"A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam, quatro que nunca dizem: basta. A sepultura, a madre estéril, a terra que não se farta de água, e o fogo, que nunca dizem: Basta!" (Provérbios 30:15,16).
A palavra traduzida do hebraico para sanguessuga é aluqah. Este termo parece unicamente em Provérbios 30:15, dando à raiz da palavra o significado literal de: chupadora.
O que é a sanguessuga
A sanguessuga, esse pequeno animal que vive somente para obter sangue faz parte de uma classe especializada de nome cientifico: Hirudínea ou Annelida, distinguidos por terem exatamente trinta e quatro segmentos nos corpos, dos quais os primeiros cinco ou seis formam a cabeça, que chupa, enquanto que os últimos sete formam a cauda, que chupa.
A sanguessuga é um verme hermafrodita (anelídeo, pois o corpo é formado por anéis) comum em todos os lugares do mundo, em todos os ecossistemas. Existem mais de 15 mil espécies de sanguessugas! Elas têm este nome, obviamente, porque se alimentam de sangue. São hematófagos.
Russel Norman Champlin (✩1933/✟2018) - escritor norte-americano, referência na teologia cristã por suas importantes obras, considerado um dos poucos, senão o único, a publicar um comentário português-greco no Brasil, durante os anos de 1970 e 1980, que viveu radicado na cidade de Guaratinguetá, interior de São Paulo, até seu falecimento, em 07 de julho de 2018 - afirmava que:
"...metaforicamente, a sanguessuga refere-se a algum individuo ou alguma circunstancia debilitadora, gananciosa e extremamente egoísta em suas exigências."
E ele disse mais:
"A sanguessuga é o modelo do egoísmo e da ganância, e é vista como animal que vive do sangue de outro animal, uma apta metáfora para as pessoas gananciosas".
A sanguessuga na medicina
Elas são úmidas, gosmentas e ao longo da história foram temidas, odiadas e amadas pela humanidade. Mas não importa o quanto avancemos tecnologicamente, ainda não surgiu nada para substituir o seu uso. E sempre foram e são essenciais para a medicina.
O laboratório BioPharm, no País de Gales, cria dezenas de milhares desses anelídeos, parecidos com lesmas escuras, para uso em hospitais em várias partes do mundo. Os animais são deixados sem alimento entre seis e nove meses, para estarem famintos na hora de "trabalhar" – em outras palavras, sugar o sangue de um paciente. Esse é o seu papel como ferramenta fundamental na cirurgia reconstrutiva contemporânea.
"Um aspecto interessante sobre as sanguessugas é que elas aparecem de forma repetida ao longo da história da humanidade e em todas as culturas humanas",
afirmou Robert Kirk, professor de Humanidades e História da Medicina na Universidade de Manchester, na Inglaterra.
Os babilônios se referiam às sanguessugas como filhas da deusa da medicina, mas também eram consideradas criaturas perigosas capazes de drenar o sangue de qualquer um.
"Nesta cultura ancestral, as sanguessugas representavam tanto uma ameaça à saúde como uma ferramenta de cura",
acrescenta.
Essa visão permaneceu ao longo dos tempos, à medida que as criaturas eram usadas pelos egípcios, gregos e romanos, e por povos na China, na Índia e na Europa Ocidental, até os dias de hoje.
Houve até um tempo em que os anelídeos eram muito caros, pois representavam a solução para qualquer mal-estar. Os médicos acreditavam na teoria dos quatro "humores": que determinados estados da mente eram causados por excesso de sangue no corpo – sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra.
Assim, para restaurar o equilíbrio do corpo e virtualmente curar qualquer doença, às vezes era preciso drenar parte do sangue do paciente. Após uso, é preciso eliminar a sanguessuga para evitar transmissão de doenças, assim como uma seringa descartável.
Sanguessuga de aluguel
"No século 19 a popularidade desses animais alcançou o apogeu",
conta Christopher Frayling, professor de História Cultural no Royal College of Art de Londres.
"Entre 1825 e 1850 as sanguessugas eram usadas para praticamente tudo. Você podia até ir a uma farmácia e alugar uma sanguessuga – algo que hoje em dia nos parece uma ideia completamente asquerosa",
afirma.
"Hoje sabemos que ela pode ser usada em apenas um paciente, pois do contrário seria como usar uma seringa suja",
afirma Bethany Sawyer, gerente dos laboratórios Biopharm.
Mas no passado não era assim: as pessoas iam a farmácias, pagavam uma boa quantidade de dinheiro e levavam um desses animais para uso no conforto do lar.
A sanguessuga deveria ser usada com cuidado, e se fosse colocada perto de algum orifício – como nariz e ouvidos – poderia entrar no corpo e causar problemas.
"Para evitar que entrassem no corpo, cirurgiões costumavam costurar um fio no animal",
diz o professor Frayling.
A técnica também era usada em caso de dor de dente ou infecção de ouvido.
No auge da revolução industrial britânica, durante a chamada era vitoriana, estima-se que 42 milhões de sanguessugas tenham sido usadas em tratamentos médicos. Era um mercado estimado em US$ 1,5 bilhão por ano, aos preços do século 19.
Uso contemporâneo
A prática caiu em desuso no começo do século passado por diversos fatores. As sanguessugas chegaram à beira da extinção, os benefícios médicos do seu uso foram questionados e a Medicina começou a descobrir as verdadeiras causas das doenças.
No entanto, mesmo hoje o uso dessas criaturas – embora não tenha comparação com sua época de ouro – pode ser um negócio rentável.
As 60 mil sanguessugas distribuídas por ano a hospitais da Europa fazem da Biopharm Leech, em Swansea, no País de Gales, um dos maiores fornecedores desse item medicinal.
De acordo com Sawyer, a empresa decolou em 1985, após a repercussão mundial do caso de uma criança que quase perdeu uma orelha.
"Ele tinha 5 anos e o cachorro de sua avó tinha arrancado sua orelha",conta Sawyer.
Como era uma criança pequena, os cirurgiões tiveram dificuldade em recuperar os vasos sanguíneos na região afetada. O responsável pela intervenção havia trabalhado no Vietnã, onde os médicos usavam sanguessugas, e decidiu fazer desse o seu último recurso.
"Em uma semana ou dez dias usaram umas 2 mil sanguessugas",
completa a gerente. O garoto se salvou e a empresa cresceu como nunca.
O fato é que, até hoje, não há ferramenta tão eficaz como essas criaturas para evitar que o sangue se acumule nas regiões tratadas, reduzindo pressão sobre veias e formando novas conexões sanguíneas.
Contexto bíblico
Qual o ensinamento do sábio proverbista, usando como figura de linguagem a sanguessuga?
Na Bíblia, nenhum registro é por acaso. Absolutamente tudo tem um propósito divino de nos trazer ensinamentos que devemos incorporar em nossa prática diária. Por isso, o estudo sistemático e contumaz das Escrituras é fundamental para que o Espírito Santo nos leve além do que está escrito, através da revelação.
Após conhecermos um pouco sobre a vida desse ser tão asqueroso e que, em termos gerais, nos parece ser tão distante e insignificante, apesar de sua relevância na medicina, entendemos que quando Agur escreveu este texto, sua preocupação não era com a sanguessuga em si, mas, apresentar um princípio moral e espiritual que tem como parâmetro a vida da sanguessuga.
Após conhecermos um pouco sobre a vida desse ser tão asqueroso e que, em termos gerais, nos parece ser tão distante e insignificante, apesar de sua relevância na medicina, entendemos que quando Agur escreveu este texto, sua preocupação não era com a sanguessuga em si, mas, apresentar um princípio moral e espiritual que tem como parâmetro a vida da sanguessuga.
Pois bem, a sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Mas o que isto quer dizer? E o que isto tem haver com a vida cristã? É muito simples: você precisa saber que muitas pessoas vão querer sugar de você todas as energias, a inteligência, a generosidade, o tempo, etc. Há pessoas que nunca se fartam. Quanto mais você lhes oferece, mais elas exigem. Elas, o quanto puderem, sugarão o seu sangue [sua vida].
Princípio moral
O princípio moral e espiritual é o da ganância, do egoísmo, da autossatisfação que leva pessoas, grupos, entidades a se beneficiarem de coisas de forma desonesta, de maneira ilimitada e insaciável, querendo sempre mais e mais, sugando, chupando, extraindo, explorando para proveito próprio.
Quando se observa a vida da sanguessuga percebe-se claramente que Agur está descrevendo o agir egoísta e interesseiro do ser humano. Vejamos, com base no que vimos acima sobre esses vermes:
- 1) As sanguessugas são bastante espalhadas pelo mundo, podendo habitar na água ou em terra úmida, como em Prefeituras, governos estaduais e federais, como em todos os setores ou repartições públicas ou privadas.
- 2) Alimentam-se principalmente de sangue, e chupam tão prodigiosas quantidades, que seus corpos distendem-se quais balões. Isto é: suas contas bancárias no Brasil e no exterior, seus patrimônios dentro e fora do país.
- 3) As sanguessugas têm o seu corpo formado por 34 segmentos, subdivididos externamente. Sãos os testas de ferros, os laranjas, os limões, os inocentes úteis usados para esconder o sangue sugado.
- 4) As sanguessugas são vermes possuidores de ventosas, por meio das quais chupam o sangue de animais. São parasitas que se instalam em setores da sociedade para absorverem de forma desonesta e escabrosa tudo que é possível.
- 5) A sanguessuga suga o sangue da vitima podendo inserir uma quantidade de sangue 500 vezes superior ao seu volume.
O sábio Agur, do ápice de sua sabedoria, afirma que a sanguessuga tem duas filhas. Dá, Dá. Isto é, quanto mais sangue bebe, mais sangue quer. Quanto mais se tira, quanto mais se desvia, quanto mais se locupleta, mais se quer, mais se deseja, mais se inventa uma maneira de se tirar mais e mais e mais.
Um escritor afirmou:
"Há pessoas tão excessivamente gananciosas e cobiçosas que elas deixarão sem nada qualquer ser vivo, elas se agarram a qualquer coisa que possa dar lucro e nunca largarão até que tenham extraído até a última porção que haja de bom."
Geração sanguessuga
Infelizmente, estamos vivendo em nossa sociedade este princípio moral e espiritual da sanguessuga.
Cuidado com os sanguessugas! Eles podem estar em qualquer lugar em nossa sociedade, em qualquer instituição pública, privada ou religiosa, pois os sanguessugas usam tudo e todos para satisfazer a sua volúpia de sangue, ou seja, de poder, de dinheiro, de fama.
Fazem de tudo para obter o que não é seu. Sugam todas as forças de seu próximo. São egoístas cujo deus é o próprio ventre Por isso já dizia Horácio:
"Se ele se apoderar de você, então a tortura será uma coisa temível. Ele se agarra a você até ver você morto.
Ele é como uma sanguessuga, voraz pelo seu sangue. Ele não desiste de seu cruel domínio sobre você até explodir, cheio de tanto sangue".
Agur, neste texto, ilustra os homens que anelam por mais e mais, uma natureza destrutiva de indivíduos sanguinários que nunca matam ou aleijam o suficiente, ou roubam o suficiente, ou corrompem o suficiente, ou exploram o povo o suficiente. Agur, portanto, revela a cobiça humana que jamais se satisfaz; a concupiscência de certas pessoas que sempre desejam mais e mais.
Conclusão
Quem as filhas da sanguessuga e seus discípulos
De acordo com Salomão, a sanguessuga é mãe de gêmeos homônimos. Suas crias são conhecidas com o sugestivo nome de "Dá". Elas são comparadas a três coisas que nunca se fartam, e quatro que jamais dizem "basta": a sepultura, a madre estéril, a terra que não se farta de água, e o fogo, que em sua fúria, jamais se sacia.
Dá e Dá são a "igreja", as instituições públicas, nós mesmos que numa relação incestuosa com o pecado, geram cada vez mais sanguessugas, ávidas de poder, fama e dinheiro. Talvez hoje, Salomão as chamasse de "Toma lá" e "Dá cá".
A sepultura é aquela que recebe o cadáver, e o decompõe. Não há exceção: todos os que nela são colocados se corrompem (nos dois sentidos). A sepultura é semelhante às filhas da sanguessuga. No caso em questão, a sepultura é aquela igreja institucionalizada, que se tornou o ambiente onde cadáveres vivos, verdadeiros zumbis, estão se decompondo em plena luz do dia. A ética é relativizada e flexibilizada de acordo com os mais escusos interesses. Engolem-se camelos, enquanto mosquitos são cuidadosamente coados.
A madre estéril somos nós quando já não geramos filhos, pois vive de adesões, e não mais de conversões.
A terra, por sua vez, tem um incrível poder de absorção. Não importa o volume de água, ela sempre o absorve. Assim, por vezes, nós a igreja do Senhor viemos absorvendo as práticas do mundo, sob o pretexto de contextualizar-se, tornando-se menos intransigente, e mais atraente aos olhos do mundo, principalmente dos poderosos.
O fogo voraz não pode ser detido. Por onde passa, deixa um lastro de destruição e prejuízo. Tal é o apetite das filhas da sanguessuga.
A igreja dos sonhos de Deus é bem diferentes da sanguessuga e suas filhas. Enquanto estas jamais dizem "basta", a genuína igreja é a que declara em uníssono com Paulo:
"A Tua Graça me basta!"
[Fonte: O Bom Samaritano, por Pr. Sérgio Pereira – Pastor Setorial na AD Floripa, bacharel em Teologia, especializado em teologia prática, professor, conferencista e escritor; Revista Comunhão; Saúde iG.]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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