"Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e invejas" (Romanos 13:13).
O verdadeiro cidadão dos céus é uma pessoa íntegra em sua vida espiritual, social, moral, cívica e pessoal.
1 "SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
2 Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração.
3 Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
4 A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.
5 Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas contra o inocente. Quem faz isto nunca será abalado" (Tradução Almeida Corrigida Fiel).
1 "Ó Senhor Deus, quem tem o direito de morar no teu Templo?
Quem pode viver no teu monte santo?
2 Só tem esse direito aquele que vive uma vida correta, que faz o que é certo e que é sincero e verdadeiro no que diz.3 Ele não fala mal dos outros, não prejudica os seus amigos e não espalha boatos a respeito dos seus vizinhos.
4 Ele despreza aqueles que o Senhor rejeita, mas trata com respeito os que o temem. Ele cumpre o que promete, mesmo com prejuízo próprio,
5 Empresta sem cobrar juros e não aceita suborno para ser testemunha contra pessoas inocentes" (Nova Versão na Linguagem de Hoje).
Salmos 15:1-5
No Salmo 15, encontramos preciosas lições sobre o caráter e o perfil do verdadeiro cidadão dos céus. O crente tem dupla cidadania. Uma terrestre; e outra, celestial. Para ser cidadão da terra, é necessário que possa exercer os seus deveres e direitos civis. Mas para ser cidadão do céu, as qualificações requeridas são muito mais elevadas.
I. Uma pergunta pertinente
Cremos que Davi estava em atitude de oração ao ser levado a perguntar a Deus:
"Senhor, quem habitará no teu tabernáculo?" (v. 1a).
Com esta pergunta, o salmista obteve mais do que uma resposta para si mesmo. Obteve uma revelação das qualidades necessárias a todos os que querem ir para o céu.
- 1. Quem habitará no tabernáculo (templo, presença) de Deus? - O salmista conhecia o tabernáculo terrestre, que fora construído no deserto. Era um lugar santo. Aí, manifestava-se a presença de Deus. Davi também sabia da existência de um tabernáculo melhor, eterno, nos céus. Mas queria saber quem seriam os seus habitantes.
- 2. Quem morará no teu santo Monte? - Em Israel, havia muitas cidades e aldeias. Entretanto, era um privilégio morar no Monte Sião. No tempo de Neemias, só dez por cento dos habitantes tiveram o privilégio de morar em Jerusalém. Foram abençoados os que passaram a residir ali (Ne 11:1,2). Para Mathew Henry, o Monte Sião é uma figura da Igreja Triunfante, jamais será abalada. Os crentes fiéis estarão para sempre na Nova Jerusalém (Apocalipse 21:2,3).
Perguntas semelhantes foram feitas a Jesus - O jovem rico perguntou-lhe o que deveria fazer para herdar a vida eterna (Lucas 18:18). O carcereiro de Filipos fez idêntica indagação a Paulo e Silas (Atos 16:30). O teólogo e biblicista Mathew Henry, em sua obra Livros Poéticos (página 54) compara a Igreja Militante ao tabernáculo do deserto, pois era um lugar de reunião que estava sempre em movimento.
II. A resposta esclarecedora
No salmo em estudo, encontramos onze qualidades que indicam o perfil do verdadeiro cidadão dos céus.
1. Qualificações diante de Deus (v. 2a)
a) Anda em sinceridade - Esta é uma qualidade do verdadeiro cidadão do céu, demonstrada, primordialmente, diante de Deus. Em Gênesis 17:1, Deus ordenou a Abraão:
"...anda na minha presença e sê perfeito".
Isso equivale a ser íntegro diante do Senhor. A palavra hebraica para integridade é tamim, significando que o indivíduo íntegro é aquele que diz o que faz e faz o que diz (Tiago 2:12). O apóstolo Paulo faz idêntica exortação:
"Procura apresentar-se diante de Deus aprovado" (2 Timóteo 2:15).
b) Pratica a justiça - A justiça emana de Deus. O crente só consegue viver bem diante do Senhor, se tiver a justiça divina. Noé foi um exemplo de homem que pratica a justiça e retidão (Gn 6:9). Davi conhecia a Deus como o verdadeiro Pastor, pois somente Ele (Deus) pode nos guiar pelas veredas da justiça (Sl 23:3b).
É imprescindível que sejamos verdadeiros em qualquer circunstância. Diante de Deus não existe "meia-verdade".
2. Qualificações diante dos homens
Estas qualificações referem-se ao comportamento, ou conduta ética, do cidadão dos céus diante dos homens, sejam estes salvos ou não. Refletem o caráter ideal do servo de Deus. Tais qualidades podem servir de parâmetro para a nossa auto-avaliação. Devemos julgar a nós mesmos (1 Coríntios 11:28:31).
a) Fala a verdade - O cidadão dos céus chegou a essa condição porque, um dia, creu na verdade (João 14:6b). Ele foi liberto pela verdade (4:24). Foi santificado pela verdade (17:17). Em consequência, tem como característica básica ser pessoa que só fala "verazmente segundo o seu coração" (v. 2b). Temos de estar atentos o tempo todo e clamar o sangue de Jesus, pois vira e mexe estamos caindo no erro de falar mentiras. Somos impelidos, assediados e conduzidos a mentir.
b) Não difama o próximo (v. 3a) - Difamar vem do latim diffamare, significando "tirar a boa fama ou o crédito", falar mal de alguém. E isto é crime! O verdadeiro cidadão dos céus, o crente realmente salvo, não age assim. Se ele não puder falar bem do seu próximo (seja ele crente ou não) não há de falar mal. Tiago exorta a que não falemos mal uns dos outros (Tg 4:11). Eu não preciso nem dizer que 11 em cada 10 crentes cometem tal erro.
c) Não faz mal ao próximo (v. 3b) - Fazer mal é próprio dos malignos, dos maldosos, dos ímpios, que
"não dormem, se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém" (Provérbios 4:16).
O cidadão dos céus demonstra, em todos os aspectos de sua vida, cultivar a benignidade, qualidade daquele que só faz o bem. Fazer o mal, no texto, tem um sentido amplo: refere-se a qualquer tipo de atitude que venha a prejudicar o próximo (seja ele crente ou não) em qualquer circunstância, quer no aspecto moral, quer no social, quer no espiritual ou físico. Quem faz o mal colherá o fruto do que anda semeando (Gálatas 6:7). Infelizmente não é difícil encontrar no meio evangélico, pseudo-cristãos que agem dessa forma.
d) Não aceita afronta contra o seu próximo (v. 3) - Afronta quer dizer ofensa, ultraje, humilhação, de modo agressivo, de uma pessoa contra outra. O cidadão do céu é capaz de suportar a afronta contra si mesmo, demonstrando o fruto do Espírito, da longanimidade, mas não "aceita nenhuma afronta contra o seu próximo" (seja ele crente ou não). O fuxico e a fofoca não podem existir no meio dos crente em Jesus.
O "disse-que-disse" é obra da carne e instrumento usado pelo diabo para semear a intriga e a discórdia entre os irmãos. Numa casa de crentes, vimos certa vez um quadro, logo na entrada, em que estava inscrito: "Aqui não se fala mal dos irmãos. Ora-se por eles." Por que será que é tão mais fácil falar mal do que orar por uma pessoa? Por que será que as rodas de oração não são tão disputadas e frequentadas quanto as rodas de fofoca?
e) Despreza o réprobo (v. 4a) - Réprobo é sinônimo de reprovado, mal, perverso. O cidadão dos céus não pode aprovar, por ação ou omissão, o comportamento dos ímpios. Deve amá-los, espiritualmente, como Cristo os ama, mas desprezá-los em suas práticas pecaminosas. Neemias, ouvindo o falso convite de Sambalate, Tobias e Gesém, logo os desprezou: "Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer" (6:2,3). Jesus, diante da ameaça de Herodes, um governante réprobo, desprezou-o de imediato, chamando de raposa (Lucas 13:32).
f. Honra aos que temem a Deus (v. 4b) - Os que temem a Deus, de modo geral, estão entre os que são considerados
"como lixo deste mundo e como a escória de todos" (1 Co 4:13).
Desse modo, só quem está em condições de hontar aos que temem a Deus são os verdadeiros cidadãos do céu. Os pais crentes devem amar e honrar a seus filhos; os esposos devem honrar as esposas e vice-versa; os fiéis devem honrar os pastores e estes aos fiéis.
g) Cumpre os seus compromissos (v. 4c) - O texto do salmo diz: "aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda". No AT, as pessoas faziam juramento diante de contratos e acordos. No Novo Testamento, vemos que Jesus nos ensinou a não jurar nem pelo céu nem pela terra (Mt 5:34). Ele exortou seus seguidores a serem pessoas íntegras no cumprimento da palavra, dizendo:
"Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna" (5:37).
Uma pessoa, que se diz cristã, e compra e não paga; pede dinheiro emprestado, prometendo pagar tal dia e. depois, fica evitando o credor, não é cidadã do céu. Que Deus guarde as igrejas desse tipo de pessoa.
h) Não empresta seu dinheiro com usura (v. 5a) - Pedir dinheiro emprestado não é coisa boa (ver Provérbios 22:7). Às vezes, porém, certas circunstâncias obrigam o crente a fazê-lo (todos nós estamos sujeitos a isso, ainda mais em tempos tão difíceis). Se tivermos condições de ajudar alguém, concedendo-lhe um empréstimo, devemos fazê-lo de modo cristão e compassivo (Sl 37:26), sem explorar o próximo, nem lhe cobrando a usura (juros).
i) Não aceita suborno (v. 5b) - Suborno quer dizer peita, corrupção. Subornar é dar dinheiro pra conseguir alguma coisa que vá de encontro (ou seja, se choca) à moral e aos princípios cristãos. O cidadão dos céu jamais aceita tal prática seja contra o culpado e muito menos contra o inocente. No AT , o suborno era condenado com rigor (Isaías 1:23; 5:23; Ezequiel 22:12). No mundo sem Deus, a prática do suborno é quase regra. Mas, como cidadãos dos céus, devemos condenar esta prática.
III. A promessa ao cidadão do céu
Seis palavras apenas são usadas, no final do salmo, para descrever o galardão do verdadeiro cidadão do céu:
"quem faz isto nunca será abalado".
Isto é, quem age de acordo com as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus, jamais sofrerá qualquer abalo. Jesus deixou bem claro que não é aquele que diz "Senhor, Senhor!" que entrará no Reino dos céus, mas o que faz a vontade de Deus (Mt 7:21).
O Senhor Jesus disse que muitos, naquele dia, alegarão que profetizaram, expulsaram demônios e até fizeram "muitas maravilhas" no seu nome (7:22). Mas tudo em vão, pois, embora agissem como se fossem justos, no íntimo, eram falsos crentes. Hoje, há pessoas que se admiram com as "maravilhas" que estão acontecendo por aí, em certos movimentos religiosos.
Devemos estar atentos, pois, o que não falta hoje são movimentos ditos pentecostais e de avivamento, que atraem multidões pela operação de sinais, maravilhas e prodígios. Nós devemos ter sabedoria e discernimento para que andemos sob a direção do Espírito e não sejamos levados por toda nuvem de doutrina (tem um ilustre senhor aí, que diz estar na "plenitude", que se veste de mendigo na frente das câmeras, com roupas feitas de saco, mas só voa de helicóptero e, quando anda aqui embaixo, é só de carrão importado). Mas a promessa de Deus não é para quem opera milagres, nem para quem enche igrejas; é para quem tem e pratica as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus.
Conclusão
Ser cidadão dos céus, ao mesmo tempo em que se é cidadão da terra não é coisa fácil. Estamos num mundo em que a corrupção campeia por toda a parte, e, infelizmente, tem atingido até mesmo o meio evangélico em alguns casos. Contudo, conhecendo as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus, devemos esforçar-nos, pedindo a Deus que nos ajude não só a entendê-las, mas a colocá-las em prática em nosso viver diário.
A Deus toda glória.
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Nossa, muito boa esse matéria, você realmente estuda mesmo a bíblia, parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Marcelo. Sim, eu amo estudar a Palavra de Deus. É sempre muito edificante. Não deixe de acompanhar a série especial sobre os Salmos. Serão 12 artigos.
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