Há três décadas era anunciado o confisco do dinheiro depositado nas cadernetas de poupança. A medida fazia parte do pacote econômico editado pelo presidente Fernando Collor de Mello no dia seguinte de sua posse. Foi decretado feriado bancário de três dias. O clima era de perplexidade. Ninguém esperava por medidas tão radicais, sobretudo o bloqueio do dinheiro.
Embora o brasileiro tenha receio de investir no mercado de ações ou criptomoedas e acredite que a poupança é o investimento mais "seguro" do país é preciso relembrar que este tipo de investimento foi vítima do maior ataque "hacker" da história nacional.
No dia 16 de março de 1990, os brasileiros sofreram com o que veio a ser conhecido como maior "roubo" já feito pelo governo. O pais presenciou o Governo Federal do Brasil confiscar o dinheiro de todos os cidadãos que estavam guardados nos bancos do país (acima de 50.000 cruzeiros novos — o que hoje em dia equivaleria a algo entre R$ 5 mil e R$ 8 mil).
Isso mesmo, todas as pessoas que tinham esta quantia armazenada em bancos, fosse em conta corrente, conta poupança ou em aplicações financeiras foram "roubadas" pelo Governo. Porém, ao invés do confisco da poupança ser chamado de ''roubo'', ele foi chamado de novo plano econômico, o Plano Collor I.
Plano Collor
Desde 1980, ainda na ditadura militar, o Brasil vivia um período de hiperinflação que chegou a bater a casa dos 80%. Para conter essa crise econômica diversos planos econômicos foram lançados pelo Governo Federal, (Cruzado, em 1986; Bresser, em 1987, e Verão, em 1989), contudo, nenhum foi capaz de socorrer a economia nacional.
Então em 1989, ocorreu a primeira eleição presidencial por voto direto no Brasil depois do período de redemocratização. Naquela eleição, foi eleito presidente, em segundo turno, o carioca Fernando Collor de Mello.
Collor tomou posse da presidência no dia 15 de março de 1990 e, no dia seguinte, anunciou seu plano de recuperação da economia, o Plano Collor. O Plano consistia em uma série de medidas para frear a inflação por meio da restrição do fluxo de dinheiro no país.
Desta forma, o presidente anunciou por meio de sua Ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello (prima do presidente) as 27 medidas econômicas do Plano Collor, entre elas, o congelamento, por 18 meses, do dinheiro aplicado nos bancos.
Isso mesmo, todo o dinheiro acima de 50 mil cruzeiros novos que uma pessoa tinha no banco ficaria retido pelo Governo por 18 meses e nenhum depósito poderia ser feito. Além disso, foi criada uma nova moeda, o Cruzeiro e instituído um imposto em todas as transações financeira, que foi a primeira versão do IOF.
Brasil sem dinheiro
Segundo historiadores e economistas, o Plano Collor "roubou" da população, por meio do confisco, mais de R$ 100 bilhões e retirou de circulação mais de 80% do dinheiro do país.
Como se fosse uma pirâmide financeira que parou de pagar seus clientes, o Plano Collor prometia devolver o dinheiro dos investidores depois de 18 meses, com uma rentabilidade prefixada (6%) e um ajuste conforme a inflação. Além disso, quando o dinheiro fosse "liberado" ele já seria liberado na moeda nova o Cruzeiro.
O anúncio do Plano Collor foi um "ataque" bem orquestrado já que ele foi anunciado em uma sexta-feira (16 de março) que também foi o último dia de um "feriado bancário" decretado pelo ministro da Fazenda do governo de José Sarney, Maílson da Nóbregadia e que ocorreu nos dias 14, 15 e 16 de março de 1990.
Assim, desde o dia 13 de março, os brasileiros estavam com os saques "bloqueados" nos bancos e, como a medida foi anunciada na sexta, que ainda era feriado bancário, os brasileiros só conseguiram ir ao banco no dia 19 de março, segunda feira.
Como algumas pessoas ainda podiam sacar o que tinham no banco isso levou a população a uma corrida às instituições financeiras.
Segundo estimativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na segunda, 19, cerca de 10 milhões de pessoas foram aos bancos para sacar dinheiro ou tirar dúvidas sobre o novo sistema.
Levando em conta que, na época o país tinha cerca de 149 milhões de habitantes, estima-se que quase 10% da população correu para os bancos em busca de "salvar" o dinheiro que ainda restava.
Porém os bancos não tinham dinheiro para todo mundo, ou seja, os bancos do país não tinham dinheiro, liquidez, para pagar o que uma pequena parte da população tinha armazenado nos bancos.
Consequências no Comércio
Com o dinheiro que o povo conseguiu retirar do banco e temendo as novas medidas econômicas (e a hiperinflação que chegava ao seu maior patamar no país) os brasileiros, depois da corrida aos bancos, correram para comprar comida.
Porém como não havia dinheiro no país os comerciantes passaram a aceitar cheques e até mesmo a vender fiado (o famoso "anota ai na caderneta").
Mas o prejuízo econômico foi incalculável e milhares de negócios em todo o Brasil fecharam as portas e pessoas cometerem suícidio em diversas partes do Brasil ao se verem sem suas economias e, em muitos casos, sem comida.
"Como eu me sinto? Como um réu que foi julgado e condenado por si mesmo. Votei no homem e ele me condenou a passar fome",
escreveu um leitor da Folha de S. Paulo, na edição do dia 15 de abril de 1990.
Onde está o dinheiro?
Este, "o gato não comeu"!
Da mesma forma como ocorre em golpes de pirâmide, fraudes ou ataques hacker a população que teve seu dinheiro confiscado nunca mais conseguiu reaver totalmente seus investimentos. O dinheiro que foi confiscado nos bancos literalmente sumiu.
Quando o Governo passou a permitir a retirada dos valores, então convertidos de Cruzeiro Novo para Cruzado aquele dinheiro já não tinha o mesmo valor e simplesmente "evaporou" com os desmandos na economia.
Até hoje brasileiros lutam na justiça para reaver seus investimentos confiscado pelo Governo e que acabou evaporando nos bancos.
Quando os bancos voltaram a funcionar, a população fazia fila nas portas das agências, que não tinham dinheiro disponível para cobrir os saques dos clientes. Como consequência, as vendas no comércio caíram drasticamente.
Os saques nas cadernetas ou na conta-corrente foram limitados a 50 mil cruzados novos. O pacote determinava o bloqueio por 18 meses com correção e juros de seis por cento ao ano.
A imprensa mostrou filas intermináveisl de pessoas em agências bancárias, no Brasil inteiro, em 15 de agosto de 1991, para desbloquear os Cruzados Novos retidos por 18 meses pelo Plano Collor.
O chamado Plano Collor I foi elaborado pela equipe chefiada pela ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, que incluía o secretário do Planejamento, Antônio Kandir, o e presidente do Banco Central, Ibrahim Eris. Eles previram um congelamento de recurso equivalente a 30% do Produto Interno Bruto.
Antes do Plano Collor Um o país estava mergulhado na hiperinflação. Os supermercados remarcavam os preços até de madrugada. O valor dos produtos quase dobrava de um mês para o outro.
Entre as medidas contidas no pacote, estavam um novo controle de preços e de salários, e aumento das tarifas de energia elétrica, telefone e transportes urbanos. O plano também extinguiu empresas estatais como a Portobras, a Siderbrás, a EBTU e a Embrafilme.
Foi determinado ainda um forte ajuste fiscal, com aumento da tributação, fim de incentivos e subsídios, além da demissão de cerca de cem mil servidores públicos.
Contexto histórico
Olhando em retrocesso, as medidas propostas pelo Plano Collor são não apenas extremistas, mas também polêmicas. Porém, para entender o que motivou a adoção de um plano tão controverso, é preciso compreender o contexto político e econômico da época.
Anos antes do Plano Brasil Novo, durante a Ditadura Militar, a economia brasileira cresceu. Desse modo, o PIB teve um aumento de 9,8% em 1968 para 14% em 1973, durante o mesmo período, a inflação caiu de 25,49% para 15,54%. Esse período recebeu o apelido de Milagre Econômico. Contudo, esses números tiveram uma consequência: a alta exponencial da dívida pública.
Além disso, em 1973 o mundo passou pela crise do petróleo. Em resumo, a crise fez com que o barril de petróleo aumentasse mais de 400%, o que resultou no aumento considerável da dívida pública. Consequentemente, a partir de 1974, a inflação se descontrolou e, em 1985, ela estava em 242,24%.
O Plano Collor reduziu a inflação apenas no primeiro mês, mas depois ela voltou a ficar descontrolada. Então foi lançado o Plano Collor II, que aumentou o número de congelamentos, aumentou as tarifas públicas para energia, correios e transporte ferroviário e criou a taxa referencial (TR), para substituir o overnight.
Mas as medidas do Plano Collor II não surtiram o efeito desejado. Dessa forma, a junção das medidas controversas e o escândalo de corrupção, resultam na renúncia do presidente, diante de um processo de impeachment.
Algumas das consequências do governo Collor foram a desvalorização da indústria nacional que resultou na venda de estatais pelo preço abaixo do valor de mercado e a falência de investidores.
Várias empresas quebraram, o que contribuiu para o aumento da taxa de desemprego. Houve ainda o desmonte de ferrovias e cortes de investimento em infraestrutura. Posteriormente, foi adotado o Plano Marcílio, mas o controle da inflação só aconteceu de fato com o Plano real, o que foi? Definição, história da moeda e características.
Conclusão
O seu mandato presidencial teve curta duração: de 15 de março de 1990 a 2 de outubro de 1992, quando foi afastado da Presidência da República para responder ao processo de impeachment.
O arrocho da política econômica mergulhou o país numa recessão histórica e o presidente Collor teve que rever as medidas com a liberação do dinheiro retido nos bancos; e a inflação voltou a explodir.
A economia brasileira só seria estabilizada em 1994 com o lançamento do Plano Real. O Plano Collor foi esquecido mas o confisco da poupança está até hoje na memória dos brasileiros.
Muitas pessoas prejudicadas pelo Plano Collor, anunciado há três décadas, ainda não superaram os traumas causados pelas medidas do governo de Fernando Collor de Mello, especialmente, o confisco da poupança. Lançado em 16 de março de 1990 para tentar (sem sucesso) conter a hiperinflação do País, até hoje, o Plano Collor e outros pacotes econômicos dos anos 1980 e 1990 são objeto de disputas jurídicas.
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia
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