segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A SÃ DOUTRINA - O PECADO E O PERDÃO DE DEUS

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor" [Romanos 6:23]. 
Com base nas perguntas frequentes feitas pelos leitores do blog, parece que a doutrina bíblica do pecado não é bem compreendida por muitas pessoas atualmente. Alguns cristãos vivem aterrorizados com a possibilidade de perderem a salvação se caírem no pecado. Ao mesmo tempo, no outro extremo, alguns pensam que têm uma boa compreensão do assunto, mas mostram sua ignorância ao insistirem que é possível chegar ao ponto da "perfeição sem pecar" nesta vida. Ambos os extremos estão totalmente errados, conforme esperamos demonstrar com base na Palavra de Deus.


A história do pecado


A definição do Novo Testamento do pecado deriva da palavra grega hamartia, que literalmente significa "errar o alvo". Podemos pensar nisso como qualquer falha em atingir o alvo estabelecido por Deus — a 'mosca' — a perfeição absoluta em pensamentos, palavras e ações! Ele é perfeição personificada e Sua santidade exige isso de qualquer um que queira comparecer à Sua presença. Portanto, onde isso nos deixa? Alguém seria tão descarado a ponto de afirmar que é perfeito e não peca? Amados, confio que todos os que estão lendo isto tenham um pouco mais de bom senso.
"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós" [1 João 1:8].
Adão e Eva foram criados perfeitos em todos os aspectos e, aparentemente, receberam corpos glorificados exatamente como o que Jesus Cristo possui hoje. Vestidos de luz, eles foram colocados em um paraíso na Terra, chamado Éden e uma única proibição foi dada a eles — estavam proibidos de comer da "árvore do conhecimento do bem e do mal". Logicamente, Deus sabia que eles iriam desobedecer e é por isto que acrescentou a penalidade:
"Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" [Gênesis 2:17; ênfase adicionada].
O resto, como se diz, é história. Eva foi enganada por Satanás e comeu do "fruto proibido", destarte colocando-se imediatamente em morte espiritual e iniciando o processo de morrer fisicamente. Ela cometeu o primeiro pecado praticado por um ser humano, e Adão logo seguiu o mesmo caminho (Satanás, não o homem, foi o originador do pecado por causa de sua rebelião contra Deus — veja Ezequiel 28:15). 

É interessante que a Bíblia nos diz que Adão não foi enganado e pecou de forma deliberada, por que quis [1 Timóteo 2:14]. Acredito que ele amava Eva e a seguiu na desobediência para evitar a separação. No entanto, independente das razões específicas para o pecado deles, imediatamente descobriram que eram criaturas caídas — mortais e nus com uma perspectiva de vida totalmente diferente dali para frente.

Da perfeição, desceram à total depravação em que todos os aspectos de seu ser foram manchados pelo pecado. Essa mudança monumental é evidenciada pela tentativa deles de cobrirem sua nudez com folhas de figueira e se esconderem de Deus [Gênesis 3:7,8]. Desde então, o homem pecador tenta se esconder de Deus!

O fato da depravação humana é resumido pelo apóstolo Paulo nos seguintes versos:
"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" [Romanos 3:10-12].
Para aqueles que desejam saber o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto da depravação humana, eis uma relação de versos:

  • Antigo Testamento:

  • Novo Testamento


Assim, descobrimos que o homem, no estado não-regenerado, está na pior situação espiritual possível. Ele está morto em ofensas e pecados [Efésios 2:1], é um escravo de Satanás [Efésios 2:2], não pode compreender aquilo que se discerne espiritualmente — a Bíblia [1 Coríntios 2:14], e não busca a Deus [Romanos 3:11]. Para que o homem seja salvo dessa situação, o próprio Deus precisa tomar a iniciativa — exatamente como fez no jardim do Éden, quando foi atrás de Adão e Eva.

O pecado em relação à vida cristã


No entanto, vamos avançar e discutir o pecado com relação à vida cristã. A regeneração remove a pecaminosidade do coração humano? O quanto eu gostaria que isso fosse verdade, mas não é! Nossa posição de estar "em Cristo" e justificados diante de Deus significa que nossa dívida total pelo pecado (passado, presente e futuro) está cancelada e estamos declarados como totais inocentes à vista de Deus.

Mas isso está falando da nossa posição em Cristo, não na nossa condição prática — não da dura realidade da vida diária. Nossa posição como filhos de Deus está definida para sempre nos céus, mas nosso estado diário varia em proporção direta com o nível de cooperação que demonstramos à liderança do Espírito Santo. Uma vez que somos regenerados espiritualmente, o processo vitalício de santificação tem início.

Ser santificado, ou santo, significa estar separado para o serviço de Deus e isso não ocorre da noite para o dia. Na verdade, haverá uma grande mudança na vida de uma pessoa após ela se converter e receber o Espírito Santo — mas a verdadeira santidade e perfeição nesta vida é o objetivo inatingível para o qual precisamos nos esforçar. Cristo é nosso padrão e somos exortados a imitá-lO, mas é claro que compreendemos que alcançar Sua divina perfeição é impossível aqui na Terra.

Não somos e nem podemos estar sem pecado (embora Deus nos veja assim, posicionalmente), de modo que precisamos nos esforçar com todas as fibras do nosso ser para procurar acertar o alvo e cruzar a linha de chegada) para obter o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus [Filipenses 3:14], como fez o apóstolo Paulo. O galardão celestial, e não a salvação, é o "prêmio" que precisamos nos esforçar para conquistar em nossa caminhada diária com o Senhor neste mundo.

Entretanto, algumas almas sinceras insistem que a Bíblia ensina a possibilidade de atingir um estágio de perfeição sem pecado, com base em grande parte nas seguintes palavras do apóstolo em 1 João 3:9:
"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus." 
Entretanto, isso não significa que um cristão nunca peca! Para reforçar isso, chamo sua atenção para o que João diz no verso 8 do capítulo 1 (referido anteriormente) — "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos." Alguns podem tentar argumentar que João estava escrevendo para incrédulos, mas isso não cola, pois toda a epístola de 1 João foi escrita para os crentes, "os filhinhos" — como vemos no verso 1 do capítulo 2. O verso 4 do capítulo 1 diz "...estas coisas vos escrevo para que não pequeis..." — referindo-se aos crentes, ou "filhinhos", como João afeiçoadamente refere-se a eles depois.

Essa posição é explicada por W. E. Wine em seu Expository Dictionary of New Testament Words [Dicionário Expositório de Palavras do Novo Testamento], pág. 211, sob o título de "Commit, Commission (Comissão comprometida)", #2 Poieo, 
"Nota: Em 1 João 3:4,8,9, a Versão Autorizada erroneamente traz 'comete' (um significado impossível no verso 8); a Versão Revisada corretamente tem "pratica", isto é, um hábito contínuo, equivalente a prasso [vem do grego "pragma", sendo que esse termo origina-se de "prasso", que quer dizer "prática", "feito", "façanha" e similares (e que origina também a palavra "práxis")]. O que está em vista aqui é uma ação contínua, não uma ação eventual.".

Este princípio é validado pela própria experiência de Paulo, que encontramos em Romanos 7:14-25: 
"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. 
E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. 
Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. 
Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? 
Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado" [Romanos 7:14-25; ênfase adicionada].
Esse lamento do apóstolo Paulo não é verdadeiro na sua própria vida, leitor? Certamente é na minha! Sou um cristão nascido de novo, lavado no sangue do Cordeiro de Deus e o Espírito Santo me assegura que sou um filho de Deus — mas ainda experimento a realidade do pecado diariamente! 

Quando nasci de novo, recebi uma nova natureza, uma natureza espiritual, mas minha carne, a natureza pecaminosa depravada que herdei de Adão, não foi destruída. Muito pelo contrário, ela está bem viva e levanta sua horrenda cabeça continuamente! Por meio da oração e com a ajuda do Espírito Santo, posso agora (e espero continuar a) pecar muito menos do que pecava antes de receber a Cristo. 

No entanto, isso ainda está longe da perfeição. Para aqueles que ainda insistem que a perfeição seja possível, quero lembrar que não existem apenas os pecados que cometemos, mas pecados de omissão — coisas que deveríamos fazer, mas não fazemos. O padrão de Deus de perfeição e Sua vontade para nossas vidas incluem muitos aspectos sobre os quais precisamos orar e pedir orientação. 

É somente remotamente concebível para você que devemos discernir todos e executá-los ao pé da letra? Deixar de perceber e cumprir com as obrigações é pecado — o pecado da omissão. Ó, meus amigos, não podem ver que somos pecadores, tanto por natureza quanto por prática? O Espírito Santo, falando por meio de profeta Isaías deixa isso bem claro com a seguinte declaração:
"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam" [Isaías 64:6].

Conclusão


Deus deseja que reconheçamos nossa excessiva pecaminosidade e, ao fazermos isso, também reconheçamos a extraordinária grandeza da Sua graça, que perdoa o pecado. Posicionalmente, estamos justificados à Sua vista e nossa situação é absolutamente perfeita em todos os sentidos — um lar eterno nos céus está garantido para nós. No entanto, o nível de recompensa recebido uma vez que chegarmos lá será determinado pela forma como batalhamos contra o mundo, a carne e o maligno [1 Coríntios 3:8-15].

Devemos encarar o pecado com leviandade já que está perdoado? Não, nunca! Tenha em mente que o pecado somente está perdoado com relação ao nosso destino eterno. Cada pecado que cometemos como filhos de Deus é inescapável, pois Ele conhece cada detalhe de nossas vidas e, sem falha alguma, nos punirá da forma apropriada. 

Quando éramos crianças, conseguíamos evitar a punição dos nossos pais por que eles não tomavam conhecimento de todas as nossas infrações, mas tal nunca é o caso com Deus! Pode ter certeza que Ele vai disciplinar apropriadamente aqueles a quem ama [Números 32:23 e Hebreus 12:6]. Portanto, se você é um autêntico filho de Deus, não precisa mais ficar aterrorizado com a possibilidade de perder a salvação. Transfira esse pavor à possibilidade de ser corrigido pelo seu amoroso Pai Celestial! 

Os esforços para ser bom não comprarão para você absolutamente nada com relação à salvação, mas ajudarão a evitar a mão corretiva de Deus. Anos atrás, as pessoas referiam-se aos cristãos como "homens e mulheres que temem a Deus" e todos nós compreendíamos a base para essa expressão. Por exemplo, o garoto que temi seu pai, porque se sua mãe contar para ele suas travessuras, seu traseiro fica definitivamente em risco! Esse tipo de temor é necessário e benéfico, pois tende a nos manter no "caminho estreito e apertado" [Mateus 7:14].

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