quarta-feira, 22 de março de 2017

OS APÓSTOLOS DE CRISTO - SIMÃO, O ZELOTE E MATIAS


Simão, o Zelote


Simão, o Zelote, também chamado de "Simão, o cananeu", parece não ser a mesma pessoa que Simão, irmão de Tiago. Não temos relatos aprofundados sobre ele na história narrada no Evangelho. Ele sempre é mencionado junto com os outros apóstolos nos Evangelhos e em Atos, e depois disso desaparece da narrativa sagrada.

É geralmente aceito que, antes de ser chamado para ser apóstolo, ele pertencia a uma seita dos judeus chamada de "Os Zelotes." A principal característica deles era a feroz defesa ao ritual mosaico. Eles se consideravam sucessores de Finéias que, em seu zelo pela honra de Deus, matou Zimri e Cosbi (Número 25). 

Fingindo seguir o zelo dos sacerdotes antigos, eles achavam que tinham o direito de sentenciar à morte um blasfemador, um adúltero, ou qualquer preso notório, sem as formalidades comuns da lei. Eles alegavam que Deus tinha feito uma aliança eterna com Finéias e com a sua descendência, "porque ele foi zeloso pelo seu Deus, e fez expiação por Israel." 

Estas retumbantes reivindicações e pretensões enganaram tanto os governantes quanto o povo por um bom tempo. Além disso, sua fúria e zelo pela lei de Moisés e pela libertação do povo do jugo romano deu-lhes graça aos olhos de toda a nação. Mas, como sempre parece ser o caso em circunstâncias semelhantes, seu zelo logo se degenerou em todos os tipos de libertinagem e extravagância selvagem. Tornaram-se as pragas de todas as classes da sociedade.

Sob um pretendido zelo pela honra de Deus, eles acusavam quem quisessem de serem culpados de blasfêmia ou de algum outro pecado grave, e imediatamente os matavam e apreendiam suas propriedades. Josefo nos conta que eles falharam em não acusar alguns da "nata da sociedade" e, embora tenham conseguido tornar tudo uma confusão, não deixavam de pescar "em águas turbulentas". 

Josefo os classificou como as grandes pragas da nação. Tentativas foram feitas em diferentes épocas para suprimir a sociedade, mas não parece que eles tinham sido muito reduzidos até que, junto com todo o resto da nação incrédula, foram varridos do mapa no fatal cerco dos romanos.

Simão é frequentemente denominado "Simão, o Zelote", portanto supõe-se que tenha pertencido a essa problemática facção. Podem ter havido homens verdadeiros e sinceros entre eles, mas bons e maus passaram sob o odioso nome de "Zelote". 

Conclusão


Nada é sabido com certeza sobre os futuros trabalhos do nosso apóstolo. Alguns dizem que, após viajar por um tempo para o Oriente, voltou para o Ocidente e chegou até a Grã-Bretanha, onde pregou, fez milagres, suportou muitas provações, e finalmente sofreu o martírio. Entretanto, não há nenhum registro bíblico ou mesmo histórico sobre a atuação apostólica desse personagem, a não ser o fato de ser contado entre os 12 discípulos de Jesus.

Matias


Matias - o apóstolo eleito para ficar no lugar do traidor Judas. Ele não era um apóstolo da primeira eleição - isto é, ele não tinha sido imediatamente chamado e escolhido pelo próprio Senhor. É mais do que provável que ele era um dos setenta discípulos, e que tenha sido um acompanhante constante do Senhor Jesus durante todo o curso de seu ministério. 

Isto era uma qualificação necessária, conforme declarado por Pedro, para alguém que deveria ser uma testemunha da ressurreição. Até onde sabemos, o nome de Matias não aparece em nenhum outro lugar no Novo Testamento.

De acordo com algumas tradições antigas, ele pregou o evangelho e sofreu o martírio na Etiópia, e outros acreditam que isto ocorreu na Capadócia. Assim permitiu-se que os grandes fundadores da igreja passassem da Terra para o Céu sem que uma caneta confiável narrasse seus trabalhos - seus últimos dias - suas últimas palavras, ou mesmo o lugar de descanso de seus corpos. Mas todos serão narrados no Céu, e serão guardados em uma memória eterna. Quão maravilhosos são os caminhos de Deus, e quão contrários aos caminhos dos homens!


A polêmica sobre a escolha de Matias


O modo pelo qual este apóstolo foi eleito foi por sorteio - um antigo costume judaico. As sortes foram colocadas em uma urna e o nome de Matias foi retirado e, desse modo, ele foi o apóstolo escolhido por Deus. 
"E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. E, orando, disseram: 'Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar.' E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos" (Atos 1:23-26). 
O modo solene com o qual o sorteio foi realizado foi considerado como uma forma de se referir à decisão de Deus.
"E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo Senhor, e a outra pelo bode emissário."  (Levítico 16:8);  "A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação" Provérbios 16:33). 

Conclusão


O fato de terem lançado sortes, não causa problema algum ao texto, já que esse era um método aprovado e comum no Antigo Testamento (Lv 16:8; Pv 16:33), e não existe nenhuma reprovação a essa atitude em todo Novo Testamento. Contudo, os apóstolos, é bom lembrar, ainda não tinham recebido o dom do Espírito Santo. O sorteio nunca mais foi repetido após o dia de Pentecostes.

Após a ressurreição, sabemos tanto de Matias quanto sabemos de Bartolomeu, por exemplo, e ninguém sugere que Bartolomeu não seja considerado como um dos doze.

Por fim, o próprio Apóstolo Paulo falando de sua situação, se coloca como um apóstolo fora do tempo, ou seja, ele também viu o Cristo ressurreto, seu apostolado foi legítimo e confirmado, porém essa revelação e, consequentemente seu chamado, ocorreram posteriormente, no momento oportuno preparado por Deus.
"E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo" (1 Coríntios 15:8).
Em nenhuma de suas Epístolas, o Apóstolo Paulo reivindica sobre si uma posição entre os doze, ao contrário, ele claramente considera Matias no grupo dos doze que viram Jesus após a ressurreição (1 Co 15:5).

Quanto a Matias, duas tradições se propõem a dar uma explicação sobre seu paradeiro após ter sido escolhido um dos doze. Uma delas sugere que Matias pregou na Judeia, e acabou sendo apedrejado pelos judeus. A outra defende que Matias foi um grande evangelizador na Etiópia. 

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