terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

ESPECIAL — O QUE PRECISAMOS SABER SOBRE VACINAS?

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, muito se tem falado sobre vacina nos últimos dias. Apesar de ser uma descoberta científica que há tempos faz parte da cultura mundial, nunca se ouviu tanta especulação, tanto factoide, tanta fake news, tanta teorias conspiratórias, tanta politicagem envolvendo a vacinação, mais especificamente, as vacinas contra a Covid-19. 

Envoltos nessa verdadeira avalanche de [des]informação, nós, os mais leigos, nos sentimos mais perdidos do que cachorro em dia de mudança. O meu intuito com a postagem desse artigo é fazer uma prestação de serviço, informando com base em dados científicos (convenhamos, para eu falar sobre vacina, não poderia buscar informação em nenhuma outra fonte, né?) de maneira bem didática e resumida, tudo o que precisamos saber sobre as vacinas e seus benefícios para a saúde da população.

Como se deu o surgimento das vacinas


A vacina é vulgarmente considerada um agente – microrganismo ou substância – que, introduzido no corpo de um indivíduo, por via oral ou injetado, provoca a imunidade para determinadas doenças. Tudo começou na China, por volta de 1796, quando foram observados sobreviventes de um surto de varíola, que ficaram imunes à recaídas. 
O inglês Edward Jenner (1749—1823) estudou o caso e descobriu que a imunidade surgiu porque essas pessoas tiveram contato anterior com varíola bovina. No mesmo ano, ele desenvolveu a primeira vacina conhecida, injetando e imunizando um garoto de oito anos com um soro composto por varíola bovina.

A história refere vários métodos e experiências até se chegar ao que hoje conhecemos como vacina. Apesar de os vários registos históricos que evidenciam a tentativa de se proceder a uma vacinação, é a Edward Jenner que se atribui o mérito da vacinação, dado o rigor científico com que este médico inglês apoiou as suas experiências.

Em 1796 vacinou uma criança com o pus da mão variólica duma mulher. Passadas seis semanas, inoculou o rapaz com a varíola e não verificou qualquer reação transmissível da doença. Um ano mais tarde, realizou nova inoculação e esta contraprova revelou-se inofensiva. Vinte e três vacinações são realizadas e o resultado destas experiências publicado num livro que marca a história da ciência, em 1798.

Esse trabalho lançou os fundamentos da vacinologia, cuja primeira teoria é baseada na geração espontânea. Assim, a luta da humanidade contra as doenças, com um modo de vacinar contra a temida doença da época — a varíola, iniciou uma nova era da medicina, há mais de 200 anos.

Pasteur


Esta era a única vacina até chegar Louis Pasteur (1822—1895), 90 anos depois, já no final do século XIX. Pasteur é frequentemente recordado por ter descoberto a vacina contra a raiva. 

Pasteur foi o primeiro a compreender o papel dos microrganismos na transmissão das infecções. Usou processos variados para atenuar a virulência, isto é, reduzir a infecciosidade dos microrganismos que utilizava para inocular os animais das suas experiências iniciais. 

Assim, ao provocar uma doença de forma muito atenuada, Pasteur ajudava o animal a defender-se das formas graves dessa doença.

Uma primeira vacina contra a raiva foi testada por Pasteur em 1885, num rapaz mordido por um cão raivoso, com extratos de medula espinhal de um cão com a doença. Foi a primeira pessoa a sobreviver à doença. Além desta vacina, Pasteur desenvolveu a vacina contra o bacillus anthracise contribuiu, de maneira determinante, para a utilização dos vírus atenuados em vacinas.

Em 1888, é fundado o Instituto Pasteur, centro de investigação biológica, principalmente na luta contra as doenças infecciosas. Graças às escolas francesa e alemã, a vacinação registra progressos notáveis. 

No início do século XX, foram desenvolvidas vacinas contra doenças infecciosas como a tuberculose, a difteria, o tétano e a febre-amarela. Após a 2ª Guerra Mundial (1823—1945), desenvolveram-se vacinas contra a poliomielite, o sarampo, a papeira e a rubéola.

Atualmente existem mais de 50 vacinas em todo o mundo. As várias campanhas de vacinação lançadas em diversas regiões do mundo permitiram a proteção contra doenças infecciosas que, em tempos, mataram milhões de pessoas.

A importância das vacinas


Um dos maiores sucessos das campanhas de vacinação foi a eliminação da varíola, declarada como erradicada em todo o mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1976. No entanto, à medida que as doenças infecciosas mais graves praticamente desapareceram, as pessoas deixaram de as temer e tornaram-se menos vigilantes.

Por este motivo e devido ao aparecimento de novas doenças, os desafios na vacinação são enormes. À Aids juntou-se a malária, a poliomielite ainda está presente em vários países, principalmente em países do Hemisfério Sul. A difteria reapareceu na Europa de Leste e o sarampo voltou a ser uma fonte de preocupação das Autoridades de Saúde em toda a Europa e também aqui no Brasil.

Como agem as vacinas


A imunização possibilita ao corpo defender-se melhor contra doenças causadas por certas bactérias ou vírus. A imunidade (capacidade do corpo de se defender contra doenças causadas por determinadas bactérias ou vírus) pode ocorrer naturalmente (quando as pessoas são expostas a bactérias ou vírus) ou os médicos podem fornecê-la através da vacinação.

Quando as pessoas são imunizadas contra uma doença, elas normalmente não contraem a doença ou contraem apenas uma forma leve dela. Contudo, uma vez que nenhuma vacina é 100% eficaz, algumas pessoas que foram imunizadas podem contrair a doença mesmo assim.

Em comunidades e países em que as vacinas são amplamente utilizadas, muitas doenças que antes eram comuns e/ou fatais (como poliomielite e difteria) hoje são raras ou estão sob controle. Uma das doenças, a varíola, foi completamente erradicada por vacinação. 

As vacinas têm sido muito eficazes na prevenção de doenças sérias e na melhora da saúde mundialmente. Entretanto, ainda não há vacinas eficazes disponíveis para muitas infecções importantes, incluindo a infecção pelo vírus Ebola, para a maioria das doenças sexualmente transmissíveis (como infecção por HIV, sífilis, gonorreia e infecções por clamídia) e para muitas doenças tropicais (como malária).

É muito importante seguir as recomendações de vacinação para a própria saúde das pessoas e para a saúde de seus familiares e das pessoas em sua comunidade. Muitas das doenças prevenidas pela vacinação são facilmente transmitidas de pessoa a pessoa. 

Muitas delas ainda estão presentes nos Estados Unidos e continuam comuns em outras partes do mundo. Essas doenças podem se espalhar rapidamente entre crianças não vacinadas, que, devido às facilidades modernas para viajar, podem ser expostas mesmo vivendo em áreas nas quais as doenças não são comuns.

As vacinas disponíveis hoje em dia são altamente confiáveis e a maioria das pessoas as tolera bem. Elas raramente têm efeitos colaterais.

Tipos de imunização


Há dois tipos de imunização: Imunização ativa e passiva. Vamos conhecer as duas.

Imunização ativa — Na imunização ativa, usam-se vacinas para estimular os mecanismos naturais de defesa do corpo (o sistema imunológico). As vacinas são preparações que contêm um ou mais dos seguintes:
  • Fragmentos não infecciosos de bactérias ou vírus;
  • Uma substância geralmente nociva (toxina) que é produzida por uma bactéria, mas foi modificada para ser inofensiva, chamada toxoide;
  • Organismos inteiros vivos, enfraquecidos (atenuados), que não causam doença.
O sistema imunológico do corpo responde a uma vacina produzindo substâncias (como anticorpos e glóbulos brancos) que reconhecem e atacam as bactérias ou os vírus específicos contidos na vacina. Assim, sempre que a pessoa é exposta à bactéria ou ao vírus específico, o corpo produz automaticamente esses anticorpos e outras substâncias para prevenir ou atenuar a doença. Ao processo de administração de uma vacina dá-se o nome de vacinação, embora muitos médicos utilizem imunização, o termo mais geral.

As vacinas que contêm organismos vivos, porém enfraquecidos, incluem:
Algumas vacinas contêm uma forma enfraquecida, mas viva, do micro-organismo contra o qual protegem.

Imunização passiva — Na imunização passiva, os anticorpos contra um organismo infeccioso específico são administrados diretamente a uma pessoa. Esses anticorpos são obtidos de várias fontes:
  • O sangue (soro) de animais (geralmente cavalos) que foram expostos a um organismo ou toxina em particular e desenvolveram imunidade;
  • Sangue coletado de um grande grupo de pessoas, chamado imunoglobulina humana agrupada;
  • As pessoas que se sabe terem anticorpos a uma doença em particular (ou seja, pessoas que foram imunizadas ou que estão se recuperando da doença), chamados hiperimunoglobulina, porque essas pessoas têm níveis mais altos de anticorpos no sangue;
  • Células produtoras de anticorpos (geralmente obtidas de camundongos) desenvolvidas em laboratórios.
A imunização passiva é usada em pessoas cujo sistema imunológico não responde adequadamente a uma infecção ou em pessoas que contraem uma infecção antes que possam ser vacinadas (por exemplo, depois de serem mordidas por um animal com raiva).

A imunização passiva pode também ser usada para evitar a doença quando existe a possibilidade de exposição a ela e a pessoa não tem tempo para completar uma série de vacinas. Por exemplo, pode-se administrar uma solução contendo gamaglobulina que é ativa contra o vírus da varicela a uma mulher grávida que não tenha imunidade ao vírus e tenha sido exposta a ele. O vírus da varicela pode causar danos ao feto e complicações sérias (como pneumonia) na mulher.

A imunização passiva proporciona uma proteção eficaz apenas durante algumas semanas, até que o corpo elimine os anticorpos injetados.

Administração de vacinas


As vacinas e os anticorpos são geralmente administrados por injeção no músculo (por via intramuscular) ou sob a pele (por via subcutânea). Os anticorpos são às vezes injetados em uma veia (via intravenosa). Um tipo de vacina contra a gripe é vaporizado no nariz.

Pode-se aplicar mais de uma vacina de uma vez — em uma só vacina combinada ou em injeções separadas em diferentes locais de aplicação (consulte o artigo científico Utilização de diversas vacinas ao mesmo tempo).

Existem outras vacinas que são administradas com uma determinada periodicidade, como a vacina do tétano, que se recomenda, no caso dos adultos, de 10 em 10 anos. Algumas vacinas são administradas rotineiramente a crianças.

Outras vacinas são geralmente administradas, principalmente, a grupos específicos de pessoas. Por exemplo, a vacina contra a febre amarela é administrada somente a pessoas que viajam para algumas partes da África e da América do Sul. 

Ainda assim, outras vacinas são administradas após uma possível exposição a uma doença específica. Por exemplo, a vacina contra a raiva pode ser administrada a uma pessoa que foi mordida por um cão.

Restrições e precauções à vacinação


Para muitas vacinas, o único motivo para não ser vacinado é uma reação alérgica séria com risco à vida (como uma reação anafilática) à vacina ou a um de seus componentes.

Alergia a ovos é comum nos Estados Unidos. Algumas vacinas, incluindo a maioria das vacinas contra a gripe, contêm quantidades muito pequenas de materiais originários de ovos. Assim, há preocupação sobre o uso de tais vacinas em pessoas que são alérgicas a ovos. 

No entanto, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, CDC) declaram que, embora reações leves possam ocorrer, é improvável que ocorram reações alérgicas sérias (anafilaxia). 

As recomendações para a vacina contra a gripe variam de acordo com a gravidade da reação alérgica aos ovos e com a vacina. Se as pessoas tiverem tido uma reação alérgica grave, com risco à vida, depois de terem recebido a vacina contra a gripe ou ovos, elas não devem receber a vacina contra a gripe. 

Se as pessoas tiverem tido apenas uma erupção cutânea após a exposição a ovos ou à vacina, elas podem receber a vacina. Se tiverem tido uma reação mais grave, como edema facial, dificuldade para respirar ou tontura, ou reações que tenham exigido uma injeção do medicamento epinefrina ou outro tratamento de emergência, elas deverão receber a vacina em ambiente clínico com supervisão de um médico que possua experiência em reconhecer e tratar reações alérgicas graves.

As vacinas que contêm organismos vivos não devem ser usadas ou sua aplicação deve ser adiada em pessoas com certos quadros clínicos, tais como:
  • Gravidez;
  • Desenvolvimento de síndrome de Guillain-Barré dentro de seis semanas após uma dose anterior da vacina;
Se as pessoas pararem de tomar os medicamentos que suprimem o sistema imunológico ou se o seu sistema imunológico enfraquecido se recuperar o suficiente, pode ser seguro administrar-lhes vacinas que contenham o vírus vivo.

Informações gerais

  • Vacinações comuns em crianças — Normalmente as crianças recebem diversas vacinas seguindo um cronograma padrão, disponibilizado pelos pediatras. Se as vacinas não forem administradas, a maioria pode ser administrada mais tarde, de acordo com um cronograma de atualização.
  • Vacinações comuns em adultos — Os adultos também podem ser aconselhados a receber determinadas vacinas (consulte também Centros de Controle e Prevenção de Doenças: Esquema de imunização para adultos). Ao aconselhar adultos sobre a vacinação, um médico leva em consideração a idade da pessoa, o seu histórico de saúde, as vacinações recebidas na infância, a profissão, a localização geográfica, os seus planos de viagem e outros fatores.
  • Segurança da vacina — Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) monitoram a segurança das vacinas. Os médicos precisam relatar certos problemas que ocorrem após a vacinação de rotina ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos a Vacinas (Vaccine Adverse Event Reporting System, VAERS) e ao Vaccine Safety Datalink (VSD) dos CDC. Se qualquer problema de saúde surgir após a vacinação, qualquer pessoa — médicos, enfermeiros ou algum membro do público geral — pode enviar um relatório ao VAERS. Os relatórios do VAERS não podem determinar se um problema de saúde foi causado pela vacina.
As vacinas geralmente não causam problemas, embora possam ocorrer efeitos colaterais leves, como local de injeção dolorido ou avermelhado. Ainda assim, muitos pais continuam preocupados com a segurança das vacinas infantis e seus possíveis efeitos adversos.

Vacinas provocam autismo?


Uma das principais preocupações dos pais tem sido que certas vacinas, como a vacina tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola ou vacinas que contêm timerosal (um conservante à base de mercúrio), possam aumentar o risco de autismo.

Muitos grupos diferentes de cientistas estudaram essas preocupações e desaprovaram totalmente a suposta relação entre vacinas e autismo (consulte Preocupações relacionadas a vacinações na infância no MANUAL e Perguntas mais frequentes sobre a segurança de vacinas no site dos CDC).

Não obstante, a maioria dos fabricantes desenvolveu vacinas sem timerosal para uso em bebês e adultos. As informações sobre vacinas que contêm atualmente níveis baixos de mercúrio ou timerosal estão disponíveis no site do Instituto para Segurança de Vacinas (Institute for Vaccine Safety).

Vacinação antes de viagem ao exterior


Residentes dos Estados Unidos podem ter de receber vacinas específicas antes de viajarem para áreas com doenças infecciosas não encontradas normalmente nos Estados Unidos (consulte a tabela Vaccines for International Travel [Vacinas para viagens internacionais]). As recomendações mudam frequentemente em resposta aos surtos de doença.

O CDC disponibiliza as informações mais atualizadas sobre as exigências de vacinação em sua seção de saúde do viajante (Travelers' Health). Além disso, o CDC conta com um serviço telefônico 24 horas (1-800-232-4636 [CDC-INFO]) que fornece informações.

Conclusão 


Ao longo do ano, uma série aparentemente interminável de teorias de conspiração e campanhas de desinformação ganharam impulso online em meio aumento das taxas de infecção de Covid-19 no mundo todo. 

Olhar para a história desses movimentos pode nos ajudar a entender por que eles podem ser tão eficazes em capturar seguidores. Mesmo sendo assumidamente leigo no assunto, ficou claro para mim, ao realizar uma breve pesquisa na história das vacinas, para escrever o texto deste artigo, que aqueles que promovem o movimento antivacinas usam consistentemente um conjunto padrão de estratégias. Embora seus argumentos tenham sido refutados por muitos na comunidade médica, eles ganharam um manto duradouro de prestígio entre os antivacinas como as vozes autorizadas que ofereciam a "prova" necessária. 

Há uma lista exaustiva de estratégias antivacinas, sejam históricas ou contemporâneas. Sempre houve indivíduos que capitalizam em crises médicas para promover sua própria agenda e, na era moderna da mídia digital, estratégias de desinformação evoluíram e se expandiram. Assim, os líderes desses movimentos ganham poder social pintando-se como cruzados solitários.

Conforme nos aproximamos para uma distribuição mundial da vacina contra a Covid-19, podemos esperar ver cada vez mais esses cruzados publicando argumentos contra a vacinação. Quebrar padrões de argumentos vistos repetidamente no passado pode fornecer uma lição útil para combatê-los no futuro.

Por fim, o que tenho a dizer é o que tenho dito sempre: se você quiser se vacinar, ótimo, assim que estiver disponível ao seu grupo, vá lá e se vacine, se imunize. Agora, se você não quer se vacinar, seja lá por que motivo for, problema seu, não se vacine e pronto. E cada um assuma as respectivas consequências oriundas das escolhas feitas. Simples assim!

Mais informações

Observação

  • Espero com este artigo poder ter contribuído com seu conhecimento sobre a história da vacina e seus inquestionáveis para a saúde pública mundial. Contudo fica a dica importante: NÃO DEIXE DE CONSULTAR UM MÉDICO!
[Fonte: Manual MSD Versão Saúde para Família, por Margot L. Savoy, MD, MPH, Lewis Katz School of Medicine at Temple University; Atlas da Saúde]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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