domingo, 12 de novembro de 2017

ASSUNTOS POLÊMICOS - A ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR CASAIS HOMOAFETIVOS, 2ª. PARTE

O acalorado debate a respeito da adoção de crianças por pares homossexuais (a chamada "adoção homoparental"), tema cuja abordagem iniciei no artigo anterior (clique ➫ aqui) é, muitas vezes, conduzido para a área da argumentação emocional. Tal atitude é altamente prejudicial ao discernimento da questão, pois corre-se o perigo de não analisar o problema sob uma ótica objetiva, mas ideológica. 

Estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.

Sob os moldes "do mundo"


As sociedades ocidentais passaram, em décadas recentes, por uma mudança radical em sua postura a respeito da homossexualidade. O que já foi considerado um vício intolerável agora é considerado uma "orientação", que não difere em espécie (embora diferente em direção) das inclinações que levam os homens a se unirem com as mulheres e as crianças a nascerem. Esta mudança radical começou com a descriminalização da conduta homossexual e com uma crescente prontidão não só em tolerar a homossexualidade em privado, mas a falar sobre ela em público.

Nós vimos o surgimento do "homossexual público", o propagandista espalhafatoso daquele "outro" modo de vida que tenta nos persuadir de que "gay" [alegre] era a descrição certa. A partir daí seguiram-se o movimento por "orgulho gay" e as personalidades públicas que "saíam do armário" – ao ponto que não é mais tão interessante assim saber se alguém é de outra opinião. 

Neste cenário, personalidades artísticas e esportivas assumem publicamente sua homossexualidade e são ovacionadas pela chamada "mídia gayzista". O tema, antes tratado com certo cuidado pela dramaturgia, agora é escancarado explicitamente com algo até pouco tempo inimaginável: cenas de beijos (e até de sexo!) entre personagens gays, levadas ao ar em séries e novelas da televisão aberta, até no chamado horário nobre. Aliás, um mero reflexo do que se pode ver hoje pelas ruas dos grandes centros, onde os casais gays não têm nenhum problema em se expor (e ai de quem falar alguma coisa contra...).

Evolução?


A maioria das pessoas neste país adaptaram-se às mudanças. Elas podem não se sentir bem com suas expressões mais explícitas, mas estão preparadas para tolerar o modo de vida homossexual, desde que mantido dentro dos limites da decência e não viole as regras fundamentais. Entretanto, esta atitude não satisfaz aos ativistas.

Pois tolerar é desaprovar. Só quando uma conduta ofende a alguém é que a pessoa precisa exercitar sua tolerância e os ativistas querem que as pessoas tratem a homossexualidade como normal. Por meio das idéias escorregadias de discriminação e direitos humanos, eles usaram a lei para promover sua agenda.

A homossexualidade agora é tratada pela lei como uma tendência comparável em quase todos os aspectos à heterossexualidade, de modo que qualquer tentativa de diferenciar as pessoas por motivo de sua "orientação" (o termo "opção" já foi lançado por terra pelo ativistas que defendem que o indivíduo "não opta" por ser gay, mas "nasce gay") – seja como candidatos a um emprego ou como beneficiários de direitos – é considerada uma "discriminação" injusta, comparável em sua abominação moral à discriminação por motivo de raça ou sexo.

De forma geral, viemos a aceitar que leis contra discriminação podem ser necessárias, a fim de proteger os que sofreram no passado com preconceitos hostis. No entanto, volta e meia nós nos damos conta do fato de que, embora a homossexualidade tenha sido normalizada, ela não é normal. Nossa aceitação do estilo de vida homossexual, de casais de mesmo sexo e do cenário gay não eliminaram nossa sensação de que estas são alternativas a alguma coisa e que é a outra coisa que é normal.

Esta outra coisa não é o desejo heterossexual, concebido como uma "orientação". É a união heterossexual: a junção de um homem e uma mulher em um ato que leva, no curso natural das coisas, não só a um compromisso mútuo, mas ao nascimento de crianças, à criação de uma família e aos hábitos de auto-sacrifício dos quais, independente do que se pense e diga, o futuro da sociedade depende.

A propaganda que tenta reescrever a heterossexualidade como uma "orientação" na verdade é uma tentativa de nos persuadir a fazermos vista grossa à real verdade sobre a união sexual, e que, em sua forma normal, ela é o modo pela qual uma geração dá lugar à próxima.

Esta verdade é reconhecida por todas as grandes religiões e é endossada pela perspectiva cristã a respeito do casamento como uma união criada por Deus. Isto explica em grande parte a relutância de todas as pessoas religiosas em endossarem o "casamento gay", que elas vêem como uma tentativa de reescrever em termos meramente humanos o contrato eterno com a sociedade.

Para colocar a coisa de outro modo, elas vêem o "casamento gay" como a profanação de um sacramento. Daí o conflito crescente entre a agenda gay e a religião tradicional, do qual a atual disputa a respeito de "direitos de adoção" é o último sinal.

Famílias tradicionais ou famílias alternativas, eis a questão


De acordo com a visão cristã – e ela é compartilhada, eu acredito, por muçulmanos e judeus – a adoção significa receber uma criança como membro da família, como alguém com o qual você está comprometido do modo que um pai e uma mãe estão comprometidos com seus próprios filhos.

Este é um ato de sacrifício, realizado em proveito da criança e com vistas a dar àquela criança o bem-estar de um lar. Seu objetivo não é gratificar os pais, mas assumir a criança, tornado-a parte da família. Para pessoas religiosas, isto significa dar à criança um pai e uma mãe.

Qualquer outra coisa seria uma injustiça com a criança e um abuso de sua inocência. Logo, não existe esta história de "direitos de adoção". Adoção é a suposição de um dever e os únicos direitos envolvidos são os direitos da criança.

Neste sentido, nada melhor que introduzir nessa polêmica uma interlocutora de peso e que fala com conhecimento de causa: Dawn Stefanowicz, a canadense que foi criada durante vários anos por pais homossexuais e hoje faz palestras a favor do matrimônio entre um homem e uma mulher. 

Dawn Stefanowicz é autora de "Out from under: The Impact of Homosexual Parenting" ("O impacto da paternidade homossexual"), livro em que conta sua experiência do tempo em que foi criada pelo pai, um homem com hábitos dissolutos.

Segundo ela, o pai mantinha relacionamentos sexuais com outros homens mesmo antes da morte da mãe. Ao se tornar viúvo, entregou-se de vez à vida lasciva, trocando rotineiramente de parceiros, expondo a então criança à situações traumáticas. Após ter contraído o vírus da AIDS, faleceu em decorrência da doença no ano de 1991.

Contra as propostas de legitimação da adoção por homossexuais, Dawn Stefanowicz argumenta que o lar homossexual não é adequado para a educação de uma criança, pois nele, ela não aprendeu 
"a respeitar a moralidade, a autoridade, o matrimônio e o amor paternal". 
Referenciais que são imprescindíveis para a formação humana de todo indivíduo. Ela ainda acrescenta que 
"as crianças necessitam de limites e expressões de carinho consistentes e apropriadas em casa e na comunidade, e que não sejam sexualizadas".
Prossegue dizendo que 
"os direitos humanos servem para proteger o indivíduo, não grupos, e neste debate crucial, os direitos das crianças estão se tornando secundários, ignorados e negados".
A quais direitos ela se refere? O que é muitas vezes apresentado como mote da campanha pela adoção por homossexuais é a possível felicidade que esses pares poderiam oferecer a essas crianças. Não se nega aqui essa possibilidade e a capacidade de afeto das pessoas com tendências homossexuais. 

Todavia, quando se fala em adoção fala-se no direito da criança em primeiro lugar, e esse direito inalienável fundamenta-se na necessidade de um pai e de uma mãe. Quando se negligencia essa questão equipara-se a adoção de crianças à adoção de um mascote qualquer.

Ora, se o direito da criança não se baseia no de ter uma família, mas "criadores", qualquer um que quiser e desejar adotar terá como fazê-lo, seja um homem, uma mulher, um grupo, uma dupla, etc. Isso constitui uma verdadeira violência à criança, pois vale-se da sua fragilidade psicológica para introduzi-la num ambiente que, de per si, não é adequado e saudável ao seu desenvolvimento enquanto pessoa humana.

Todos aqueles que são órfãos de pai ou de mãe são testemunhas da falta que um desses entes faz no círculo familiar. Isso ocorre por um questão natural, já que o ser humano provém de uma relação sexual entre um homem e uma mulher. Negar isso é negar o óbvio. 

Ademais, os ambientes relativos às pessoas homossexuais geralmente estão impregnados de elementos com forte apelo sexual e com uma moral extremamente permissiva. É de conhecimento público que a chamada cultura gay defende uma postura sexual liberal. 

Não significa que todas as pessoas criadas por homossexuais serão homossexuais, mas que estarão submetidas inegavelmente a uma cultura que as influenciará, assim como alguém exposto constantemente a situações de violência tenderá a reproduzi-las.

Contra este argumento, o apelo a leis "anti-discriminação" é certamente irrelevante. O propósito da adoção não é gratificar os pais adotivos, mas ajudar à criança. E já que, segundo a visão religiosa, a única ajuda que pode ser oferecida é a disponibilização de uma família de verdade, excluir os casais gays não é um ato maior de discriminação do que excluir ligações incestuosas ou comunas de "swingers" promíscuos.

Conclusão


Na verdade, o pressuposto de que a adoção é inteiramente uma questão de "direitos" a partir da perspectiva dos pais mostra a inversão moral que aflige a sociedade moderna.

Ao invés de considerarem a família como o modo de atual geração se sacrificar pela próxima, estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.

Opor-se à adoção homossexual não é acreditar que os homossexuais não devam ter nenhum contato com crianças. De Platão a Britten, os homossexuais se destacaram como professores (muitas vezes sublimando seus sentimentos eróticos, como fizeram estes dois grandes homens), cultivando as mentes e espíritos dos jovens.

Mas foi Platão quem, nas Leis, apontou que os homossexuais, como os heterossexuais, devem aprender a via do sacrifício e que não são desejos atuais que devem guiá-los, mas os interesses de longo prazo da comunidade.

E certamente não é implausível pensar que é mais provável que estes interesses de longo prazo sejam mais protegidos pela religião do que pelas ideologias políticas que regem as ideologias dos militantes esquerdopatas.

[Fonte: CACP]

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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