trás da programação neurolinguística.
A diferença entre a hipnose praticada e ensinada por Erickson e a praticada e ensinada por Sigmund Freud (☆1856/✞1867) está em que, na hipnose ericksoniana não há aquele estado de transe ou entorpecimento da pessoa hipnotizada.
Trata-se de uma hipnose consciente, em que tudo se processa através de mecanismos de linguagem, que proporcionam ao hipnoterapeuta o controle da situação, induzindo o seu paciente através de sugestões que são feitas.
Para finalizar essa breve exposição do que é o Coaching, basta dizer que ele se divide em dois tipos (pessoal e profissional), cada tipo possuindo oito subtipos. O coaching pessoal se subdivide em:
- 1. Familiar; 2. de Relacionamento; 3. Espiritual; 4. Financeiro; 5. Esportivo; 6. de Emagrecimento; 7. de Inteligência Emocional; e 8. Nutricional.
Já o coaching profissional se subdivide em:
- 1. Corporativo; 2. para Concursos; 3. de Carreira; 4. de Equipes; 5. de Vendas; 6. de Empreendimento; 7. de Recrutamento; e 8. de Liderança.
Como se define o Coaching Espiritual?
O Coaching Espiritual não tem ligação com religião, doutrina ou crença. O Coaching Espiritual tem como foco, proporcionar o equilíbrio entre a paz interior do indivíduo e com o universo em si. A metodologia age de dentro para fora, atuando nas questões internas da pessoa e no seu autoconhecimento.
Portanto, o Coaching Espiritual auxilia o ser humano a identificar suas crenças e valores, a reconhecer a sua missão e propósito de vida, a acreditar em si mesmo, a ter amor próprio, a superar limites e assim, deixar um legado positivo, seja em âmbito pessoal ou profissional.
A Teologia do Coaching é, em síntese, portanto, exatamente a apropriação e leve modificação dessa definição de Coaching Espiritual.
O Coaching Gospel
"Agora é só vitória"
"Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós, um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2 Coríntios 4:17,18 — grifo acrescentado).
O propagadores, defensores e seguidores dessa famigerada metodologia, decerto ignoram este escrito do Apóstolo Paulo.
Não se sabe exatamente o momento em que a Teologia do Coaching invadiu as igrejas evangélicas. Apesar disso, tudo o que era preciso para que ela virasse uma sensação já estava assentado pelos movimentos que a precederam, como o movimento de autoajuda e a Teologia da Prosperidade. Uma vez que a base humanista já estava assentada, a Teologia do Coaching não encontrou tanta resistência.
Como mencionei há pouco, a definição do Coaching Espiritual apresenta os elementos existentes na Teologia do Coaching. Poderíamos defini-la assim:
A Teologia do Coaching tem como foco, proporcionar o equilíbrio entre a paz interior do indivíduo e com Deus. A metodologia age de dentro para fora, atuando nas questões internas da pessoa e no seu autoconhecimento.
Portanto, a Teologia do Coaching auxilia a pessoa a identificar suas crenças e valores, a reconhecer a sua missão e propósito de vida, a acreditar em si mesmo, a ter amor próprio, a superar limites e assim, deixar um legado positivo, seja em âmbito pessoal ou profissional.
Os "gurus" da Teologia Coaching e suas heresias rebuscadas, adornadas e perfumadas
Isso pode ser aferido a partir do momento em que você observa o discurso daqueles que se apresentam como coaches. Tome, por exemplo, os títulos de publicações dos principais representantes desse segmento no Brasil.
O famigerado Tiago Brunet
- "Especialista em Pessoas: Soluções Bíblicas e Inteligentes para Lidar com Todo Tipo de Gente";
- "Descubra o Maior Poder do Mundo: Tudo de que Você Precisa para Ter uma Vida Extraordinária";
- "Descubra o seu Destino: As Chaves que Abrem as Portas para o seu Futuro";
- "Emoções Inteligentes: Governe sua Vida Emocional" e
- "Assuma o Controle da sua Existência"
— todos, obviamente, best sellers!
Já é bastante conhecida a horrorosa afirmação feita por ele numa palestra, no sentido de que, sim, é verdade que Deus planejou o nosso destino, porém, as nossas decisões podem alterá-lo.
De acordo com ele, Deus tem o lápis do destino em suas mãos, mas o homem tem a borracha das decisões. Ele diz mais:
"A vontade de Deus só se cumpre quando você, por livre-arbítrio, coloca tudo na mão dEle".
Meus irmãos, esse tipo de afirmação possui sérias consequências para a teontologia, a doutrina do Ser e das obras de Deus.
Ela priva Deus de sua soberania, colocando-a nas mãos do ser humano. Ela apresenta uma divindade completamente distinta do Deus triúno revelado nas Sagradas Escrituras. Aquele que declara, em Isaías 46:9-10:
"Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (grifo acrescentado).
Não há borracha do destino que permaneça de pé diante da afirmação do próprio Deus:
"...o meu conselho permanecerá de pé!"
O deus apregoado por Tiago Brunet é completamente distinto daquele que foi confessado por um rei pagão, como Nabucodonosor:
"Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabicodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.
Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: 'Que fazes?'" (Daniel 4:34-35 — grifo acrescentado).
Não há como conciliar a divindade anunciada por Tiago Brunet com aquele Todo-poderoso que, de acordo com Tiago, é dEle que depende a realização de tudo aquilo que planejamos:
"Atendei, agora, vós que dizeis: 'Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.' Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: 'Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo'" (4:13-15).
Outro bem conhecido coach no meio evangélico, apresentar de se apresentar como pastor, é Deive Leonardo,
No seu primeiro livro publicado, com o sugestivo e atraente título de "O Amor mais Louco da História", que é uma coletânea de mensagens pregadas por ele, Deive Leonardo faz algumas das afirmações mais absurdas que já tive a oportunidade de ler.
Por exemplo, ecoando uma das suas preleções que mais agitaram as redes sociais, falando sobre Judas, ele faz algumas afirmações bem complicadas:
"Judas pode até ter sido um bom discípulo durante o tempo que andou com Jesus, mas ninguém nunca soube, porque na noite em que O entregou à morte, ele invalidou todas as suas obras".
Ninguém nunca soube? Basta ler a oração sacerdotal de Jesus, em João 17, para encontrarmos lá a informação de que tudo o que aconteceu a Judas foi para que
"e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura" (v. 12).
Além disso, Judas nunca foi um bom discípulo. Ele sempre foi um ladrão:
"Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para trai-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?
Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava" (Jo 12:4-6 — grifo acrescentado).
Mas, Deive Leonardo continua:
"Por isso, ainda que em certa altura tivesse se arrependido, ele não sabia o que fazer com aquele arrependimento, porque não havia entendido o amor por trás de Jesus".
Em nenhum lugar as Sagradas Escrituras atribuem arrependimento a Judas. Mateus 27:3 diz que Judas estava "tocado de remorso". É interessante que a palavra traduzida como "remorso" (μεταμέλομαι) é considerada um sinônimo para a palavra comumente traduzida como "arrependimento" (μετανοέω). Não obstante, o Thayer’s Greek Lexicon apresenta uma explicação extremamente importante a respeito da diferença entre essas palavras:
"As distinções tão frequentemente estabelecidas entre essas palavras, no sentido de que a primeira expressa uma mudança meramente emocional, enquanto a segunda uma mudança de escolha; a primeira se refere a particulares, enquanto a segunda ao todo da vida; a primeira não significa nada além de remorso, enquanto a última fala da reversão do propósito moral conhecida como arrependimento […] μετανοέω é o termo mais completo e mais nobre, expressivo de ações e questões morais."
Podemos concluir, portanto, que Judas nunca se arrependeu da sua malignidade. No máximo, ele foi tomado de remorso por perceber, como ele mesmo expressou, que pecou traindo "sangue inocente" (Mt 27:4). Mas não houve nenhuma mudança de mente, de coração, de propósito moral (grifo acrescentado).
Deive Leonardo, continuando em seu delírio megalomaníaco, faz a seguinte afirmação, talvez a mais bizarra de todas:
"Judas poderia ter revertido aquela situação, mas não o fez. Ele só precisava ter esperado três dias, porém, apesar do arrependimento, ele não foi capaz de enxergar reversão para o que havia feito.
Algumas vezes, eu fico imaginando o que poderia ter acontecido se eu tivesse a chance de encontrar Judas bem no momento em que ele saiu arrependido, jogou as moedas e se livrou de aquilo que o prendia. Eu queria tê-lo encontrado naquele momento. E se eu o encontrasse, diria: 'Judas, fique calmo!'.
Ele, por outro lado, provavelmente diria: 'Não! Eu destruí a minha vida. Eu acabei com tudo! E agora vou me suicidar!' Eu, mais uma vez, insistiria para que ele mantivesse a calma, enquanto ele, possivelmente irritado, responderia: 'Calma? Mas o Filho do Homem vai morrer porque eu O traí!'
Então, com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos, eu lhe diria: 'Sim, Ele vai. Mas fique calmo, porque se você esperar três dias, o mesmo sangue que você traiu vai te salvar. O mesmo sangue para o qual você virou as costas vai te alcançar, perdoar e dar uma oportunidade para viver algo novo'" (grifo acrescentado).
Essa declaração — obviamente acompanhada de ovacionada salva de palmas — é simplesmente surreal, meus irmãos!
Eu também poderia apresentar aqui os devaneios da terceira pessoa da maligna trindade da Teologia do Coaching, Victor Azevedo — o inventor do "sêmem de Deus" (Argh!!!) e o mesmo que disse que
"se Deus estivesse no controle não teria coronavírus".Porém, creio que esses exemplos são suficientes para percebermos que tudo o que pode ser encontrado nessa teologia é uma mistura entre humanismo e materialismo.
- O mais preocupante de tudo isso, é que esses ilustres senhores, contam com milhões de seguidores nas suas respectivas redes sociais e lotam os auditórios de grandes e conhecidas denominações evangélicas no Brasil inteiro!
Porque a Teologia Coaching é diabólica
O tão vislumbrado evangelho sem cruz
O indivíduo, o ser humano é o centro de tudo nessa teologia. Não há anúncio da cruz de Cristo como a solução para a rebeldia e a malignidade do ser humano. Não há pregação acerca da porta estreita e do caminho estreito. Não há chamado à renúncia, a sofrer afrontas por causa do nome de Jesus Cristo. Tudo o que há é motivacionismo travestido de fé.
Em uma "pregação" também bastante conhecida nas mídias sociais, Deive Leonardo diz:
"Do coração de Deus, Jesus é o centro. Mas do coração de Jesus, você é o centro […] Você é a pessoa mais importante da face da terra […] Todo amor é por conta de você.
O sacrifício é por sua culpa. A cruz é por conta de você. O sangue é por conta de você. O amor é por conta de você. Você é a pessoa mais importante da face da terra" (grifo acrescentado).
Irmãos, quem não gosta de ouvir esse tipo de afirmação? Ela anima, contagia, massageia o ego não é mesmo? Ouvir que a cruz de Cristo é a prova do quanto somos importantes para Deus é algo extremamente agradável, mas não é o evangelho.
A cruz de Cristo, meus irmãos, denuncia, em primeiro lugar, a nossa maldade, a nossa vileza, a nossa malignidade, a nossa rebeldia. Quando mencionou a cruz de Cristo pela primeira vez na sua epístola à igreja de Roma, o apóstolo Paulo apontou a justiça de Deus como o motivo:
"Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos" (Romanos 3:21-25 — grifo acrescentado).
Apenas no capítulo 5:8, é que Paulo vai mencionar o amor de Deus como a outra motivação para a cruz de Cristo. Mas, percebam, meus irmãos, mesmo o amor de Deus é imerecido, não se baseando em qualquer bondade nossa, mas, na verdade, se manifestando graciosamente a despeito da nossa malignidade.
Os pastores Joel R. Beeke e Paul M. Smalley mostram exatamente o que está por detrás de teologias antropocêntricas como a Teologia do Coaching:
"Às vezes, o teísmo finito aparece nas crenças informais de uma cultura. Na cultura americana, isso geralmente aparece na forma de um deus da simpatia. Um exemplo recente é o fenômeno que alguns sociólogos chamam de 'deísmo moralista terapêutico'.
Essa teologia popular pode ser resumida nas palavras 'Deus é como alguém que está sempre presente para você'. A justiça e a lei de Deus são reduzidas a 'Seja bom, agradável e justo um com o outro'.
Sua onipresença se torna suporte emocional, mas sua majestade permanece a uma distância segura. Sua glória deixa de ser o objetivo de todas as coisas e o verdadeiro norte da bússola moral.
O principal objetivo do homem é 'sentir-se bem consigo mesmo (portanto, essa visão é chamada de "terapêutica").'"
Se pudéssemos falar de um Catecismo Maior do Deísmo Moralista Terapêutico, de autoria de Tiago Brunet, Deive Leonardo, Victor Azevedo e outros 118 satânicos teólogos coaches, a primeira pergunta, certamente, seria:
"Pergunta 1. Qual o fim principal de Deus? Resposta: Fazer-me feliz e me dar tudo o que eu quero".
Mas o que é, então, o Deísmo Moralista Terapêutico?
O cristianismo sem Cristo
Irmãos, essa expressão "Deísmo Moralista Terapêutico" foi cunhada por um sociólogo americano chamado Christian Smith, em um livro publicado em coautoria, no ano de 2006, intitulado "Soul Searching: The Religious and Spiritual Lives of American Teenagers" ("Pesquisa da alma: a vida religiosa e espiritual de adolescentes americanos", em tradução livre. Esta obra ainda não foi publicado aqui no Brasil). Ele define o Deísmo Moralista Terapêutico como um credo que possui as seguintes premissas:
- 1. Um Deus que existe criou e ordena o mundo, além de cuidar da vida humana na terra.
- 2. Deus quer que as pessoas sejam boas, legais e justas umas para com as outras, como ensinado na Bíblia e pela maioria das religiões mundiais.
- 3. O objetivo central da vida é ser feliz e se sentir bem consigo mesmo.
- 4. Deus não precisa estar particularmente envolvido na vida de alguém, exceto quando Deus precisa resolver um problema.
- 5. Pessoas boas vão para o céu quando morrem.
É exatamente esse tipo de pensamento que permeia não apenas a Teologia do Coaching, mas todas as teologias antropocêntricas que conhecemos e que estão por aí, encontrando abrigo em nossas igrejas evangélicas.
O conceito de Deísmo Moralista Terapêutico tem sido amplamente usado por teólogos reformados, a fim de diagnosticar a real situação do nosso evangelicalismo.
O Dr. Michael Horton, em sua excelente obra "Cristianismo sem Cristo" (Editora Cultura Cristã, 208 páginas, 2010), afirma que se trata de uma espécie de cativeiro no qual a igreja americana se encontra presa hoje em dia. De acordo com ele:
"Basicamente, a mensagem é que Deus é bom e nós somos bons, por isso devemos todos ser bons".
Além disso, ele cita um estudioso americano chamado George Barna, que após conduzir uma pesquisa entre os evangélicos americanos, concluiu que
"para um crescente número de americanos, Deus — caso pelo menos se acredite em uma divindade sobrenatural — existe para o prazer da humanidade Ele reside no reino celestial exclusivamente para proveito e benefício nosso.
Embora sejamos espertos demais para confessar isso em voz alta, vivemos pela noção de que o verdadeiro poder não é acessado olhando para cima, mas nos voltando para dentro de nós".
Michael Horton menciona também que há mais de uma década teve a oportunidade de entrevistar Robert Schuller, um controverso pastor americano, adepto da Teologia da Confissão Positiva — outra originada nas entranhas do inferno. Durante a entrevista, Schuller teria dito que uma igreja
"pode se dar ao luxo de pensar em um Deus como o centro, mas uma missão precisa colocar os seres humanos no centro".
Não apenas isso, mas de acordo com Schuller,
"'a teologia clássica cometeu um erro em sua insistência na teologia centrada em Deus, e não centrada no homem'".
Há, nessas afirmações, alguma semelhança com aquilo que presenciamos em nosso país, através da Teologia do Coaching? A semelhança é assustadora.
Michael Horton inicia o seu livro com uma pergunta bem interessante:
"Como seriam as coisas se Satanás assumisse por completo o controle de uma cidade?"
Então, ele apresenta o cenário imaginado por outro pastor americano chamado Donald Grey Barnhouse, que foi pastor na histórica Décima Igreja Presbiteriana da Filadélfia:
Barnhouse especulou que, se satanás assumisse o controle da Filadélfia, todos os bares seriam fechados, a pornografia seria banida e as ruas imaculadas ficariam cheias de pedestres bem-arrumados que sorririam uns para os outros. Não haveria xingamentos. As crianças diriam "sim, senhor" e "não, senhora", e as igrejas estariam cheias todos os domingos… Onde Cristo não seria pregado.
Os bares não estão fechados, a pornografia anda solta, há xingamentos no mundo, as crianças de hoje são mal-educadas, mas, meus irmãos, inegavelmente, muitas igrejas estão abarrotadas de pessoas aos domingos para ouvir pregadores que não pregam uma palavra sequer do evangelho de Cristo.
Cristo não está sendo pregado através dos adeptos da Teologia do Coaching. A menção que esses homens fazem ao nome de Cristo em suas palestras motivacionais nada mais é do que apenas quebra, uma flagrante e maligna quebra do terceiro mandamento.
Eles tomam o santo nome de nosso Senhor Jesus em vão. Eles mentem em nome de Jesus. Inegavelmente, o cristianismo da Teologia do Coaching é um "cristianismo sem Cristo".
Conclusão
Goste você ou não, o coaching responde a uma carência típica de nossa era. Com a vitória de uma visão de mundo imediatistas, capitalista, mercantilista e existencialista, as pessoas passaram a se entenderem como seres lançados no mar da indeterminação da existência — sem qualquer segurança previamente dada por Deus, pela igreja ou pela nação.
O ser humano é obrigado construir sentido para sua existência. É nesse momento que o pastor coaching aparece com soluções de sucesso para a vida — em 12x de R$79,90 sem juros.
A sedução está na busca desesperada dos pastores por imagens que consigam comunicar quem eles são, o que fazem e, principalmente, por que eles são importantes.
Essa tentação encontra ressonância perfeita com a gigantesca carga de expectativas que as igrejas têm de seus pastores. Eles devem ser profícuos administradores, oradores, plantadores, e claro, terapeutas inspiradores!
Quando pastores mudam a imagem que têm de si mesmos, eles alteram seu trabalho, as expectativas das igrejas, os currículos dos seminários e, só então, trocam a glória de Deus pela conquista humana. Na raiz da modificação de tantos ministérios por práticas de realização existencial, existe a sedução de ser relevante sem ser fiel.
Considerações finais
Eu gostaria de concluir nesta ocasião, apenas chamando a atenção de vocês para o fato de que, sim, é verdade que Deus nos criou para sermos felizes. Mas jamais encontraremos a felicidade dentro de nós mesmos. O potencial inerente que há em nosso coração é apenas o potencial para o pecado. Há um grande vazio dentro do coração do ser humano, que jamais será preenchido pelas coisas deste mundo ou através do desenvolvimento das potencialidades do indivíduo.
Enquanto o homem estiver centrado em si mesmo, ele será apenas entorpecido por uma mensagem que, no final das contas, terá contribuído para a sua danação eterna. Essa mensagem pregada pela Teologia do Coaching não pastoreia vidas e corações.
Ela apenas proporciona boas emoções e entretenimento para bodes. Para mim, é sintomático que pessoas como Anitta, Nego do Boréu, Ludmilla, Bruna Marquezine, Neymar, Wesley Safadão, Whindersson Nunes e muitas outras pessoas da mesma vibe que estão arruinadas em seus pecados e apenas contribuem para a deterioração da nossa cultura, sejam exatamente aquelas que comentam as postagens de homens como Tiago Brunet e Deive Leonardo, dizendo coisas como
"É forte!", "Recebo!", "Bênção, irmão!".
São pessoas que permanecem em suas promiscuidades, sem arrependimento, sem temor a Deus, sem submissão à Palavra de Deus.
A felicidade que Deus tenciona para nós só pode ser encontrada nEle, numa vida de submissão à sua Palavra, de renúncia ao nosso ego, de arrependimento pelos nossos pecados e reconhecimento da nossa maldade, de fé e confiança no sacrifício de Cristo, pelo qual somos perdoados da nossa culpa e temos comunhão com Deus.
A verdadeira felicidade está em viver não para o desenvolvimento infinito de nossas potencialidades, mas em gastarmos todo o nosso ser para o serviço de Deus e vivermos para a glória do seu nome, para que os homens vejam as nossas boas obras, e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
Foi isso que o salmista Asafe entendeu, no Salmo 73. Como Deus começa a nos fazer verdadeiramente felizes aqui, nesta vida? Ele se torna nosso, como foi afirmado pelo salmista Asafe:
"Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre" (Salmo 73:26b).
Enquanto Asafe buscou a felicidade nas coisas exteriores, naquilo que os ímpios possuíam, ele experimentou a infelicidade. Foi quando se tocou que ele tinha a maior de todas as riquezas, o próprio Deus com ele, que ele encontrou a verdadeira felicidade.
[Fonte: Irmãos.com, por Pedro Dulci; Teologia Brasileira, por Alan Reneê Alexandrino]
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia
Sem palavras... Excelente
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