sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O OUTUBRO É ROSA E SEM GÊNERO

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Em outubro, o Brasil fica cor-de-rosa. A cor, que ilumina monumentos históricos e prédios públicos, enfeita os laços que simbolizam o movimento e aparece com força em campanhas publicitárias serve para promover a conscientização da população sobre o câncer de mama, como uma parte importante das ações do chamado Outubro Rosa. 

A série de campanhas de conscientização sobre a doença, que é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, teve início nos EUA nos anos 1990, onde vários Estados promoviam durante o mês de outubro ações isoladas referentes ao câncer de mama e ou mamografia como forma de encorajar o público a conhecer melhor esse tipo de câncer, que afetou ao menos 1,67 milhões novos pacientes no mundo todo em 2012. No Brasil, segundo o INCA, são estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com um risco estima de 56 casos a cada 100 mil mulheres. 

Mais do que uma causa 


O movimento Outubro Rosa que ficou conhecido internacionalmente, representa a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades no incentivo do autoexame e da procura por médicos para prevenir e tratar a doença. Por isso o Congresso Americano aprovou o mês de Outubro como o mês nacional (americano) de prevenção do câncer de mama. Este movimento tomou força em outros países e hoje é celebrado em todas as partes do globo. 

Por aqui, ações e campanhas de conscientização sobre o câncer de mama acontecem desde 2002, com foco na importância de se informar sobre o tema e se esforçar na detecção do câncer de mama em seus estágios mais iniciais, quando a chance de cura é maior.

A era da informação 


E se o assunto é informar, as mídias sociais são uma ferramenta extremamente eficaz. Além de uma poderosa ferramenta de conscientização, as mídias sociais podem trazer um novo insight sobre as barreiras enfrentadas pelos pacientes em busca de detecção precoce ou mesmo de tratamento. 

Foi o que demonstrou um estudo publicado em 2016 na revista Breast Cancer Research and Treatment, que analisou mais de 1 milhão de posts sobre o câncer de mama. Utilizando um software para mineração de dados, os autores detectaram que 38% dos posts abordavam dificuldades relacionadas ao diagnóstico e tratamento da doença. 

Entre estas barreiras estavam aspectos emocionais (medo, ansiedade, negação, depressão); crenças pessoais (percepções errôneas, preferências e aspectos religiosos e espirituais); e aspectos físicos (efeitos colaterais e mudança corporal provocados pelo tratamento), além de falta de recursos financeiros, comunicação ruim com a equipe de saúde e experiências prévias negativas. 

De acordo com os especialista, muitas destas barreiras podem ser removidas através da educação, melhora da comunicação e suporte psicológico, o que aumentaria o acesso dessas pacientes aos exames e ao tratamento. Daí a importância das redes sociais para mapear estas dificuldades e realizar uma intervenção positiva. 

Outra pesquisa, publicada no Journal of Medical Internet Research, avaliou a eficácia do Twitter como meio de educação sobre o câncer de mama e seu impacto na ansiedade dos participantes. A maioria dos participantes (80,9%) afirmou que os tweets trouxeram aumento do conhecimento geral sobre o tema, também ajudando a obter mais informações sobre estudos clínicos e pesquisas e a ter mais informações sobre opções de tratamento. 

Desinformação inunda as mídias sociais 


Mas nem sempre as mídias sociais são utilizadas de forma benéfica. Em geral, as informações divulgadas sobre a prevenção ao câncer de mama durante o mês de outubro são em geral incompletas, descontextualizadas, desatualizadas ou até mesmo equivocadas, o que pode levar o público a conclusões enganosas sobre a doença. 

Um estudo publicado em 2015 no Journal of Health Communication analisou as mensagens postadas na página do Facebook de uma ONG americana voltada para a conscientização sobre o câncer de mama durante o Outubro Rosa. Os resultados demonstraram que nem sempre a página do Facebook trouxe informações de saúde válidas e, ainda, focava mais na venda de mercadorias para arrecadar fundos do que na educação dos usuários. 

Os dados mostram que apesar de redes como o Facebook, Twitter, Instagram e o WhatsApp - as principais plataformas mais populares - serem ferramentas e mídias que potencialmente ampliam a educação e conscientização sobre os cuidados com o câncer de mama, elas tem sido usadas para divagar sobre situações particulares ou focando excessivamente no uso de roupas rosas, incentivo à causa do Outubro Rosa ou arrecadação de fundos para instituições ligadas ao tema. 

Ou seja, apesar das mídias sociais terem um grande potencial para promover políticas de saúde, pois já fazem parte do cotidiano das pessoas, elas infelizmente não estão mencionando de forma relevante as práticas e prevenções eficientes no controle da doença. O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), por exemplo, não estimula o autoexame das mamas como estratégia isolada de detecção precoce do câncer de mama, e ainda assim o tema de autoexames periódicos aparece com bastante frequência no Facebook e Twitter brasileiros. 

A recomendação do INCA é que o exame das mamas pela própria mulher seja parte das ações de educação para a saúde que contemplem o conhecimento do próprio corpo. De acordo com os oncologistas, apenas o autoexame das mamas não ajuda a detectar o câncer. Eles afirmam que o diagnóstico precoce é fundamental para o aumento das chances de cura, já que estão diretamente relacionados ao estágio da doença ao diagnóstico, então mamografia e visitas periódicas ao médico são fundamentais. 

Os principais sinais e sintomas da doença são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas). 

Quem disse que o problema é só delas? 


 
Mas por que estamos falando sobre uma iniciativa feminina por aqui? Por um motivo simples: o câncer de mama também pode se manifestar nos homens. A cada 100 casos de câncer de mama feminino, existe 1 caso masculino. A estimativa pode até parecer baixa, mas essa é uma doença séria que deve ser tratada e acompanhada por uma equipe médica. Por isso, é mais que necessário a realização do autoexame e/ou mamografia, assim como as mulheres fazem, para a verificação de sintomas que possam ser do câncer de mama. 

 
O pior de tudo é que devido ao preconceito e a falta de conscientização dos homens quanto a realização de exames periódicos acaba fazendo com que boa parte dos casos de câncer de mama masculinos sejam descobertos apenas em estágio avançado. O ideal é que os homens procurem avaliar cuidadosamente a região das mamas e das axilas tanto no autoexame quanto em consultas médicas. Em caso de consultas médicas, o profissional provavelmente perguntará sobre seu histórico familiar, portanto procure correr atrás dessas informações. 

Os principais sinais e sintomas do câncer de mama masculino que podem ser detectados são: 
  • Protuberância ou inchaço, geralmente (mas nem sempre) indolor. 
  • Pele ondulada ou enrugada. 
  • Retração do mamilo. 
  • Vermelhidão ou descamação da pele da mama ou do mamilo. 
  • Inchaço nos linfonodos axilares.
Vale lembrar que esses sintomas nem sempre são causados pelo câncer. Boa parte dos nódulos de mama em homens é causada por ginecomastia, que é o aumento do volume nas mamas masculinas devido ao uso de medicamentos e anabolizantes ou desequilíbrio hormonal. Ou seja, se você notar qualquer alteração, consulte imediatamente um médico para realizar o diagnóstico. 

A incidência da doença é maior em homens acima dos 35 anos e o risco aumenta com o avanço da idade. Os fatores de risco mais recorrentes para o surgimento do câncer são: histórico familiar correspondente aos pais, irmãos ou filhos, surgimento de alguma tumoração pré-maligna no passado, excesso de peso e dieta rica em gorduras. O tratamento pode ser local ou sistêmico, incluindo a possibilidade de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e a terapia alvo. 

Conclusão 

Como se cuidar

 
No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é a realização da mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) em mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos. Apesar da recomendação do ministério, 40% das mulheres brasileiras nessa faixa etária não realizam mamografia, de acordo com o Inquérito Nacional de Saúde realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Além disso, dados do INCA apontam que apenas 2,5 milhões de mamografias foram realizadas em 2014, representando uma taxa de 24,8% – ainda muito abaixo da recomendação pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 70%. O diagnóstico precoce é importante no câncer de mama porque quando mais cedo a doença for detectada, mais fácil será trata-la e maior serão as chances de curá-la. 

A prática de atividade física e de alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado, estão associadas a menor risco de desenvolver câncer de mama: cerca de 30% dos casos podem ser evitados quando são adotados esses hábitos. E, no caso específico das mulheres, a amamentação também é considerada um fator protetor. Quer seja você homem ou mulher, participe do movimento Outubro Rosa e cuide da sua saúde! 


A Deus toda glória. 
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