terça-feira, 21 de março de 2017

OS APÓSTOLOS DE CRISTO - TOMÉ

O apóstolo Tomé foi convocado por nosso Senhor para o apostolado, sendo mencionado em várias listas apostólicas. Não somos informados de seu local de nascimento ou sobre seus pais nas Escrituras, mas a tradição diz que ele nasceu na Antioquia. 

Tudo o que sabemos dele com certeza é relatado por João. Mas embora nosso conhecimento sobre Tomé seja limitado, não há um caráter entre os apóstolos mais distintamente marcante do que o dele. 

O apóstolo da dúvida


De fato, seu nome se tornou, tanto na igreja quanto no mundo, um sinônimo de dúvida e incredulidade. Um famoso artista alemão [Nicolaes Maes, 1634-1693], tendo sido designado a produzir um retrato do apóstolo Tomé, o desenhou com uma régua na mão [o quadro acima foi pintado em 1656 e está exposto no Staatliche Museen, Kassel, Alemanha], no sentido de que ele media as evidências e argumentos. 

Sua mente era pensativa, meditativa, demorada para acreditar. Ele olhava para todas as dificuldades de uma questão e se inclinava a tomar o lado negro das coisas. Mas vamos olhar, por um momento, para o retrato que a pena da inspiração divina desenhou pelas seguintes três passagens:
  • Em João 11, seu verdadeiro caráter aparece distintamente. Ele evidentemente via a viagem proposta por nosso Senhor até a Judeia com os mais sombrios pressentimentos. 
"Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele" (João 11:16). 
Em vez de acreditar que Lázaro seria ressuscitado dos mortos, ele temeu que tanto o Senhor quanto Seus discípulos encontrariam suas próprias mortes na Judeia. 
Ele não conseguia ver nada em tal viagem além de um completo desastre. Isso também é característico. Ele tinha profunda afeição pelo Senhor, e tal era sua devoção que, embora a viagem pudesse custar a vida de todos eles, ele desejava ir.
  • A segunda vez em que ele é referenciado é após a Última Ceia (João 14). Nosso Senhor falava de sua partida, do lar que Ele iria preparar para eles no Céu, e que Ele viria de novo e os receberia para Ele mesmo, de modo que onde Ele estivesse eles estivessem também. 
"Mesmo vós sabeis para onde vou", acrescentou Ele, "e conheceis o caminho" (João 14:4). 
Mas para a mente do nosso apóstolo essas belas promessas apenas despertaram pensamentos sombrios sobre o invisível, o desconhecido e o futuro. 
"Disse-lhe Tomé: 'Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?'" (João 14:5). 
Evidentemente, ele estava ansioso para ir, e sincero em seus questionamentos, mas ele desejava ter certeza do caminho antes de dar o primeiro passo. 
"Disse-lhe Jesus: 'Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim'" (João 14:6). 
Contanto que o olho esteja fixo em Cristo, é impossível darmos um passo em falso. É apenas o olho que recebe a luz dos céus que lança seu brilho sobre todo o caminho.
  • A terceira vez foi após a ressurreição (João 20). Ele estava ausente quando o Senhor ressurreto apareceu pela primeira vez aos discípulos. Quando contaram a ele que eles tinham visto o Senhor, ele obstinadamente se recusou a acreditar no que eles diziam. Pelo que ele diz, podemos razoavelmente concluir que ele tinha visto o Senhor na cruz, e que tal esmagadora visão havia produzido uma profunda impressão em sua mente. 
"Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei" (João 20:25). 
No seguinte dia do Senhor (domingo), quando os discípulos estavam reunidos, Jesus apareceu no meio deles - Seu lugar apropriado como o centro da reunião. Novamente os saudou com as mesmas palavras de paz: 
"Paz seja convosco" (João 20:26). 
Mas logo Ele se dirige a Tomé. 
"Depois disse a Tomé: 'Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.'" (João 20:27). 
O efeito em Tomé foi imediato: todas as suas dúvidas foram removidas, e em verdadeira fé exclamou: 
"Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:28) "Disse-lhe Jesus: 'Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram'" (João 20:29).

Alguns têm pensado que a fé de Tomé, neste caso, se eleva muito acima da fé dos outros discípulos, e que nunca um testemunho tão elevado saiu dos lábios de um apóstolo. Esta opinião, embora seja comum, não pode ser fundada dado o contexto geral. 

Cristo, em resposta a Tomé, pronuncia que são mais abençoados aqueles que, não tendo visto, ainda assim creram. A fé de Tomé, naquele momento, mal podia ser chamada de fé cristã, como nosso Senhor evidentemente sugere. A fé cristã é crer naquEle que não temos visto - andando pela fé, e não pela vista.

Tomé, sem dúvidas, representa a mente devagar e incrédula dos judeus nos últimos dias, que acreditarão apenas quando verem (Zacarias 12). Ele não estava presente na primeira reunião dos santos após a ressurreição. O motivo nós não sabemos. Mas quem pode estimar a bênção que pode ser perdida pela ausência nas sancionadas reuniões dos santos? Ele perdeu as benditas revelações de Cristo quanto ao relacionamento com o Pai: 
"Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17). 
Sua fé não está conectada com sua posição de filho. "Ele não tinha ainda apreendido a eficácia da obra do Senhor", disse alguém,"e do relacionamento com Seu Pai ao qual Jesus conduziu a Sua igreja. Talvez Tomé tivesse paz, mas ele perdeu de vista toda a revelação da posição da igreja. Quantas almas - até mesmo almas salvas - se encontram nessas duas condições!"

Conclusão


Os futuros trabalhos apostólicos de Tomé, e o fim de sua vida, são tão cheios de tradições e lendas que não podemos saber nada com certeza. Alguns dizem que ele esteve na Índia e alguns que ele esteve na Pérsia. Seu martírio, dizem, foi ocasionado por uma lança, e até hoje se comemora isto, em 21 de dezembro pela igreja latina, em 6 de outubro pela igreja grega, e em 1º de julho pelos indianos.

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