terça-feira, 4 de junho de 2019

O DESAFIO DE SER QUEM DEUS TE CHAMOU PARA SER

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"A voz de Deus troveja maravilhosamente; Ele faz coisas grandiosas, acima do nosso entendimento. Ele diz à neve: 'Caia sobre a terra', e à chuva: 'Seja um forte aguaceiro'" (Jó 37:5,6, grifo meu).
Lendo esse versículo do livro de Jó, me veio uma reflexão à mente. Temos vivido em tempos onde a autenticidade tem sido algo cada vez mais raro na sociedade. E é muito triste se constatar que mesmo no meio cristão, ser uma cópia, um clone, um remake de outras pessoas é algo comum. Muito, creio eu, por causa da enorme constelação de astros e estrelas do high society gospel, potencializados pelo advento das mídias/redes sociais.

Quem sou e quem é você?


"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
Há 242 anos, Antoine Laurent Lavoisier (★1743/✞1794), o francês considerado "o pai da química moderna", disse essa célebre e conhecida frase cheia de verdade. Pois é, mas atualmente, fizeram uma adaptação na frase de Lavoisier e criaram "Na mídia nada se cria, nada se perde, tudo se copia". Nascer é um presente do Criador do Universo. O nascimento é o canal natural que conduz a vida ao seu destino – a matéria. A vida é a energia universal que anima a matéria. É necessário, por imperativo das leis naturais, nascer para progredir e progredir sempre. Tudo que tem vida na Terra nasce. Os homens nascem, os insetos nascem, as plantas nascem, os animais nascem, as aves nascem, os micro-organismos nascem, os animais marinhos nascem. Enfim, tudo é vida animando a matéria. 

Desde o princípio de todas as coisas e de tudo o que existe. Tudo tem um objetivo e uma finalidade – a perfeição da própria vida. Nascer é como o Sol. Nasce e morre para nascer de novo; é tão sublime e imprescindível a vida, que, somente nascendo de novo poderemos transformá-la em energia pura. É aí onde se assenta todo o conhecimento e toda a sabedoria do Criador do universo. Tudo nasce. Tudo se cria. Tudo se origina. Tudo se transforma e tudo evolui, a partir do relativo para o absoluto. Nada fica inerte no universo. Tudo se movimenta. É sopro benfazejo do Criador animando todas as coisas.

Mas porque então tanta gente "quer ser o outro"? Porque tanto esforço em querer fazer o que os outros fazem igual ao que os outros fazem? É muito comum encontrarmos nos púlpitos evangélicos, verdadeiras cópias (e, convenhamos, cópias mau feitas) de pregadores famosos. Cláudio Duarte, Silas Malafaia e Marco Feliciano são os mais copiados. 

É horrível, bizarro, de extremo mal gosto quando você se depara com alguém no púlpito tentando imitar a veia cômica de stand up do Cláudio Duarte, a truculência pentecostal de Silas Malafaia ou a energia quase cósmica do Marco Feliciano. Há os que têm a cara de pau de copiar até mesmo as mensagens que eles pregam. Quando questionados, dizem que "foi inspiração". Sim, mas e a inspiração divina através do Espírito Santo, que usa a cada um de nós, de acordo com seu perfil, o que foi feito dela?

Por que Deus não mudou João Batista?


Por incrível que possa parecer, há no meio evangélico, quem acredite de forma velada na doutrina da reencarnação. Te assustei, né? Pois é! Mas é verdade. Muitos, para justificar a prática de ficar copiando o ministério alheio, usam o seguinte texto como desculpa:

Em Lucas 1:15-17, lemos que João Batista viria "no espírito e virtude de Elias", ou seja, para continuar o ministério profético que Elias desempenhou no Antigo Testamento (e não que João Batista seria o próprio Elias ou muito menos ainda que o copiaria, pois quando Jesus fala de "espírito e virtude", Ele está se referindo na essência, no conteúdo e no propósito profético de João Batista). Vejamos:
"E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias [e não sendo "o próprio Elias"], para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1:17, grifo meu).
Observe a resposta de João Batista quando indagado: 
"E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: 'Quem és tu?...' E perguntaram-lhe: 'Então quê? És tu Elias?' E disse: 'Não sou..." (João 1:19,21). 
João Batista era um cara autêntico, diferentão, fora dos padrões, um verdadeiro "Capitão Caverna". 
"E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre" (Mateus 3:4).
Aliás, talvez se fosse hoje, João Batista não seria convidado para ministrar em muitas denominações elitizadas por seu estilo, digamos, nada convencional. Ao mesmo tempo, ele poderia servir de "inspiração" para os mais, digamos, descolados, só para chocar e/ou "fazer a diferença". Mas uma coisa é certa: João Batista era autêntico. Ele não copiou nem a Elias nem a ninguém. Respondeu ao chamado do Senhor que o usou exatamente como ele era. Deus é autêntico, por isso, Ele se agrada da autenticidade.


Ana Paula Valadão e suas "sócias"


Outra que é copiada no meio evangélico - agora não tanto como no seu início de carreira - é a cantora do Diante do Trono, a Ana Paula Valadão. Muitas irmãzinhas (E até irmãozinhos também!), ao se aventurarem em cantar as músicas do Diante do Trono, não se envergonham de tentarem imitar a voz e o jeito da Ana Paula, mas até mesmo os cânticos espontâneos, os choros dela são imitados nos púlpitos. 

Certa feita, em uma reunião de culto de determinada igreja batista na qual eu congregava, fiquei estupefato ao ouvir a mocinha no altar imitando tom por tom, palavra por palavra, gesto por gesto, "miada por miada" da ministração na música "Águas Purificadoras". Ficou tão evidente, mas tão evidente que a tal moça estava imitando, que o clima na igreja congelou mais que o interior de um iglu no Polo Norte. Uma coisa medonha, horrorosa. 

E na música Ana Paula Valadão não é a única a ser copiada. O irmão dela, André Valadão, o Fernandinho, o Mattos Nascimento (na época em que era famoso, principalmente, entre os pentecostais), a Fernanda Brum, a Aline Barros ("...Remove a minha peeeeeeeeee...dra...")... É grande a lista, como eu disse no início, é uma constelação de estrelas fulgurantes no céu da fama e sua multidão de fiéis seguidores, muitos deles, imitadores. E o que dizer dos cantores gospel imitando os cantores "seculares"?

Quem Deus te chamou para ser?


Voltando à análise do verso com o qual eu abri esse artigo, Deus diz à neve, "Caia sobre a terra." Só isso. Faça uma coisa. Apenas caia. E então Ele diz à chuva, "Seja um forte aguaceiro." Essencialmente Ele está dizendo: apenas faça aquilo que eu te criei para fazer. Você é chuva… Então seja chuva. Você é neve… Então seja neve. Eu amo a simplicidade disso, o tremendo peso que tira dos meus ombros. Deus me mandando ser aquilo que Ele me criou para ser. E Ele te mandando ser aquilo que Ele te criou para ser.

Ele não manda a neve chover, nem a chuva se congelar e virar neve. Ele diz essencialmente: faça sua obra. Aquilo que você ama fazer, que você foi criado para fazer. Muitos de nós nos embaraçamos tentando desesperadamente ser outra pessoa. Tentando cumprir uma lista infinita de qualidades e capacidades que pensamos que nos fará ser amadas, seguros, felizes ou admirados. Essa é uma forma exaustiva de viver e que cria uma multidão de frustrados quando ao se verem frente o espelho da alma, chegam a conclusão que não são nada mais ou menos do que eles próprios.

O que Deus está mandando você fazer? O que Deus te criou para ser?


O que você faz com a facilidade e a leveza com que a neve cai? Muitos de nós, se formos honestos, já nos afastamos disso. Nós nos amarramos naquilo que alguém quer que sejamos, ou o que nos faria feliz e seguro e nos traria aprovação. Eu tenho descoberto que há um valor tremendo em voltar para nossa essência, aos amores, habilidades e paixões que Deus plantou em nós.

Quando eu olho para minha vida, eu vejo os fios das minhas paixões e da minha identidade que carreguei comigo por toda minha vida: Livros e leitura, pessoas e conexões, comida e mesas. Distância de badalações. E um desejo incontrolável de ficar sozinho comigo mesmo. Essas são as coisas que eu sempre amei, e que continuam a me trazer alegria e contentamento.

Pense em você quando adolescente, ou criança, pense no "você" que você sempre foi. Deus colocou uma bela e preciosa coleção de paixões e capacidades dentro de seu coração: O que você ama? O que faz você feliz? Muito da vida adulta é tirar as camadas de expectativas e pressões, e proteger essas coisas preciosas que estão embaixo. Nós vivemos numa cultura que tenta definir o que significa ser mulher, o que significa ser homem, ter sucesso, o que significa viver uma vida de valor.

Mas essas definições requerem que vivamos em uma esteira, figurativa e literalmente, sempre correndo para se encaixar, para ser magro(a) o suficiente, ter um corpo atlético, malhado e jovem o suficiente e brilhante o suficiente, para que nossas casas sejam grandes e sem sujeira nenhuma, nossas crianças obedientes e sempre limpas, nossos sonhos ordeiros e que tragam dinheiro. 

Os tais influenciadores digitais - muitos deles, quiçá, a maioria deles, vivendo num mundo de fantasia - são quem têm ditado as modas, os estilos, as tendências. Mas isso não é vida. Não é assim que abundância de alegria e de significado são encontradas.

A neve foi feita, criada e comandada a cair. A chuva feita, criada e comandada a chover. Você foi feito, criado e comandado a ser quem você é – esquisito e maravilhoso, imperfeito, bagunçado e amável. O que você precisa abandonar, para recuperar essa essência de quem Deus te criou para ser? Do que você precisa se afastar para recuperar aquelas partes únicas que Deus desenhou para Seus propósitos? Sabe o melhor lugar para se extrair aquelas imperfeições que te distanciam de Deus? A casa do Oleiro. Só que lá é uma "clínica de estética" na qual ninguém quer descer (Jeremias 18:1-6).

Conclusão


Não deixe o mundo te dizer o que você deve ser. Seja o que ELE te criou para ser. Eu sei que nós fomos chamados a uma vida radical, de abandonar tudo e todos, se preciso for, por Cristo. Mas, isso não quer dizer que seja pecado buscar fazer e ser aquilo que você se sente bem fazendo e sendo (a não ser que seja algo contrário à Palavra). Deus nos criou de formas específicas, com habilidades e paixões específicas. Não deixe o mundo te dizer o que você deve ser. Seja o que ELE te criou para ser. E tenha paz nisso. Não se compare com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser.

Quer imitar alguém, faça como o apóstolo Paulo, um proeminente formador de discípulos e opiniões que não pestanejou em dizer aos seus seguidores:
"Pois, ainda que venhais a ter dez mil tutores em Cristo, não teríeis, entretanto, muitos pais. 
Porquanto em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por intermédio do Evangelho. 
Sendo assim, suplico-vos que sejam meus imitadores (...) Sede meus imitadores, como também eu de Cristo" (1 Coríntios 4:15,16; 11:1 - grifo meu).
Ou seja, ele estava dizendo que devia ser imitado apenas no que de Cristo, nosso exemplo único e maior de perfeição, ele próprio era imitador. Para terminar essa reflexão, parafraseio o escritor aos Hebreus:
"Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DeusConsiderai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais" (12:1-3).
Pense nisso!

A Deus toda glória e gratidão.
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E nem 1% religião

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