terça-feira, 17 de março de 2020

ATUALIDADE — PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS: QUAL A ATITUDE DO CRISTÃO? A FÉ CONSCIENTE X O PÂNICO COLETIVO


"Quando vierem as chuvas e as inundações, e os ventos castigarem a casa, ela não cairá, pois foi construída sobre rocha firme" (Mateus 7:25).
A pessoa de fé reconhece os perigos, procura precaver-se e evitá-los, mas não se deixa dominar por eles. Você deve ter notado, no versículo escolhido para abertura deste artigo, que nós lemos um texto que fala de chuvas, inundações e ventos que castigam a casa — provações de todo tipo que assolam, inclusive os cristãos, mas que não a derrubam, não abatem o cristão, posto que ela — a casa, a vida do crente — está construída sobre a rocha firme das palavras de Cristo. O cristão é ouvinte e praticante da palavra de Cristo, não apenas ouvinte (7:24). E pela Palavra ele se sustenta. Ele ouve e ele pratica a Palavra. Sustenta-se pela e na Palavra de Deus.

Lembrei-me desse texto com as palavras de Jesus na conclusão do Sermão do Monte quando li o que relatou o ministro da Saúde, Ricardo Mandetta, sobre o coronavírus no Brasil:
"Nós ainda estamos na véspera. Essa doença vem como se fosse um vento, começa como uma brisa, vai ganhado força, ganhando força, até que chega num determinado momento que faz um movimento espiral, que é quando uma pessoa vai transmitindo para outra, transmitindo para outra, e essa espiral forma como se fosse um ciclone. Aí você faz um gráfico em que há um aumento muito rápido no número de casos" (grifo meu).
Como foi reconfortante ler esta comparação! Primeiro, porque disse Jesus (Mt 5:25):
"Quando vierem as chuvas e as inundações, e os ventos [os vírus, as enfermidades, o coronavírus, por exemplo] castigarem a casa, ela não cairá, pois foi construída sobre rocha firme."
O Senhor Jesus diz que ventos virão e castigarão, doenças e vírus e tantos outros males nos sobrevirão de forma castigadora, sem dó nem piedade, mas a casa construída sobre a rocha firme da palavra de Deus não cairá. E ainda que morra, viverá.

Segundo, lembrei-me das palavras dos discípulos sobre o meu Jesus (Lucas 8:25): 
"Quem é este homem? Quando ele ordena, até os ventos [do coronavírus, por exemplo] e o mar [de tragédias] lhe obedecem!?"
Isso é tão verdadeiro hoje como foi então. 
"Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre" (Hebreus 13:8). 
John Piper escreveu o seguinte sobre a pandemia de Covid-19:
"Jesus tem todo o conhecimento e toda autoridade sobre as forças naturais e sobrenaturais deste mundo. Ele sabe exatamente onde o vírus começou e para onde vai a seguir. Ele tem poder total para impedi-lo ou não. E é isso que está acontecendo. 
Nem pecado, nem satanás, nem doença, nem sabotagem são mais fortes que Jesus. Ele nunca se recuou em um canto; Ele nunca é forçado a tolerar o que não quer. 'Mas os planos do SENHOR permanecem para sempre; seus propósitos jamais serão abalados' (Salmo 33:11)." Grifo meu.
"Sei que podes fazer todas as coisas e ninguém pode frustrar teus planos"
disse Jó em seu arrependimento,  (Jó 42:2). 

Portanto, a questão não é se Jesus está supervisionando, limitando, guiando, governando todos os desastres e todas as doenças do mundo, incluindo todas as suas dimensões pecaminosas e satânicas. Ele está. A questão é, com nossas Bíblias abertas, como devemos entender tudo isso? Podemos fazer sentido disso tudo?

Enfrentando a realidade com base na Palavra de Deus


A ameaça dessa nova pandemia (epidemia de abrangência mundial), causada pelo coronavírus Covid-19, vindo da China, tem gerado apreensão e medo em todos nós. Esse sentimento foi até batizado de "ansiedade pandêmica". Existe um aspecto realista nesse medo.

As pandemias decorrem da proliferação de novos agentes infecciosos, frutos de mutações em microrganismos que existem há milhares de anos, mas vem ganhando a capacidade de se proliferar rapidamente na população humana, causando doenças com índices de mortalidade relativamente altos. 

A evolução do Covid-19 é incerta, assim como de outros semelhantes, não sabemos como se comportará no futuro. Pode ser que fique restrito às áreas já atingidas e/ou que perca a letalidade, se tornando facilmente administrável pelos serviços de saúde pública. Pode ser que se alastre por todo o mundo, mantendo sua letalidade.

O vírus ebola, por exemplo, matou, desde 1976, quando foi identificado, até hoje, mais de 11 mil pessoas, a grande maioria concentrada em países africanos. Toda pessoa que morre é uma grande perda e esse número não deixa de ser grande, mas fica pequeno quando comparado com a letalidade da gripo espanhola, que entre 1918 e 1919 matou cerca de 50 a 100 milhões de pessoas em todo o globo —  enquanto a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, matou aproximadamente 8 milhões de pessoas. Sob esse ângulo, portanto, os cuidados das agências de saúde e de toda a população com novos vírus são mais que justificáveis.

Por outro lado, existe um alarmismo irracional nesse medo. O sarampo, por exemplo, em 2018, vitimou 142 mil pessoas (mais de 11 mil por mês, em média), enquanto o Covid-19 matou, nos últimos dois meses, pouco mais de 3 mil pessoas. 

Então porque as escolas não são fechadas com medo do sarampo, as bolsas não caem, nem os eventos públicos são cancelados? Em parte, porque as populações afetadas estão principalmente nos países pobres e em bolsões de pobreza, mas principalmente porque já conhecemos o sarampo, sabemos como lidar com ele, não tememos uma explosão pandêmica inesperada, como temos em relação ao Covid-19. Um temor em parte racional, como vimos acima, mas por outra parte totalmente irracional.

A confiança e a fé contra o pânico


Temer o desconhecido é um instinto necessário à sobrevivência das espécies, inclusive da nossa. Uma criança temerosa tem muito menos chance de se acidentar que uma outra arrojada. Mas, por outro lado, um adulto apavorado tem muito menos chance de fazer escolhas adequadas que um outro sereno. Por isso, o medo irracional e instintivo deve amadurecer, em nosso desenvolvimento, para se tornar uma prudência responsável e racional, que avalia as situações e evita riscos desnecessários.

Nesse clima de pânico coletivo, é imprescindível que não sejamos dominados pelo medo, em qualquer situação. Mas nosso medo é das pandemias… Na verdade, para o cristão, todos os medos são uma consequência de não nos entregarmos totalmente a Cristo. A pessoa de fé reconhece os perigos, procura precaver-se e evitá-los, mas não se deixa dominar por eles. Quem vive com medo das coisas tem, no fundo, medo de se entregar a Cristo, de fazer a experiência de que Ele pode nos salvar, ainda que de forma impensável para nós.

Por isso, a forma pela qual enfrentamos a ameaça do Covid-19, ou qualquer outra possível pandemia dos nossos tempos, é um indicador (não o único, evidentemente) do quanto a nossa fé ultrapassa os limites das celebrações e dos gestos religiosos, para se tornar realmente um critério de orientação diante dos desafios da vida. 

Nessa perspectiva, nossa capacidade de lidar com situações como essa, da atual crise do coronavírus implica em:
  • Serenidade diante dos muitos desafios e ameaças da vida, que — para o cristão — nasce da confiança no amor e na providência divinas, que nos permite reconhecer os perigos, sem nos deixar definir por eles.
  • Estar bem informado sobre o que está acontecendo, evitando fake news e procurando sempre as indicações de especialistas e dos órgãos de saúde. Esta é a forma de praticar o realismo cristão nesse momento.
  • Atitudes responsáveis e condizentes com a gravidade da situação, sem alarmismos, mas também evitando riscos desnecessários.
  • Tomar consciência das consequências do pecado, quando o pecado entrou no mundo através de Adão e Eva, Deus ordenou que a criação, incluindo nosso corpo físico, como pessoas criadas à sua imagem, experimentasse corrupção e futilidade, e que todos os seres vivos morressem. Os cristãos, ao serem salvos pelo evangelho da graça de Deus, não escapam a essa corrupção, futilidade e morte físicas. O fundamento desta verdade é Romanos 8:20-23.
  • Saiba que algumas doenças são atos de misericórdia divina, às vezes, Deus inflige doença a seu povo como julgamento purificador e salvador, que não é condenação, mas um ato de misericórdia para seus propósitos de salvação. Esse ponto está fundamentado em 1 Coríntios 11:29-32. O texto lida com o mau uso da ceia do Senhor, mas o princípio é mais amplo. 
  • Entender que doenças podem ser atos de julgamento divino, às vezes, Deus usa a doença para julgar aqueles que O rejeitam e se entregam ao pecado. Um exemplo: Em Atos 12, o rei Herodes se exaltou ao ser chamado de deus. O que aconteceu? Veja no verso 23.
  • Conscientizar-se de que Deus "troveja graça", chamando o pecador ao arrependimento, através de enfermidades e tragédias. Muitos são os que se quebrantam só quando se veem em meio às tribulações. Todos os desastres naturais — sejam inundações, fomes, gafanhotos, tsunamis, vírus ou doenças — são um trovão da misericórdia divina no meio do julgamento, chamando todas as pessoas de todos os lugares a se arrependerem e realinharem a vida, pela graça, com o valor infinito da glória de Deus. A base para esse alicerce é Lucas 13:1-5.

Conclusão


Ao invés de te trazer mais preocupação, quero que pense em como o Senhor mantém o controle sobre tudo isso que está acontecendo. Você precisa se cuidar, se precaver e evitar o contágio pela doença, mas jamais deve permitir que isso vire pânico descontrolado.

Caro leitor, estamos em tempos difíceis em todo o mundo, o medo está aumentando e o desespero vem se tornando cada vez mais evidente. É por isso que, como crentes em Jesus Cristo, devemos ser instrumentos de boas notícias. Devemos anunciar a esperança de um Reino de perfeita paz.
"Não fique ansioso por nada, mas em todas as situações, por oração e petição, com ações de graça, apresente seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que transcende todo entendimento, guardará seus corações e suas mentes em Cristo Jesus" (Filipenses 4:6-7).
A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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