LENDA URBANA - O CASO DO "ROUBO DOS RINS"

Uma característica comum entre as lendas urbanas é o conteúdo de terror na maioria das histórias contadas e a rapidez com a qual elas se espalham - ou, em termo mais atual, viralizam. Mas, mesmo em tempos bem anteriores que os do advento da internet e suas redes/mídias digitais, as lendas urbanas há muito já fazem parte do imaginário coletivo, tanto aqui no Brasil, como também no exterior. Além do conteúdo de terror, uma outra característica marcante nas lendas urbanas são as variações nas versões em que as tais histórias são contadas, mudando de acordo com a época e o lugar.

Por que as lendas urbanas costumam ser tão "atrativas"?

As chamadas lendas urbanas se inscrevem em um arquivo de narrativas presentes no imaginário social e, pelo mesmo processo, transformam esse arquivo, numa relação de suplementaridade. Algumas lendas urbanas se tornam clássicos do gênero pelo modo como ressurgem em ciclos, mantendo um motivo comum, mais ou menos invariável, e adaptando-se aos temas locais e ao momento sócio-histórico em que circulam. 

A lenda urbana ou contemporânea, assim como a lenda tradicional, é uma história oral exemplar. É uma narrativa popular anônima, transmitida principalmente de forma oral e que possui uma mensagem implícita e uma moral escondida com a qual nos aderimos. Uma coisa é certa, se não for impressionante, ninguém vai querer espalhar a lorota. Ou seja, para se tornar "atrativa", a história tem de ser factível, sem, contudo, deixar de colocar o pé no absurdo. 

Bem horripilantes e cheias de detalhes, as lendas urbanas existem em todos os cantos do mundo e cada país inova com uma história mais assustadora que a outra. Apesar de serem repassadas sempre em conversas informais, algumas lendas urbanas tipicamente americanas atravessaram as fronteiras e foram adaptadas de outras formas, chegando também aqui no Brasil. Outras são tão famosas nos Estados Unidos que são conhecidas no mundo todo por ainda serem mistérios não resolvidos. Todos esses ingredientes constam na receita da lenda urbana que iremos falar hoje.

Ei, cadê meus rins?

Primeira versão 

Durante os anos 90, um alerta começou a ser repassado por e-mail para vários usuários internautas: o caso de uma temida gangue de ladrões de rins. O relato era de um turista que estava de passagem pelo Rio de Janeiro e foi até uma boate. Lá conheceu uma garota atraente que o convidou para outra festa, em um apartamento. O rapaz acompanhou a moça até o local, bebeu alguns drinks e acordou no dia seguinte em uma banheira de gelo perto da qual havia um bilhete com essas palavras: 

"Se deseja viver, ligue agora para o 190".

Ao levantar, o rapaz, sozinho, percebe que tem um corte em suas costas e um de seus rins foi retirado durante à noite.

Segunda versão

De acordo com a segunda versão da lenda um homem sai para beber a noite em um bar, passado um tempo chega no estabelecimento uma linda mulher em que ao mesmo tempo que tem um corpo escultural possui um face angelical, então ela se senta do lado do cara e começa a puxar papo, visto que rola um clima entre os dois e ela o convida para vir até seu apartamento.

Chegando a tal linda mulher lhe oferece mais uma bebida só que essa contendo sonífero e ele não percebendo toma e minutos depois fica tonto e desmaia.

No dia seguinte ele acorda dentro de uma banheira cheia de gelo e com ele ainda meio tonto devido sob o efeito da droga, encontra o bilhete do lado da banheira. Dependendo da versão, o conteúdo do bilhete varia. Há quem conte que nele estava escrito:

"Ligue rápido para o hospital ou vai morrer, seus rins foram extraídos", 

então ele assustado liga para a emergência e é orientado a verificar se há duas incisões nas costas na altura do rim e então que ele percebe que teve realmente os dois rins roubados.

Parece roteiro de filme de terror e, de acordo com a polícia, não passa disso. Mesmo assim teve, não só quem acreditasse, como quem "jurasse" ter conhecido alguém que teria sido vítima dos ladrões de rins. Nos Estados Unidos, a lenda urbana dos ladrões de rins apareceu pela primeira vez em 1997, com a mesma história que foi contada no Brasil. Na época, a polícia americana investigou o caso, mas tudo não passava de boato.

Conclusão

Por norma, as lendas urbanas têm um caráter sensacionalista ou conspiratório, com a intenção de, assim como as lendas clássicas, encontrar respostas para qualquer tipo de informação e acontecimento que não tenha uma explicação científica. Como vimos, frequentemente as lendas urbanas são criadas com o objetivo de assustar e causar medo nas pessoas. E essa que eu trouxe neste capítulo da nossa série especial conseguiu cumprir muito bem seu objetivo, não é mesmo? 

Essa, aliás, é uma das lendas urbanas mais conhecidas já tendo sido citada até em filmes, mas, verdade ou não, serve até de lição de moral para nunca aceitar bebidas de estranhos principalmente se tiver na casa deles.

O Brasil é um país riquíssimo de cultura popular e, uma das características que ajuda a reconhecer este título, é justamente a grande quantidade de lendas folclóricas e urbanas. De Norte a Sul, cada região brasileira tem as suas lendas próprias e, ainda de quebra, as versões das lendas urbanas do exterior que ganham seus aditivos tupiniquins, tornando ainda mais vasto o repertório. Graças a isto ainda teremos muito o que ver por aqui, portanto, até o próximo capítulo, ah e cuidado com os seus rins.

A Deus, toda glória.

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