segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

SE EU FOSSE VOCÊ

Altruísmo é o substantivo masculino com origem na palavra em francês altruisme que indica uma atitude de amor ao próximo ou ausência de egoísmo. Também pode ser usada como sinônimo de filantropia.

É também considerada uma doutrina ética que indica o interesse pelo próximo como um princípio "supremo" de moralidade.

Vários pensadores defenderam o conceito de altruísmo, sendo que alguns defenderam a atitude representativa do altruísmo sem usar essa palavra. Este foi o caso do filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804-1872). A palavra "altruísmo" propriamente dita foi criada pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) para descrever um comportamento oposto ao egoísmo.

Uma pessoa altruísta é aquela que pensa nos outros antes de pensar em si própria. O altruísmo é uma das bases de várias doutrinas religiosas, como o Cristianismo, por exemplo. No caso do Cristianismo, o altruísmo é revelado através do amor ao próximo, um dos mandamentos deixados por Jesus (João 13:34). Apesar disso, o altruísmo não é uma atitude exclusiva de uma pessoa que segue uma religião e pode ser demonstrado por qualquer pessoa, sendo uma questão de moral.

Um indivíduo altruísta não é interesseiro, ou seja, não ajuda os outros com o objetivo de obter algum benefício em troca. No entanto, existe também o conceito de altruísmo recíproco, em que uma pessoa ajuda outra sabendo que no futuro essa pessoa poderá estar em condições para retribuir o favor.

A empatia e a ética consistem em dois dos fundamentos do altruísmo, porque é importante que uma pessoa se coloque no lugar da outra, entendendo o que ela está passando e atuando de acordo com isso.

"Freud explica"


Uma das operações psíquicas mais sofisticadas que aprendemos, lá pelos 7 anos, é esta, de tentarmos sair de nós mesmos para imaginar como se sentem as outras pessoas. De repente podemos olhar para a rua num dia de chuva e imaginar – o que, de certa forma, significa sentir – o frio que um outro menino pode passar por estar mal agasalhado.

Nossa capacidade de imaginar o que se passa é como uma faca de dois gumes. O engano mais comum – e de graves consequências para as relações interpessoais – não é imaginarmos as sensações de uma outra pessoa, e sim tentarmos prever que tipo de reação ela terá diante de uma certa situação. Costumamos pensar assim: 
"Eu, no lugar dela, faria desta maneira." 
Julgamos correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos. Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que teríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos, uma vez que muitas vezes fazemos juízos a respeito de situações que jamais vivemos.

Quando nos colocamos no lugar de alguém, levamos conosco nosso código de valores. Entramos no corpo do outro com nossa alma. Partimos do princípio que essa operação é possível, uma vez que acreditamos piamente que as almas são idênticas; ou, pelo menos, bastante parecidas. Cada vez que o outro não age de acordo com aquilo que pensávamos fazer no lugar dele, experimentamos uma enorme decepção. Entristecemo-nos mesmo quando tal atitude não tem nada a ver conosco. Vivenciamos exatamente a dor que tentamos a todo o custo evitar, que é a de nos sentirmos solitários neste mundo.

Sem nos darmos conta, tendemos a nos tornar autoritários, desejando sempre que o outro se comporte de acordo com nossas convicções. E assim procedemos sempre com o mesmo argumento: 
"Eu, no lugar dele, agiria assim."
A decepção será maior ainda se o outro agiu de modo inesperado em relação à nossa pessoa. Se nos tratou de uma forma rude, que não seria a nossa reação diante daquela situação, nos sentimos duplamente traídos: pela agressão recebida e pela reação diferente daquela que esperávamos. É sempre o eterno problema de não sabermos conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros; e, por isso mesmo, solitários.

Altruísmo ou inveja?


Você já passou por alguma das experiências abaixo?

  • Nossa, amei sua sandália (substitua aqui por qualquer outro objeto que queira)! Onde você a comprou? E, na semana seguinte, a pessoa está com a mesma sandália.
  • Que vestido lindo! Qual é a sua loja preferida? No próximo encontro, você percebe que ela já comprou tudo igual ao seu.
  • Você usa determinadas expressões, fala de um jeito peculiar. E, de repente, lá está uma sósia falando igual a você.
  • Que corte moderno! Ela vai ao salão e pede um corte igual ao seu.

Vamos falar aqui, só entre nós, isso não é legal, ninguém merece uma situação assim!

Claro que o senso de observação do ser humano é natural. Há os que observam porque querem aprender, outros porque querem copiar e ainda os que querem falar mal. Mas, enfim, todos, principalmente as mulheres, observam muito.

Fomos criados de forma única e, por isso, somos todos muito diferentes em habilidades, gostos e aparência. A inveja nasce quando se olha para o outro e sente-se incapaz, inseguro e inferior.

Em todos os lugares em que convivemos pode haver pessoas assim. Algumas você até consegue identificar facilmente, mas outras talvez você nunca tome conhecimento.

Você já deve ter ouvido confissões de adultérios, roubos, mentiras e até de assassinatos, mas como é difícil ouvir alguém admitir que é invejoso. Não porque seja algo raro. Muito pelo contrário, ela existe nas famílias, entre irmãos, amigos, colegas, vizinhos e nem dentro da igreja você estará livre.

Engana-se quem pensa que isso é um simples sentimento sem grandes consequências. Veja os exemplos a seguir:
  • Você conhece a história dos irmãos Abel e Caim, a primeira família da Bíblia. Caim, quando foi reprovado por Deus ao apresentar seu sacrifício, poderia muito bem ter pedido perdão e buscado uma nova oportunidade para acertar. Mas seu coração estava tão dominado pela inveja que o próximo sentimento ruim foi o ódio e o assassinato do seu irmão, Abel.
  • Isaque prosperou, ficou riquíssimo, conseguiu, por meio de seu trabalho, uma multidão de ovelhas e bois e também outra multidão de filisteus invejosos, que todas as noites entulhavam seus poços com terra.
  • O maior sofrimento de José não veio pelas mãos inimigas, mas ele foi vítima dos próprios irmãos, que ficaram enciumados ao ver o carinho que ele recebia do pai, resultado de sua espiritualidade e de suas escolhas certas.
  • E o mais invejado de todos foi o Nosso Senhor Jesus, que foi perseguido e sofreu desde o seu nascimento. Reis e religiosos seguiam seus passos não porque criam nEle. Eles ouviam seus ensinamentos não porque queriam praticá-los, mas porque tinham suas almas dominadas pela inveja dEle.
Que a alegria do outro seja também motivo da nossa alegria. Não há como esconder um sentimento ruim, por mais que nos esforcemos. Por meio de uma palavra ou de uma atitude, ele acaba aparecendo.

A inveja é como o iceberg: só uma pontinha dele aparece, mas por baixo existe algo enorme comprometendo a salvação. Cuidado para não ter isso escondido no seu interior.

E, mesmo que não haja inveja, guarde essa dica: se você tem um(a) amigo(a) que gosta de alguma coisa e você gosta também, que tal abrir mão e dar exclusividade a ele(a)? Olha que prova linda de amizade: deixar seu (sua) amigo(a) brilhar (Filipenses 2:1-3). Quando temos atitudes positivas nos sentimos bem conosco e com os demais.

Na ficção, o filme nacional "Se Eu Fosse Você - 1, 2 e 3" (2006, 2009 e 2016, respectivamente), de Daniel Filho, protagonizados por Glória Pires e Tony Ramos, sucesso de público e crítica, enfocou de maneira criativa e muito bem humorada o assunto. 

No lugar do outro


Recentemente, ao ser homenageada por sua relevância no cinema durante o Golden Globe, a atriz norte-americana Meryl Streep citou que 
"a única tarefa de um ator é entrar na vida de pessoas que são diferentes de nós e fazer você sentir como é isso". 
De fato, em qualquer curso de interpretação aprende-se a “
"sumir no personagem", o que fazem ótimos atores como Meryl e tantos outros. Mas, também recentemente, parece que um homem no Irã foi bem além de uma representação. Entrou na vida de um de seus alunos sem deixar de ser ele mesmo, segundo postagens em redes sociais.

Foi postada no fórum Reddit uma foto de um homem que seria um professor e estaria passando pessoalmente a um aluno internado num hospital as lições que o menino perdeu por não poder ir à escola por causa do tratamento. A imagem recebeu milhões de visualizações em poucos dias, mas até agora ninguém identificou nem o adulto nem a criança. O que se espalhou web afora é que o garoto tem câncer e que esse professor o visita todos os dias.

Na foto, o homem fala por meio de um telefone com o garoto, isolado em uma sala com parede de vidro, geralmente usada para evitar o contágio de doenças perigosas ou que algo prejudicial à saúde do paciente entre no recinto.

Embora praticamente ninguém tenha questionado na internet a veracidade do episódio – além do fato de o Irã não ser o país mais aberto do mundo no quesito informação para que isso seja comprovado e as pessoas identificadas –, o que vale é que muitos dos que visualizaram a foto no Reddit e nas redes sociais tomaram a imagem como um ótimo exemplo de alguém que se doa ao próximo sem esperar nada em troca. 

Pensando nisso, quanta gente faz o mesmo? Num mundo em que cada vez mais as pessoas buscam benefícios para si mesmas – ou quando fazem algo para alguém é para obter vantagens – uma atitude realmente altruísta é muitíssimo rara. 

Mas ocorre, felizmente. Há quem ache que recebe demais e deve compartilhar; os que nem acham que têm tanto e mesmo assim compartilham; e outros ainda são profissionais que levam seu trabalho a sério e, além disso, se importam com as pessoas que são objeto de sua atuação – como o suposto professor iraniano que não teria aceitado que seu aluno deixasse de aprender, apesar de não poder ir à escola.

A mensagem que fica é de não estamos sozinhos no mundo. Precisamos nos colocar no lugar de quem está debilitado, desanimado e cansado de viver. Dar atenção e carinho, sem pensar em retorno, é a verdadeira prática de amar e respeitar o próximo.

Conclusão


Aqueles que entendem que as diferenças entre as pessoas são maiores do que as que nos ensinaram a ver, desenvolvem uma atitude de real tolerância diante de pontos de vista variados a respeito de quase tudo. Deixam de se sentir pessoalmente ofendidos pelas diferenças de opinião. 

Podem, finalmente, enxergar o outro com objetividade, como um ser à parte, independente de nós. Ao se colocar no lugar do outro, tentarão penetrar na alma do outro, e não apenas transferir sua alma para o corpo do outro. É o início da verdadeira comunicação entre as pessoas.

Para finalizar, com a Palavra a Bíblia:
"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai" (Filipenses 2:5-15).

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