sábado, 5 de agosto de 2017

ESPECIAL SALMOS - 10) A ADORAÇÃO CRISTÃ


A igreja que não sabe adorar precisa ser entretida. Em tempos como o nosso onde o entretenimento se faz presente em praticamente quase todas as igrejas. O interessante é que boa parte das comunidades evangélicas que defendem uma plena adoração, vivenciam em seus momentos de louvor com música, extravagâncias inomináveis onde o entretenimento e o lazer ser fazem presentes. Nessa perspectiva a igreja "sai do chão" mediante gritos histéricos, ruge como leão, cai no poder, sapateia no re-te-té, além é claro de promover esquisitices que nos fazem ruborizar de vergonha.

Caro leitor, a grande incoerência dos que se dizem "portadores" da adoração é que não adoram, isto porque, a verdadeira adoração tem por característica a ausência de argumentos que fazem com que o homem esteja no centro de todas as coisas. A grande questão é que quando o homem ocupa o centro do culto, da música e da teologia, o louvor torna-se antropocêntrico proporcionando assim o afloramento da indústria do entretenimento. A igreja que adora, tem Cristo no centro de seu culto o que se contrapõe a adoração humanista onde o que importa é a satisfação do freguês. Neste artigo proponho uma análise da adoração sobre a perspectiva do Salmo 122.
"Alegrei-me quando me disseram: Vamos á casa do SENHOR. Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém. Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta. Onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, até ao testemunho de Israel, para darem graças ao nome do Senhor. Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti.Por causa da casa do Senhor nosso Deus, buscarei o teu bem" (Salmos 122:1-4,6,8,9).
A verdadeira adoração nasce do mais íntimo do ser, e transborda em louvor, exaltação e gratidão a Deus. Os judeus, principalmente os que tinham vido do cativeiro, acalentavam um sentimento todo especial ao entrarem em Jerusalém era o lugar santo por excelência. Hoje, o cristão fiel, sente-se de igual modo feliz quando, em reverência e santidade, vem à casa de Deus para adorá-lO.

I. Conceitos de adoração


1. Conceito geral - A palavra "adorar" vem do latim "adorare", significando render culto, reverenciar, venerar, amar extremosamente. A adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram à majestade do grande Deus do céu e da terra.

2. Conceito bíblico 
  • a) Glorificar a Deus - Paulo, falando aos coríntios sobre a liberdade e o amor cristãos, recomenda:
"Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10:31).
Deste versículo, podemos deduzir que adoração é glorificar a Deus eu tudo, em todas as áreas da vida.
  • b) O culto racional a Deus - Implica em adorar a Deus, apresentando o nosso 
"corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o... culto racional" (Romanos 12:1).
Isto quer dizer que todas as partes do nosso corpo devem ser consagrada a Deus, pois o nosso corpo é templo do Espírito Santo (1 Co 6:19; João 16:14).
  • c) Louvar a Deus - O vocábulo 'louvar' vem do latim 'laudare', e significa exaltar, glorificar, bendizer. Cantar é, sem dúvida, a forma mais usada na adoração a Deus. O salmista confessa:
"...e a minha boca te louvará com alegres lábios" (47:6; 63:5).

II. Adoração no Antigo Testamento


1. Centrada num lugar - Os judeus, no Êxodo, tinham a sua vida religiosa em torno do Tabernáculo, no deserto. Depois, a adoração foi centralizada no Santo Templo, e após o exílio babilônico, nas sinagogas.

2. Restrita aos homens - Somente os homens poderiam comparecer às três festas anuais "diante do Senhor" (Êxodo 23:17).

3. De caráter nacional - Jerusalém centralizava o culto a Deus. Era proibido oferecer sacrifícios em qualquer outro altar a não ser no que se encontrava no Tabernáculo e, posteriormente, no Santo Templo.

4. Centrada no sacerdote - O povo, durante o culto, ficava na parte externa do Tabernáculo, ou do Templo. No lugar santo, só entravam os sacerdotes: e, ao Santo dos Santos, onde se achava a arca do testemunho, só tinha acesso o sumo sacerdote e, assim mesmo, apenas uma vez por ano (30:10). 

5. Ritualística - Embora todo ritual no AT, fosse símbolo do sacrifício de Cristo, o cerimonial sempre acabava por prevalecer, de modo marcante, sobre a essência do culto. A adoração, pois, era muito mais exterior que interior.

6. Sacrifícios cruentos - No culto do AT, havia sacrifícios de animais (Levíticos 17:11; Hebreus 9:19-22).

7. Ministério de louvor - No AT havia um ministério regular de louvor, abrangendo cantores e músicos coletivamente (1 Crônicas 23:5; 25:7).

III. Adoração no Novo Testamento


1. Em espírito e em verdade - Jesus veio trazer uma nova dimensão na adoração a Deus. Ela não se restringiria a um lugar específico. Respondendo à mulher samaritana, que argumentava quanto ao lugar da adoração, Jesus foi categórico:
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade..." (Jo 4:23).

2. No Templo, nas casas - Os apóstolos ensinavam o Evangelho no templo e nas casas (Atos 5:42; 20:20).

3. Não ritualística - No NT, não há mais necessidade de ritualismo. Pois Cristo, o Cordeiro de Deus, já cumpriu todos os sacrifícios, em nosso lugar, efetuando eterna redenção (Hb 9:11-15).

4. Culto racional - Como já foi dito, o culto racional é o verdadeiro culto a Deus, e só pode ser prestado por quem tem a mente renovada. Somente assim podemos experimentar a 
"boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12:1.2).

5. Louvor congregacional - No NT, as igrejas valorizam o canto congregacional (Efésios 5:19).

6. A ação do Espírito Santo - No AT, a ação do Espírito Santo era, entre o povo, esporádica. Já no NT, a adoração é essencialmente movida pelo Espírito Santo. Infelizmente, o culto-espetáculo, centrado no homem, nas pirotecnias tecnológicas, nas performances dos artistas gospel, nos cenários e atmosferas produzidos, invadiu muitas igrejas.

IV. A adoração na Casa do Senhor


1. A alegria na adoração - "Alegrei-me quando me disseram: 'Vamos à Casa do Senhor" (v. 1) - Davi externa, nessa expressão, toda a sua alegria por lhe haverem convidado a ir ao Santo Templo, em Jerusalém. É uma felicidade poder ir à igreja, por mais humilde que esta seja, para adorar a Deus.

2. Por que a Casa do Senhor é tão importante? 
  • a) É o lugar onde habita o nome do Senhor - O nome santo (Êx 20:7); nome admirável (Sl 8:9).
  • b) É o lugar santo - Nele, está a presença do Senhor (Êx 3:5). Deve-se guardar o pé (ou seja, ter reverência), quando se entra na Casa de Deus (Eclesiastes 5:1). Santidade convém à Casa do Senhor (Sl 93:5).
  • c) É o lugar onde a glória de Deus se manifesta - Na dedicação do Templo, por Salomão, uma nuvem de glória encheu a casa de modo que os sacerdotes não podiam manter-se em pé
"porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor" (1 Reis 8:10,11).
  • d) Lugar onde há a verdadeira alegria 
"Na tua presença há abundância de alegrias" (Sl 16:11).
  • e) Lugar de zelo pelas coisas de Deus 
"Pois o zelo da tua casa me devorou..." (69:9). 
Hoje, muitos crentes entram e saem do templo sem esboçar a menor reverência. Chamam isso de "liberdade" e, sob a interpretação equivocada do que seja a verdadeira liberdade, se portam de maneira inconveniente e, muitas vezes, até indecente na Casa de Deus. Na desculpa de não serem religiosos, se tornam libertinos, irreverentes.
  • f) Lugar de oração - Jesus entrou no templo, e revoltou-se ao ver o mercantilismo na Casa do Senhor. Agiu de modo enérgico, expulsando de lá os vendilhões, dizendo:
"A minha casa será chamada casa de oração" (Mt 21:12,13). 
O que mais falta, hoje, nas igrejas e nos lares, é oração.

V. Oração pela cidade onde moramos


1. "Ó Jerusalém!" (v. 1) - Admirado, Davi contemplava Jerusalém como se fora esta (e realmente o era) "...uma cidade bem sólida" (v. 3). Isto se referia também à unidade que Jerusalém inspirava às diversas tribos hebreias, pois tinham com a cidade como ponto de referência. E, a Jerusalém, iam eles, anualmente, adorar a Deus (v. 4).

2. "Orai pela paz de Jerusalém" (v. 6a) - O salmista sabia que só podia adorar a Deus em paz se a cidade também estivesse em paz. É necessário que oremos pela cidade onde moramos, pois suas estruturas econômica, social, política, administrativa e espiritual, encontram-se, via de regra, sob a opressão do diabo.

3. "Prosperarão aqueles que te amam" (v. 6b) - Este é um dos versículos favoritos dos judeus. Eles creem que, orando por Jerusalém, serão galardoados por Yavweh com a bênção da prosperidade. E não estão errados, pois a prosperidade dos judeus é inquestionável.

Conclusão


Sem teologia não tem louvor de verdade. O que nos faz cantar é entender quem Deus é e o que Ele fez por nós. Louvor não é um fim em si mesmo, mas o resultado final de um processo de compreensão e entendimento da Pessoa e Obra de Deus, em Cristo. 
"Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome. E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem" (Lucas 1:49,50).
Maria se referiu a Deus como sendo poderoso, Deus santo, a sua misericórdia vai de geração a geração. Ele é o Deus misericordioso. Poderoso, Santo, Misericordioso. Maria tinha uma concepção muito correta a respeito de Deus. E aqui eu quero fazer uma relação que eu considero extremamente importante.

Ela engrandeceu a Deus e sua alma se alegrou em Deus porque ela conhecia Deus. Ela sabia quem Deus é. Ela tinha uma noção certa de quem é Deus. A teologia de Maria era boa, a teologia dela era correta. Ela se referia a Deus como o Senhor, o Salvador, o Poderoso, o Misericordioso e o Santo. Em sua adoração, ela cita vários dos atributos de Deus. A religião de Maria, ou a piedade de Maria, não era um conhecimento superficial de Deus, mas um conhecimento profundo do Deus de Israel que age na história, que cumpre suas promessas, que tem um propósito e que tem uma direção. 

As vezes nós reclamamos ou sentimos falta nas igrejas de mais exaltação a Deus, de uma adoração mais profunda. Eu fico até com pena as vezes dos dirigentes do grupo de louvor que ficam tentando animar o povo. "Vamos gente, vamos cantar, se libertem!" Você sabe o o que é que produz verdadeiro louvor? Boa teologia! Se o povo sabe quem é Deus, se o povo tem consciência desse Deus como Maria teve, vai acontecer a mesma coisa: a minha alma vai engrandecer a Deus e meu espírito vai se alegrar nEle!

Porque Ele me escolheu, Ele contemplou a minha humildade, Ele fez grandes coisas por mim, porque Ele é o santo poderoso, misericordioso, senhor e salvador. Perceba como tem uma relação entre o engrandecimento de Deus que Maria faz, a exaltação que ela faz a Deus, e a teologia dela, o conhecimento que ela tinha de Deus. Agora como é que você pode querer que pessoas engrandeçam a Deus quando elas não conhecem a Deus? Se você de fato conhece a Deus, se você tem consciência de quem Ele é, você não vai conseguir impedir que a sua alma e o seu espírito engrandeçam a Deus e se alegrem, porque o louvor é o resultado natural da teologia. Você quer adoração, você quer verdadeiros adoradores, você quer gente que engrandeça a Deus? Ensine esse pessoal. Ensine as pessoas a respeito de Deus. Mostre quem Ele é e as coisas que Ele fez, que Ele faz e que Ele fará e o louvor vai brotar naturalmente.

Eu lamento profundamente que hoje em dia no Brasil haja um movimento que promove o louvor pelo louvor, como um fim em si mesmo. Mas o louvor e a adoração não são um fim em si mesmos, mas um resultado final lá na ponta de todo um processo de instrução e conhecimento de Deus. Quando você foca no louvor por louvor como um fim em si mesmo, você vai torná-lo superficial, comercial, promocional. As pessoas estão cantando aquilo que elas não sabem. Você está querendo produzir sentimentos que não tem base doutrinária ou que não são resultado da compreensão verdadeira de Deus. 

É claro que, por outro lado também, não adianta nada saber intelectualmente muita coisa de Deus se isso não se transborda em adoração, em louvor e engrandecimento de Deus. Nós queremos as duas coisas: corações cheios de alegria, de paz e de gratidão como resultado de mentes que compreenderam quem é Deus e o que é que Deus faz, o que é que Ele tem feito, o que Ele fará, pois isso reflete o que deve ser a essência da adoração: que Ele é.


A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.

Um comentário:

  1. Pr. Leo, os Salmos nos ensinam a adorar a Deus,pois são salmos de louvor e adoração e o 122 inclusive aprecio muito,apesar de eu ler pouco os salmos,mais depois dos salmos 23 e o 91 este citado aí parece ser o mais lido,principalmente quando as pessoas têm a oportunidade na igreja e elas não tem nada de Deus para falar porque estão vazias se recorrem aos salmos inclusive nestes. Os crentes modernos estão sem intimidade com Deus porquê não buscam e por que estamos vendo uma igreja fraca e infelizmente muitos Pastores são culpados porquê até eles perderam a intimidade ou nunca tiveram, devemos lutar pra melhorarmos isso. Deus abençoe sua vida.

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